Livro: Alfred Marshall - Princípios de Economia Vol. II - Capítulos "25", "26" e "27"
Livro: Alfred Marshall - Princípios de Economia Vol. II (Os Economistas) (1890)
Pgs. 268-273
"CAPÍTULO 25: "Perspectiva Geral da Distribuição"
153 - Capital "versus" salários: Em primeiro lugar, os salários e outras remunerações do esforço têm muito em comum com o juro sobre o capital. Pois há uma correspondência geral entre as causas que governam os preços de oferta do capital material e pessoal: os motivos que induzem um homem a acumular capital pessoal na educação de seu filho são semelhantes aos que controlam a acumulação que faz de capital material para seu filho.
154 - ...Da mesma sorte, verifica-se a mesma transição contínua daquele a um que trabalha e espera a fim de que seu filho possa permanecer longamente na escola, e em seguida trabalhar por algum tempo, quase sem ganhar, enquanto aprende um oficio especializado, em vez de ser forçado a sustentar-se desde logo numa ocupação, como a de moço de recados, que oferece salários relativamente altos a rapazinhos, porque não abre caminho para progresso futuro.
155 - Repete algumas coisas que já disse em outros capítulos.
Pgs. 274-289
"CAPÍTULO 26: "lnfluências Gerais do Progresso Econômico"
156 - Se ... o capital aumenta muito mais depressa que o trabalho, a taxa de juros tem probabilidades de cair, e então a taxa de salários aumentará, provavelmente às expensas do quinhão de um quantum dado de capital.
157 - Situação da indústria inglesa por volta da virada do século XIX segundo Marshall: ...Os seus aperfeiçoamentos foram limitados e ultimamente até mesmo ultrapassados pela América, Alemanha e outros países: e seus produtos especiais perderam quase todo o valor de monopólio. (...) o fato econômico dominante em nossa era não é o desenvolvimento das manufaturas, mas o das indústrias de transportes.
158 - (Muito blablablá e conjecturação aleatória neste capítulo, sobre mudanças salariais geracionais e coisas do tipo. Muitas corretas, é verdade...).
Pgs. 290-313
"CAPÍTULO 27: "O Progresso em Relação aos Padrões de Vida"
159 - Defende que jornadas mais curtas, em alguns casos, são mais produtivas que o mesmo trabalho feito nas mais longas. E "turnos de oito" ajudam a conservar a maquinaria.
160 - Coloca que escassez de mão-de-obra leva mais a escassez de empreendimentos que a aumentos reais de salários. (Creio que em alguns ramos a procura por trabalho pode ser bem inelástica, porém. Acho que tudo depende).
161 - Afirma que o poder de uma luta econômica geral nacional é limitado: ...Pois uma considerável diminuição no rendimento liquido dos investimentos de capital viria rapidamente fazer com que novas porções de capital emigrassem para o exterior. Em relação a esse perigo, argumenta-se às vezes que as ferrovias e usinas do país não podem ser exportadas. Mas quase todos os materiais, e especialmente grande parte dos meios de produção, se consomem ou se desgastam, ou se tomam obsoletos cada ano, precisando ser substituídos. Uma redução na escala dessa substituição, combinada com a exportação de algum capital assim liberado, poderia talvez diminuir a procura efetiva de mão-de-obra no país em poucos anos, de modo que a repercussão sobre os salários em geral fosse a de reduzi-los a muito abaixo do seu nível atual.
162 - A chave do sucesso: É verdade também que um aumento geral nos salários, se propagado por todo o mundo, não poderia dar motivo a que o capital emigrasse de uma parte para outra.
163 - Jornada e recuperação em relação à fadiga: ...se os homens estiverem com excesso de trabalho, a redução das jornadas de trabalho não os fortalecerá imediatamente: a melhoria física e moral da situação dos trabalhadores, com o consequente aumento de eficiência e, portanto, de salários, não se pode manifestar de imediato.
164 - Cita precariedade dos estudos de então, não dando pra concluir, por exemplo, se a redução geral do trabalho a oito horas na Austrália não teria gerado uma série de dificuldades para a economia...
165 - Origem dos pleitos dos sindicatos segundo Marshall: ...Derivavam seu primeiro grande impulso do fato de que a lei, ora direta e ora indiretamente, sustentava as combinações entre empregadores para regular os salários segundo seus próprios supostos interesses, e proibia, sob severas penalidades, combinações semelhantes da parte dos empregados. Essa legislação deprimia um pouco os salários e muito mais a riqueza e a força de caráter do trabalhador.
166 - Aliança entre os patrões têm seus limites (deve entrar aqui certa teoria dos jogos): ...É verdade que, quando o produto líquido devido ao trabalho de operários adicionais excedia largamente os salários que se lhes pagavam, um empregador audacioso provocaria a indignação de seus pares e chamaria a seu serviço inúmeros trabalhadores, com a oferta de salários mais altos.
167 - Afirma que a diferença de produtividade entre trabalhadores da mesma função/tarefa gera "tumultos": ...Alguns sistemas modernos de "participação nos lucros" visam a elevar os salários dos trabalhadores eficientes quase em proporção ao seu verdadeiro produto líquido - Isto é, mais do que em proporção à taxa de "trabalho por peça", mas os sindicatos nem sempre são favoráveis a tais planos. Preocupa-se com o que se considera "mesmo trabalho": ...O caso é diferente com aplicações da Regra Comum que promovam uma falsa padronização tendente a forçar os empregadores a colocar trabalhadores relativamente ineficientes na mesma classe dos mais eficientes para efeito de pagamento; ou que impeçam qualquer um de Jazer o trabalho para o qual está apto, sob o fundamento de que tecnicamente não lhe compete. Esses empregos da Regra são, à primeira vista, antissociais.
168 - Crise num setor pode se propagar: ...A diminuição da procura pelas suas mercadorias faz com que procurem menos as de outras indústrias. Assim se propaga a desorganização comercial. A desorganização de uma indústria tira as outras dos eixos, e estas reagem sobre aquela e aumentam-lhe a desordem. (...) A causa primeira do mal é a falta de confiança. A maior parte deste poderia ser removida quase num instante se a confiança pudesse voltar, tocando todas as indústrias com sua vara mãgica, fazendo-as continuar a produção e a procura pelas mercadorias umas das outras. (...) As indústrias que produzem bens de capital poderiam ter de esperar um pouco mais, mas obteriam também emprego quando a confiança voltasse a ponto de se animarem os possuidores de capital a decidirem sobre como investi-lo.
169 - Critica o socialismo, mas pede atenção às desigualdades. (...) As desigualdades de riqueza, apesar de serem menores do que muitas vezes se pretende, constituem um sério defeito em nossa organização econômica.
170 - Parece simpático ao "salário mínimo", mas o teme: Quase não há experiência alguma a guiar-nos, exceto a da Austrália, onde todo habitante é co-proprietário de um vasto latifúndio, e que foi recentemente povoada por homens e mulheres em pleno vigor e saúde.
171 - Papel social do Estado: Assim, parece caber ao Estado contribuir generosa e até mesmo prodigamente para esse lado do bem-estar das classes trabalhadoras mais pobres, de que estas facilmente não se podem prover, e ao mesmo tempo insistir em que o interior das casas seja mantido limpo e apropriado para aqueles que, daqui a alguns anos, o país necessita sejam cidadãos vigorosos e responsáveis.
172 - Como sempre, a "natureza humana" é a culpada pelo mundo ruim: Agora, como sempre, os nobres e ansiosos planejadores da reorganização da sociedade pintam belos quadros da vida como poderia ser sob as instituições que constroem facilmente na imaginação. Trata-se, porém, de uma imaginação irresponsável, no sentido de que se baseia na presunção tácita de que a natureza humana, sob as novas instituições, logo se submeterá a reformas que se não podem esperar razoavelmente no decurso de um século, mesmo sob condições favoráveis. Se a natureza humana pudesse ser desse modo idealmente transformada, o cavalheirismo econômico dominaria a vida, mesmo sob as atuais instituições de propriedade privada. E a propriedade privada, cuja necessidade, sem dúvida alguma, não vai mais fundo do que a levem as qualidades da natureza humana, tomar-se-ia inofensiva, ao mesmo tempo que desnecessária. (...) É tão maléfica a extrema impaciência como a extrema paciência com os males sociais.
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