Livro: Fábio Barbieri - História do Debate do Cálculo Econômico Socialista - Capítulo 2 (PARTE "B")
Livro: Fábio Barbieri - História do Debate do Cálculo Econômico Socialista
Pgs. 43-68:
"CAPÍTULO 2: "A Pré-História do Debate (PARTE "B")"
24 - (perdi)
25 - (perdi)
26 - Ao que entendi, a ideia de Neurath era olhar para as firmas de maior produtividade de um determinado setor e meio que imitar proporcionalmente os "coeficientes de fatores" da coisa, digamos assim. Ele colocou que a economia de guerra foi um exemplo de que os preços poderiam ser dispensados caso o sistema seja aperfeiçoado.
27 - Ainda Neurath: Uma economia ‘socializada’ necessariamente implicaria planejamento central e supressão do sistema monetário, peça fundamental do irracionalismo das economias de mercado. O planejamento substituiria o cálculo em termos de valores monetários pelo cálculo em espécie.
28 - Afirma que Neurath era um positivista lógico que pretendia construir, tal como um engenheiro, a economia de cima para baixo, algo talvez visto como utópico para Marx.
29 - ...Para elaborar os planos, o Escritório Central de Medição em Espécie teria que possuir conhecimento sobre as possibilidades de produção, consumo, movimentos de matérias primas e energia, quantidades de recursos utilizados em cada processo produtivo e assim por diante. Esse conhecimento seria adquirido por meio de “estatísticas universais” uniformes e abrangentes (a abrangência deveria ser mundial). Com a socialização da atividade produtiva, seriam reveladas também as informações mantidas em segredo pelas empresas que seguem a lógica da competição por lucros. Tudo seria ‘transparente e controlável’.
30 - O lucro seria, para Neurath, mero incentivo a ser substituído por outros prêmios. Não teria, assim, função de orientar a alocação de recursos.
31 - Wieser e o tal "valor natural": No valor natural os bens são valorados simplesmente de acordo com suas utilidades marginais. Não há influência das flutuações de mercado porque o bem não serve à troca.
32 - Atribui-se a Wieser a criação da expressão ‘utilidade marginal’.
33 - Em Wieser, "a única diferença para uma economia coletivista seria que a renda e os juros vão para o estado, não para os proprietários privados." Ao que entendi, imaginei um "socialismo" baseado na utilidade marginal dos bens.
34 - Foi Böhm-Bawerk, cunhado de Wieser, porém, o principal oponente do socialismo no final do século XIX.
35 - Lembra que Pareto parece considerar um planejamento completo algo algebricamente impossível. Seria um "número fabuloso de equações" baseadas no conhecimento completo de ofelimidades e afins. (Já fichei lá no livro dele).
36 - Quanto à superioridade de um sistema ou outro, Pareto afirma que (assumindo-se a possibilidade de resolver o problema no socialismo), embora o estado possa corrigir falhas alocativas encontradas em uma economia livre, o grande número de funcionários necessários para realizar os cálculos representaria um custo em termos de atividades produtivas.
37 - Cita um artigo de Barone (1908) sobre a possibilidade do cálculo no socialismo. Lange afirma que o artigo de Barone teria refutado a tese de Mises antes que esta fosse formulada.
38 - A sopa de letras eu li sem a mínima intenção de aprender, mas, por aqui, dá para ver, por exemplo, como ele esperava obter uma espécie de taxa natural de juros para seu socialismo: Deixe que se escolha aleatoriamente uma taxa de prêmio pelo consumo adiado; deixe então observar quanta poupança na base desse prêmio é colocado voluntariamente a disposição. Então descubra se com essa poupança é possível fabricar dada quantidade de capital novo que será capaz no futuro de por a disposição do povo uma quantidade de produtos e serviços grande o bastante de forma a ser de fato possível pagar pelo prêmio. E por tentativas e erros, aumentando e reduzindo o prêmio prometido, poderá ser encontrado um valor que torne o esquema realizável. (Barone, 1908: 268)
39 - "Se o Ministério da Produção propor obter o máximo coletivo – o que ele obviamente deve, seja qual for a lei de distribuição adotada – todas as categorias econômicas do regime antigo devem reaparecer, embora talvez com outros nomes: preços, salários, juros, renda, lucro, poupança etc... Não apenas isso;..., as mesmas duas condições fundamentais que caracterizam a competição livre reaparecem, e o máximo mais aproximadamente atingido quanto mais perfeitamente elas são percebidas. Nós nos referimos, é claro, às condições de custo mínimo de produção e equalização do preço ao custo [marginal] de produção. (Barone, 1935:289)"
40 - Barone, ao contrário de Pareto, não achava o cálculo impossível, mas apenas desviaria gente demais das atividades "realmente produtivas", digamos assim. (Então hoje, com os algoritmos, ok?). Porém, a variabilidade dos coeficientes técnicos "a priori" é impossível de ser dada, logo, como minimizar o custo?
41 - A variabilidade ocorre porque estes coeficientes só podem ser obtidos pela experimentação de formas diferentes de combinar recursos que ocorre em cada firma. (...) Barone critica, então, a idéia socialista de que seria possível organizar a priori, sem fazer uso do processo ‘anárquico’ de correção de erros a posteriori com o auxílio do sistema de preços.
42 - Barone (1908:246-7), revelando uma orientação positivista, se orgulhava do caráter científico de sua contribuição, desprezando conceitos ‘metafísicos’ como utilidade, grau final de utilidade (utilidade marginal) ou ainda curvas de indiferença, pretendendo basear sua contribuição na autenticidade de fatos simples como demanda, oferta e custos de produção. Além disso, o uso da matemática seria a única maneira conhecida de expor o argumento de forma breve, precisa e inequívoca.
43 - Cassel, outro autor: Quanto ao socialismo propriamente dito, observa o autor que o uso da moeda será necessário para alocar os recursos, e a presença dos vales (vouchers) imaginados pelos socialistas como esquema distributivo na primeira fase do comunismo desempenharia o papel de moeda. Isso ao contrário do que pretendia Marx. Estado forneceria preços visando evitar escassez.
44 - ...Cassel mostra como, dadas as demandas, os coeficientes de produção e as quantidades de recursos, derivam-se as quantidades de bens e preços de equilíbrio, por meio de equações que a) igualam o preço ao custo (competição), b) relacionam a demanda aos preços e renda e c) relacionam os usos dos fatores com a quantidade produzida de cada bem.
45 - Coloca que Thiers já usava, por volta de 1850, o argumento de Mises. Sem preços, como definir as necessidades de alocação?
46 - Ainda sobre a pré-história do debate: Beaulieu, por exemplo, antecipa Hayek ao salientar que o sistema de preços permite uma economia de informações que, na ausência de mercados, deveriam ser coletadas na sua totalidade pelo órgão de planejamento central: o empresário, por outro lado, altera seus planos de produção conforme os preços se alterem, sem que conheça os detalhes sobre as mudanças na demanda e oferta de outras firmas.
47 - O próprio Mises colocou que Gossen já antecipava, em 1853, o problema do cálculo. E realmente o trecho é o mesmo argumento.
48 - Pierson dizia: Se um bem se tornar mais escasso, como substituir o processo de alocação que hoje é feito via aumentos de preços? Preços fixos ou cupons por produtos não são capazes de resolver esse problema, e nesse caso surgiria o comércio entre cupons, a preços diversos das taxas de troca oficiais: "Portanto o princípio comercial, que tal sociedade procurou em vão abolir, vem mais uma vez ao primeiro plano. ... O fenômeno do valor não pode ser suprimido mais do que a força da gravidade. O que é escasso e útil tem valor. (1902:75)"
.
Comentários
Postar um comentário