Livro: Sánchez-Ancochea, Diego - The Costs of Inequality in Latin America - Capítulo 2
Livro: Sánchez-Ancochea, Diego - The Costs of Inequality in Latin America
Pgs. 37-48
"CAPÍTULO 2: "LATIN AMERICA : ALWAYS O MOST UNEQUAL REGION?"
17 - Isto aqui é de mais ou menos 1765 ao que entendi: Humboldt escreveu extensivamente sobre seus cinco anos nas Américas, refletindo sobre a geografia da região e sobre seu povo. Ele ficou particularmente impressionado com a alta desigualdade. Por exemplo, ele descreveu o México como "o país da desigualdade. Em nenhum lugar existe uma diferença tão assustadora na distribuição da fortuna, da civilização, do cultivo do solo e da população.
18 - O economista sérvio Branko Milanović é um dos principais especialistas em desigualdade no mundo. (...) Enquanto estava no Banco Mundial, Milanović liderou um esforço impressionante para coletar e comparar centenas de pesquisas domiciliares em todo o mundo. (...) A figura 2.1 abaixo é um dos gráficos mais populares de Milanović, que costumo discutir em meus cursos em Oxford. Localiza cidadãos indianos, russos, americanos, chineses e brasileiros em dois eixos: um mede seu lugar na distribuição nacional de renda, enquanto o outro os localiza na distribuição global. A medida não é perfeita: os dados não dão conta das pessoas mais ricas de cada país, cuja renda – como já mencionei – é sempre subestimada nesse tipo de pesquisa. Usaram PPP ao menos.
19 - Brasil se destacando pra variar... Observe a posição única do Brasil: os brasileiros de baixa renda estão entre os mais pobres do mundo, enquanto os que estão no topo são quase tão ricos quanto nos EUA. Outras fontes de dados confirmam o nível escandaloso de desigualdade do Brasil: por exemplo, os seis homens mais ricos do país controlam tanta riqueza quanto a metade mais pobre da população. Ainda mais impressionante, cada membro dos 0,1% mais ricos ganha em um mês o mesmo que um trabalhador que recebe o salário mínimo ganha em 19 anos.
20 - ...em um estudo sobre o índice de Palma – que, como vimos no Capítulo 1, compara a renda dos 10% mais ricos e dos 40% mais pobres – 12 dos 18 países com pior desempenho eram latino-americanos, e nenhum país latino-americano fazia parte do grupo de países em desenvolvimento mais equitativos. (...) O Gini na América Latina é cinco pontos percentuais superior ao de outros países em desenvolvimento (ver figura 2.2): o contraste com a Europa Oriental e a Ásia Central é particularmente marcante.
21 - Faz um balanço do período 2001-2016: Argentina e Uruguai se destacam como os melhores países da América Latina; Eles historicamente se beneficiaram de uma economia mais diversificada, uma classe média maior e uma elite mais fraca. Outros países, como El Salvador e Peru, eram historicamente desiguais, mas melhoraram nos últimos anos devido a uma variedade de fatores políticos e econômicos, incluindo a democratização (em ambos), a influência da esquerda (em El Salvador) e o alto crescimento econômico (no Peru). Em contraste, Brasil, Honduras, Colômbia, Panamá e Guatemala permanecem no topo dos rankings de desigualdade regional e global.
22 - A especificidade latina parece ser o fato de que os ricos são muito ricos. Na verdade, entre os 90% mais pobres da população, o Chile é mais igual do que muitos países da OCDE e a mobilidade social – a probabilidade de alguém melhorar sua posição social em comparação com seus pais – é maior. (..) De acordo com algumas estimativas, o 1% mais rico do Chile controla mais de 30% da produção anual, em comparação com 18% nos EUA – um país muito desigual por si só.
23 - Bilionários:
24 - Colonização espanhola: Sua esperança era enriquecer rapidamente, trabalhando o mínimo possível. Para alcançar esse objetivo, os conquistadores instituíram primeiro as encomiendas, que lhes deram a propriedade sobre grandes extensões de terra, bem como o direito de tributar os indígenas que ali viviam. Uma pequena elite de recém-chegados recebeu uma enorme quantidade de recursos da Coroa; por exemplo, só Hernán Cortés "controlava" mais de 100 mil índios. Os povos indígenas tinham que trabalhar para o encomendero e pagar impostos na forma de milho, trigo, pano, galinhas e muitos outros bens para sustentar os padrões de vida luxuosos dos espanhóis. (...) A encomienda provou ser ineficiente e impopular e acabou sendo eliminada. No entanto, logo foi substituído por outros sistemas exploradores, como o repartimiento e o mita.
25 - Eram sociedade bastante hierárquicas e discriminatórias. Viviam com medo de uma revolução vinda de baixo: no final do século XVIII, por exemplo, a elite de Caracas advertia contra a criação de batalhões do exército feitos de pessoas negras porque eles "aumentariam a arrogância dos pardos e lhes dariam organização, chefes e armas para facilitar uma revolução".
26 - A relevância contemporânea dessa discussão sobre as origens da desigualdade na América Latina não deve ser exagerada. Talvez a distribuição de renda não fosse pior na América Latina em meados do século XIX do que na Inglaterra durante a Revolução Industrial: a rápida transformação econômica em Manchester, Londres e outras cidades britânicas criou vencedores ricos e milhões de perdedores, como Karl Marx eloquentemente explicou. No entanto, é claro que na América Latina as instituições e políticas foram organizadas em favor dos poderosos desde cedo: latifúndios enormes, subinvestimento na educação primária e direitos de voto restritivos eram a norma em toda a região.
27 - Quando a primeira onda de globalização encontrou as instituições tradicionais da América Latina, a desigualdade se acelerou. Na Argentina, Brasil, Chile e Uruguai, o coeficiente de Gini aumentou pelo menos cinco pontos percentuais entre 1870 e 1920. Os ricos proprietários de terras encontraram novas oportunidades para ganhar grandes quantias de dinheiro através das exportações. Eles se beneficiaram dos novos trens que ligam suas regiões aos principais portos e dos esforços públicos para concentrar ainda mais a terra em poucas mãos. Cita, ainda, a venda de terras públicas em grandes quarteirões para empresas de terras e de pesquisa e empresários bem conectados".
28 - Período 1930-1960: Em contraste, durante este mesmo período, grande parte da Europa, juntamente com Austrália, Canadá e Nova Zelândia (bem como alguns países em desenvolvimento, como a China), experimentou um " Grande Nivelamento", já que a renda dos pobres e da classe média cresceu muito mais rápido do que a dos ricos. Depois de 1980, quase ninguém se salva do crescimento da desigualdade. Cita Grécia e Turquia como exceções.
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