Livro: Ha-Joon Chang - 23 coisas que não nos contaram sobre o capitalismo - Capítulos 3 e 4
Livro: Ha-Joon Chang - 23 coisas que não nos contaram sobre o capitalismo
Pgs. 32-37
"CAPÍTULO 3: "O salário da maioria das pessoas nos países ricos é maior do que deveria ser"
21 - Ficha do livro: 23 coisas que não nos contaram sobre o capitalismo / Ha-Joo Chang; tradução Claudia Gerpe Duarte. — São Paulo : Cultrix, 2013.
22 - A defasagem salarial entre os países ricos e pobres não existe principalmente por causa de diferenças na produtividade individual e sim devido ao controle da imigração. (...) O outro lado da moeda é que os países pobres não são pobres por causa das pessoas pobres, muitas das quais são capazes de superar competitivamente os seus equivalentes nos países ricos, mas sim por causa das pessoas ricas, cuja maioria não pode fazer o mesmo. E, logo depois, um Chang institucionalista: No entanto, isso não significa que os ricos nos países ricos possam parabenizar a si mesmos pela sua genialidade individual. Essa elevada produtividade só é possível por causa das instituições historicamente herdadas nas quais eles se apoiam.
23 - O motorista de ônibus sueco recebe cinquenta vezes mais (poder de compra) que o indiano. Possivelmente o indiano tem que ser até mais habilidoso. Muitas pessoas acham que os países pobres são pobres por causa dos seus pobres. Passa a se perguntar o porquê de os economistas apologistas do livre-mercado não se levantarem quanto a maior das distorções (o controle da imigração): limite do mercado é politicamente determinado e ... os economistas que defendem o livre mercado são tão “políticos” quanto aqueles que desejam regulamentar os mercados. De toda forma, Chang (que não é um dos apologistas, obviamente) defende controles: Uma entrada excessivamente rápida de imigrantes não apenas provocaria um aumento repentino na concorrência pelos empregos como também dilataria as infraestruturas físicas e sociais, como a moradia e o sistema de saúde, criando uma tensão com a população residente.
24 - A produtividade mais alta dos ricos dos países ricos: Elas conseguem isso porque vivem em economias que têm melhores tecnologias, empresas mais organizadas, melhores instituições e uma infraestrutura de melhor qualidade — coisas que são, em grande parte, produto de ações coletivas praticadas ao longo de gerações. (...) Warren Buffet, o famoso financista, expressou belamente este argumento, ao declarar o seguinte em uma entrevista na televisão em 1995: “Creio pessoalmente que a sociedade seja responsável por um percentual significativo do que eu ganhei. Se me colocarem no meio de Bangladesh, do Peru ou de outro lugar semelhante, vocês descobrirão quanto este talento irá produzir no tipo errado de solo.
Pgs. 38-44
"CAPÍTULO 4: "A máquina de lavar roupa mudou mais o mundo do que a internet o fez"
25 - Achei a comparação desse capítulo meio descabida. Processos muito diferentes. O segundo, de certa forma, ainda nem terminou e sabe-se lá até onde levará. A revolução da internet (pelo menos ainda) não foi tão importante quanto a máquina de lavar roupa e outros eletrodomésticos, os quais, ao reduzir enormemente a quantidade de trabalho necessário para a execução das tarefas domésticas, possibilitou que as mulheres ingressassem no mercado de trabalho e praticamente extinguiu profissões como os serviços domésticos.
26 - Trabalho doméstico: É difícil obter os números, mas de acordo com dados da OIT (Organização Internacional do Trabalho), calcula-se que de 7 a 8% das pessoas que fazem parte da força de trabalho no Brasil e 9% das do Egito trabalhem como empregados domésticos. Os percentuais correspondentes são de 0,7% na Alemanha, 0,6% nos Estados Unidos, 0,3% na Inglaterra e no País de Gales, 0,05% na Noruega, caindo para 0,005% na Suécia (os percentuais são todos para a década de 1990, exceto os da Alemanha e Noruega que são para a década de 2000). É como se o Brasil fosse os EUA de mais de cem anos atrás: Nos Estados Unidos, cerca de 8% das pessoas “lucrativamente empregadas” em 1870 eram empregados domésticos. (...) Na Inglaterra e no País de Gales, onde a cultura do “criado” sobreviveu mais tempo do que em outros países devido à força da classe dos proprietários de terras, a proporção era ainda mais elevada: de 10 a 14% das pessoas que faziam parte da força de trabalho trabalhavam em serviços domésticos entre as décadas de 1850 e 1920 (com alguns altos e baixos). O preço do trabalho vai crescendo com o desenvolvimento econômico. Esse é o primeiro ponto.
27 - ...Mas tem mais: ...independentemente dos movimentos nos preços relativos das “pessoas” e das “coisas”, a queda na participação de pessoas que trabalham como empregados domésticos não teria sido tão drástica como foi nos países ricos ao longo do último século, não tivesse sido pelo suprimento de uma enorme quantidade de tecnologias domésticas, que representei pela máquina de lavar.
28 - Revoluções: ...Não é fácil obter os dados, mas uma pesquisa realizada em meados da década de 1940 pela US Rural Electrification Authority relata que, com a introdução da máquina de lavar roupa elétrica e do ferro elétrico, o tempo necessário para lavar 17 quilos de roupa suja foi reduzido por um fator de quase 6 (de 4 horas para 41 minutos) e o tempo necessário para passar essa mesma roupa foi reduzido por um fator de mais de 2,5 (de 4,5 horas para 1,75 hora). A água encanada significou que as mulheres não têm mais que passar horas indo buscar água (tarefa na qual até duas horas por dia são gastas em alguns países em desenvolvimento, de acordo com o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas). O aspirador de pó possibilitou que limpemos melhor a nossa casa em uma fração do tempo que era necessário antigamente, quando tínhamos que fazer isso com uma vassoura e trapos. O fogão a gás e o elétrico, bem como o aquecimento central, reduziu enormemente o tempo que era gasto para catar lenha, acender o fogo, manter o fogo aceso, e depois fazer a limpeza para fins de aquecimento e cozimento.
29 - ...Pouquíssimas mulheres trabalhavam fora. E boa parte das que trabalhavam era no serviço doméstico. Com a evolução tecnológica, ambos os desperdícios foram parcialmente contornados. Hoje (dados de 2006), o livro fala em 80% das mulheres nos EUA trabalhando "fora".
30 - A “pílula” e outros anticoncepcionais exerceram um poderoso impacto na educação feminina e na participação das mulheres no mercado de trabalho, possibilitando que elas controlassem a época e a frequência dos seus partos.
31 - Palavras/informações levavam semanas para atravessarem o oceano em barcos á vela. Com o telégrafo, o tempo de transmissão de uma mensagem de, digamos, 300 palavras, foi reduzido para sete ou oito minutos. (...) A internet reduziu o tempo de transmissão de uma mensagem de 300 palavras de dez segundos no aparelho de fax para, digamos, dois segundos, mas isso é apenas uma redução por um fator de 5.
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