Livro: Krugman et al. - Economia Internacional (2015) - Capítulos 16 e 17
Livro: Krugman et al. - Economia Internacional (2015)
Pgs. 345-373
"CAPÍTULO 16: "Níveis de preço e a taxa de câmbio em longo prazo"
293 - Paridade do poder de compra (PPC ou PPP): A ideia básica da PPC foi levada adiante nos escritos de economistas britânicos do século XIX, entre eles David Ricardo (...). O economista sueco Gustav Cassel, que escrevia no começo do século XX, popularizou a PPC tornando‑a peça central de uma teoria de taxas de câmbio. (...) A PPC absoluta implica uma segunda versão da teoria PPC, a PPC relativa, que prevê que mudanças percentuais nas taxas de câmbio são iguais às diferenças nas taxas de inflação nacional.
294 - ...Cesta de mercadorias: Se, por exemplo, a cesta de referência de mercadorias custa US$ 200 nos Estados Unidos e € 160 na Europa, a PPC prevê que uma taxa de câmbio dólar/ euro de US$ 1,25 por euro (US$ 200 por cesta/€ 160 por cesta). (...) Se o nível de preço norte‑americano sobe em 10% enquanto o europeu sobre somente 5%, por exemplo, a PPC relativa prevê uma desvalorização de 5% do dólar em relação ao euro.
295 - A comparação, porém, nunca vai ser perfeita no mundo real: Na prática, os governos nacionais não se esforçam para calcular os índices de nível de preço que publicam utilizando uma cesta de mercadorias padronizada internacionalmente. Cada país mede uma "inflação" diferente. Cada qual com sua cesta.
296 - Muitas equações, páginas e conceito para esta obviedade aqui: ...Essa relação de longo prazo entre a inflação e as taxas de juros é chamada de efeito Fisher. O efeito Fisher implica, por exemplo, que se a inflação norte‑americana subisse de modo permanente a partir de um nível constante de 5% para um nível constante de 10% ao ano, as taxas de juros eventualmente alcançariam a inflação mais alta, subindo em 5% por ano a partir de seu nível inicial.
297 - Taxas de juros mais altas, em alguns contextos, podem estar associadas a desvalorização cambial. Tudo é expectativa. Se se entende, desde já, que o nível geral de preços, ano a ano, crescerá a taxa maior, uma taxa de juros mais alta se torna estrutural, digamos assim. Foi isso que entendi. (Não seria mais fácil a longa explicação simplesmente diferenciar taxa de juros real e nominal? Parece que eles querem explicar tudo sempre da forma mais enrolada).
298 - Empiricamente, os modelos PPC vão mal. As mercadorias manufaturadas que pare‑ cem ser bem similares umas às outras são vendidas a preços amplamente diferentes em vários mercados desde o início da década de 1970. Porém... Como veremos mais à frente neste capítulo, a PPC é a peça‑chave da construção dos modelos de taxa de câmbio que são mais realistas do que a abordagem monetária.
299 - Taxa de câmbio e preços relativos. Somente durante longos períodos a PPC relativa é aproximadamente satisfeita:
300 - ...Motivos de descompasso? Vão colocar, mais adiante, que se devem especialmente a questão dos bens não-comercializáveis, especialmente serviços (grande porcentagem do PIB dos desenvolvidos). Porém, há outras fortes razões. Barreiras/custos de transporte, alfandegários, tarifas ou mais coisas desse tipo ("Quanto maiores os custos de transporte, maior a faixa sobre a qual a taxa de câmbio pode mover‑se, dados os preços das mercadorias em diferentes países"). Oligopolização de mercados nacionais. Índices de inflação (cestas) diferenciadas (aqui o problema foi da comparação grosseira, talvez por faltar dados).
301 - A existência de mercadorias e serviços não comercializáveis em todos os países, cujos preços não estão ligados internacionalmente, permite desvios sistemáticos mesmo da PPC relativa. (...) Com tudo igual, um aumento no preço dos bens não comercializáveis de um país aumentará seu nível de preço em relação aos níveis de preço estrangeiros (medindo os níveis de preços de todos os países em termos de uma única moeda). Olhando de outra forma, o poder de compra de qualquer moeda dada cairá em paí‑ ses onde os preços de bens não comercializáveis subirem. (...) Os não comercializáveis são principalmente serviços e produção da indústria de construção.
302 - Poder de mercado (monopólio e tal) e diferenças de preço, o tal índice BigMac: Como relativamente poucos substitutos para o Big Mac estão disponíveis em alguns países, a diferenciação do produto dá ao McDonald’s algum poder para adequar os preços ao mercado local. Por fim, lembre‑se de que o preço do Big Mac deve cobrir não somente o custo de carne moída e pães, mas também os salários das pessoas que servem, o aluguel, a eletricidade e assim por diante. Os preços dessas entradas não alimentares podem diferir bastante em diferentes países. De fato, a The Economist agora introduziu uma versão refinada de seu índice que corrige o fato de que os custos de mão de obra ten‑ dem a ser menores em países mais pobres.
303 - Sinais de extremos de apreciação: ...Considere o caso da Islândia. Em janeiro de 2006, a Islândia tinha um preço em dólar do Big Mac de US$ 7,44 e uma supervalorização gritante da moeda de 131% na escala Big Mac. Então o pequenino país foi varrido numa crise financeira global que discutiremos em detalhe nos capítulos 19 e 20.
304 - Bens não comercializáveis tendem a ser mais caros (em relação às mercadorias comercializáveis) em países mais ricos. Balassa-Samuelson vem tentar explicar: A teoria de Balassa-Samuelson assume que as forças de mão de obra dos países pobres são menos produtivas do que aquelas dos países ricos no setor de bens comercializáveis, mas as diferenças de produtividade internacional de bens não comercializáveis são insignificantes.
305 - ...Os países ricos com maior produtividade de mão de obra no setor de mercadorias comercializáveis tenderão a ter maiores preços de bens não comercializáveis e maiores níveis de preço. São os tradables e non-tradables.
306 - A explicação "alternativa" não achei tão diferente assim: A visão de Bhagwati‑Kravis‑Lipsey apoia‑se nas diferenças em doações de capital e mão de obra em vez de nas de produtividade, mas também prevê que o preço relativo de bens não comercializáveis aumenta conforme a renda per capita real cresce. Os países ricos têm maior proporção de capital‑mão de obra, enquanto os países pobres têm mais mão de obra em relação a capital. Como os países ricos têm maior proporção de capital‑mão de obra, a produtividade marginal da mão de obra é maior em países ricos do que em países pobres, e o primeiro terá, portanto, um maior nível de salário do que o último. Os bens não comercializáveis, que consistem largamente em serviços, são naturalmente de mão de obra intensiva em relação aos comercializáveis. Como a mão de obra é mais barata em países pobres e é utilizada intensivamente na produção de bens não comercializáveis, eles também serão mais baratos do que nos países ricos e de salário alto.
307 - Conceito de taxa de câmbio real: pela PPP/PPC, nunca deveria mudar por sinal. Tudo seria correção de inflação.
308 - Valorização (e desvalorização) real é diferente de nominal (a não ser se os níveis de preço são iguais, creio): Uma valorização real do dólar em relação ao euro é uma queda em q$/€. Essa queda indica uma diminuição no preço relativo de produtos comprados na Europa ou um aumento no poder de compra europeu do dólar comparado com aquele nos Estados Unidos.
309 - A demanda proporcional pelos bens e serviços de um país pode ser alterada. ...um aumento na demanda relativa mundial por produção norte‑americana causa uma valorização real do dólar em relação ao euro (uma queda em q$/€). Similarmente, uma queda na demanda relativa mundial por produção norte‑americana causa uma depreciação real de longo prazo do dólar em relação ao euro (um aumento em q$/€). (Creio que isso ocorreu recentemente com o aumento das nossas exportações).
310 - Ainda sobre curto prazo: Salário não é o único preço que pode ser rígido. Vendedores podem ter medo de expor seus clientes habituais à dúvida de se não há algo melhor por aí. Na presença desses inúmeros tipos de cardápio de custos, os vendedores frequentemente vão manter os preços constantes após uma mudança nas condições de mercado até que estejam certos de que a mudança é permanente o suficiente para fazer com que a exposição aos custos das mudanças de preços seja válida.
311 - Em tese, colocam que um aumento da produtividade nos EUA leva à depreciação da moeda lá. Isso pelo motivo de que aumentam as importações com maior renda e, portanto, o câmbio precisa se ajustar (depreciar) pra reequilibrar a coisa. O aumento relativo da oferta dos EUA, sem o correspondente crescimento da renda mundial, faz com que o preço dos produtos norte-americanos tenha que baixar, daí a depreciação pelo que entendi. Para a demanda igualar a oferta. Porém, outra força causada pelo mesmo fenômeno trabalharia em sentido oposto: Além disso, o aumento da produção norte‑americana aumenta a demanda de transações por saldos reais de dinheiro dos Estados Unidos, aumentando a demanda agregada por moeda real norte‑americana e, na Equação (16.3), empurrando o nível de preço norte‑americano de longo prazo para baixo. Voltando para a Equação (16.7), já que q$/€ aumenta enquanto PUS cai, os efeitos de produção e mercado monetário de uma mudança na oferta de produção trabalham em direções opostas fazendo, portanto, o efeito líquido em E$/€ ser ambíguo.
312 - ...Por essas e outras que a teoria da PPC/PPP é incompleta: ...as mudanças na taxa de câmbio real de longo prazo também afetam a taxa de câmbio nominal de longo prazo. Corrige-se a abordagem monetária permitindo fatores não monetários que podem sustentar desvios da paridade de poder de compra. Câmbio não se trata, assim, de um fenômeno puramente monetário.
313 - Como a PPC relativa não se mantém verdadeira em geral, a relação entre as diferenças internacionais da taxa de juros e taxas de inflação nacional pode ser mais complexa na prática do que uma simples fórmula sugere.
314 - ...O que dificulta a análise é a previsão dos deslocamentos nas ofertas e demandas mundiais: Por exemplo, se a inflação norte‑americana será de 5% ao ano para sempre e a inflação europeia será de zero para sempre, a diferença de juros de longo prazo entre os depósitos de dólar e euro não precisa ser os 5% que a PPC (quando combinada com a paridade de juros) sugeriria. Se, além disso, todo mundo sabe que as tendências de demanda e oferta de produção farão o dólar sofrer depreciação em relação ao euro em termos reais a uma taxa de 1% ao ano, o diferencial de juros internacional será, na verdade, de 6%.
315 - ...De forma mais geral, as taxas de juros reais esperadas em diferentes países não precisam ser iguais, mesmo no longo prazo, se a mudança contínua nos mercados de produção é esperada.
316 - Dois investidores que moram em diferentes países não precisam calcular essa única taxa real de retorno da mesma forma se a PPC relativa não liga os preços de suas cestas de consumo.
Pgs. 374-408
"CAPÍTULO 17: "Produção e a taxa de câmbio no curto prazo"
317 - As economias estadunidense e canadense registraram taxas negativas similares de crescimento de produção durante 2009, ano de profunda recessão global. Mas enquanto o dólar norte‑americano sofreu depreciação em relação às moedas estrangeiras em torno de 8% durante o ano, o dólar canadense sofreu valorização de aproximadamente 16%.
318 - Principais determinantes do saldo em conta-corrente: ...a taxa de câmbio nacional real em relação à moeda estrangeira (isto é, o preço de uma cesta de despesas típica estrangeira em termos de cestas de despesas nacional) e a renda nacional disponível. ("Seguindo a convenção do Capítulo 13, também estamos ignorando as transferências unilaterais ao analisar o saldo da conta‑corrente").
319 - Importações e taxa de câmbio. Em tese diminuiriam, já que ficaram mais caras. Só que o fato de terem ficado mais caras pode levar a um aumento do valor total se a diminuição da quantidade importada não for intensa o suficiente pra compensar o aumento no preço em moeda nacional. Tipo: importava 1 milhão de computadores a 1000 reais e agora importam novecentos mil computadores a 1200 reais. Importações "aumentaram" aí. De toda forma, câmbio depreciado tende a ser bom para o saldo em conta-corrente. Basta não serem itens muito inelásticos.
320 - Quando a moeda de um país sofre depreciação em termos reais, as empresas estrangeiras descobrirão que o país pode fornecer insumos de produção intermediários mais baratos. Esses efeitos tornaram‑se mais fortes como resultado da tendência crescente de empresas multinacionais em instalar diferentes estágios de seus processos de produção em uma série de países.
321 - Um aumento na renda disponível, com todo o resto igual, piora a conta‑corrente.
322 - Uma depreciação real da moeda nacional, com todo o resto igual, aumenta a demanda agregada pela produção nacional; uma valorização real diminui a demanda agregada por produção nacional.
323 - Nem todo aumento da produção/renda (Y) vai pra mercado interno. Parte vira importação. Assim, a demanda agregada não sobe na mesma proporção da produção.
324 - (Neste capítulo, vejo muito gráfico, função, equação tentando arduamente complicar coisas que são simples).
325 - Lembram que muita coisa pode mudar a demanda agregada: mudanças na preferência temporal (digamos assim); mudança nas preferências quanto a bens nacionais ou estrangeiros... Mudanças nos próprios preços estrangeiros, sob os quais o país não tem qualquer controle...
326 - Para os mercados de ativos permanecerem em equilíbrio, um aumento na produção nacional deve ser acompanhado de uma valorização da moeda nacional, com todo o resto igual, e uma queda na produção nacional deve ser acompanhada por uma depreciação. A taxa de juros e o retorno dos ativos aumenta. Essa é a tese da valorização da moeda.
327 - ...O problema é o "com tudo igual". Um monte de coisa pode variar. A oferta monetária; os preços mudando o juro real; as expectativas sobre o valor futuro da taxa de câmbio em razão de algum fato novo; a preferência pela liquidez; mudança nos juros estrangeiros/internacionais... (Citam esses cinco fatores)
328 - Modelos... Com quase tudo fixo no modelo, expansão fiscal temporária tende a puxar o juros pra cima e valorizar a moeda, gerando expectativa futura de depreciação cambial.
329 - Fatores não-temporários: aumento permanente na oferta de moeda. Neste caso, o novo patamar de depreciação cambial se torna permanente. O ganho de produção puxado por isso também. Aqui tudo é até maior do que nas mudanças temporárias, pois a expectativa de longo prazo quanto à taxa de câmbio é que ela opere realmente mais desvalorizada agora. O problema? Inflação à vista. Sempre que a produção é maior do que seu nível de pleno emprego, Yf , e os fatores produtivos estão trabalhando horas extras, o nível de preço P está subindo para dar conta dos custos de produção que estão aumentando.
330 - Após uma sopa de letras pé no saco, analisa expansão fiscal sem monetária. A conclusão é esta: Concluímos que se a economia começa no equilíbrio de longo prazo, uma mudança permanente na política fiscal não tem efeito líquido na produção. Em vez disso, ela causa um salto imediato e permanente da taxa de câmbio que compensa exatamente o efeito direto da política fiscal na demanda agregada. Uma queda na demanda líquida de exportação neutraliza o aumento na demanda do governo.
331 - ...Tou pescando o que importa de concreto em meio à sopa de letras: ...um aumento na produção encoraja gastos em importações e, portanto, piora a conta‑corrente se não for acompanhado de uma depreciação da moeda. (isso é com todo o resto igual, inclusive internacionalmente).
332 - ...Conforme aumentamos Y, movendo‑nos para cima ao longo de DD, a demanda nacional pela produção nacional aumenta por menos do que o aumento na produção em si (já que alguma renda é poupada e algumas despesas caem em importações). (...) para prevenir um excesso de oferta na produção nacional, "E" (desvalorização cambial) deve aumentar de forma drástica o suficiente ao longo de DD para fazer a demanda de exportação aumentar mais rápido do que a demanda de importação.
333 - ...Ainda por meio da depreciação da moeda...: A expansão monetária faz o saldo da conta‑corrente aumentar no curto prazo.
334 - ...Já a expansão fiscal sem monetária...: Como a moeda sofre valorização e a renda aumenta, existe uma deterioração na conta‑corrente. Uma expansão fiscal permanente tem o efeito adicional de mudar AA para a esquerda, produzindo um equilíbrio no ponto 4. Como o ponto 3, o ponto 4 está abaixo de XX, então, novamente, a conta‑corrente fica em pior situação, ainda mais do que no caso temporário. A política fiscal expansionista reduz o saldo da conta ‑corrente.
335 - A "conta-corrente" leva um tempo pra melhorar após uma depreciação. A economia real vai se ajustando à nova realidade. Isso pode durar até um ano.
336 - Outro "detalhe": o pass-through do câmbio nunca é automático. Vai ficando algo pelo caminho. Por exemplo, uma grande empresa estrangeira que fornece automóveis para os Estados Unidos pode ficar tão preocupada com a perda de uma parcela do mercado que não aumenta imediatamente seus preços nos Estados Unidos em 10% quando o dólar sofre depreciação de 10%, apesar do fato de que a receita das vendas norte‑americanas, medidas em sua própria moeda, cairá. Similarmente, a empresa pode hesitar em diminuir seus preços nos Estados Unidos em 10% após uma valorização do dólar desse tamanho, porque pode assim ganhar maiores lucros sem investir recursos imediatamente ao expandir seus envios para os Estados Unidos. Podem esperar pra ver se não é temporário talvez. Isso também dificulta/atrasa os esperados ajustes da conta-corrente.
337 - Expansão fiscal permanente e déficit externo: Essa perspectiva de maior longo prazo leva a um quadro complicado da evolução da taxa de câmbio real, que segue uma mudança permanente como a expansão fiscal. De início, a moeda nacional sofrerá valorização conforme o saldo da conta‑corrente cai drasticamente. Mas então, ao longo do tempo, a moeda começará a sofrer depreciação conforme as expectativas dos participantes do mercado focam no efeito da conta‑corrente em níveis de riqueza internacional relativos.
338 - Ao longo da duração da Grande Depressão da década de 1930, a taxa de juros nominal chegou a zero nos Estados Unidos e o país encontrou‑se no que os economistas chamam de armadilha da liquidez.
339 - Japão está preso na armadilha de liquidez há décadas. Vendo sinais de recuperação, o BOJ aumentou as taxas de juros com início em 2006, mas retrocedeu de volta para zero conforme a crise financeira global ganhou força no fim de 2008 (veja o Capítulo 19). No modelagem chata lá deles, obteve-se o seguinte resultado: a expansão monetária não tem efeito na produção ou na taxa de câmbio. Esse é o sentido no qual a economia é “presa”.
340 - ...Já sobre o longo prazo... Interessante: ...os observadores da experiência japonesa argumentaram que os funcionários do BOJ estavam tão temerosos com depreciação e inflação (assim como estavam vários presidentes de bancos durante o começo da década de 1930) que os mercados não acreditaram que eles estivessem dispostos a depreciar a moeda permanentemente. Em vez disso, os mercados suspeitaram de uma intenção de restaurar uma taxa de câmbio valorizada mais tarde e trataram qualquer expansão monetária como sendo temporária. Somente na primeira metade de 2013 o governo japonês anunciou enfim uma intenção credível de expandir a oferta de moeda o suficiente e manter as taxas de juros em zero tempo o suficiente para atingir uma taxa anual de inflação de 2%. Nesse ponto, o iene sofreu depreciação drástica.
341 - Por fim, abordam um pouco a questão do multiplicador fiscal do governo. Se há pleno emprego, o multiplicador é zero. Ademais... Na economia aberta, o multiplicador é menor ainda. Alguns gastos particulares vazam pela economia por meio de importações e, se a taxa de câmbio sofre valorização, então, como já vimos neste capítulo, a redução resultante em exportações líquidas é um canal adicional para a expulsão. Não é só poupança.
342 - ...Em um levantamento extenso, Robert E. Hall, da universidade de Stanford, sugere que a maioria dos estudos encontrou um multiplicador entre 0,5 e 1,0 (veja o trabalho dele nas Leituras adicionais). Isto é, quando o governo aumenta o consumo em US$ 1, o aumento resultante na produção será no máximo US$ 1 — menor do que os grandes multiplicadores dos mais simples modelos de economia fechada, mas ainda assim um efeito provável de ter um impacto substancial positivo no emprego. (...) Hall explicou que essa situação é excepcional, porque a “expulsão” comum não ocorre, e ele pensou que para economias em armadilhas de liquidez o multiplicador poderia ser tão alto quanto 1,7. Lawrence Christiano, Martin Eichenbaum e Sergio Rebelo da Universidade de Northwestern, sugeriram um número muito maior com base em seu modelo teórico: embora abaixo de 1 seja normal, o multiplicador pode ser tão alto quanto 3,7 em uma armadilha de liquidez! Krugman e etc. colocam que não existe expulsão nem pelos juros nem pelo câmbio (que, com tudo igual, não se desvaloriza). Afinal, tudo é temporário. Nem a taxa de juros nem a taxa de câmbio futura esperada mudam.
343 - ...Para economias em recessão - na armadilha ou não - há estudo sugerindo multiplicador de 2.
344 - Condição de Marshall-Lerner velocidade de ajuste das contas externas: se a conta‑corrente é inicialmente zero, uma depreciação real na moeda causa um superávit em conta‑corrente se a soma das elasticidades do preço relativo das demandas de exportação e importação excede 1. (Se a conta‑corrente não é inicialmente zero, a condi‑ ção torna‑se mais complexa.) Ao aplicar a condição de Marshall‑Lerner, lembre‑se que sua derivação assume que a renda disponível é mantida constante. (...) Para a maioria dos países, as elasticidades de impacto são tão pequenas que a soma do impacto das elasticidades de exportação e importação é menor que 1. Já que as elasticidades de impacto normalmente falham em satisfazer à condição Marshall‑Lerner, a estimativa apoia a existência de um efeito inicial de curva J que faz com que a conta‑corrente seja deteriorada imediatamente seguindo uma depreciação real.
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