Livro: Vinícius Oliveira Santos - Trabalho imaterial e teoria do valor em Marx - "PARTE A"
Livro: Vinícius Oliveira Santos - Trabalho imaterial e teoria do valor em Marx
Pgs. 9-17:
"Introdução"
1 - Serviços: são os maiores receptores dos fluxos de investimento internacional. 60% do investimento global entre 2005 e 2007. É a amplicação do "trabalho imaterial". Negri, Lazzarato e Gorz seriam os expoentes desse termo/teoria.
2 - Um exame da obra de Karl Marx que busque elementos concernentes à imaterialidade do trabalho certamente apontará que o autor não delineou uma teoria sobre o trabalho imaterial, ou que este ponto nunca constituiu objeto delimitado de pesquisa na empreitada marxiana.
3 - Obras de arte: são objetos materiais com características úteis imateriais.
4 - Conceitos...: ...chamamos de trabalho imaterial todo trabalho humano cujo resultado útil seja predominantemente imaterial, mesmo quando há a necessidade de mediação de objetos materiais para que este trabalho imaterial seja efetivado enquanto utilidade.
Pgs. 18-53:
"CAPÍTULO 1: "TEORIA DO VALOR E O PROBLEMA DA QUANTIFICAÇÃO"
5 - Basicamente, expõe a dificuldade em se mensurar quantitativamente, de forma exata, o trabalho imaterial (serviços de saúde... informática... arte...).
6 - No seu estudo sobre o imaterial, André Gorz apresenta os fatores relacionados ao “componente comportamental” e à “motivação” como elementos fundamentais da produção imaterial. (...) Gorz afirma que a essência do trabalho imaterial (qualidades imaginativas e componentes imateriais) é diferente da essência do trabalho material (dispêndio de tempo de trabalho).
7 - Segundo Gorz, o "imaterial" não é redutível a trabalho abstrato. (...) Para eles, a teoria marxiana do valor é uma teoria quantitativista. Perdeu importância.
8 - O caráter cada vez mais qualitativo, cada vez menos mensurável do trabalho, põe em crise a pertinência das noções de ‘sobretrabalho’ e ‘sobrevalor’” (Gorz, 2005, p. 30).
9 - Ao que pareceu, alguns autores do "trabalho imaterial" chegam a negar partes fundamentais do arcabouço teórico marxista, considerando que sequer dá pra falar em mais-valia e exploração atualmente. Como chegaram a isso, não sei.
10 - O que Negri e Hardt querem dizer exatamente aqui eu não sei bem: "Hardt e Negri expressam na seguinte sentença: “o aspecto cooperativo do trabalho imaterial não é imposto e organizado de fora, como ocorria em formas anteriores de trabalho, mas a cooperação é totalmente imanente à própria atividade laboral”
11 - Lazzarato e Negri veem, utilizando trechos da passagem de Marx antes citada, que no modelo produtivo atual as condições para a superação do capitalismo já estão dadas. Por meio das modalidades de trabalho imaterial, a relação do indivíduo com a produção se dá “em termos de independência com relação ao tempo de trabalho imposto pelo capital (...) e em termos de autonomia com relação à exploração” (Lazzarato; Negri, 2001, p. 30). Em outro momento, Lazzarato (2001a) qualifica essa relação como sendo de uma radical autonomia.
12 - Coloca que só Smith e Ricardo é que eram "quantitativistas": Em suas origens, a teoria do valor-trabalho tem preocupações fortemente enraizadas naquilo que chamamos de quantitativismo da teoria do valor.
13 - "Entretanto, embora o trabalho seja a medida real do valor de troca de todas as mercadorias, não é essa a medida pela qual geralmente se avalia o valor das mercadorias. Muitas vezes, é difícil determinar com certeza a proporção entre duas quantidades diferentes de trabalho. (...) Ora, não é fácil encontrar um critério exato para medir a dificuldade ou o engenho exigidos por um determinado trabalho" (Smith, 1996, p. 88). (...) Por ser invariável, o elemento que expressa o valor real das mercadorias é o trabalho. Não o dinheiro.
14 - Coloca que a teoria do valor-trabalho de Ricardo tinha exceções: “Algumas mercadorias têm seu valor determinado somente pela escassez. Nenhum trabalho pode aumentar a quantidade de tais bens, e, portanto, seu valor não pode ser reduzido pelo aumento da oferta. Algumas estátuas e quadros famosos, livros e moedas raras, vinhos de qualidade peculiar, que só podem ser feitos com uvas cultivadas em terras especiais das quais existe uma quantidade muito limitada, são todos desta espécie. Seu valor é inteiramente independente da quantidade de trabalho originalmente necessária para produzi-los e oscila com a modificação da riqueza e das preferências daqueles que desejam possuí-los” (Ricardo, 1996, p. 24).
15 - Em suma, o trabalho em Ricardo é instrumental. Ele está interessado mesmo é na medida do valor. Explicar as trocas pelos valores/preços relativos.
16 - Coloca que essa história de Marx como "pós-ricardiano menor" vem com Samuelson.
17 - Segundo Marx, “a lei do valor das mercadorias determina quanto de todo tempo de trabalho disponível a sociedade pode despender para produzir cada espécie particular de mercadoria” (1985, p. 280).
18 - Surge yma inovação tecnológica ao mesmo tempo em que a fábrica está trabalhando com equipamento "defasado": "...Cairá também pela metade o valor da mercadoria já produzida...".
19 - O salário por peça não expressa diretamente na realidade nenhuma relação de valor. Não se trata de medir o valor da peça pelo tempo de trabalho nela corporificado, mas, ao contrário, de medir o trabalho despendido pelo trabalhador pelo número de peças que produziu (Marx, 1988, p. 134) (...) no salário por peça, o trabalho é medido “pelo quantum de produtos em que o trabalho se condensa durante determinado período de tempo. (...).
20 - Ainda não peguei exatamente a diferença que o livro alega estar presente em Marx. Aqui, por exemplo, parece uma questão conceitual/terminológica: “Ricardo também sabia, é claro, que para se encontrar a base dos valores era necessário reduzir o trabalho do indivíduo ao ‘trabalho socialmente necessário’ (ele destaca isso na seção II do capítulo I de sua obra). Mas, para ele, isso só diz respeito ao aspecto quantitativo do problema, e não ao qualitativo” (Rosdolsky, 2001, p. 114)." Que o valor - ao menos esse "valor" do capitalismo - não é algo "intrínseco à coisa", mas sim advindo de uma (no mínimo) relação social específica, eu meio que já sei.
21 - Marx: "Mas o que é o valor de uma mercadoria? Forma objetiva do trabalho social despendido em sua produção". "Valor da terra" e "valor do trabalho" seriam expressões imaginárias, coloca.
22 - Para tomar de empréstimo a expressão utilizada por Carcanholo e Teixeira, parecenos que há na teoria do trabalho imaterial uma “leitura ricardiana de Marx”.
23 - (Achei quase tudo bastante vago).
Pgs. 54-68:
"CAPÍTULO 2: "TRABALHO IMATERIAL E MAIS-VALIA: A ABRANGÊNCIA DA CATEGORIA TRABALHO PRODUTIVO"
24 - Fisiocratas: ...pela primeira vez, o capital produtivo (e não o capital mercantil) como a relação pela qual se origina a mais-valia. É o produtivo que gera excedente.
25 - Smith: O trabalho improdutivo, por sua vez, não incorpora valor a nenhum objeto, não se materializa em nenhum produto que possa perdurar e ser vendido a uma soma de valor superior aos elementos necessários à produção. ... um indivíduo aumenta a magnitude de sua riqueza ao contratar operários, mas empobrece se paga muitos trabalhadores improdutivos, apesar da incontestável utilidade de suas atividades e merecimento de remuneração. (A meu ver, Smith não leva em conta os custos de oportunidade dessas contratações).
26 - ...O conceito de trabalho produtivo em Smith depende, portanto, da possibilidade do trabalho incorporar valor a um objeto, a uma mercadoria material, física, para que possa ser posteriormente realizada. Já os serviços morrem no instante em que são executados.
27 - ...Levando suas teorizações às últimas consequências, podemos extrair os seguintes resultados: em primeiro lugar, o trabalho imaterial teria independência relativa em relação à produção de mais-valia; em segundo, o capital seria incapaz de obter lucro a partir de uma produção imaterial, uma vez que este tipo de produção não gera um resultado material no qual o valor deve ser incorporado; em terceiro, como decorrência dos pontos anteriores, a teoria do valor teria uma abrangência restrita, dizendo respeito apenas à produção de mercadorias materiais.
28 - Say, apesar de admirar Smith, atribuía valor a qualquer produção que atendesse necessidade humana. A produção não é em absoluto uma criação de matéria, mas uma criação de utilidade (Say, 1983, p. 68).
29 - No entanto, Say via limites para a acumulação de capital no trabalho imaterial: "Uma nação em que encontrássemos uma multidão de músicos, de sacerdotes e de empregados poderia ser uma nação muito divertida, bem doutrinada e admiravelmente bem administrada; mas seria tudo. Seu capital não recebería nenhum acréscimo direto de todo o trabalho dos homens industriosos, porque seus produtos seriam consumidos à medida que fossem criados (Say, 1983, p. 126)." Por isso, afirma Vinícius Santos: Para o autor, o resultado do trabalho imaterial contém valor enquanto utilidade, mas não contém valor enquanto geração de riqueza para acumulação de capital. (...) Por tais razões, consideramos que, na teoria de Say, a inserção do trabalho imaterial no conceito de trabalho produtivo é apenas parcial.
(...)
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