Livro: Alfred Marshall - Princípios de Economia Vol. II - Capítulos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7
Livro: Alfred Marshall - Princípios de Economia Vol. II (Os Economistas) (1890)
LIVRO QUINTO - Relações Gerais Entre a Procura, a Oferta e o Valor
Pgs. 1-27
"CAPÍTULO 1: "Introdução: Os Mercados"
1 - Começa com coisas todas muito óbvias.
Pgs. 28-33
"CAPÍTULO 2: "Equilíbrio Temporário da Procura e da Oferta"
2 - Numa permuta casual que uma pessoa faz com outra, por exemplo, quando dois sertanejos trocam um rifle por uma canoa, raro acontece o que propriamente possa ser chamado um equilíbrio da oferta e da procura: há provavelmente certa margem de satisfação para um e outro; pois provavelmente um deles estaria pronto a dar alguma coisa além do rifle pela canoa, se não a pudesse adquirir de outra maneira; enquanto o outro, em caso de necessidade, pagaria algo mais do que a canoa para ter o rifle.
Pgs. 34-43
"CAPÍTULO 3: "Equilíbrio da Procura e da Oferta Normais"
3 - Basicamente, micro em linguagem mais chata/menos didática, com trechos mal explicados. Leio sem nem o porquê.
4 - Marshall menciona a possibilidade de curvas de oferta negativamente inclinadas, tamanho o rendimento crescente da escala. Custo médio de produção vai caindo com a quantidade demandada.
5 - Sabia que o equilíbrio era menos equilibrado do que o ideal: Com efeito, em verdade as tabelas da procura e da oferta, na prática, não permanecem inalteradas longo tempo, mas são constantemente alteradas e cada variação nelas altera a quantidade de equilíbrio e o preço de equilíbrio, e assim desloca os centros em torno dos quais a quantidade e o preço tendem a oscilar.
6 - Coloca que o preço ou valor "natural" meio que é impossível de determinar em razão do fator tempo: ...Pois, numa época de rápidas mudanças como a presente, o equilíbrio da procura e da oferta normais não corresponde, assim, a nenhuma relação exata entre certa soma de prazeres obtidos do consumo da mercadoria e um conjunto de esforços e sacrifícios implicados na sua produção: a correspondência não seria exata, mesmo que os rendimentos e o interesse normais fossem a medida exata dos esforços e sacrifícios para os quais eles são o pagamento em dinheiro. Esse é o verdadeiro sentido da tão freqüentemente citada e tão mal compreendida doutrina de Adam Smith e de outros economistas, segundo a qual o valor normal ou "natural" de uma mercadoria é o que as forças econômicas tendem a estabelecer a longo prazo (in the long run). É o valor médio que as forças econômicas determinariam se as condições gerais da vida fossem estacionárias num decurso de tempo suficientemente longo para permitir-lhes produzir todos os seus efeitos.
7 - Sua posição sobre o valor: Parece tão razoável discutir se é a lâmina superior ou a inferior de uma tesoura que corta um pedaço de papel, como sobre se o valor é determinado pela utilidade ou pelo custo de produção. É certo que quando se mantém imóvel uma lâmina, e o corte é efetuado movendo-se a outra, podemos dizer com negligente simplismo que o corte foi feito pela segunda; mas a observação não é rigorosamente exata e pode ser aceita até o ponto em que pretenda ser apenas um dizer popular, e não a expressão estritamente científica do que acontece.
8 - Haverá mercadorias que se comportam como se a procura e a utilidade fossem tudo que importa (bens raríssimos, por exemplo). Outras seguem o caminho inverso, parecendo que a procura não tem qualquer força. ...Tomando um exemplo do extremo oposto, encontramos algumas mercadorias que se comportam em quase perfeita conformidade com a lei do rendimento constante, quer dizer, seu custo médio de produção será quase o mesmo, quer sejam produzidas em pequenas quantidades, quer em grandes. Em tal caso, o nível normal em tomo do qual o preço de mercado flutua será este definido e fixo custo de produção (em dinheiro).
9 - Podemos assim concluir que, em regra geral, quanto mais curto o período que considerarmos, maior a cota de atenção que devemos dar à influência da procura sobre o valor; e quanto maior o período, mais importante será a influência do custo de produção sobre o valor. (...) em periodos longos, essas causas intermitentes e irregulares em grande parte se anulam umas às outras, de sorte que a longo prazo as causas constantes dominam completamente o valor.
10 - "Oferta e dinheiro" é, na verdade, muito "oferta e trabalho": Quando consideramos os custos do ponto de vista do patrão capitalista, medimo-los naturalmente em dinheiro, porque a sua preocupação direta com os esforços necessários para ter o trabalho dos empregados está nos pagamentos em dinheiro que deve fazer-lhes. Apenas indiretamente ele tem a ver com o custo real do esforço dos seus empregados e do preparo destes, se bem que, para certos problemas, é necessário estimar em dinheiro seu próprio trabalho, como veremos mais tarde.
11 - ...O problema de se usar dinheiro para medir custos durante um espaço de tempo: ...Se o poder aquisitivo do dinheiro, em termos de esforço, permaneceu quase constante, assim como a taxa de remuneração pela espera, a medida em dinheiro dos custos corresponde aos custos reais: mas tal correspondência nunca deve ser aceita facilmente.
Pgs. 44-51
"CAPÍTULO 4: "Inversão e Distribuição de Recursos"
12 - Faz uma diferenciação entre custo primário - o preço de custo - e os custos suplementares. Nestes, consideram-se incluídos os encargos permanentes de amortização das instalações nas quais foi invertida grande parte do capital da empresa, e também os salários dos empregados superiores.
13 - ...Os custos suplementares são de muitas espécies diferentes, e muitos deles diferem apenas em grau dos custos primários. Por exemplo, se uma firma de mecânica pesada está em dúvida se aceita um pedido a um preço um tanto baixo por certa locomotiva, o custo primário absoluto compreende o valor da matéria-prima e dos salários dos operários e trabalhadores empregados na locomotiva. Mas não há regra clara quanto à inclusão de vencimentos de pessoal administrativo, pois, se o serviço está folgado, disporão eles provavelmente de algum tempo vago, e seus ordenados serão assim comumente classificados entre as despesas gerais ou suplementares.
Pgs. 52-63
"CAPÍTULO 5: "Equilíbrio da Procura e da Oferta Normais (Continuação), com Referência a Períodos Longos e Curtos"
14 - Coloca as dificuldades de se pensar o "preço normal" de qualquer coisa a fim de alocar recursos e efetivar investimentos: Outrossim, na avaliação do preço normal de oferta da lã, ele tomaria a média de vários anos passados. Levaria em conta todas as variações capazes de afetar a oferta no futuro próximo, e calcularia o efeito das secas como as que de tempos em tempos ocorrem na Austrália e alhures, pois sua ocorrência é comum demais para ser tida como anormal. Qualquer suposição deste gênero estaria incluída nos riscos comerciais extraordinários, e não entraria na sua estimativa do preço normal de oferta da lã.
15 - Num estado estacionário, então, a regra simples e evidente seria que o custo de produção regula o valor. (...) Não haveria distinção entre valor normal em longos períodos e em curtos períodos, uma vez admitíssemos que, nesse mundo monótono, até as colheitas seriam uniformes. Com efeito, sendo a firma representativa sempre do mesmo tamanho e fazendo sempre o mesmo gênero de negócio, na mesma proporção e da mesma maneira, sem recessões e sem épocas particularmente ativas, suas despesas normais, pelas quais o preço normal de oferta é determinado, seriam sempre as mesmas. As listas de preços de procura seriam sempre as mesmas, bem assim as listas de oferta, e o preço normal jamais variaria.
16 - O prazo (o tempo) é "tudo": Temas aqui um exemplo da lei quase universal de que um aumento na quantidade procurada faz subir o preço normal de oferta, tomando a palavra normal com referência a um curto período. Essa lei é quase universal, mesmo no que concerne a indústrias sujeitas, a longo prazo, à tendência ao rendimento crescente.
17 - Especula todo um cenário de longo prazo em que um aumento da demanda por peixe leva ao aumento do preço para, depois, tornada a indústria do pescado mais produtiva - escala e/ou inventos - e não encontrando fortes limites naturais de rendimento decrescente, cair.
18 - Somente num estado estacionário, como acabamos de ver, o termo normal sempre significa a mesma coisa: nele, e apenas nele, "preço médio" e "preço normal" são termos equivalentes.
19 - Sobrevivendo a um preço baixo que se julga eventual, creio eu: ...se os produtores não temessem arruinar seus mercados, valer-lhes-ia a pena produzir, durante certo tempo, por qualquer preço que cobrisse os custos primários de produção e os compensasse de seu próprio esforço. Muitos preferem mesmo "parar": O preço que, por essas razões, os produtores estão a ponto de recusar é o verdadeiro preço marginal de oferta para curtos períodos.
20 - ...Meio que vai criticando uns "dumpings" internos da vida...
21 - Marshall retornando á questão do valor: Uma resposta, porém, deve ser dada à objeção segundo a qual desde que "o mundo econômico é sujeito a mudanças contínuas, e vai se tomando mais complexo ... quanto maior o período, mais fica sem esperança a retificação": de sorte que falar da posição que o valor tende a atingir a longo prazo é tratar "variáveis como constantes". (DEVAS. Polltical Economy. Livro Quarto. Cap. V.) É certo que provisoriamente tratamos variáveis como constantes. Mas também é verdade que esse é o único método pelo qual a ciência tem leito progressos no trato de matéria complexa e mutável, seja no mundo físico ou no mundo moral. (Ver supra, Livro Quinto. Cap. V, § 2.)
Pgs. 64-73
"CAPÍTULO 6: "Procura Conjunta e Composta - Oferta Conjunta e Composta"
22 - Inicia com um papo chato sobre "procura derivada" que sabe-se lá o que pretende. Parece as exposições de micro sobre bens substitutos e coisas do tipo. Porém, aqui tudo explicado de modo mais confuso e em outros termos. ... a tirania que um fator da produção de um artigo pode, em certos casos, exercer sobre os outros fatores mediante a ação da procura derivada é temperada pelo princípio de substituição.
23 - Já o papo de "oferta derivada" vem da seguinte lógica: Por exemplo, desde a revogação das Leis do Trigo, grande parte do trigo consumido na Inglaterra tem sido importado, naturalmente sem qualquer palha. Isso causou escassez e consequente alta no preço da palha, e fez com que o triticultor passasse a ver na palha uma grande parte do valor da colheita. O valor da palha, é, pois, alto em países que importam trigo, e baixo nos que o exportam. Do mesmo modo, o preço da carne de carneiro nas regiões lanígeras da Austrália era, em certo período, muito baixo. Exportava-se a lã, a carne tinha que ser consumida no país. E como não havia grande procura, o preço da lã tinha que fazer face quase que ao total das despesas conjuntas de· produção da lã e da carne. Posteriormente, o baixo preço da carne deu impulso às indústrias de conservas de carne para a exportação, e hoje seu preço na Austrália é mais alto.
24 - O papo da "oferta composta" é mais de difícil propósito ainda, pois basicamente tudo depende de tudo e muita coisa pode acontecer. Tanto que ele fica de mil "e se..." nos exemplos.
25 - ...Exemplo dos exemplos: E ainda, o algodão e o óleo da semente de algodão são produtos conjuntos, e a recente queda no preço do algodão é largamente devida ao aperfeiçoamento na fabricação e usos do óleo de algodão; e ainda, como nos mostra a história da escassez de algodão, o preço deste repercute no do linho e de outras coisas da sua classe, ao mesmo tempo que o óleo de caroço de algodão está sempre encontrando novas concorrências com outros artigos de sua classe. Da mesma maneira, têm sido descobertos muitos novos usos para a palha na indústria, e essas invenções têm valorizado a palha que costumava ser queimada no oeste da América, e impedido a elevação do custo marginal da produção do trigo.
Pgs. 74-79
"CAPÍTULO 7: "Custo Primário e Custo Total em Relação a Produtos Conjuntos - Despesas de Venda - Seguro Contra Riscos - Custo de Reprodução"
26 - Parece mais um capítulo pra dizer que tudo depende de tudo. Fica falando de mil situações e "e se...".
27 - Mineração irracional, por exemplo, pode deturpar a relação risco-retorno: Como acentuou Adam Smith, um negócio arriscado, em que há um elemento romântico, se toma frequentemente tão superlotado que o rendimento médio é mais baixo do que se não houvesse riscos a correr. (Deve ser por isso que os setores da bolsa de maior sucesso nos últimos 60 anos foram justamente os menos badalados. Enquanto os "de fronteira" sofreram, relativamente falando).
28 - Custo de produção ou mesmo "de reprodução" podem divergir bastante do preço: ...Da mesma sorte, não há relação alguma entre o custo de reprodução e o preço nos casos de alimentos numa cidade sitiada, de quinina cuja provisão se tomou escassa numa ilha assediada pela febre, de um quadro de Rafael, de um livro que ninguém quer ler, de um navio encouraçado de modelo em desuso, de peixe quando o mercado se saturou ou quando ele está quase em falta total, de um sino rachado, de vestido fora de moda, ou de uma casa numa aldeia de mineração deserta.
29 - No mais, diz que os próximos sete capítulos serão bem básicos e poderiam até ser "pulados". Vejamos mesmo assim...
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