Livro: Alfred Marshall - Princípios de Economia Vol. I - Capítulos "8", "9", "10", "11", "12", "13" e "14"

                                          

Livro: Alfred Marshall - Princípios de Economia Vol. I (Os Economistas) (1890)



Pgs. 137-147


"CAPÍTULO 8: "Renda — Capital"


45 - Cita como "capital" inclusive a clientela de um negócio. E mais: Às coisas que estão em seu poder é preciso juntar aquelas sobre as quais tem direito e de onde tira renda: empréstimos feitos sob hipoteca ou de outro modo qualquer, e todo o capital de que pode dispor graças às formas complexas do mercado financeiro moderno. Por outro lado, suas dívidas devem ser deduzidas do capital.


46 - Todas essas classificações e definições de renda e capital me parecem que já foram mais claramente tratadas em outros "trabalhos" que já fichei.


47 - Sobre "fixo" e "circulante", diz que a divisão de Mill é a mais aceita "atualmente", sendo superior a de Smith e depois Ricardo: Podemos em seguida distinguir com Mill entre capital circulante “que perfaz por um só uso todo o seu papel na produção onde é empregado”, do capital fixo “que se apresenta sob uma forma duradoura e cujo rendimento se estende por um período de duração correspondente”.


48 - Em quase todos os sentidos tem sido o capital considerado essa parte dos bens de um homem onde ele conta tirar uma renda. (...) o termo capital compreenderá todas as coisas que são possuídas com finalidade comercial, quer se trate de maquinaria, de matéria-prima ou produtos acabados; de teatros e hotéis; de fazendas e casas — mas não se inclui a mobília nem a roupa que estiverem sendo usadas pelos seus próprios donos.



LIVRO TERCEIRO - Sobre as Necessidades e sua Satisfação



Pgs. 148-152


"CAPÍTULO 9: "Introdução"


49 - Nada de muito importante.



Pgs. 153-158


"CAPÍTULO 10: "As Necessidades em Relação com as Atividades"


50 - Passa o tempo explicando todo tipo de desejo/demanda. Não vejo muito sentido.



Pgs. 159-168


"CAPÍTULO 11: "Gradações da Procura por Consumidores"


51 - Utilidade é tida como correlativa de desejo ou necessidade. Já se argumentou que os desejos não podem ser medidos diretamente, mas só indiretamente pelos fenômenos externos a que dão lugar, e que nos casos que interessam principalmente à Economia, a medida se encontra no preço que uma pessoa se dispõe a pagar pelo cumprimento ou satisfação do seu desejo.


52 - Falsa exceção à utilidade marginal é a mudança de gosto, hábito ou vício. Quanto mais consome, mais quer, por exemplo. Porém, aí já envolve tempo. Se tomamos um homem como ele é, sem admitir que houve tempo para alguma mudança no seu caráter, a utilidade marginal de uma coisa para ele diminui regularmente com todo aumento da quantidade de que ele dispõe.


53 - Aqui começa a parte em que ele parece explicar de forma chata - medidas da época e etc. - o que está de forma fácil e interessante nos livros de micro e mesmo de introdução.


54 - Os primórdios do marginalismo: O primeiro e o mais importante passo foi dado por COURNOT. Recherches sur les Principes Mathématiques de la Théorie des Richesses. 1838; o seguinte por DUPUIT. “De la Mesure d’Utilité des Travaux Publics.” In: Annales des Ponts et Chaussées. 1844, e por GOSSEN. Entwickelung der Gesetze des menschlichen Verkehrs. 1854. Mas seus trabalhos foram esquecidos e uma parte do que estava feito foi depois refeita e publicada quase simultaneamente por Jevons e por Carl Menger, em 1871, e por Walras pouco mais tarde; Jevons atraiu quase de repente a opinião pública por sua brilhante lucidez e seu estilo interessante. (...) Poder-se-ia acrescentar que o prof. Seligman mostrou (Economic Journal. 1903. p. 356-363) que numa conferência há muito pronunciada em Oxford, em 1833, o prof. W. F. Lloyd antecipou muitas das idéias centrais da presente doutrina da utilidade.



Pgs. 169-182


"CAPÍTULO 12: "A Elasticidade das Necessidades"


55 - Traz o conceito de elasticidade: No primeiro caso, o desejo de adquirir a coisa aumenta muito diante de um estímulo mínimo: podemos dizer que a elasticidade das necessidades é grande. No segundo caso, a nova oportunidade proporcionada pela queda do preço não provoca grande aumento no desejo de comprar a mercadoria: a elasticidade da procura é pequena. Meio que já cansei de ver em outros trabalhos, mas vamos lá:



56 - No mais, fica fazendo análises para várias mercadorias e da elasticidade delas em cada classe social (o que leva a curvas completamente diferentes em alguns casos). Creio que algumas datadas. Afinal, 120 anos se passaram.


57 - Lembra que tudo depende de tudo. Preço da habitação... Preço da água... Preço do sal... Preço do vinho... Geralmente as curvas estão supondo isolamento das variações nas demais mercadorias: ...Devemo-nos lembrar que o caráter da tabela da procura de qualquer mercadoria depende, em grande parte, dos preços de suas rivais serem fixos ou variarem com o dela. Se separarmos a procura de carne de vaca da procura de carne de carneiro, e supusermos que o preço desta última permanece estável enquanto o preço da carne de vaca se eleva, verificaremos que a procura de carne de vaca se torna extremamente elástica.


58 - Corn Laws eram outro nome para as Leis do Cereais, pelo que entendi da explicação: A primeira de uma série de leis e atos administrativos data de 1804, a que se seguiram modificações em 1815, 1828 e 1842. Seus efeitos calamitosos — escassez e encarecimento de alimentos básicos da população, principalmente pão, de que resultavam, periodicamente, penúria e mesmo fome generalizada — provocaram crescente agitação política; e quando ao clamor popular juntou-se a oposição da Indústria, já então influente, a legislação foi definitivamente revogada em 1846 (contra o voto, inclusive, de Disraeli). “Corn” para os antigos economistas clássicos ingleses significava, em síntese, o produto agrícola em geral, como lembra o próprio Marshall e seu preço era um referencial do salário mínimo do trabalhador.


59 - A dança de oferta e demanda nem sempre bate certinha rumo ao equilíbrio: ...Da mesma forma, quando o preço do carvão de pedra se elevou, há alguns anos, houve um grande estímulo para a invenção de meios de economizá-lo, principalmente na produção de ferro e do vapor; essas invenções, porém, só conseguiram tornar-se praticáveis depois que a alta dos preços já tinha passado. A reação aos preços e oportunidades nem sempre é imediata. ...Igualmente, quando se inaugura uma nova linha de bondes ou uma estrada de ferro suburbana, mesmo os que moram perto da linha não se habituam logo a utilizá-la.


60 - ...Adiamentos no consumo também geram distorções nesse processo de "reação": Por exemplo, no início da grande escassez do algodão observou-se que o consumo do algodão era muito pequeno na Inglaterra. Isso era motivado parcialmente pelo fato de terem os varejistas diminuído seu estoque, mas principalmente porque o povo fez com que durasse o mais possível tudo quanto possuía em algodão. Em 1864, no entanto, muitos não puderam esperar mais, e a quantidade de algodão importada durante esse ano para o consumo do país foi muito maior, embora o preço estivesse mais elevado do que em todos os anos precedentes.


61 - Há de se ter cuidado estatístico com o efeito dos impostos sobre a elasticidade - na aferição desta. Ao examinar os efeitos dos impostos tem-se o hábito de comparar as quantidades entradas para consumo, antes e depois do estabelecimento do imposto. Mas isso não é exato. Os varejistas, prevendo o imposto, aumentam muito os seus estoques antes que o imposto seja lançado, e durante algum tempo não precisam comprar muito.


62 - Quase nunca dá pra saber exatamente como é a curva de procura total/completa, por falta de estatísticas sobre todo preço possível: ...Em regra geral o preço de um artigo flutua entre limites estreitos, e dessa forma as estatísticas não nos fornecem um método direto, através do qual possamos avaliar qual seria o consumo desse artigo, se o preço passasse a ser cinco vezes maior ou menor do que é atualmente. Sabemos, no entanto, que se o preço se elevasse muito, o consumo seria feito exclusivamente pelas classes abastadas, e que, se o preço abaixasse muito, a grande maioria dos consumidores estaria entre as classes trabalhadoras.


63 - Interessante esta tabela abaixo, feita pelo grande estatístico Engel, em relação ao consumo das classes baixas, médias e altas da Saxônia, em 1857. Alimentação era mais da metade em quase toda classe. 




Pgs. 183-188


"CAPÍTULO 13: "Escolha entre Diferentes Usos de uma Mesma Coisa — Usos Imediatos e Usos Diferidos"


64 - A maximização da utilidade: Se uma pessoa tem uma coisa que pode empregar em usos diferentes, reparti-la-á entre estes de tal maneira que a coisa tenha a mesma utilidade marginal em todos. E o amplo comércio ajuda muito nisso. (...) quando, no fim do ano, o jovem casal faz o balanço de seu orçamento, e acha necessário reduzir as despesas em certos pontos, os esposos comparam as utilidades (marginais) dos diferentes itens, pesando a perda da utilidade que resultaria do corte de uma libra esterlina de despesa aqui, como que eles perderiam em cortá-la acolá, eles se esforçam por conseguir suas poupanças de tal sorte que a perda total de utilidade possa ser mínima, e a utilidade global que fica para eles seja a máxima.


65 - ...Os diferentes usos entre os quais uma mercadoria é distribuída não precisam ser todos atuais: alguns podem ser atuais e outros futuros. Uma pessoa prudente se esforçará por distribuir os seus recursos entre as diferentes aplicações, presentes e futuras, de maneira que tenham em cada uma a mesma utilidade marginal. Mas, estimando a utilidade marginal atual de uma remota fonte de prazer, duas coisas devem ser tomadas em conta: primeiro, a sua incerteza (esta é uma propriedade objetiva que todas as pessoas bem informadas estimariam da mesma maneira); segundo, a diferença entre um prazer distante e um prazer atual (uma propriedade subjetiva que diferentes pessoas estimariam de maneira diversa, de acordo com os seus caracteres individuais e as circunstâncias do momento).


66 - Trata até de vieses, de certa forma: É sobretudo em relação a esses objetos que o prazer de posse se faz sentir. Muitas pessoas tiram do mero sentimento de propriedade uma satisfação mais forte do que a que tiram dos prazeres ordinários, no sentido mais estreito da palavra. Por exemplo, o contentamento da posse da terra leva muita gente a pagar por ela um preço tão elevado, que dará um rendimento muito baixo à inversão feita.


67 - Lembra da importância de calcular a incerteza na "poupança para o futuro", digamos. Se há probabilidade de 0,9 de "dar certo", é melhor fazer essa multiplicação antes de pensar na taxa de juros justa, digamos. Enfim, risco conta.



Pgs. 189-200


"CAPÍTULO 14: "Valor e Utilidade"


68 - É evidente que os excedentes do consumidor derivados de algumas mercadorias são muito maiores do que os obtidos de outras. Existem muitos artigos de conforto e de luxo cujos preços estão muito abaixo dos que muitas pessoas estariam dispostas a pagar antes que privar-se deles; e que, portanto, deixam um excedente do consumidor muito grande.


69 - Parte para explicação chata de coisas explicadas de forma interessante em outros livros modernos. Não sei, por exemplo, que diabo ele tanto problematiza no conceito de "excedente do consumidor", respondendo a críticas que não sei o que querem, algo que me parece extremamente simples.


70 - Alerta para que não se confunda utilidade marginal de uma mercadoria com a utilidade total da mesma. O sal tem alta utilidade total e baixa marginal (pela abundância, salvo contextos especiais).


71 - Dá trabalho ou não dá trabalho encontrar? O velho exemplo: Harris, no livro On Coins, 1757, diz: “As coisas são, em geral, avaliadas, não de acordo com os seus usos reais no suprimento das necessidades do homem, mas em proporção à terra, ao trabalho e à habilidade que exigiram para produzi-las. É aproximadamente de acordo com essa proporção que as coisas ou mercadorias são trocadas entre si; e é principalmente através da escala mencionada que o valor intrínseco da maioria das coisas é avaliado. A água é de muita utilidade e, no entanto, tem habitualmente pouco ou nenhum valor, porque na maioria dos lugares a água brota espontaneamente em grande quantidade e não pode ser contida nos limites de uma propriedade privada, de modo que todos podem possuir suficiente quantidade de água, sem maiores despesas do que as de apanhá-la ou transportá-la, quando a situação assim o exige. Por outro lado, como os diamantes são muito raros, têm por esse motivo grande valor, embora não possuam grande utilidade.”


72 - As utilidades estão todas relacionadas entre si, pois opções de substituições disponíveis modificam tudo. ...a utilidade total do chá e do café é maior do que a soma da utilidade total do chá, calculada segundo a suposição de que os consumidores poderiam recorrer ao café, e da do café, calculada sobre o mesmo pressuposto. A utilidade total de todas as mercadorias se torna uma conta difícil ou até impossível, inclusive por muitas estarem envolvidas na fabricação de inúmeras outras. Não se trata "apenas" de consumo. E isso já seria "dificultante" em si.


73 - Está ciente das raras exceções. Cita os bens de Giffen.


74 - A utilidade marginal fundamenta inclusive os impostos progressivos na carga tributária: Os sistemas anteriores exigiam dos pobres muito mais do que deveriam pagar conforme esse esquema, enquanto os sistemas de imposto progressivo, que começam agora a ser utilizados em diferentes países, são, até certo ponto, baseados na idéia de que um aumento de 1% numa renda muito grande, representa menos para o bem-estar do possuidor dessa renda do que o mesmo aumento feito numa renda diminuta, mesmo depois de ter sido feita a correção, proposta por Bernoulli, de deduzir o mínimo indispensável à subsistência.


75 - Engraçado como Marshall gosta de ser prescritivo, visando uma espécie de harmonia sem grandes mudanças. Acho até um conservadorismo bonitinho: O mundo estaria muito melhor se todos adquirissem objetos mais simples e em menor quantidade. Se se dessem ao trabalho de escolher esses objetos por sua beleza real, tomando naturalmente cuidado em adquirir objetos de boa qualidade, preferindo naturalmente poucas coisas bem-feitas, e feitas por operários bem pagos, a muitas coisas feitas por operários mal remunerados.


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