Livro: Alfred Marshall - Princípios de Economia Vol. I - Capítulos "22", "23", "24", "25", "26" e "27"

                                              

Livro: Alfred Marshall - Princípios de Economia Vol. I (Os Economistas) (1890)



Pgs. 293-302


"CAPÍTULO 22: "Organização Industrial"


144 - Continua com aquelas análises "raciais" de que ele gosta. Exemplo: ...O fato de haver, na Europa Oriental e na Ásia, uma procura econômica dos serviços dos cambistas ou prestamistas armênios e judeus, e do trabalho dos chineses na Califórnia, não constitui por si uma prova, nem mesmo fornece uma base sólida para se acreditar que tais arranjos tendam a elevar a qualidade da vida humana, tomada em conjunto.


145 - Ao discutir "sistema de castas" lembra que correlação não é causalidade: ...Da mesma forma, a luta pela existência manteve na raça humana muitas qualidades e hábitos que não eram em si vantajosos, mas que estavam associados, por um liame mais ou menos permanente, a outras qualidades e hábitos que constituíam grandes fontes de energia.


146 - Pede cuidado com o liberalismo smithiano, digamos: ...seus exageros causaram grandes danos, especialmente para aqueles que mais se compraziam nela, porque os impediu de ver, e portanto de evitar, os males que estavam unidos aos benefícios existentes nas transformações que se processavam em seu redor.


147 - A autointeresse nem sempre traz caminhos bonitos: O homem, com os diversos motivos que o movem, assim como pode encorajar o desenvolvimento de uma determinada peculiaridade também pode impedir o crescimento de outra. A lentidão do progresso durante a Idade Média foi devida, em parte, a um deliberado horror ao estudo.


148 - Aqui, porém, onde ele queria chegar: Assim, o progresso pode ser apressado pelo pensamento e pelo trabalho; pela aplicação de princípios eugênicos à melhoria da raça, suprida de contingentes populacionais pelas camadas mais altas antes do que pelas mais baixas, e por uma educação apropriada às faculdades de ambos os sexos. Ao mesmo tempo, é curioso que pregue pela "distribuição mais equitativa".



Pgs. 303-316


"CAPÍTULO 23: "Organização Industrial (Continuação) — Divisão do Trabalho — A Influência da Maquinaria"


149 - Um monte de página pra dizer que "máquina" economiza trabalho humano.


150 - Compara a agricultura dos EUA à inglesa: ...Mas, em parte, porque o solo é feraz, e ele geralmente é o proprietário da fazenda que cultiva, suas condições sociais são melhores que as dos ingleses; sempre teve que decidir por si mesmo e há muito se acostumou a usar e consertar máquinas complexas. O trabalhador agrícola inglês tem grandes desvantagens a enfrentar. Até recentemente tinha pouca educação, e vivia em grande parte sob um regime semifeudal, que não deixava de ter suas vantagens, mas que reprimia a iniciativa e mesmo até certo ponto o amor-próprio. Essas causas prejudiciais foram removidas.



Pgs. 317-326


"CAPÍTULO 24: "Organização Industrial (Continuação) — Concentração de Indústrias Especializadas em Certas Localidades"


151 - Trata das "indústrias localizadas", algo que, segundo entendi, vem de muito tempo: ...Há, por exemplo, mais de 500 aldeias que se dedicam aos diversos tipos de trabalhos em madeira. Uma aldeia se limita a fabricar os raios para as rodas das carroças, outra faz a carroceria do veículo e assim por diante. Há indícios de um estado de coisas semelhante na história das civilizações orientais, e na história da Europa medieval.


152 - ...Normalmente envolvem algum tipo de vantagem na localização, como a proximidade a alguma fonte natural do recurso em questão. Outro fator importante foi o patrocínio de uma corte. O rico contingente lá reunido dá lugar a uma procura para as mercadorias de uma qualidade excepcionalmente alta, e isso atrai operários especializados, vindos de longe, ao mesmo tempo que educa os trabalhadores locais.


153 - São tais as vantagens que as pessoas que seguem uma mesma profissão especializada obtêm de uma vizinhança próxima, que desde que uma indústria escolha uma localidade para se fixar, aí permanece por longo espaço de tempo. Além de influenciar a educação local... Acabam por surgir, nas proximidades desse local, atividades subsidiárias que fornecem à indústria principal instrumentos e matérias-primas, organizam seu comércio e, por muitos meios, lhe proporcionam economia de material.


154 - Mais coisas: O proprietário de uma fábrica isolada, embora possa conseguir um grande número de operários não especializados, geralmente tem grande dificuldade em obter operários de uma determinada especialização; por outro lado, um operário especializado, uma vez desempregado, tem dificuldade em encontrar outro emprego.


155 - A produção das fábricas inglesas é, seguramente, muitas vezes maior do que era nos meados do século passado; mas as pessoas dedicadas à indústria em seus diversos ramos representam a mesma porcentagem da população em 1851 que em 1901, embora os que fabricam máquinas e utensílios que fazem grande parte do trabalho agrícola na Inglaterra contribuam para aumentar o número dos operários industriais. Coloca que crescem os serviços.



Pgs. 327-338


"CAPÍTULO 25: "Organização Industrial (Continuação) — Produção em Larga Escala"


156 - Especificidades da manufatura (termo que diz que foi perdendo o sentido original): Diferenciam-se, assim, de um lado, da agricultura e de outras indústrias extrativas (mineração, pedreiras, pesca etc.), cuja distribuição geográfica é determinada pela natureza; e, de outro, das indústrias que fazem ou consertam coisas para atender às necessidades especiais dos consumidores individuais, dos quais não podem se afastar muito, sob o risco de grande perda.


157 - A meu ver, várias páginas para dizer que grandes fábricas podem ter vantagens econômicas sobre pequenas... Nem tudo é escala inclusive. Exemplo: Uma grande empresa compra em grandes quantidades e, por conseguinte, mais barato, paga baixos fretes e economiza no transporte de muitas maneiras, particularmente se tem um desvio ferroviário. Ela vende comumente em grandes quantidades, e assim evita contratempos, vendendo entretanto a bom preço, porque oferece ao freguês as vantagens de ter um grande estoque, no qual ele pode escolher e de uma vez preencher um pedido variado, enquanto a reputação da empresa lhe confere confiança. Ela pode gastar grandes somas em propaganda, através de viajantes e outros meios; seus agentes lhe fornecem informações seguras sobre negócios e pessoas em lugares distantes, e suas mercadorias fazem propaganda umas das outras.


158 - ...O grande industrial tem muito mais probabilidades que um pequeno de conseguir homens com excepcionais aptidões naturais para que executem a parte mais difícil de seu trabalho, aquela de que mais depende a reputação do seu estabelecimento.


159 - Com indústrias pequenas e de menor diversidade de talentos, o pequeno empresário tem mais coisa a prestar atenção, mais rotinas e foca menos nas grandes questões estratégicas, coloca.


160 - ...Cita possíveis vantagens também: Por outro lado, o pequeno empresário tem vantagens que lhe são próprias. O olho do patrão está em toda a parte; seus contramestres e operários não se esquivam às obrigações, a responsabilidade não se divide, não há um vaivém de ordens mal compreendidas de um departamento para outro. 


161 - ...Adverte, porém, que o pequeno empresário tem que possuir uma extraordinária capacidade de estar antenado com o que acontece à sua volta, no mundo, para não perder a cada vez mais importante oportunidade de aproveitar as "economias externas" (assuntos "pra fora" da organização interna da fábrica).


162 - A escala age em ciclo virtuoso muitas vezes: ...Se então puder dobrar sua produção e vendê-la aos níveis de preço anteriores, terá mais que duplicado o seu lucro. Isso aumentará o seu crédito com os banqueiros e outros prestamistas avisados, o habilitará a expandir mais o negócio, e a obter também novas economias, e ainda lucros mais elevados: e isso por sua vez fará crescer a empresa, e assim por diante.



Pgs. 339-358


"CAPÍTULO 26: "Organização Industrial (Continuação) — A Direção das Empresas"


163 - O artesão primitivo dirigia ele próprio todo o seu negócio, mas como seus fregueses, com pouquíssimas exceções, eram todos seus vizinhos, como necessitava de um capital muito pequeno, como o plano de produção já estava estabelecido pelos costumes e como não tinha pessoal que supervisionar fora de sua casa, essas tarefas não constituíam para ele nenhum esforço mental. Estava longe de gozar de uma prosperidade ininterrupta: a guerra e a escassez constantemente pressionavam a ele e a seus vizinhos, obstaculizando o seu trabalho e diminuindo a procura de seus produtos. Mas estava acostumado a aceitar a boa e a má sorte, o mesmo que a chuva e o sol, como coisas fora de seu controle, de modo que, embora seus dedos trabalhassem sempre, o cérebro raramente se cansava.


164 - O que é o empresário/gestor: Na maior parte dos negócios do mundo moderno, a tarefa de dirigir a produção de modo que um dado esforço possa ser o mais eficaz para a satisfação das necessidades humanas precisa ser dividida e entregue às mãos de um corpo especializado de empregadores ou, para usar um termo genérico, de homens de negócios. Eles “assumem” ou “correm” os riscos, reúnem o capital e a mão-de-obra necessária ao trabalho; organizam o plano geral e o superintendem em seus menores detalhes. De um certo ponto de vista, os empresários podem ser considerados uma categoria industrial altamente especializada; de outro  ponto de vista podemos considerá-los intermediários entre o trabalhador manual e o consumidor.


165 - Vantagens capitalistas do trabalho em domicílio: Com efeito, ao passo que o êxito de uma fábrica depende em grande parte de um quadro de operários que a ela se dediquem estavelmente, o capitalista que distribui trabalho para ser feito em casa tem interesse em dispor de um grande número de pessoas, fica tentado a dar a cada uma pequenas tarefas ocasionalmente e fazê-las competir umas com as outras, o que consegue facilmente, pois elas não se conhecem e, portanto, não podem organizar uma ação conjunta.


166 - A origem dos diversos departamentos da vida: RH etc. As aptidões necessárias para ser empregador ideal são tão grandes e tão numerosas que poucas pessoas podem possuí-las todas em alto grau.


167 - (Tem um monte de página sobre o que me parecem mais "especulações" que pouco me interessam).


168 - Os filhos nem sempre substituirão perfeitamente os pais. O sistema mais antigo e mais simples para renovar as energias de uma empresa é tornar sócios alguns dos empregados mais capazes.


169 - É verdade que em quase todos os ramos de negócio a soma de capital necessária para se instalar aumenta incessantemente; mas a massa de capitais que pertence a pessoas que não precisam servir-se deles, e que estão dispostas e emprestá-los a um juro cada vez mais baixo, aumenta mais rapidamente ainda.


170 - Tomador de empréstimo versus empresário com capital próprio: O perigo de não ser capaz de renovar os seus empréstimos, no momento em que mais necessita deles, coloca-o num estado de inferioridade em relação aos que empregam capital próprio, o que constitui um inconveniente muito maior do que a soma que é obrigado a pagar como juro dos empréstimos feitos. Sobreviver a uma crise que nada tem a ver com ele, por exemplo.



Pgs. 359-365


"CAPÍTULO 27: "Conclusão — Correlação Entre as Tendências ao Rendimento Crescente e ao Rendimento Decrescente"


171- Encarando mais de perto as economias decorrentes dum aumento na escala de produção de qualquer espécie de bens, constatamos que elas são de duas ordens — as dependentes do desenvolvimento geral da indústria, e as dependentes dos recursos das casas de negócio individualmente e da eficiência da sua direção; isto é, das economias externas e internas.


172 - O crédito e o sucesso ajudam a manter os velhos fregueses e a atrair novos. O aumento do negócio dá grandes vantagens nas compras; os artigos fazem propaganda uns dos outros e assim decresce a dificuldade de achar saída para eles. O aumento da escala do negócio faz crescer rapidamente as vantagens que tem sobre os concorrentes e baixar o preço ao qual pode vender.


173 - ...Mas aqui podemos aprender uma lição das árvores jovens da floresta, que lutam para ultrapassar a sombra entorpecente das suas velhas concorrentes. Muitas sucumbem no caminho, e apenas poucas sobrevivem e essas poucas se tornam mais fortes cada ano, obtêm mais ar e mais luz à medida que crescem e, afinal, se elevam, a seu turno, acima das vizinhas e parecem querer se elevar sempre mais e tornar-se sempre mais fortes à proporção que sobem.


174 - Já óbvio, mas importante: ...enquanto a parte desempenhada pela natureza na produção apresenta uma tendência ao rendimento decrescente, o papel do homem tem uma tendência ao rendimento crescente. A lei do rendimento crescente pode ser expressa assim: — Um aumento de trabalho e capital leva geralmente a uma organização melhor, que aumenta a produtividade da ação do trabalho e do capital.


175 - Era bem otimista quanto ao crescimento populacional em si, pois diminui o isolamento do homem. A produção tende a crescer em uma proporção maior que o aumento populacional em razão das redes que se criam: ...Pois tal crescimento o habilita a conseguir as muitas e várias economias da especialização do trabalho, da maquinaria especializada, da concentração das indústrias e da produção em massa, a ter facilidades maiores de comunicação de todas as espécies, enquanto a que o acompanha diminui o gasto de tempo e de esforço em toda a sorte de relações e lhe dá novas oportunidades para divertimentos sociais e o gozo do conforto e dos regalos da civilização, sob todas as formas. O perigo seria apenas a "superpopulação". 



FIM DO VOLUME I!


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