Livro: Hunt, E. K. - História do Pensamento Econômico - Capítulo 11

                 

Livro: Hunt, E. K. - História do Pensamento Econômico



Pgs. 403-444


"CAPÍTULO 11: "Teorias Neoclássicas da Firma e da Distribuição de Renda"

 

A Contribuição de Marshall à Teoria da Utilidade e à Teoria da Demanda


321 - Basicamente um aperfeiçoamento da noção de utilidade marginal. Foi o que achei. Além de explicar a determinação de uma curva de demanda partindo de uma curva de utilidade, Marshall definiu e elaborou a noção da “elasticidade-preço da demanda”, definiu e discutiu sua noção de “excedente do consumidor” e mostrou como circunstâncias excepcionais poderiam levar a uma curva de demanda positivamente inclinada.


322 - Como era muito cínica a "teoria da abstinência" que Senior usava, Marshall preferia outra palavra: Marshall esperava poder evitar esse embaraço substituindo a palavra abstinência por espera. Era o "sacrifício" da espera do consumo.


Simetria entre as Teorias Neoclássicas da Família e da Firma


323 - Começam explicando que as famílias tentam maximizar a utilidade comparando bens substituíveis na sua cesta e a utilidade marginal que podem obter de cada escolha a um dado preço. Para a teoria da firma poder ser postulada em termos de um problema de maximização para a família, era preciso considerar os fatores de produção análogos aos bens de consumo e a receita auferida com a venda do produto desses fatores análoga à utilidade.


324 - ...O problema de maximização da firma seria essencialmente idêntico ao da família se os fatores de produção fossem substituíveis no processo de produção de renda, da mesma maneira que os bens de consumo eram substituíveis na geração de utilidade. Contestava-se, assim, por exemplo, a existência dos coeficientes técnicos de produção fixos. Menger também tinha suposto a existência de coeficientes técnicos de produção fixos. Por isso, ele supusera que os fatores de produção eram complementares, tendo dificuldade para explicar como o preço de cada fator de produção era determinado no mercado.


325 - ...Marshall acrescentava outra semelhança com a teoria do consumo das famílias: “a noção do emprego marginal de qualquer agente de produção implica… uma tendência de haver um retorno decrescente de seu maior emprego”.


A Teoria da Firma, de Marshall

 

326 - A oferta era determinada pelas curvas de custos das firmas. (...) A teoria de Marshall retratou o que ele chamava de “firma representativa” em um setor em concorrência. A firma representativa era, “em certo sentido, uma firma média”.


As Curvas de Produção e de Custo da Firma, no Curto Prazo


O Equilíbrio no Curto Prazo


327 - Achei essa parte mera "microeconomia básica", digamos. Creio que já vi no livro.


O Longo Prazo e o Problema da Concorrência

 

328 - No longo prazo, segundo Marshall, todos os fatores de produção poderiam variar, todos os custos eram variáveis e todas as quase rendas desapareciam.


329 - Uma coisa é terra, a outra é indústria: Concluiu “que, enquanto o papel desempenhado pela natureza na produção mostra uma tendência a rendimentos decrescentes, o papel desempenhado pelo homem revela uma tendência a rendimentos crescentes”.


330 - Mais conceitos marshallianos: Economias internas de escala resultavam de uma melhor organização da firma


331 - ...E as externas? Como exemplos de economias externas de escala, Marshall discutiu os benefícios da localização industrial e de setores secundárias e terciárias intimamente relacionadas.


332 - Como a própria lógica-dinâmica levava à concentração industrial, qual a solução?: Marshall teria chegado a uma das três conclusões seguintes: em primeiro lugar, ele poderia ter abandonado o argumento geral do utilitarismo (de que a “mão invisível” do mercado concorrencial harmonizava todos os interesses e maximizava a utilidade social total) e, depois, defender o capitalismo com base em uma nova ideologia que ressaltava as vantagens sociais das grandes empresas oligopolistas. Em segundo lugar, ele poderia ter argumentado que as vantagens sociais da concorrência eram mais significativas do que as vantagens sociais da eficiência produtiva da produção em larga escala; por isso, poderia ter defendido a intervenção maciça do governo na economia, com o objetivo de dividir as grandes empresas e obrigá-las a funcionar em estruturas de mercado de concorrência perfeita, em que as ineficiências de produção seriam introduzidas por leis que limitassem o tamanho das firmas industriais. Em terceiro lugar, ele poderia ter partido da ideia de Marx, de que a concorrência levaria, inevitavelmente, à concentração industrial e que os governos capitalistas promoviam essa tendência, em lugar de contrariá-la; poderia, assim, ter advogado alguma forma de socialismo como o único meio possível de aproveitar a maior eficiência da produção em larga escala.


333 - ...Afirmam que Marshall preferiu dar uma de Mill. Ou seja, fazer um mistão dessas opções aí. Mais à frente, colocarão que entrou até um tanto de darwinismo social. 


Marshall e a Defesa Ideológica do Capitalismo

 

334 - Para Marshall, mudanças só graduais. A natureza não dá saltos e nossas instituições e sistema econômica não existem à toa. As qualidades superam os defeitos. No máximo, o inglês dizia que “a força da… simpatia de Marx pelo sofrimento é sempre merecedora do nosso respeito” 


335 - Marshall e o problema da concorrência, citado mais acima: Marshall conseguiu salvar sua fé na permanência da concorrência perfeita, acreditando que uma indústria fosse como uma floresta. Assim como as árvores estão sempre crescendo e morrendo, “a decadência das firmas em determinada direção é, com certeza, mais do que compensada pelo crescimento em outra direção”.


336 - Dizia que, para o operário virar capitalista, "bastava" convencer financiadores de suas virtudes. Logo, parecia não ver tanto problema em alguns nascerem sem privilégios.


337 - Segundo Marshall, os capitalistas eram menos perversos "agora" com a classe trabalhadora. Não havia mais os horrores do início da Revolução Industrial. 


338 - Quando Marshall vislumbra um futuro mundo possivelmente sem propriedade (mas só depois da suposta evolução da natureza humana), ele incorre, segundo os autores, no mesmo erro de Mill: Quando Marshall afirmou que alguns prazeres eram “sórdidos e grosseiros”, é claro que abandonara completamente as premissas utilitaristas que estavam por trás do argumento da “mão invisível” – argumento que julgara uma “verdade da maior importância para a humanidade”. Em nossas discussões anteriores das ideias de William Thompson e de John Stuart Mill, mostramos que as filosofias sociais que distinguem prazeres, considerando alguns benéficos e superiores e outros sórdidos e grosseiros, contradizem os próprios fundamentos intelectuais do utilitarismo.


Clark e a Teoria da Distribuição, Segundo a Produtividade Marginal 


339 - Era uma evolução neoclássica em relação a Marshall, pois este último partia de coeficientes técnicos fixos.


340 - Cada firma contrata trabalho até o valor do produto marginal do trabalho igualar o salário. Essa é a condição necessária para a maximização dos lucros pela firma. A mesma lógica serve para o capital: Cada fator recebe uma renda igual ao valor de seu produto marginal. Assim, na cabeça de Clark, toda a exploração estaria sempre justificada.


A Economia como Troca e o Papel do Empresário


341 - Segundo a perspectiva da troca ou da utilidade, o lucro desaparece no equilíbrio. Os salários são a remuneração da contribuição do trabalho e os juros são a remuneração da contribuição do capital.


342 - Clark: Os preços normais são preços sem lucro. Cobrem os salários de todos os empregados que trabalham na produção dos bens, inclusive o trabalho da superintendência das fábricas, da administração das finanças, da contabilidade, da cobrança e todo o trabalho de direção da política da empresa. Também cobrem os juros sobre todo o capital empregado na empresa, seja ele do empresário ou tomado emprestado de outra pessoa.


Clark e a Defesa da Propriedade Privada

 

343 - Clark falava da necessidade de defender a propriedade privada da Terra: “Qualquer que seja a lógica da argumentação contrária à propriedade da terra” – declarou ele – “ela se confunde com uma argumentação contrária a toda propriedade ou com o socialismo radical”. (...) “É de se esperar que os opositores da propriedade privada sejam em maior número do que seus defensores. Isso geralmente acontece com uma instituição com grande influência moral”


A Concepção de Capital, Segundo Clark 


344 - Bens de capital precisam ser destruídos para que o capital dure. É como se a empresa se confundisse com o capital, na conceituação meio confusa de Clark. "A semente do trigo tem de perecer para que o trigo possa nascer."


345 - ...Capital é móvel. Bens de capital, em regra, não. O capital tinha um sentido imaterial na sua teoria. "Vemos o capital como uma soma de riqueza produtiva, investida em coisas materiais que se estão sempre modificando – num vaivém contínuo – embora o fundo continue existindo."


346 - O problema? ...Eles não podiam usar, com qualquer coerência teórica, o valor do capital como meio de medir sua quantidade, porque esta determinava sua produtividade marginal, que, por sua vez, deveria determinar seu valor. Mas como “a vida é, em si mesma, uma abstração”, eles continuaram formulando teoria como se tivessem encontrado essa medida, quando, de fato, não o conseguiram.


A Medida do Capital, Segundo Böhm-Bawerk 


347 - Böhm-Bawerk dizia que só havia dois fatores de produção “originais”: a terra e o trabalho. O capital passava a existir quando se percebia que a produção levava tempo. O juro do capital meio que surge da preferência temporal, tenha essa a origem que for - necessidade incontornável do "agora" ou falta de planejamento adequado ou medo de curta duração da vida...


348 - Böhm-Bawerk parecia ter proposto uma solução para o problema de mensuração do capital enfrentado por Clark, porque as quantidades dos fatores originais usados na produção, a duração do período de produção e o padrão de tempo do uso dos insumos poderiam ser verificados independente de quaisquer preços. Veremos, em outro capítulo, porém, que essa medida do capital é totalmente insatisfatória, porque é um índice de vários números e, sob certas condições, esses números formam índices que contradizem as premissas da teoria da distribuição baseada na produtividade marginal.


As Relações de Classe Capitalistas, Segundo a Teoria Neoclássica da Distribuição


349 - Na cabeça pré-nazi de BB era assim: Os trabalhadores queriam sua recompensa no presente, ao passo que os capitalistas tinham um caráter moral que lhes permitia esperar. Enfim, virtuosos e sub-raça. No fundo, era um Senior disfarçado de sofisticado. Teoria da abstinência.


350 - (Enfim, só senti falta da tal discussão sobre BB que está prometida para outro capítulo.)


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