Livro: Carlos Eduardo Gonçalves e Bernardo Guimarães - Economia sem Truques - "PARTE B"

     

Livro: Carlos Eduardo Gonçalves e Bernardo Guimarães - Economia sem Truques


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"9. As árvores da Ilha de Páscoa e as ruas de Londres"


22 - Londres combatendo a externalidade no trânsito: ...Ainda assim, cobrar, fiscalizar e multar os motoristas gera muitos custos. Estimativas econômicas dos benefícios da “taxa do congestionamento” (primariamente associados com menos tempo no trânsito e maior confiabilidade no sistema de transporte) indicam que os custos administrativos equivalem a mais de dois terços dos benefícios.


23 - Os livros de introdução explicam essa questão com mais detalhes (gráficos e tal).


24 - O mercado de créditos de carbono: Nesses casos, o governo fixa um nível máximo de emissão de poluentes. Uma empresa que descobre meios de produzir menos agressivos ao meio ambiente pode vender parte de sua “cota de poluição” para outra empresa. Esse mecanismo gera incentivos para empresas buscarem meios de produção menos poluentes, e faz com que a poluição seja gerada pelas empresas que estão dispostas a pagar mais pelo direito de poluir.


25 - Preços muito baixos afetam os incentivos das pessoas de maneira a gerar utilização excessiva de um dado recurso. O caso da água é um exemplo atual importante. Se os governos mundiais estão realmente muito preocupados com a questão da provável falta de água no futuro não muito longínquo, o primeiro passo para equacionar o problema seria elevar seu preço (que é regulado pelo Estado) para os consumidores – tomando as devidas medidas para minimizar o impacto desse aumento de preço sobre os pobres.


26 - Traz um resumo da história da "Ilha de Páscoa", que já teria abrigado uma notável civilização polinésia: Teorias recentes argumentam que o esgotamento das árvores na Ilha de Páscoa foi fundamental para explicar o colapso daquela civilização. O desaparecimento das árvores tornou impossível a construção de boas embarcações de longo alcance e assim levou ao fim da caça de peixes grandes de alto mar (golfinhos); dificultou o aquecimento no inverno e a construção de novas casas; levou a enorme diminuição da quantidade de pássaros disponíveis que antes frequentavam a ilha e haviam sido fonte importante de alimentos; e, finalmente, a ausência de árvores comprometeu a qualidade do solo e a agricultura.


27 - ...Faltou um preço mais alto sinalizar escassez e intervenção de um governo para coibir externalidades negativas, afirmam. (...) Do lado da demanda, os diversos clãs, querendo provar sua superioridade através de estátuas gigantes como nos relatam os historiadores, buscariam outros modos mais baratos de autoafirmação.


28 - A invenção é um caso clássico de externalidade positiva.


29 - Uma maneira muito usada no passado para incitar a pesquisa era estabelecer prêmios para cientistas que apresentassem invenções, descobertas ou resoluções de problemas intrigantes. Foi, por exemplo, em um destes concursos que Newton começou a desenvolver o cálculo matemático.


30 - ...Existe também um tipo de pesquisa, chamada de pesquisa básica, que é mãe de todas as outras e não pode ser apropriada por uma empresa só, dado que ela traz benefícios potenciais para um espectro muito amplo de setores. A descoberta de um novo elemento químico, ou de uma nova propriedade física de algum material, são exemplos claros de pesquisa básica. Mas como é difícil patentear este tipo de pesquisa, assim como é difícil patentear, por exemplo, uma nova equação matemática, surge então um problema: quem arcará com os custos deste tipo de pesquisa?


31 - O problema dos monopólios naturais: Na verdade, o consumidor compara esse benefício com o preço que ele paga. O problema é que o preço que ele paga no caso de monopólio é muito superior ao custo de produção. Portanto, o nível de consumo que ele escolhe é baixo demais. (...) Já quando há concorrência acirrada, o preço de um bem ou serviço é próximo de seu custo. Conseqüentemente, o nível de produção e consumo é o ideal. Enfim... propõem agências reguladoras.


32 - Sobre assimetria da informação e seleção adversa, é meio que repetição de exemplos que já li. Bancos, carros usados, seguros de saúde...



"10. O mercado das almas"


33 - Rawls misturado com naturalização de privilégios. Imagina um mercado de almas de seguros de "sorte no nascimento". Quais seriam os preços de equilíbrio e etc.



"11. 289 dias"


34 - Lembra que corrupção e burocracia distorcem incentivos e levam a perda de tempo (entender a legislação, diligenciar...). No primeiro caso, o corrupto pede uma comissão à empreiteira para fechar o contrato e ponto final; no segundo é mais difícil desviar a verba orçamentária – como convencer um grupo enorme de professores a pagar propina ao político em troca de aumento salarial e esconder a informação? Os políticos que decidem onde gastar de olho no seu próprio bolso tenderão, portanto, a escolher mais pontes e menos salários para professores do que a sociedade o faria.


35 - Da mesma forma, quando alguém deixa de importar uma máquina por conta da demora para liberar os equipamentos na alfândega, há um efeito negativo da legislação sobre a economia. E mesmo quando a despeito dos empecilhos se importa a máquina, a regulamentação também é custosa porque deixa ocioso por muito tempo um recurso que poderia ser utilizado produtivamente mais cedo.


36 - Posicionam-se contra as barreiras à entrada em algumas profissões. Os custos delas superariam os benefícios.



"12. O poder mágico da cerveja"


38 - Basicamente, estatística e econometria básica. Já li livros.


39 - Algumas formas de isolar variáveis podem ser criativas à primeira vista. Facilidade de aprender versus escolaridade: "...A relação encontrada usando esta técnica é positiva e de grande magnitude: o irmão gêmeo que estuda mais tem, em média, salário maior – e nesse caso ao menos sabemos que as variáveis omitidas nos genes não estão influenciando os resultados."



"13. Casas esquisitas"


40 - Explica por que, em vários países do mundo, há excesso de casas em formatos esquisitos. São formas de driblar algum imposto. "...por janela... por andar da frente... por largura da fachada...". Cada vez que se cria uma forma de cobrar mais, surge uma solução arquitetônica para os ricos. No pior cenário, nem o governo arrecada, nem se vive em casa bonita/normal.


41 - Especula que o europeu trabalhe menos horas em razão da maior taxação: "Para se ter uma ideia, na França a taxação sobre as horas trabalhadas pelas pessoas chega até aproximadamente 55% a partir de um certo nível de salário; nos Estados Unidos, o número equivalente é 35%."


42 - Impostos podem incentivar informalidade e sua consequente perda de eficiência econômica. As empresas e trabalhadores do setor informal não têm seus contratos e transações registrados. Sem esses registros (ou com registros incompletos), eles têm maiores dificuldades de demonstrar sua capacidade de pagamento aos bancos devido à falta de dados oficiais sobre seus lucros e rendimentos. Isso dificulta e encarece o crédito. Além disso, a empresa no setor informal precisa permanecer pequena. Primeiro


43 - ...No setor informal, a empresa paga menos imposto, mas por outro lado tem que arcar com os custos dessa decisão, como o menor acesso a capital e a ganhos de escala, assim como os moradores das casas esquisitas pioravam suas casas para pagar menos impostos.


44 - É difícil estimar o tamanho do setor informal de uma economia – justamente porque quem escolhe trabalhar na informalidade tem motivos para não querer se mostrar à lei – mas de acordo com os resultados de alguns estudos, o setor informal equivale a cerca de 15% do PIB nos países desenvolvidos, e entre 35% a 40% na América do Sul. (Dados de 2000).


45 - O exemplo do lápis foi bem didático. O que não fala é que o poder de compra da restrição orçamentária não some. 


46 - Não deixar o país sem bens de capital: A taxação progressiva sobre o trabalho – isto é, quanto maior o salário maior o imposto – também cria suas distorções, mas é melhor que a tributação sobre o capital.


47 - ..."O dono da terra não tem muitas opções e, justamente por isto, o imposto sobre a terra não gera muita ineficiência. Do lado da equidade, um imposto sobre a terra que incida mais pesadamente sobre os que têm as maiores propriedades tenderá a recolher mais recursos dos mais abastados".



"14. As cigarras"


48 - O que importa é que a contribuição para a previdência funciona como um imposto sobre o trabalho. (...) Considere dois funcionários de uma empresa, um que recebe de salário R$10.000 por mês e outro que recebe R$20.000 mensais. A empresa paga ao INSS 20% sobre o salário de cada um deles. Contudo, os dois vão receber o mesmo valor quando se aposentarem, dado que esses valores suplantam o teto estabelecido para benefícios pagos pelo sistema. É por isto que a contribuição obrigatória tem o efeito de um imposto sobre o salário: ela não devolve na proporção que toma. (É... Mas, em compensação, o rico e seus pensionistas têm expectativa de vida bem maior)


49 - Previdência e uma possível distribuição de renda: Tais transferências devem ser financiadas com impostos. Note, contudo, que em princípio o combate à pobreza poderia ser tratado no âmbito dos programas sociais de transferência de renda, desvinculado do sistema previdenciário.


50 - Coloca que um dos problemas de mudar para a capitalização seria a enorme disputa sobre as necessariamente arbitrárias regras de transição, mantendo o equilíbrio da coisa.



"15. Os ombros dos gigantes"


51 - Existem sim dois motivos importantes para a intervenção do governo na educação, duas falhas de mercado relevantes: externalidades e a ausência do mercado das almas.


52 - Defende vouchers a la Friedman e pensa formas de "correção": Outra possível dificuldade com este esquema é que talvez não seja lucrativo para empreendedores privados abrir uma escola em uma região onde a quantidade de recursos em termos de vale-escola não for suficientemente elevada. Como o setor privado se move pela possibilidade do lucro, é possível que algumas regiões se vissem privadas de escolas particulares. Mas nestes casos o governo poderia interferir diretamente provendo ele mesmo a escola. Inclusive seria útil para o governo manter alguns estabelecimentos de ensino para poder ter uma ideia melhor da estrutura de custos de uma escola e, com base nela, escolher o valor dos vales-escola.


53 - (...) pensamos que o governo deve não só incentivar a educação, mas torná-la mandatória para as crianças. Programas que incluem a obrigatoriedade de matricular as crianças na escola em conjunção com auxílio financeiro para as famílias mais pobres (como bolsa-escola) ajudam a alinhar os incentivos dos pais com o que é melhor para as crianças e para a sociedade como um todo.


54 - Traz discussão sobre a gratuidade do caro ensino superior: "...Enquanto o debate não avança, a população como um todo continua financiando até mesmo o custo do estacionamento “gratuito” dos carros dos estudantes nas universidades públicas (são dois esses custos: o direto, de manter o estacionamento; e o indireto, mais importante, que é o custo de oportunidade de não utilizar aquele espaço físico para outros fins)."



"16. O milagre da transformação do suco de laranja em vinho"


55 - Passa a falar das vantagens do comércio internacional para a especialização e consequente aumento da produtividade do trabalho. O tamanho do mercado consumidor vai deixando de ser uma limitação.


56 - Não é à toa que países geograficamente menores e menos populosos são também os que mais transacionam com o exterior – e que países maiores, onde os ganhos de escala podem ser colhidos vendendo-se para seus próprios compatriotas, são mais fechados às transações externas.


57 - Cita a importância da importação de novos bens e insumos para o aumento da produtividade. 


58 - Faz uma associação entre abertura econômica e desigualdade que não sei se é confirmada pelos dados: Dizendo de outra forma, se o fator de produção (relativamente) abundante em uma economia é a mão-de-obra pouco qualificada, maior abertura comercial tende a melhorar a distribuição de renda. Por outro lado, em um país como os Estados Unidos, onde os fatores de produção preponderantes são capital e mão-de-obra qualificada, maior abertura comercial tende a piorar a distribuição de renda, pois leva a um aumento da remuneração destes dois fatores em detrimento da mão-de-obra menos qualificada.


59 - ...Basta a invasão dos produtos chineses para diminuir a desigualdade na China e aumentá-la dentro dos Estados Unidos. (Em tempo, "na real", a desigualdade cresceu em ambos).



"17. O mercado de promessas"


60 - Crédito x PIB per capita:



61 - Afirmam que estudos estatísticos tentando contornar os problemas de causalidade reversa e variável omitida encontram, em sua maioria, uma relação de causa e efeito indo do volume de crédito para o desenvolvimento econômico.


62 - Parecem ter boa esperança nas políticas de microcrédito como forma de redução da pobreza e desigualdade


63 - Mercado financeiro e inovações: Os mercados financeiros possibilitam esta diversificação de riscos. A venda de ações de uma empresa para outras pessoas significa que cada acionista individual, dono de uma parcela da mesma, arcará com uma parte relativamente pequena do risco do novo empreendimento. Na ausência desta possibilidade de diversificação, todo o risco de um novo negócio teria que ser carregado por uma pessoa só, o que desencoraja as inovações.


64 - No Brasil, pode se conjeturar que a alta demanda do governo por divisas e os altos juros praticados expliquem a escassez de oferta de crédito para pequenas empresas e pessoas. Contudo, mesmo em lugares onde as taxas básicas de juros são baixas, o micro crédito não floresce espontaneamente. Não é lucrativo investigar se cada pessoa - física ou jurídica - pobre/pequena é boa pagadora. A quantia emprestada é pequena.


65 - Além disso, o problema de assimetria de informação não é lá muito significativo para grandes empresas, que podem fornecer garantias para seus empréstimos, possuem receitas mais estáveis e têm uma reputação a zelar. Mas, o grosso dos empréstimos do BNDES, quase 80% do total, vai justamente para estas empresas de grande porte, e não para as pequenas firmas, estas sim mais acometidas pelas restrições de crédito derivada das imperfeições de mercado aqui debatidas. Esse padrão dos empréstimos do BNDES pouco contribui para atenuar o problema de assimetria informacional que afeta os mercados de crédito.



"18. Faxineiro ou aviãozinho"


66 - A "guerra às drogas" é bastante cara e a proibição estimula corrupção e crimes. 


67 - Estudos estatísticos apontam que quando 12 estados americanos descriminalizaram a maconha nos anos 70, o consumo de maconha aumentou, mas o consumo de outras drogas caiu. Quando a idade mínima para comprar álcool nos Estados Unidos subiu nos anos 80, os atingidos pela lei passaram a beber menos mas a fumar mais maconha (em média).


68 - Muitos anos após aprovada a liberação das drogas, em um mundo sem narcotráfico, não haveria o aprendizado de fugir da polícia, manejar armas, e encontrar comparsas decorrente do envolvimento e aprendizado ligado ao comércio de drogas. Não haveria também bandidos traficantes fugindo da polícia para os quais um crime a mais não faria muita diferença. No longo prazo, esses fatores contribuiriam para reduzir a criminalidade e a violência. Mas isso é no longo prazo, advertem. 


69 - Se os roubos ocorrem para financiar o consumo, então o altíssimo preço das drogas decorrente da proibição aumenta a incidência de furtos e assaltos e, portanto, a liberalização reduziria a criminalidade.



"19. Pedreiros e políticos"


70 - Por exemplo, o objetivo primordial dos acionistas de uma empresa – seus verdadeiros donos – é que ela dê o máximo lucro possível. Contudo, esta não é necessariamente a maior preocupação do presidente da empresa. Ele, como todos nós, escolhe em geral o que é melhor para si mesmo, e isto pode diferir bastante do que é o melhor para o grupo de acionistas. Por exemplo, adquirir uma outra empresa pode lhe colocar na capa dos principais jornais e lhe deixar ainda mais poderoso, por ter sob seu controle uma empresa de grande porte após a fusão. Entretanto, este tipo de operação nem sempre é lucrativa para empresa e, portanto, nem sempre vai ao encontro dos interesses dos acionistas.


71 - Defende sistema distrital com lista aberta. Reduziria a corrupção talvez. O eleitor se lembraria mais e fiscalizaria mais. 


72 - O sistema proporcional teria impacto sobre as contas públicas por incentivar lobbys de grupos mais específicos: O estudo de Torsten Persson e Guido Tabellini – “The Economic Effects of Constitutions” – mostra que as diferenças entre os gastos públicos totais e com previdência dos países que adotam os sistemas proporcional e distrital são de 5% e 2% do PIB, respectivamente. Além disto, nos países onde o sistema proporcional o déficit do governo é via de regra maior.



"20. As leis da economágica"


73 - Posiconam-se contra a gratuidade nos estacionamentos dos shoppings: As leis contra a poluição têm o objetivo de corrigir essa distorção, fazendo com as empresas levem em conta as externalidades negativas em suas decisões. Já as leis da economágica fazem justamente o contrário: onde não há motivo para intervir, elas chegam para atrapalhar a alocação eficiente de recursos na economia.


74 - Sem contar as ações judiciais que tais discussões inúteis sobre economágica geram, afirmam. 


75 - Cita outros vários exemplos de lei se metendo onde não deve, em tese. Critica o paternalismo estatal. São muitos os efeitos colaterais do suposto combate à doença.


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