Livro: C. Goodhart e M. Pradhan - The Great Demographic Reversal - Capítulos 3 e 4
Livro: Charles Goodhart e Manoj Pradhan - The Great Demographic Reversal
Pgs. 59-69
"CAPÍTULO 3: "A Grande Reversão Demográfica e o seu Efeito no Crescimento Futuro"
52 - A combinação explosiva é o crescimento da expectativa de vida e o fornecimento de mão-de-obra adulta cada vez menor, piorando a razão de dependência.
53 - Índia é a única com reversão longe de acontecer. O vale do taxa de dependência no Japão e na Alemanha ocorreu na década de 1990 e foi seguido por uma baixa nos EUA e no Reino Unido por volta de 2010.
54 - Mundo: Aumento esmagador de pessoas com mais de 60 anos: entre 2015 e 2030, o número de pessoas no mundo com 60 anos ou mais deverá crescer 56%, de 901 milhões para 1,4 bilhão e, até 2050, a população global de idosos pessoas deverá mais do que duplicar o seu tamanho em 2015, atingindo quase 2,1 bilhões. Uma em cada cinco. (...) Em termos de níveis, o processo de envelhecimento está mais avançado nos países de rendimento elevado. O Japão abriga a população mais idosa do mundo, já que 33% tinham 60 anos ou mais em 2015, seguido pela Alemanha (28%), Itália (28%) e Finlândia (27%). Até 2030, espera-se que os idosos representem mais de 25% da população na Europa e na América do Norte, 20% na Oceania, 17% na Ásia e na América Latina e nas Caraíbas e 6% em África.
55 - Os países com taxas de fertilidade elevadas e baixa longevidade são os que ainda não colheram o seu dividendo demográfico. A queda esperada nas taxas de fertilidade e o aumento da longevidade, seguindo o padrão no resto do mundo, criarão o dividendo demográfico no futuro. Em contraste, as economias pós-dividendos são aquelas onde as taxas de fertilidade caíram e permanecem perto dos seus mínimos, e a longevidade também convergiu para o pico global.
56 - China inclusa: ...as economias que moldaram o crescimento global nos últimos 35 anos são as que suportam o peso dos ventos contrários demográficos. O PIB mundial tende, assim, a desacelerar, salvo compensação muito forte.
57 - A população acima de 55 anos tende a ir aumentando, até a algum teto, sua taxa de participação no mercado de trabalho. Daqui pra frente, talvez nada muito expressivo... (alguns países ainda possuem mais margem de melhora desse dado/tendência talvez). O gráfico abaixo tem a participação dos +55 e os +65 (pontilhado):
58 - ...E pior que quanto mais pensões, menos participação no mercado de trabalho. Ou seja, alguma proporção da provável redução no crescimento pode ser recuperada aumentando a idade de reforma e reduzindo o rácio da pensão em relação ao normal salário de trabalho. Mas as idades efectivas de reforma só recentemente começaram a aumentar. aumento, e ainda a contragosto, geralmente por menos do que o aumento da esperança de vida, ver Diagrama 3.9:
59 - Problemas nas "soluções" ventiladas acima: ...Mesmo que a produtividade não sofra, de fato, com a maior participação dos idosos, pode haver um problema de promoção. Se pressionarmos o idoso a continuar no trabalho, isso causará bloqueios aos jovens? Em seguida, uma reforma confortável é percebida como parte da equidade e justiça intergeracional. Finalmente, os idosos têm tipicamente tido uma propensão para votar muito maior do que os jovens. É politicamente arriscado procurar remover benefícios do antigo que eles perceberam como sua justa recompensa. Até mesmo Putin, cujo comando sobre o sistema político na Rússia tem sido formidável, foi forçado a recuar (...).
60 - Há vários vislumbres de esperança. Primeiro, como mostrado na Tabela 3.4, a taxa de crescimento da produtividade por trabalhador no Japão, onde a força de trabalho já vem diminuindo há uma década, tem sido melhor nos últimos anos do que na maioria dos outros países avançados. Quanto mais difícil se torna encontrar e contratar trabalhadores qualificados, mais os empregadores serão forçados a aumentar produtividade daqueles que eles podem atrair e manter para permanecerem competitivos.
61 - Voltam aos problemas: ... Finalmente, uma população envelhecida tende a consumir serviços, como cuidados e medicamentos, onde é mais difícil obter aumentos de produtividade do que na indústria, ver Cravino et al. (2019). Enfim... Apostam que o crescimento nos países ricos vai cair bastante, em média. O crescimento do Japão foi, em média, de 0,87% desde 1999. Outros países avançados terão um bom desempenho se conseguirem igualar este recorde durante os próximos vinte anos, até 2040.
Pgs. 70-85
"CAPÍTULO 4: "Dependência, Demência e a Vinda Crise de cuidar"
62 - O aumento da esperança de vida implica que uma proporção crescente desta população idosa ficará incapacitada devido à demência e outras causas de dependência, como a doença de Parkinson e a artrite, muitas vezes com multimorbilidade, e necessitará de cuidados. (...) Kingston et al. (2018a, p. 3) observam que, 'Mais de metade (54,0%) da população com mais de 65 anos em 2015 tem duas ou mais doenças. Como esperado, a multimorbilidade aumenta com a idade: em 2015, de 45,7% para aqueles com 65-74 anos para 68,7% para aqueles com mais de 85 anos; e ao longo do tempo: para 64,4% em 2025 e 67,8% em 2035, para aqueles com mais de 65 anos'.
63 - Uma coisa é um idoso de sessenta e cinco anos. Outra é um idoso de oitenta e cinco. Via de regra, o último (old-old) é muito mais dependente de cuidados e recursos.
64 - Economicamente, temos aqui a pior doença: ...Existem poucos pacientes com doença que sofre em alto nível de intensidade por muitos anos, até mesmo décadas mas é exatamente isso que a demência costuma fazer com pacientes e cuidadores.
65 - Mundo a Alzheimer: ...Neste relatório, a estimativa do número de pessoas que vivem com demência sobe de 50 milhões em 2015, para 82 milhões em 2030, para 152 milhões em 2050 (ibid., p. 34), triplicando ao longo destes 35 anos.
66 - ...Foi em circunstâncias estranhas que, em Outubro de 2019, surgiu um novo medicamento, o Aducanumab, que tinha falhado no seu teste inicial, mas que, após uma análise mais aprofundada, foi considerado promissor no abrandamento do aparecimento da doença de Alzheimer num subconjunto de doentes. O facto de isto ter sido saudado pela imprensa britânica como um grande avanço é um sinal de desespero ou, na melhor das hipóteses, uma celebração muito prematura. E pior: não há pesquisas o suficiente. A proporção global de publicações sobre doenças neurodegenerativas versus câncer é surpreendente de 1:12.
67 - Existem três tipos de custos associados à demência: primeiro, o custo para os próprios pacientes, em segundo lugar, o custo dos cuidadores dos pacientes e, em terceiro lugar, o custo de I&D, “incluindo custos irrecuperáveis” e bem-sucedidos e (até agora quase inteiramente ) ensaios sem sucesso, cujo somatório tem sido extremamente baixo, comparado com o do tratamento do cancro e face ao custo gigantesco do problema.
68 - Geralmente sobra pra família: Notas de Damian Green (junho de 2019), "O sistema [médico] também não deve discriminar entre diferentes condições. Algumas doenças de longa duração, como o cancro, são tratadas clinicamente pelo NHS; o tratamento é, portanto, gratuito no ponto de uso. Outras doenças, como a demência, são em grande parte tratadas através do sistema de assistência social e podem, portanto, acabar por custar aos indivíduos somas significativas de dinheiro. Um novo sistema de assistência social deve acabar com esta “loteria da demência”."
69 - Estimativa assustadora de custo total atual para o mundo: Prince et al. (2015) pull together these direct (private and public) and indirect costs of dementia to estimate that it will have amounted, as of 2018, to somewhere around $1 trillion, ‘around 1% of the aggregated world Gross Domestic Product’ (ibid., Chapter 6.1, p. 56).
70 - Muitas pessoas com demência nunca recebem o diagnóstico, apenas 20-50% das pessoas com demência têm um diagnóstico registado nas notas dos cuidados primários, e este número é menor nos países de rendimento mais baixo do que nos países de rendimento elevado. Muitos recebem um diagnóstico quando já é tarde demais para tomarem decisões sobre o seu próprio futuro e o da sua família ou para beneficiarem de intervenções.
71 - "Esforços" públicos para o tratamento da demência: Os custos estimados resultantes foram minúsculos, em relação ao PIB, ou como percentagem das despesas totais com saúde (ver, ibid., Tabela 7.4), variando entre um máximo de 0,04% do PIB e 0,5% das despesas totais com saúde na Coreia do Sul, até um mínimo de 0,0003% (PIB) e 0,01% (despesas totais com saúde) no México.
72 - “Um trabalho onde o QE [Quociente Emocional] já é fundamental, ou deveria ser, é o de cuidar.9 A procura de cuidadores aumentará acentuadamente à medida que a população envelhece, e as competências mais necessárias serão aquelas que… os robôs não podem fornecer: resiliência emocional, intuição e empatia. No entanto, as pessoas que desempenham funções de prestação de cuidados são muitas vezes menosprezadas ou descritas como “não qualificadas”, porque possuem talentos que não são “académicos”. Pensam como solução pra país rico a imigração subsidiada, como "prêmio", direcionada a tal serviço após treinamento adequado, buscando o perfil que costuma lidar melhor, tipo mulher adulta etc.
73 - Idade do casamento e do primeiro filho estão cada vez mais altas:
74 - ...Acreditam que tudo isso implica uma mudança, pra pior talvesz, no ciclo de vida tradicional:
75 - ...Poderá a poupança ficar prejudicada, por exemplo: Hoje em dia, as pessoas estarão mais livres da dependência de cuidados aos 20 anos, quando os rendimentos são mais baixos e a perspectiva de viver até aos 90 anos é quase inimaginável. Não é um bom momento para economizar. Depois, a partir dos 30 anos, em alguns casos de forma contínua, até à sua reforma, o cuidado dos seus próprios filhos seria seguido rapidamente pela necessidade de ajudar a cuidar dos seus pais. Sem contar os impostos cada vez maiores para financiar o apoio do poder público à nova demanda social.
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