Livro: John Galbraith - O Pensamento Econômico em Perspectiva - Capítulos 18 e 19
Livro: John Galbraith - O Pensamento Econômico em Perspectiva
Pgs. 214-226
"CAPÍTULO 18: "Confirmação Por Marte"
184 - Harvard seria a universidade estadunidense a abraçar o keynesianismo.
185 - Hansen era um ortodoxo, digamos, mas foi convertido ao keynesianismo. Virou grande defensor, juntamente a Samuelson. Num sentido bastante importante, Hansen foi além de Keynes, argumentando que o equilíbrio do desemprego (em sua linguagem, uma tendência a estagnação secular) era normal e previsível na economia moderna; só poderia ser eliminado através de medidas governamentais resolutas.
186 - Houve reação. Um grupo de ex-alunos da Harvard formou a Veritas Foundation, cuja tarefa era extirpar Keynes do ensino da Harvard, pois Keynes não podia ser conciliado com a verdade.
187 - Nos anos após a publicação de The General Theory, a sua mensagem foi levada de Cambridge, Massachusetts, para Washington pelos jovens economistas americanos - e também pelos jovens economistas canadenses para Ottawa, principalmente, neste último caso, por Robert Bryce, que participara do seminário de Keynes no King's College antes de ir para a Harvard. O Canadá, em consequência, foi o primeiro país, excluindo-se o caso especial da Suécia, a aceitar e a implementar uma administração keynesiana da economia.
188 - A recessão de 37/38 gerou debates nos EUA. Os que insistiam na teoria clássica também tinham suas teses: O motivo ... era a diminuição da concorrência, a incursão do monopólio sobre o mercado e a concentração empresarial. Tudo isto havia coibido a produção e, portanto, reduzido o nível de emprego. Tanto que a agricultura, competitiva e desconcentrada, não tinha desemprego, diziam.
189 - ...A guerra basicamente pôs um fim nesta derradeira insurreição do classicismo. O último relatório da TNEC em 1941, ao contrário das audiências anteriores da comissão, não atraiu atenção alguma e perdeu-se em meio às preocupações urgentes da guerra. A aplicação rígida da legislação antitruste foi suspensa durante todo o confronto, juntamente com os mercados livres que ela deveria proteger. Houve, depois de declarada a paz, um pequeno recrudescimento do interesse pela aplicação destas leis. Japão e Alemanha seriam as exceções, lugares onde elas tiveram prestígio. Queria-se corrigir o militarismo nesses países e o motivo talvez fossem as grandes corporações (consórcios, cartéis etc.).
190 - No período de guerra, Hansen foi para o FED e Keynes mantinha encontros de apoio aos jovens discípulos que agora estavam em cargos influentes no governo dos EUA. Isso mais que na Inglaterra, destacou o próprio Keynes.
191 - Cita as inovações de Kuznets, outro keynesiano da época: ...deu forma e valor estatístico ao que hoje são os conceitos corriqueiros de Produto Nacional Bruto, Renda Nacional e seus componentes. Ressalta, ainda, que as estatísticas de Kuznets mostravam ociosidade, que a economia operava abaixo das suas capacidades ainda.
192 - ...Samuelson e Nordhaus: ...Sem "esta grande invenção do século XX [as Contas Nacionais] a macroeconomia permaneceria à deriva num grande mar de dados desorganizados".
193 - O desemprego foi quase que totalmente aniquilado durante esse "keynesianismo de guerra", digamos assim. O produto cresceu enormemente. Pra melhorar, não foi um período inflacionário ou de controle de preços. Daqui pra frente, reapareceram só provisoriamente (momentos da Guerra da Coreia e na Era Nixon). A carga tributária subiu bastante. Exemplo: Em 1929, a maior taxa marginal do imposto de renda de uma pessoa física era 24 por cento; ela foi aumentando durante o New Deal e em 1945 chegara a 94 por cento. Os pobres pagavam a guerra com as vidas e os ricos com imposto progressivo.
Pgs. 227-239
"CAPÍTULO 19: "O Sol Keynesiano a Pino"
194 - No pós-guerra, o keynesianismo disfarçado começava a ganhar apoio até entre parcelas do empresariado. Na política, a coisa ia ainda mais forte. Proposições de lei tentando obrigar orçamentos que atentassem para a necessidade de “gerar um volume de produção a pleno emprego". Foi aprovada bem desfigurada, pra contemplar todo mundo. De toda forma, ficou oficializada uma assessoria (macro) econômica à presidência.
195 - O "Council Of Economic Advisers" estava tão orgulhoso de si mesmo em 1969, pelos 95 meses seguidos sem recessões ("feito sem paralelo") que chegou a publicar isto: ...Nós conseguimos eliminar inteiramente do ciclo econômico as recessões que durante tantas gerações nos desviaram repetidamente do caminho do crescimento e do progresso.
196 - Galbraith cita gastos governamentais e impostos progressivos como motivos que mantiveram a demanda agregada forte durante a "Era de Ouro" dos EUA, digamos assim. Seguro-desemprego, por exemplo, impulsionava a propensão ao consumo justamente quando mais ela era necessária (retrações e tal).
197 - Coloca que em 1964 houve uma muito discutida redução da alíquota marginal teórica do IR (diz que foi de 77 para 70%), tudo a fim de manter aquecido o emprego e poder aquisitivo. Tipo de estímulo que futuramente seria citado e defendido por Reagan.
198 - Critica as teorias matemáticas por muitas levarem como pressuposto a livre-concorrência, cada vez mais nebulosa no mundo real.
199 - Tabelas intersetoriais de Leontief: ...além de serem interessantes e informativas para o capitalismo, revelaram-se extremamente úteis também para o planejamento socialista.
200 - Em 1929: ...alguns economistas da Harvard criaram a Economic Society, cujo propósito era antever os grandes eventos econômicos e que acabou dando a luz a uma econometria elementar. Galbraith coloca que realmente previram uma retração, mas previram também que seria curta e moderada e, ao que entendi, apostaram em cima disso. Tiveram que encerrar suas atividades quando a recessão se transformou em depressão.
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