Livro: C. Goodhart e M. Pradhan - The Great Demographic Reversal - Capítulo 1

                                                                                                              

Livro: Charles Goodhart e Manoj Pradhan - The Great Demographic Reversal



Subtítulo: Ageing Societies, Waning Inequality, and an Inflation Revival. Os autores são da Escola de Economia de Londres.


Pgs. 1-18


"PREFÁCIO"


1 -  A nossa principal tese é que tais factores demográficos e de globalização foram em grande parte responsáveis pelas pressões deflacionistas das últimas três décadas, mas que tais forças estão agora a inverter-se, de modo que as principais economias do mundo irão, mais uma vez, enfrentar pressões inflacionistas durante as próximas três, ou mais, décadas.



Pgs. 19-38


"CAPÍTULO 1: "INTRODUÇÃO"


2 - Colocam que a China aumentou a PIA (e a PEA também, ao que entendi?) entre 2000 e 2017. Nos EUA, entretanto, a taxa de participação (percentagem de força de trabalho em relação à população) diminuiu mais de 4 pontos percentuais durante o mesmo período – se tivesse permanecido estável, a taxa de desemprego teria sido mais elevada antes da pandemia.


3 - O Leste Europeu também contou para "mais mão-de-obra pro sistema", digamos. Estes dois desenvolvimentos político-económicos, a ascensão da China e o regresso da Europa Oriental ao sistema comercial mundial, proporcionaram um enorme choque positivo na oferta da força de trabalho disponível no sistema comercial mundial.


4 - Cita que os países avançados passaram por uma espécie de bônus demográfico nas últimas décadas, ampliando grandemente a oferta de mão-de-obra graças ao emprego feminino e a redução da razão dependentes/trabalhadores causada pela o movimento temporário de redução da natalidade (menos crianças pra sustentar) enquanto os idosos não se tornavam um grande "problema" para a razão.



5 - Os últimos 30 anos ímpares, desde o início da década de 1990 até o presente, extraordinário para a economia global (Capítulo 3). Quando algo tão positivo ocorrer um choque de oferta sobre o trabalho, o resultado inevitável é um enfraquecimento da poder de barganha da força de trabalho. Especialmente do trabalho pouco ou semiqualificado, coloca. A queda da filiação sindical teria a ver com isso também. Seria culpa das tais forças deflacionárias. Possibilidade de queda do salário real.



6 - Associam expansionismo monetário e baixa taxa de juros a tudo isso. Mesmo com toda a força dessa nova política monetária, gerando enorme dívida (o maior nível de endividamento em tempos de paz), a inflação se comportou. São as forças demográficas contrabalanceando. 



7 -  ...A queda das taxas de juros levou ao aumento dos preços dos ativos. Ações e imóveis. Foram décadas ótimas para quem tem capital (financeiro ou humano).



8 -  O aumento da desigualdade de rendimentos e de riqueza, e a lenta taxa de crescimento dos salários reais entre os menos qualificados, levaram uma proporção crescente de eleitores em muitos países avançados a perder a fé nas suas instituições políticas e a acreditar que a elite deixou de se preocupe com eles. (...) Por esta perspectiva sombria, culpam em grande parte a globalização e a concorrência externa, incluindo a deslocalização da produção industrial, a concorrência de imigrantes que assumem empregos não qualificados nos seus próprios países, e o fracasso da elite em responder às suas preocupações. O resultado foi um aumento do populismo político e uma crise do liberalismo económico. A Grande Crise Financeira (2008) agravou essa percepção.


9 - Nas décadas entre 1970 e 2000, os baby boomers aumentaram as fileiras da força de trabalho, enquanto as tendências demográficas melhoraram o rácio de dependênciaMas o futuro não será como o passado. Um grande problema?: Cuidados aos Idosos Aumenta Drasticamente os Custos Económicos. Exemplo: ...Ao contrário das doenças dominantes da nossa época, a demência não reduz a esperança de vida. Pelo contrário, incapacita aqueles que estão aflitos e, portanto, envolve um grande uso de recursos para cuidar deles.



10 - Além da menor oferta de trabalho, poderemos ter outra força inflacionária no século: ...Se as taxas de impostos tiverem de aumentar significativamente para financiar pensões e despesas médicas, começarão os trabalhadores a negociar salários reais após impostos? Pensaríamos que sim e, se estivermos certos, isso levaria a ainda mais pressões ascendentes sobre a inflação.


11 - Como ficará a questão da poupança e do investimento? ...Que os idosos irão despoupar não é controverso. Aqueles que acreditam que as taxas de juro reais provavelmente cairão ou permanecerão baixas acreditam claramente que o investimento cairá ainda mais abaixo da poupança – discordamos. Existem (pelo menos) duas razões para acreditar que o investimento permanecerá mais dinâmico do que muitos acreditam. Em primeiro lugar, a procura de habitação permanecerá relativamente estável à medida que os idosos permanecerem nas suas casas e as novas famílias criarem procura para novas construções. Em segundo lugar, é provável que o sector empresarial invista em capital de uma forma que aumente o rácio capital-trabalho, a fim de aumentar a produtividade. Em termos líquidos, acreditamos que a poupança deverá cair mais do que o investimento, reduzindo a taxa de juro real. (Reduzindo? Creio que quis dizer aumentando)


12 - Consideramos quatro explicações para a tendência de aumento da desigualdade: (i) tendências inelutáveis do tipo que Piketty (2014) e outros defenderam, (ii) mudança tecnológica, (iii) concentração e poder de monopólio e (iv) globalização e demografia. Discordamos mais do primeiro e encontramos mais mérito nos outros argumentos. A explicação mais fundamental para o aumento da desigualdade pode ser atribuída ao aumento global do trabalho – e, portanto, a sua reversão também levará a um declínio da desigualdade.


13 - As pessoas/famílias verão a necessidade de poupar mais? O governo (eleito, lembre-se) instituirá maiores taxas de contribuição previdenciária (poupança obrigatória)? Mais uma vez, um exemplo importante é a China, onde a ausência de um Estado-providência e o colapso da dependência de membros mais jovens da família (como resultado da família de um filho, onde há um neto para cada quatro avós), levou na passado a taxas de poupança pessoal muito elevadas. Mas no Ocidente tem havido relativamente poucos sinais de que as poupanças pessoais aumentem para satisfazer a necessidade de suavizar as taxas de consumo ao longo da vida, embora a diferença entre a esperança de vida e a idade de reforma tenha aumentado dramaticamente.


14 - Creem que os governos irão preferir aumentar impostos que vincular às aposentadorias somente à inflação ou algo do tipo. Em primeiro lugar, as pensões dos idosos têm sido geralmente protegidas, apesar do lento crescimento do produto real nos últimos anos. Em segundo lugar, os idosos representam um importante bloco eleitoral e têm maior probabilidade de votar do que os jovens. (...) Note-se que as promessas de manter ou aumentar as pensões têm sido muitas vezes uma parte significativa dos manifestos dos partidos políticos populistas, por exemplo, em Itália, em 2018.


15 - Por que os salários ainda não aumentaram no Japão (pior ainda a inflação em geral)? Porque ele não é uma "ilha" (embora seja). As empresas japonesas aproveitaram a crescente reserva de mão-de-obra no exterior para a produção offshore na China e em outras partes da Ásia. Por outras palavras, a “verdadeira” oferta de trabalho disponível no Japão era asiática ou mesmo global, e não puramente japonesa.


16 - Por que o baixo desemprego não tem sido força inflacionária, inclusive dos salários reais, nas economias avançadas? A NAIRU caiu, respondem. Argumentamos que o enorme choque positivo na oferta de mão-de-obra na economia global tornou a mão-de-obra tão fraca que o seu poder de negociação foi significativamente reduzido. Isto significa que o nível de desemprego a partir do qual a inflação começa a acelerar diminuiu provavelmente de forma bastante acentuada em vários pontos percentuais.


17 - Quais os possíveis atenuantes para as previsões "catastrofistas": ...a possibilidade de um novo aumento considerável da idade de reforma e a possibilidade de a generosidade relativa das pensões do Estado diminuir no futuro, a fim de limitar uma situação que de outra forma seria aumento da carga tributária.


18 - Outra questão é que nem todo o mundo está envelhecendo/estagnando/decrescendo: Tal como a produção de bens foi transferida do Ocidente para a China ao longo das últimas três décadas, uma mudança semelhante poderia levar à transferência da produção de bens para o subcontinente indiano e, particularmente, para África, onde a taxa de crescimento da população activa em países como a Nigéria e o Congo será bastante notável nas próximas décadas?


19 - A dívida ainda não é uma bomba, mas pode ser:  ...Embora os rácios da dívida tenham aumentado dramaticamente, não há preocupação suficiente com a alavancagem. Isto porque os rácios do serviço da dívida não aumentaram juntamente com os rácios da dívida, graças a uma correlação inversa quase exacta entre o aumento dos rácios da dívida e a descida das taxas de juro.


20 - O papel dos BC's desde a Grande Crise de 08:...Se os Bancos Centrais não tivessem expandido, mantendo outras políticas constantes, o desemprego teria sido pior, o que normalmente prejudica mais os mais pobres. Assim, as políticas do Banco Central provavelmente reduziram, no geral, a desigualdade de rendimentos. (...) se estivermos certos, as futuras pressões inflacionistas farão subir as taxas de juro, agravando ainda mais os problemas fiscais. Juros altos e demografia "ruim" podem ser uma combinação terrível para o lado fiscal, afetando a economia real.


21 - BC's: Se estivermos certos na nossa tese, então grande parte da desinflação das décadas anteriores deverá ser atribuída à demografia, colocando a eficácia da política monetária em ditar a trajectória da inflação ainda mais questionada do que tem sido no período pós-crise.


22 - E os QE's?  Além disso, o efeito da quantitativa flexibilização (QE) tem sido reduzir drasticamente a duração média da Dívida do setor público (incluindo os passivos de caixa do Banco Central). A implicação disto é que quando as taxas de juros subirem, isso terá um efeito ainda mais rápido.


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