Livro: Ha-Joon Chang - Chutando a Escada - Capítulo 4

                                                                                                                                                              

Livro: Ha-Joon Chang - Chutando a Escada



Pgs. 206-231


"CAPÍTULO 4: "Lições para o presente"


169 - Emerge um padrão consistente, no qual todas as economias em catching-up usam políticas industrial, comercial e tecnológica (ICT) ativistas - mas não simplesmente a proteção tarifária, como assinalei reiteradamente - para promover o desenvolvimento econômico, como tem ocorrido desde antes da época de List.


170 - O que é setor de ponta varia com as décadas e séculos. Dependendo do lugar onde estão ocorrendo os avanços tecnológicos, as atividades de alto valor agregado podem ser as oficialmente classificadas como "serviços".


171 - Por que seria necessária a ação do Estado? Isso ocorre porque, por diversas razões, há discrepâncias entre o retorno social e o individual de investimentos nas atividades de alto valor agregado - ou indústrias nascentes - nas economias em catch-up.


172 - Chang chega a se perguntar: Será justo afirmar que o acordo da OMC, que restringe a capacidade dos países em desenvolvimento de pôr em prática políticas ICT ativistas, não passa de uma versão moderna, multilateral, dos "tratados desiguais" que a Inglaterra e outros PADs costumavam impor aos países semi-independentes? Responde que sim.


173 - Traz dados mostrando que pouquíssimos países aceleraram seu crescimento no período das "políticas boas" - 1980 a 2000. Isso em relação ao período anterior - 1960 a 1980 -, o das políticas "ruins", em que se crescia, em média, bem mais.


174 - De toda fora, Chang afirma que o aprimoramento das instituições é algo se dúvidas importante e que pode ter sido responsável pela aceleração do crescimento econômico pós-1875 (dados do período 1875-1913 mostram crescimento maior que no 1820-1875). Após a II Guerra, com instituições já "montadas", seria ainda melhor. Na Idade de Ouro, os PADs cresceram, tipicamente, 3%-4% a.a., em termos per capita, em contraste com a taxa de 1%-2% que prevalecera anteriormente (...) e também em contraste com a taxa de 2%-2,5% que passou a ser típica desde o seu fim.


175 - ...O Chang institucionalista vai dizer mais: Eu diria que os países em desenvolvimento conseguiram crescer mais rapidamente, no período do pós-guerra (1960-1980), do que os PADs quando estavam em estágios comparáveis de desenvolvimento, em parte porque contavam com instituições muito melhores que estes.




176 - ...Faz, porém, a ressalva de que foi um bom período para a economia mundial como um todo. Os próprios países desenvolvidos ajudavam a puxar a expansão via maior demanda mundial. Enfim, não foram só as instituições dos "subsdesenvolvidos".


177 - Critica as políticas defendidas pelos organismos internacionais. A taxa média de crescimento per capita, nos países em desenvolvimento, declinou de aproximadamente 3% a. a., no período 1960-1980 (...), para 1,5% a. a., no período 1980-1999. Sobre a tabela abaixo, ressalta que a parte boa, por sinal, tem muito a ver com o desempenho de países como China e Índia, que nem são (não eram e creio que continuam não sendo) "exemplos institucionais", digamos assim.



178 - Voltando à crítica da solução institucionalista, Chang observa que a Ásia passou a primeira metade do Século XX estagnada (Maddison estimou crescimento zero nas nove maiores economias do continente), especialmente devido à falta de autonomia (dominação colonial) para adotar políticas ativistas, mesmo tendo havido, no período, evoluções institucionais.


179 - Não explica muito, mas coloca que algumas instituições são "caras", deslocando recursos que poderiam ser melhor aproveitados. De toda forma, ratifica: ...Os países em desenvolvimento devem (...) explorar ao máximo a vantagem de ser retardatários e tratar de chegar ao mais alto nível possível de desenvolvimento institucional. O que mais o incomoda é a velocidade com que se exige a adoção do "padrão global mínimo".


180 - O idealismo de Chang com as políticas ativistas fecha o livro: Permitir que os países em desenvolvimento adotem políticas e instituições mais apropriadas ao seu estágio de desenvolvimento e a outras circunstâncias que eles estão vivendo permitir-lhes-á crescer mais rapidamente, como deveras aconteceu nas décadas de 1960 e 1970. Isso há de beneficiar não só os países em desenvolvimento, mas, a longo prazo, também os desenvolvidos, à medida que aumentará o comércio e as oportunidades de investimento. A tragédia do nosso tempo está na incapacidade dos países desenvolvidos de perceberem isso. Citando um adágio chinês clássico, pode ser que eles estejam "deixando passar ganhos maiores e mais a longo prazo por buscar com excessiva ambição outros menores e mais imediatos". É hora de repensar que políticas e instituições ajudarão os atuais países em desenvolvimento a crescer mais depressa; isso também trará maiores benefícios para os países desenvolvidos.



FIM!


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