Livro: Michal Kalecki - Teoria da Dinâmica Econômica - Capítulos 1 a 5
Livro: Michal Kalecki - Teoria da Dinâmica Econômica
PARTE PRIMEIRA - GRAU DE MONOPOLIZAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DA RENDA
Pgs. 28-44
"CAPÍTULO 1: "Custo e preços"
19 - Faz uma divisão meio oito ou oitenta - obviamente discordo parcialmente - entre preços da produção de produtos primários e dos "industrializados", digamos assim. A produção de bens acabados é elástica devido à existência de reservas de capacidade produtiva. Quando a demanda aumenta, o acréscimo é atendido principalmente por uma elevação do volume de produção, enquanto os preços tendem a permanecer estáveis. As alterações de preços que porventura se verificarem resultarão principalmente de modificações do custo de produção.
20 - Sobre os primários/commodities, é necessário um período de tempo relativamente grande para se conseguir um aumento da oferta de produtos agrícolas. (...) Mantendo-se a oferta inelástica durante um período de tempo curto, uma elevação da procura motiva uma diminuição dos estoques e, conseqüentemente, um aumento dos preços. O movimento inicial dos preços pode ser intensificado pela inclusão de um elemento especulativo.
21 - Usa um modelo de formação de preços semimonopolístico. O preço médio das outras firmas é observado e levado em conta. (...) Ora, se predominassem condições de concorrência perfeita, o excedente do preço p sobre os custos diretos unitários u levaria a firma a aumentar a produção até o ponto em que se eliminasse totalmente a capacidade ociosa. Assim, qualquer firma que ficasse no ramo chegaria ao pleno emprego dos fatores de produção, sendo que o preço subiria até o nível em que se equilibrariam oferta e procura.
22 - A parte matemática me parece nada adicionar, então estou passando o olho. As conclusões, após longas e chatas demonstrações, parecem completamente intuitivas. Exemplo: Podemos assim concluir: O preço médio "p" é proporcional ao custo direto unitário médio "u" se o grau de monopolização se mantiver constante. Ainda têm as premissas: Deve-se lembrar que todos os resultados aqui obtidos estão sujeitos à suposição de que a oferta seja elástica. Quando as firmas não têm mais capacidade ociosa, um aumento adicional da demanda irá provocar uma elevação do preço além do nível indicado pelas considerações acima.
23 - Publicidade... Acordos tácitos, muitas vezes com empresas-líderes e outras seguidoras... Tudo isso ajuda a aumentar o grau de monopolização da economia. Coloca inclusive que acordos tácitos podem ficar mais fortes nos períodos de depressão como forma de proteção do lucro, segurando, no que der, os preços. Consequentemente, surge uma tendência no sentido de o grau de monopolização subir na depressão, tendência essa que opera em sentido inverso na fase de prosperidade.
24 - E o papel dos sindicatos nisso tudo? Ao que entendi, Kalecki considerava que, se forem fortes, os sindicatos podem pressionar pela diminuição da margem de "super"lucro - dividir o bolo, via aumento salarial -, voltando o mesmo para patamares mais razoáveis, o que, por sua vez, diminuiria o incentivo ao aumento do grau de monopolização.
25 - Distribuição de renda intercapitalista: ...o aumento no grau de monopolização motivado pelo crescimento das grandes corporações resulta em uma transferência relativa de renda das outras indústrias para as dominadas por tais corporações. Dessa forma, a renda é redistribuída, passando das pequenas para as grandes empresas.
26 - Traz análises que não sei bem se têm alguma importância para além de ressaltar efeitos conhecidos do aumento do grau de monopolização. Por exemplo:
27 - ...Nota-se que houve um aumento substancial na razão entre rendimentos e custos diretos de 1879 a 1889. Sabe-se que esse foi um período de mudança no capitalismo americano e que se caracterizou pela formação de gigantescas corporações industriais. Não é pois surpresa alguma que o grau de monopolização tenha aumentado nesse período.
28 - ...No mais, faz outras especulações: De 1929 a 1937 a razão entre rendimentos e custos diretos apresenta uma modesta redução. Provavelmente isso pode ser atribuído principalmente ao aumento do poderio dos sindicatos.
29 - Volta a tratar dos produtos primários: ...as modificações a curto prazo nos preços dos produtos primários refletem principalmente as alterações da demanda. Dessa forma, esses preços caem bastante com a contração da atividade econômica e sobem bastante com sua expansão.
30 - Grande depressão e preços: Na tabela 5 aparecem os índices de preços de matérias-primas, preços ao consumidor (no nível de varejo) e preços de bens acabados de capital nos Estados Unidos no período de 1929 a 1941. Vê-se que os preços das matérias-primas apresentaram uma flutuação muito maior que os preços de bens de consumo acabados ou bens de capital acabados.
Pgs. 45-58
"CAPÍTULO 2: "Distribuição da Renda Nacional"
31 - Conceitos: O valor agregado, isto é, o valor dos produtos menos o custo das matérias-primas, é igual à soma de salários, custos indiretos e lucros.
32 - Faz toda uma modelagem sei lá o motivo e lembra que a oferta para os produtos primários é rígida/inelástica, daí o importante papel da demanda em tal caso.
33 - Não sei bem onde ele quer chegar. Entre outras coisas, traz um quadro da evolução do salário no valor agregado nos EUA:
34 - ...Crê que a queda de "w" foi motivada pelo aumento do grau de monopolização - e consequentemente dos rendimentos auferidos pelo patronato.
35 - A recuperação dos salários entre 1933 e 1937 é atribuída ao reforço do poder dos sindicatos no período. Mesmo quando inclui dados de alguns outros setores além do industrial, a tendência permanece igual. Essa série demonstra uma lenta tendência ascendente, a longo prazo, que pode ser atribuída principalmente a uma queda no grau de monopólio resultante do fortalecimento dos sindicatos depois de 1933 e em alguma medida a um declínio dos preços de matérias-primas com relação aos custos dos salários.
36 - Analisa também dados do Reino Unido, mas lá teve menos variação ainda em tudo.
37 - A parte dos "ordenados" não entendi nem o que são direito. Nem o que ele pretendeu concluir. Sem saco.
PARTE SEGUNDA - A Determinação dos Lucros e da Renda Nacional
Pgs. 59-67
"CAPÍTULO 3: "Os Determinantes dos Lucros"
38 - Apresenta, inicialmente, um modelo simplificado numa economia fechada e sem tributação:
39 - Os capitalistas podem decidir consumir e investir mais num dado período que no procedente, mas não podem decidir ganhar mais. Portanto, são suas decisões quanto a investimento e consumo que determinam os lucros e não vice-versa.
40 - ...Apesar de os lucros do período anterior serem um dos determinantes importantes do consumo e do investimento dos capitalistas, os capitalistas em geral não decidem consumir e investir num dado período precisamente o que ganharam no anterior. Isso explica por que os lucros não permanecem estacionários, mas flutuam com o tempo. Acumulação ou esgotamentos, ambos inesperados, de estoques podem mudar esse "mix" (investir/consumir) o tempo todo.
41 - Como os trabalhadores não poupam na modelagem de Kalecki, seguem algumas conclusões. Dado que os lucros são determinados pelo consumo e investimento dos capitalistas, é a renda dos trabalhadores (igual aqui ao consumo dos trabalhadores) que é determinada pelos “fatores de distribuição”.
42 - Modelo não-simplificado:
43 - Kalecki lembra que simplificações ainda são possíveis em alguma conjunturas específicas. Se supusermos que tanto o comércio externo como o orçamento do Governo são equilibrados, teremos que: Poupança bruta = Investimento bruto.
44 - Dentro da concepção presente, o investimento, uma vez realizado, automaticamente fornece poupança necessária para financiá-lo. De fato, em nosso modelo simplificado, os lucros em um dado período constituem o resultado direto do consumo dos capitalistas e do investimento naquele período. Se o investimento aumenta em um certo valor, a poupança a partir dos lucros é pro tanto maior.
45 - Lembrar também das consequências de quando se abre o modelo. Por exemplo: ...o saldo da balança comercial permite o aumento dos lucros acima do nível que seria determinado pelo investimento e pelo consumo dos capitalistas. É um impulso externo que chega. Acrescente-se que o déficit fiscal tem efeito semelhante. A existência de um déficit orçamentário significa um aumento do valor devido pelo setor público ao setor privado da economia. Esses dois excedentes da receita sobre as despesas geram lucros da mesma forma.
46 - Um relevante parênteses/rodapé: Os empréstimos ao exterior de dado país não têm que ser ligados à exportação de bens desse país. Se um país A empresta a outro país B, este último pode gastar o dinheiro do empréstimo no país C, que poderá aumentar pro tanto seu estoque de ouro e sua reserva de divisas. Nesse caso, o empréstimo ao exterior feito pelo país A irá provocar um saldo positivo na balança comercial do país C acompanhado de um acúmulo de ouro ou de divisas naquele país. No caso de dependência colonial, isso é difícil acontecer, isto é, a quantia investida será normalmente gasta na metrópole.
47 - Isto aqui ficou um pouco datado num cenário de déficits comerciais de várias grandes potências atuais: A ligação entre os lucros “externos” e o imperialismo é óbvia. A luta pela divisão dos mercados externos existentes e a expansão dos impérios coloniais, que propicia novas oportunidades para a exportação de capital ligada à exportação de bens, pode ser vista como um esforço para se obter um saldo positivo na balança comercial, a fonte clássica de lucros “externos”.
Pgs. 68-73
"CAPÍTULO 4: "Os Lucros e o Investimento"
48 - Mais páginas de modelo e equação pra dizer isto aqui: ...os lucros seguem o investimento com um hiato temporal. A intenção dele era meio que transformar em uma equação de uma incógnita, digamos assim. (...) reduz o número de determinantes dos lucros de dois para um, devido a levar em consideração a dependência do consumo dos capitalistas para com os lucros passados, conforme nos dá a equação (5).
49 - Econometria dos investimentos capitalistas nos EUA durante 1929 e 1940: ...Isso significaria que somente 25% dos lucros adicionais seriam dirigidos ao consumo e 75% para a poupança. Na verdade, o coeficiente q será maior porque uma parte da poupança vem da renda do trabalho. Contudo, é improvável que q exceda muito 30%.
Pgs. 74-85
"CAPÍTULO 5: "Determinação da Renda Nacional e do Consumo"
50 - Lembra que um grau maior de monopolização pode levar a um mesmo patamar de lucros - soma absoluta - com um produto e renda dos trabalhadores menor.
51 - Pouco entendi da comparação entre economias capitalistas e "socialistas", que seriam mais flexíveis - por rebaixar o preços dos bens de consumo - em situações de queda do investimento. Tudo para manter o pleno emprego, deslocando fatores para a produção desses bens finais, digamos assim. Se bem entendi, a vantagem então é que as consequências ruins das crises de investimento eram mais igualmente distribuídas, sem desemprego.
52 - Na parte da sopa de letras boiei mais ainda. Sem saco pra essa linguagem.
53 - Y é determinado — com um hiato temporal — pela soma do investimento, do saldo da balança comercial e do déficit orçamentário I′ ou pelo investimento I se a balança comercial e o orçamento forem equilibrados.
54 - Parece que nos Estados Unidos, no período de 1870-1914, as modificações a longo prazo no investimento e na renda foram de fato mais ou menos proporcionais. A tabela 15 apresenta a razão entre “formação bruta de capital” e “renda bruta nacional” para esse período, por décadas, segundo Kuznets. Essa razão permaneceu bastante estável.
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