Livro: Hunt, E. K. - Historia do Pensamento Econômico - Capítulo 5

          

Livro: Hunt, E. K. - Historia do Pensamento Econômico



Pgs. 142-186


"CAPÍTULO 5: "David Ricardo"


136 - David Ricardo (1772-1823) era filho de um rico capitalista inglês, que tinha feito fortuna na bolsa de valores, após ter migrado da Holanda para a I nglaterra. O jovem Ricardo teve mais êxito ainda na bolsa de valores do que seu pai, tendo se transformado em um homem muito rico antes dos 30 anos de idade. Em 1799, leu A Riqueza das Nações, de Adam Smith, e, desde então, até sua morte, passou o tempo estudando e escrevendo sobre questões de Economia Política e aumentando sua fortuna.


137 - Era amigo de Malthus e inimigo intelectual. Concordava apenas com a teoria da população.


A Teoria da Renda da Terra e Primeira Abordagem dos Lucros


138 - Produto líquido: ...era, portanto, todo o valor excedente criado pelo trabalho, que poderia ser destinado aos lucros ou à renda da terra. Reposição do capital e salários já foram pagos, no caso.


139 - Renda diferencial: Quando, com o progresso da sociedade, se cultivam terras do segundo grau de fertilidade, a terra de primeira qualidade começa imediatamente a dar renda, e o volume dessa renda dependerá da diferença de qualidade das duas terras. (...) Toda vez que a população aumenta, o país é obrigado a recorrer à terra de pior qualidade para poder aumentar a oferta de alimentos, e a renda de toda terra mais fértil aumenta.


140 - Os arrendatários capitalistas tendem a igualar, pela livre competição de mercado, as taxas de lucro. Logo, os proprietários das terras mais férteis ganhariam, inevitavelmente, mais renda.


141 - Ilustração:



142 - Ricardo aceitou a teoria da população de Malthus e seu corolário mais importante: o crescimento populacional tenderia a forçar os salários dos trabalhadores a baixar até o nível de subsistência. Portanto, o nível de lucro da terra que não pagasse renda seria o produto total dessa terra menos a subsistência dos lavradores que trabalhassem nessa mesma terra.


143 - Em certo ponto, mesmo a taxa de lucro iria caindo em algumas terras dos quartis menos férteis. 


Base Econômica do Conflito entre Capitalistas e Proprietários de Terras


144 - A possível previsão de compressão dos lucros tem a ver cum premissa de Ricardo que podia muito bem ser compensadas por outra em sentido contrário (produtividade por evolução técnica): O trabalho incorporado à produção dos cereais tinha aumentado, porque se tornava menos produtivo, à medida que a margem de cultivo aumentava.


145 - Com base nesses argumentos, Ricardo se opunha às leis dos cereais. Proibindo a importação dos cereais, o governo britânico estava fazendo com que o setor agrícola usasse terras cada vez menos férteis.


A Teoria do Valor-trabalho 


146 - “Possuindo utilidade, as mercadorias recebem seu valor de troca de duas fontes: de sua escassez e da quantidade de trabalho necessária para sua obtenção”. E a escassez, segundo ele, só era importante para as artes da vida e coisas do tipo.


147 - Colocam que alguns explicam o "trabalho qualificado" como tempo de trabalho a mais (Ricardo não teria chegado muito bem a isso, colocam): ...Formulações posteriores da teoria do valor-trabalho usaram essa noção de que as diferenças de habilidade poderiam ser reduzidas ao tempo gasto na aquisição dessas habilidades para mostrar que o trabalho qualificado era criado com trabalho.


148 - ...Marx é quem iria perceber que se tratava, o qualificado, segundo Hunt, de um múltiplo do trabalho simples não-qualificado.


149 - Ricardo já falava em TSN: No cálculo do valor de troca de meias, por exemplo, verificaremos que seu valor, em relação ao valor de outras coisas, depende da quantidade total de trabalho necessário para fabricá-las e trazê-las para o mercado.


150 - O erro de Ricardo na noção "não histórica" de capital. Trata-se de uma relação social, não são simplesmente coisas: ..."embora sempre tivessem sido usadas ferramentas na produção, nunca tinham sido auferidos lucros com a simples posse das ferramentas e que as pessoas nunca sequer tinham imaginado ou concebido mentalmente a existência de lucros pela simples propriedade do capital, até uma classe conseguir um monopólio da propriedade dos meios de produção e ter surgido outra classe, que só podia existir vendendo uma mercadoria – sua força de trabalho – no mercado.


Determinação de Preços com Diferentes Composições de Capital


151 - Colocam que, para Ricardo e Marx, o trabalho incorporado às mercadorias servia como aquele fator causal, ou determinante, que não era um preço. Rompiam, assim, com a circularidade da análise de Smith (capítulo 3).


152 - O problema do valor-trabalho (e, por isso, Adam Smith a abandona parcialmente): os preços relativos entre diferentes mercadorias variam com aumento do preço do trabalho, por exemplo. A composição orgânica do capital muda tudo. Cada empresa sente proporcionalmente mais ou menos (o livro explica o raciocínio completo, mas é meio intuitivo também). (A questão é que, no longo prazo, capital constante vem da variável também. A coisa se ajusta).


Um Exemplo Numérico de Determinação de Preços


153 - Seria um exemplo para explicar melhor o tópico anterior. O tópico anterior creio que entendi plenamente até talvez. Já as contas que foram feitas neste... Nada entendi. O que era premissa... O que era cálculo... Qual o cálculo... Etc. Números da tabela simplesmente apareceram. De toda forma, o que pretendem provar eu já sei.


Distribuição de Renda e a Teoria do Valor-trabalho


154 - Colocam que Ricardo sabia que sua teoria dizia respeito a condições muito específicas, já que o próprio dizia: "...Essa tendência… (à queda dos lucros) é, felizmente, interrompida de tempos em tempos pelos aperfeiçoamentos da maquinaria ligada à produção das mercadorias necessárias, bem como pelas descobertas da ciência agrícola." Defendem Ricardo dizendo que este não estava tentando prever o futuro. Vai saber...


A Impossibilidade da Superprodução


155 - Ricardo aqui iria propor algo idêntico a Say (que veio depois, creio). A produção cria a própria demanda porque ninguém quer entesourar moeda. 


156 - Por que havia crises então? "Um grande país industrial está particularmente exposto a reveses e contingências temporárias, provocadas pelo deslocamento do capital de um emprego para outro…". Mudanças nos gostos/demandas e afins. Tudo isso gera turbulências, realocações. Ele pensava que fosse só isso a explicação. Colocam que só em edições posteriores ele foi pensando em concessões às ideias de Malthus sobre superprodução, conforme abaixo...


A Maquinaria como Causa de Desemprego Involuntário


157 - Ricardo considerava que os salários iam ficando para trás. Renda e lucro aumentavam, mas a demanda por trabalho demorava a se normalizar pela constante inovação de maquinário. ...a renda líquida da sociedade (lucros e renda da terra) poderia ser aumentada, enquanto a renda bruta (lucros, renda da terra e salários) estaria sendo diminuída. Gera-se, por essa teoria, um excedente de trabalhadores. 


158 - A interpretação que os autores deram a isso? ...Essa conclusão significava que ele concordava com Malthus, ao afirmar que o mercado poderia não ser muito eficaz na realocação dos recursos, quando houvesse uma mudança nas condições de produção, e que o resultado poderia ser uma depressão crônica no mercado de trabalho, que reduziria a produção total da economia.


A Teoria das Vantagens Comparativas e Comércio Internacional


159 - Bastava vantagem relativa para ambos se beneficiarem. Nenhuma novidade aqui, já vi explicações até mais claras nos livros.


Harmonia Social e Conflito de Classes


160 - Ricardo deixava a luta de classes entrar nos seus estados mais do que Smith, mas continuava a negar a mudança intrínseca que isso pode trazer. A “mão invisível” agia local, nacional e internacionalmente, harmonizando os interesses de todos.


161 - ...Deixava o conflito escapar aqui e ali. Por exemplo: Já encontramos um exemplo em que a “mão invisível” não funcionava: “As relações entre o proprietário de terras e o público não são relações comerciais pelas quais o vendedor e o comprador possam ser considerados ganhadores; a perda fica toda de um lado e o ganho fica todo do outro


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