Livro: C. I. Jones - Introdução à Teoria do Crescimento Econômico - Capítulo 3

                                                                             

Livro:  Charles I. Jones - Introdução à Teoria do Crescimento Econômico (2000)



Pgs. 54-74


"CAPÍTULO 3: "APLICAÇÕES EMPÍRICAS DOS MODELOS DE CRESCIMENTO NEOCLÁSSICOS"


35 - Em 1992, é publicado "a Contribution to the Empirics of Economic Growth", um importante artigo de Gregory Mankiw, David Romer e David Weil que avalia as implicações empíricas do modelo de Solow e conclui que ele apresenta um bom desempenho. Observaram, então, que o "ajustamento" do modelo poderia ser melhorado ao incluir o capital humano - isto é, ao reconhecer que a mão-de-obra de diferentes economias tem diferentes níveis de instrução e qualificação


36 - Depois, muita álgebra que, a meu ver, nada acrescenta ao já dito acima. Tanto é que a conclusão dela é a já esperada: Alguns países são ricos porque têm altas taxas de investimento em capital físico, despendem uma parcela considerável de tempo acumulando habilidades (...), baixas taxas de crescimento populacional e altos níveis de tecnologia. Mais ainda, no estado estacionário, o produto per capita cresce à taxa do progresso tecnológico, g, tal como no modelo de Solow original.



37 - A Figura 3.1 compara os níveis vigentes de PIB por trabalhador em 1990 com os níveis projetados pela equação (3.9). Para o cálculo da equação, consideramos que a participação do capital físico é de "a" = 1/3. Esta escolha se ajusta bem à observação de que a parcela do PIB correspondente à remuneração do capital é de cerca de 1/3. Consideramos "u" como sendo a média da escolaridade da força de trabalho (em anos) e supomos que (letra grega?) = 0,10. Este valor implica que cada ano de escolaridade representa um aumento de 10% no salário do trabalhador, um número bastante coerente com as evidências internacionais em relação aos retornos à escolaridade (Observe que a representação deu como anos de escolaridade significa que seu valor não mais se situa entre zero e um. Esse problema pode ser tratado dividindo-se os anos de escolaridade pela duração de vida potencial, o que simplesmente transforma o valor de (letra grega) proporcionalmente e é, portanto, ignorado). Além disso, supomos que g + d = 0,075 para todos os países; voltaremos, em capítulos seguintes, à hipótese de que g é igual em todos os países e não se encontram dados confiáveis para d nos diferentes países. Finalmente, supomos que o nível tecnológico, A, é o mesmo entre os países. Ou seja, a tecnologia transbordaria facilmente pelo mundo.



38 - ...A principal falha do modelo - isto é, a ignorância das diferenças na tecnologia - pode ser vista nos afastamentos da linha de 45 graus na Figura 3.1: o modelo prevê que os países mais pobres deveriam ser mais ricos do que são.


39 - Ao que entendi, no ajustamento seguinte, ele usou o "A" como resíduo e incluiu, assim, as diferenças de tecnologia, fazendo o gráfico agora (realidade) bater certinho com o modelo (teoria): "Com os dados de PIB por trabalhador, capital por trabalhador e escolaridade, de cada país, podemos usar essa equação para estimar os níveis de A". (Por mais que possa parecer correta, também parece abrangente definir todo o resíduo de "diferenças de tecnologias". Porém, não quero entrar num debate terminológico...).




40 - Ah, ele mesmo vai fazer a observação depois: Uma observação mais atenta das estimativas de A apresentada no Quadro 3.1 revela algo interessante: embora os níveis de A estejam altamente correlacionados com os níveis de renda, a correlação não é perfeita. Notadamente, países como França e Hong Kong têm estimativas muito altas de A. Esta observação nos leva a uma afirmação importante: estimativas de A calculadas dessa maneira são como os resíduos da decomposição do crescimento: incorporam quaisquer diferenças na produção não explicadas pelos insumos. Por exemplo, não temos controle sobre as diferenças de qualidade dos sistemas educacionais dos diferentes países, de modo que essas diferenças estarão incluídas em A. Nesse sentido, pareceria mais adequado referir-se a essas estimativas como a níveis de produtividade total dos fatores do que como níveis tecnológicos.



41 - Uma hipótese aventada por historiadores econômicos com Aleksander Gerschenkron (1952) e Moses Abramovitz (1986) é que, pelo menos em certas circunstâncias, os países "atrasados" tendem a crescer mais rápido que os países ricos, a fim de fechar' o hiato entre os dois grupos. Esse fenômeno de superação é denominado convergência. E a teoria realmente parece funcionar, mas o problema é que isso ocorre ou tem ocorrido apenas para um seleto grupo de países (claramente convergiram): 




42 - Como nem todos os países têm as mesmas taxas de investimento e de crescimento populacional ou os mesmos níveis tecnológicos, não se pode esperar que rumem para o mesmo estado estacionário.


43 - Comparando as Figuras 3.6 e 3.8, verifica-se que, embora os países pobres não cresçam necessariamente a uma taxa mais rápida, os países que são "pobres" em relação ao seu próprio estado estacionário tendem a crescer mais rápido. Em 1960, bons exemplos de tal tipo de país foram Coréia, Japão, Cingapura e Hong Kong - economias que cresceram muito rapidamente nos trinta anos seguintes, tal como seria previsto pelo modelo neoclássico. (...) os países com estados estacionários semelhantes registrarão convergência. Isso não quer dizer que todos os países do mundo convergirão para o mesmo estado estacionário, mas apenas que eles estão convergindo para seu próprio estado estacionário de acordo com um modelo teórico comum.



44 - Enfim, taxa de investimento é um negócio poderoso. Não que dependa só disso, mas deve ser a grande parte dos casos. Como vimos no Capítulo 2, há muitas razões pelas quais os países pode não estar no estado estacionário. Um aumento na taxa de investimento, um mudança na taxa de crescimento populacional, ou um fato como a Segunda  Guerra Mundial que destrói boa parte do estoque de capital de um país gera rá um hiato entre a renda corrente e a renda do estado estacionário.


45 - Outros "choques" podem também provocar diferenças ternporarias nas taxas de crescimento. Por exemplo, grandes variações nos preços do petróleo terão impactos importantes sobre o desempenho dos proses exportadores de petróleo. A má administração rnacroeconôrnica também pode gerar alterações temporárias no desempenho do crescimento. A hiperinflação registrada em muitos países da América Latina durante os anos 1980 é um bom exemplo disso.


46 - Em 1960, o PIB por trabalhador nos países do extremo superior da distribuição era mais de 25 vezes a renda dos países mais pobres. Se houve alguma mudança, o hiato era ainda maior em 1990.



47 - Muitos países, porém, melhoraram sua renda relativa em relação aos EUA entre 1960 e 1990. Houve algum "efeito de superação" ou "convergência" no meio e no extremo superior da distribuição de  renda entre 1960 e 1990, mas "divergência" no extremo inferior.


48 - Uma projeção de acordo com o estado estacionário atual (1990) imagino:



49 - (E a taxa de investimento junto ao aumento da escolaridade, ao menos, realmente levaram muito país a dar um grande salto nesses últimos trinta e três anos. China é um símbolo disso).


50 - ...A questão é que algumas taxas de investimentos caem né? Por isso, alguns "erros" da previsão. O estado estacionário muda: ...Primeiro, no topo da distribuição de renda, prevê-se que algumas economias terão rendas relativas superiores à dos EUA. Essas economias incluem Cingapura, França, Espanha e Itália. Por quê? A resposta é direta: no modelo neoclássico, as rendas relativas são determinadas pela taxa de investimento e pela taxa de crescimento populacional, e as \taxas de investimento dos EUA não são as mais altas do mundo.


51 - ...A partir de 1990, os níveis de produtividade e de escolaridade dos EUA compensaram isso, mas, supondo que a distribuição dos níveis de produtividade permaneça inalterada ao longo do tempo, essa liderança não poderá, de acordo com o modelo, persistir.


52 - ...Outra previsão interessante quanto à forma de distribuição de renda se refere aos países no extremo oposto da distribuição. Como mostra a Figura 3.10, de acordo com o modelo neoclássico (há) países (que) não registram tendência para suas rendas relativas. Esses países parecem ter alcançado o estado estacionário com suas baixas rendas. (...). E se pudermos dizer alguma coisa, é que esses países parecem registrar uma queda nas rendas relativas. No conjunto, portanto, vemos que é difícil caracterizar a distribuição de renda mundial, no futuro próximo, com uma única palavra como "convergência" ou "divergência". No extremo inferior, os países de baixa renda tendem a permanecer na mesma posição relativa face aos EUA, ou talvez até registrar um declínio na renda relativa. Por outro lado, no extremo superior da distribuição vários países deverão alcançar os Estados Unidos, e é muito provável que alguns venham a ultrapassar a renda per capita dos EUA.


53 - "Engraçado" que o quadro já foi este aqui:



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