Livro: Paul Singer e João Machado - Economia Socialista - Comentários e Intervenções
Livro: Paul Singer e João Machado - Economia Socialista
Pgs. 53 -87
"João Machado - Comentários"
50 - Não creio que o conservadorismo na concepção de socialismo seja um problema hoje no PT. Pelo contrário, creio que o problema hoje é justamente o oposto. Ou seja, há uma tendência crescente dos filiados ao PT no sentido de reduzir o socialismo a uma idéia moral bastante vaga – alguma coisa como a defesa de uma sociedade mais justa.
51 - Coloca que, mesmo num planejamento centralizado, poucas decisões precisariam ser centralizadas. Não explica como é isso. Apenas solta esta: Algumas questões seriam decididas em âmbito mundial, por exigências de racionalidade e pelo interesse coletivo da humanidade. Por exemplo, questões que envolvem o esgotamento de recursos naturais não renováveis. Ou a destinação de recursos para a pesquisa científica: não faz nenhum sentido achar que a melhor maneira de fazer pesquisa científica é por meio da concorrência entre vários países. O progresso da ciência exige mais colaboração internacional, e não a defesa do segredo comercial ou dos direitos de propriedade intelectual, como querem os “pensadores” da Organização Mundial do Comércio (OMC).
52 - As críticas ao mercado são bem incompletas/vagas/mal explicadas, mas de fato há um claro perigo na aceitação de Singer em utilizar mercados. Se Machado dá o mercado como "mais eficiente" em qualquer cenário, então não vejo razão racional para se abandonar a lógica de mercado. Para pobreza e desigualdade há soluções políticas. Claro que implantes socialistas em estruturas capitalistas terão problemas, até pelos interesses diversos dos agentes envolvidos em qualquer empreitada. Isso é consenso. Porém, têm que funcionar em estruturas diferentes. Senão, nem adiantam.
53 - João Machado aborda as críticas de Singer à divisão do trabalho entre menos e mais qualificados, operários e administradores: Isso naturalmente conduz à necessidade de manter diferenças de remuneração, ainda que menores do que as que são normais no capitalismo. Desenvolvem-se diferenças objetivas de interesses. No caso de Mondragón, por exemplo, é perfeitamente razoável dizer que no seu interior há algum tipo de luta de classes. Há muitos trabalhadores cooperados que não se sentem identificados com o complexo de cooperativas – que, no entanto, é administrado em bases autogestionárias.
54 - A "proposta" de Machado é vaga ou paliativa. Basicamente... Buscar pessoas que queiram trabalhar sem ficarem mais ricas. Como generalizar isso num nível forte? E quais são os outros critérios, que não a eficiência, a serem usados?
"Intervenções do público"
55 - Tem de tudo né. Aldo Fornazieri: Eu não sou socialista e defendo que o PT não se defina como socialista, embora ache que os socialistas devam fazer parte do PT. (...) Para que alguém seja livre, a primeira condição é que ele seja proprietário de si mesmo. Esse é o princípio originário da propriedade. Socialismo nenhum garante isso. Coloca que hierarquias e chefes são inevitáveis e finaliza: "...eu sou um não-socialista. Isso não significa que eu adira ao capitalismo."
56 - Suplicy coloca que algum mercado - espontâneo - é inevitável até na Coréia do Norte. Pessoas transacionam. A missão do PT seria evitar os males do mercado. (Fica meio vago)
57 - Max Altman se define como socialista. Faz uma análise meio simplista da experiência soviética e parece propor uma espécie de "socialismo de estatais", digamos assim.
58 - Chinaglia: Sinceramente, não consigo vislumbrar qualquer possibilidade de crescimento num grau que de fato faça jus a uma estratégia socialista, daquilo que você definiu como “implante socialista” e com o que o João Machado concordou. É muito generoso de nossa parte caracterizar como “implante socialista” experiências como o Orçamento Participativo, mas é um risco gravíssimo, pois tende à mistificação. (...) Por que discutir 1% ou 2 % de todos os recursos do município ou do estado, quando a maior parte está comprometida com o pagamento de juros de dívidas? Eu temo exatamente o contrário. Que isso acabe virando senso comum e que o pratiquemos com tal desenvoltura que cheguemos a acreditar que é algo naturalmente revolucionário. Afirma que isso é positivo do ponto de vista político, mas muito importante no que tange à economia.
59 - Haddad: "...eu gostaria de dizer que me sinto muito confortável no PT, justamente porque ele aparentemente contempla mais de uma visão." Na sua fala, disse que todo mundo está certo...
60 - Lula é mais pessimista: O ser humano é eminentemente competitivo. Na medida em que se bloqueia a capacidade competitiva do ser humano e se coloca todos para ganhar a mesma coisa dentro de uma fábrica, cortam-se as possibilidades de sucesso daquela fábrica. As pessoas são niveladas por baixo e não niveladas por cima. O socialismo não conseguiu resolver este problema. (...) Sou amante da Revolução Cubana. Acho que no PT quase todo mundo é. Agora, eles não resolveram o problema crucial da democracia e de algumas liberdades sem as quais não há socialismo.
61 - ...Acho que o Paul Singer exagerou na questão da valorização do mercado, porque o mercado só funciona se houver um Estado muito forte regulando esse mercado e o obrigando a cumprir algumas cláusulas sociais. Só o mercado não resolve. Compatibilizar o mercado com um Estado regulador, capaz de garantir que o mercado atenda a todas as necessidades das pessoas, seria o ideal. Como fazer isso é o desafio que está colocado para o PT.
62 - Lula sobre as tarefas do PT: Como partido político, muitas vezes deixamos de fazer o que deveríamos fazer para discutir o que não deveríamos discutir. O velho Partido Comunista Italiano, no começo, fazia o seguinte: tinha uma vila, um bairro qualquer onde se precisava fazer uma ponte; o PCI muitas vezes fazia a ponte com o dinheiro arrecadado pelos trabalhadores e depois que estava pronta a ponte ia brigar para que o poder público pagasse aquilo lá. (...) Quantos médicos tem o PT? Quantos dentistas tem o PT? Quantos advogados tem o PT? Quantos engenheiros tem o PT? Imagine se toda essa gente se dotasse de espírito de solidariedade e resolvesse fazer coisas que o Estado não consegue fazer ou não quer fazer, como medicina preventiva, odontologia preventiva, defender a população na Justiça.
63 - Genoino: Quando discutimos a questão do socialismo nesse patamar, como conjunto de valores, como democratização da economia, do mercado, da propriedade, eu acho interessante.
"Comentários finais"
Paul Singer - Planejamento e mercado
64 - Uma alternativa seria organizar grandes cooperativas de consumo que, a partir das necessidades, desejos, anseios e preferências de seus sócios, criariam cooperativas de produção. O capital destas últimas seria investido, uma metade por seus membros, a outra metade pela cooperativa de consumo. Dessa maneira, a direção das cooperativas de produção seria partilhada por seus trabalhadores e seus clientes.
65 - ...Poderia haver planejamento da produção no âmbito de cada cooperativa de consumo e deveria haver liberdade de as pessoas se associarem e se desassociarem dessas cooperativas, com as restrições inevitáveis para que a movimentação para dentro e para fora não perturbasse o funcionamento dos planos. Deveria ser livre a formação de novas cooperativas de consumo.
66 - Cita diversas iniciativas de cooperativas na época.
João Machado - A conversa do mercado
67 - Nada de adicional.
FIM!
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