Livro: Armen A. Alchian, William R. Allen - Universal Economics - Capítulos 8 a 10

                                                                                                                         

Livro: Armen A. Alchian, William R. Allen - Universal Economics



Pgs. 138-154


"CAPÍTULO 8: "MAIS RECURSOS DE DEMANDA"


88 - Muita coisa muda a demanda, o preço muda apenas a quantidade demandada. “Por que tanta atenção aos ajustes de preço?” Uma das principais razões é que os ajustes de preço fazem com que a quantidade agregada demandada de um bem seja igual à oferta agregada disponível.


89 -  As mensalidades de faculdade aumentaram nas últimas décadas muito mais do que a média de outros bens, enquanto os preços de televisores, computadores e viagens caíram. Essas mudanças nos preços relativos são resultados de eventos que mudaram a demanda ou a oferta de um bem em relação à demanda ou à oferta de outros bens.


90 - Elasticidade dois da demanda: Se um corte de preço de 10% resulta em um aumento de 20% na quantidade demandada, a razão entre a mudança de 20% na quantidade e a mudança de 10% no preço é 2 (= 20%/10%). (...) O aumento na quantidade demandada é na direção oposta à mudança no preço no denominador, uma diminuição no preço. Portanto, a razão, a elasticidade, é algebricamente “negativa”. Normalmente, isso é ignorado e é chamado de 2 em vez de –2.



91 -  A elasticidade da demanda é uma medida de movimentos ao longo de uma curva  de demanda, não um resultado de uma mudança na curva.


92 - A elasticidade da demanda vai indicar se a receita total aumenta ou diminui a partir de uma mudança no preço. A tabela abaixo resume essa questão (exemplo: com uma elasticidade maior que um, se um vendedor reduzisse o preço, o total das receitas de vendas aumentaria): 



93 - Elasticidade e gráficos. A elasticidade não se guia pela inclinação (exemplo da figura abaixo):  As curvas 1 e 2 têm uma interceptação comum do eixo de preço; as curvas 1 e 3 são paralelas, ou seja, têm uma inclinação comum. Como elasticidade = OP/PT, as curvas 1 e 2 têm a mesma elasticidade no preço OP. A demanda 1 é mais elástica do que a demanda 3 no preço OP, embora suas inclinações sejam as mesmas: OP/PT > OP/PT'.



94 - Na curva de elasticidade unitária, qualquer combinação de preço x quantidade dará o mesmo valor de mercado. Deve ser algo tão raro quanto os exemplos anteriores de "curvas-retas" de demanda. Segue exemplo de e = 1:



95 - Como a elasticidade geralmente não é a mesma em todas as partes do cronograma de demanda, a expressão demanda “elástica” se refere à região de preços na qual a elasticidade é maior que um. E inelástica significa que é menor que um.


96 - Relembram que elasticidade da demanda não significa mudança no preço por deslocamento da curva de demanda. A elasticidade da demanda tem a ver com mudanças na oferta (e/ou nos preços):




97 - Se não dá pra medir exatamente, o conceito não seria inútil? Ninguém pode conhecer os dados reais necessários bem o suficiente para calcular a elasticidade exata. Mas o conceito explica várias táticas de precificação e venda comumente usadas, identificando situações que são "monopolistas" e "monopolizadoras", que geralmente são, embora nem sempre, consideradas "indesejáveis" e proibidas por lei. O conceito de elasticidade ajuda na análise dos efeitos de impostos e subsídios governamentais.


98 - Outra lei: as elasticidades da demanda em relação ao preço são maiores quanto maior o tempo após uma mudança de preço. (...) Quando o preço da gasolina aumentou significativamente pela primeira vez após uma guerra no Oriente Médio, a quantidade demandada nos Estados Unidos caiu muito pouco no início, mas depois de alguns meses a redução foi mais perceptível, e depois de alguns anos a quantidade demandada foi reduzida drasticamente. Ajustes mais rápidos são mais caros. Acabam sendo graduais. O equipamento existente apropriado aos preços mais antigos será substituído com o tempo por equipamento projetado para usar os preços mais altos. (...) Poderíamos pensar em ajuste de longo prazo como significando o ajuste “concluído”, que persistirá somente até que haja outra mudança em eventos que afetem a demanda ou a oferta.



99 - Os bens normais podem ser superiores ou inferiores: Para bens “superiores”, aumentos na renda ou riqueza resultam em mudanças na demanda que são mais do que proporcionais. Para bens “inferiores”, aumentos na renda resultam em aumentos proporcionalmente menores na demandaUm bem pode ser “superior” para alguém na faixa de baixa renda e “inferior” para alguém em uma faixa mais rica.


100 - Conceito de elasticidade-renda:  Um aumento de 20% na quantidade demandada em resposta a um aumento de 10% na renda “permanente” a um preço inalterado significa que a elasticidade renda da demanda é dois nessa faixa de renda. Um aumento momentâneo na renda provavelmente terá pouco efeito.


101 - Efeito riqueza torna todas as análises anteriores mais complicadas, em razão das diferenças de dotações entre os demandantes.  ...uma mudança no preço de um bem pode deslocar a curva de demanda para esse bem — além de causar um movimento ao longo da curva  de demanda. Isso pode acontecer quando o demandante já possui uma quantidade muito grande do bem. O aumento em seu preço torna essa pessoa mais rica. Afeta as duas coisas. Vai ser uma briga de vetores pelo resultado final: Os dois efeitos de uma mudança de preço — substituição e riqueza — estão em direções opostas. Exemplo: na crise do petróleo de 73, os estadunidenses donos de petróleo ficaram bem mais ricos e aumentaram a demanda por carro e gasolina (ao contrário da população). No caso deles, o efeito riqueza superou o substituição, que puxava pro lado da queda no consumo.



Pgs. 155-162


"CAPÍTULO 9: "ALGUMAS IMPLICAÇÕES DAS LEIS DA DEMANDA"


102 - Continuam implicando com a noção de "necessidades básicas" (que chamem de necessidades relacionadas a bens e serviços com elasticidade tendendo a ser baixa então...): ...pesquisas de opinião pública relatam que muitos dizem que não reduziriam o uso de gasolina só porque o preço subiu — eles não compraram mais do que precisavam e não comprariam menos do que precisavam. Na verdade, quando os preços da gasolina subiram, houve uma redução na quantidade demandada — aparentemente a quantidade que eles “precisavam” caiu quando o preço subiu! Isso estava de acordo com a primeira lei da demanda. Além disso, a redução foi maior no longo prazo, de acordo com a segunda lei da demanda.


103 - Até a água "tem alguma elasticidade", digamos (sim, já sei). No Arizona ou Nevada — com altos preços de água — as pessoas têm jardins e gramados menores ou apenas jardins de pedras. Calçadas e automóveis serão varridos ou espanados, em vez de lavados. (...) Mais casas terão sistemas de circulação de água quente para não desperdiçar água fria esperando a água quente chegar à torneira. Colocam que, para certas indústrias, a demanda por água é ainda mais elástica.


104 - Se os preços para os fazendeiros fossem tão altos quanto os da água nas cidades, os fazendeiros arcariam com os custos da agricultura de forma mais precisa. A extensão da agricultura na Califórnia seria reduzida. A água para cultivar melancias, alface, arroz, uvas e alfafa seria desviada para usos mais valiosos na cidade, e mais produtos agrícolas seriam produzidos em outros estados ou países onde a água é mais barata.


105 - Implicações das leis da demanda: o produto "transportado" tenderá a ter mais qualidade em razão da diferença de preços relativos lá no mercado exportador incluir os preços do transporte no combo, o que gera uma diferença relativa/percentual melhor entre o bem padrão e o de qualidade. Os nova-iorquinos têm um custo menor de uvas premium (choice) em relação às uvas padrão  e, portanto, de acordo com a primeira lei da demanda, elas irão exigem uma fração maior de uvas selecionadas do que os californianos. Na Califórnia, onde as uvas comuns são mais baratas do que em Nova York em relação a uvas de escolha, uma fração maior de uvas padrão será consumida. Nós não precisamos  recorrer a conjecturas sobre diferenças nos “gostos do consumidor e preferências” para entender esse fenômeno. (...) Os preços da carne de alta e baixa qualidade podem ser de US$ 10 e $ 5. Agora, adicione $ 10 a cada um, que se tornam $ 20 e $ 15. Embora ambos os preços absolutos aumentam igualmente, a carne de alta qualidade torna-se mais barato em relação ao de baixa qualidade




106 - Colocam que nada escapa às leis da demanda. Diabéticos podem estender intervalos entre injeções, usar dosagens menores e modificar a ingestão de alimentos. Essas são ações perigosas, desagradáveis e arriscadas. Mas a preços altos o suficiente para insulina, é isso que acontece. Eles discordam que bens de alto prestígio sejam exceções às leis: ...isso diz apenas que uma curva de demanda mais alta leva a um preço mais alto, não que a curva de demanda é inclinada para cima. A busca por prestígio é perfeitamente consistente com as leis da demanda. Deixe o preço do bem de prestígio ser ainda mais alto, e menos será comprado; senão o que impede seu preço de subir infinitamente?


107 - ...Exceção do sujeito que rasga dinheiro? Algumas pessoas podem agir de forma contrária, não dando atenção ao preço de uma ação, não importa quão custosa ela seja. Tal pessoa pode muito bem ser declarada “incompetente”. Na verdade, uma base para determinar a competência, de acordo com as normas legais, é a medida em que o comportamento da pessoa é consistente com as leis da demanda



Pgs. 163-175


"CAPÍTULO 10: "MERCADOS E PREÇOS COMO COORDENADORES SOCIAIS"


108 -  Oferta: Para algumas coisas, como terras ou estátuas de Michelangelo, é constante por um tempo muito longo, pelo menos para aumentos. A terra pode ser considerada como fixa em quantidade, embora terras planas possam ser criadas a partir de terras montanhosas por meio de trabalho duro. Deixando de lado esses refinamentos, veremos primeiro as situações de oferta fixa


109 - Opõem-se aos controles de preço: Como explicaremos mais tarde, “tetos” para aluguéis mais altos como parte de um programa de controle de aluguéis criam “escassez” e formas de competição desnecessárias. Essas escassez frequentemente provocam um excedente de reclamações de que “necessidades” não estão sendo satisfeitas. E excedentes de bens são o resultado de legislação ou regulamentação que proíbe transações a preços abaixo do preço de livre mercado.


110 - Um "aluguel" é algo mais abrangente do que se pensa. Inclui vários tipos de renda. Um médico que começa a praticar receberá uma renda que contém algum aluguel, porque uma vez educado como médico, alguns dos serviços do médico seriam fornecidos mesmo com uma renda menor do que aquela que cobriria o custo irrecuperável da educação.


111 - A "renda pura" seria, em tese, permanente. Se está fadada a perecer com o tempo - tipo alguma habilidade atlética especial - seria uma "quase renda". No mais, explicam a "renda política"/rent seeking. também, que costumar estar associada a uma captura legislativa.


112 - Trazem um quadro de conceitos ao final do capítulo. Por exemplo: Demanda: A tabela de quantidades demandadas para compra a vários preços de mercado possíveis. Quantidade demandada: Quantidade demandada a um preço especificado. Demanda de mercado: Tabela de quantidades demandadas por todos os demandantes de todos os fornecedores em um mercado a possíveis preços de mercado. Demanda de reserva: Cronograma de quantidades já possuídas e que, dependendo do preço de mercado, seriam retidas em vez de oferecidas para venda (...).


113 - Jogam alguns trechos meio que sem contexto: ...Um preço mais alto permite uma realocação de bens existentes — uma realocação que não ocorreria na ausência de preços mais altos. O preço mais alto serve a uma função de racionamento mesmo que a quantidade do bem seja fixa e mais do bem não possa ser produzido. Preços mais altos têm uma consequência — realocação — movendo recursos de um uso ou usuário para outro. Ok, mas se for mera tendência de monopolização nociva esses benefícios não acontecerão, por exemplo.


114 - É errado lucrar com o infortúnio alheio? Posicionam-se radicalmente contra qualquer controle de preços:




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