Livro: Carlos Eduardo Gonçalves e Bernardo Guimarães - Economia sem Truques - "PARTE A"
Livro: Carlos Eduardo Gonçalves e Bernardo Guimarães - Economia sem Truques
(São 100 páginas de 20 curtos capítulos.)
"1. O pobre não é burro"
1 - Há um pequeno prólogo.
2 - Este trecho aqui me lembra algumas discussões sobre liberdade e materialismo: ...estas escolhas não são totalmente livres. Inúmeras restrições as condicionam, delimitam e influenciam, como, por exemplo: (i) as limitações de ordem financeira que todos enfrentamos (o salário de professor universitário não nos permite escolher viajar para o exterior de primeira classe); (ii) os impedimentos de natureza jurídico-legal que nos cercam (podemos acabar presos se, para comprarmos o ticket de primeira classe, resolvemos assaltar um banqueiro em sua mansão); (iii) a nossa falta de informação sobre diversos temas (quanto dinheiro será que o banqueiro guarda em sua casa? Ela é fortemente vigiada por câmeras de segurança?), (iv) as normas morais que regem nosso padrão de comportamento social (mesmo se a mansão estiver desprotegida e a probabilidade de sermos pegos pela polícia for muito baixa, não achamos correta a escolha de assaltar o banqueiro); etc.
3 - Em 1992 mais de 50 mil crianças estavam escolhendo trabalhar para a indústria têxtil de Bangladesh, escolha esta que a lei americana as impediu de manter. As conseqüências da lei foram trágicas para as crianças. Elas não deixaram o trabalho para ingressar na escola, nem tampouco passaram a curtir as tardes brincando nos parques. A realidade mostrou-se menos idílica: elas se tornaram prostitutas, trombadinhas, ou foram trabalhar quebrando pedras na pedreira. Em suma, saíram da fábrica para se envolver em atividades ainda piores. Além disto, algumas mães tiveram que abandonar seus empregos para cuidar dos filhos, acentuando o problema de pobreza destas famílias. (Ok, entendi o ponto, mas aqui eles ignoram que essas mesmas indústrias podem ter continuado a operar, agora com adultos, gerando benefícios a famílias de outros locais. Se todo mundo rebaixar as normais mínimas para atrair capital, o cenário fabril vai voltar parcialmente aos primórdios. Vale o mesmo para o exemplo que deram sobre proibição da prostituição)
4 - Mas quando a inflação cai, o tamanho e a importância estratégica dos departamentos de finanças nas empresas diminui a olhos vistos. Mais recursos (humanos e financeiros) passam então a ser alocados para os departamentos de criação de novos produtos, ou para os de vendas.
"2. A feia fumaça e o casaco verde-chiclete"
5 - Externalidades envolvem cálculos: O fato de uma ação provocar externalidades negativas não significa que ela não deva ser tomada. Por exemplo, a ambulância que passa correndo na minha frente para chegar um pouco antes ao seu destino atrasa a minha viagem em alguns segundos. Mas os segundos para a pessoa que precisa de atendimento médico são mais importantes do que para mim. Então, a ação do motorista da ambulância não deve ser coibida porque seus benefícios compensam suas externalidades negativas. Da mesma maneira, aviões poluem o ar, mas a viagem de avião deve ser evitada apenas se os custos para todos provenientes da externalidade negativa – a poluição – superarem os benefícios líquidos diretos da ação para os passageiros – ou seja, o benefício do transporte menos os outros custos da viagem.
6 - A guerra dos diamantes em paises africanos como Serra Leoa é uma triste ilustração de como os incentivos e escolhas individuais (ou de grupos) – que tentam vorazmente se apropriar dos diamantes que jazem nas minas do país – podem levar a um rompimento completo do tecido social. Para os habitantes de Serra Leoa, os diamantes são uma maldição, não uma benção.
"3. A lei que proíbe cobrar menos"
7 - Posicionam-se contra a lei de meia-entrada porque a maioria dos pobres não estão nas universidades. Logo, acabam ficando ainda mais excluídos, ao terem que pagar "inteira".
8 - Colocam que a maioria das interferências legais nos preços têm forte poder de criar algum custo imprevisto em "outro ponta". É a lembrança de que não existe almoço grátis. Por outro lado, algumas leis contribuem para reduzir preços. As leis que obrigam restaurantes a exibirem os preços de seus pratos na porta, ou postos de gasolina a apresentarem seus preços em lugar visível e letras garrafais, facilitam a aquisição de informação pelo consumidor. Sendo mais fácil obter informação sobre a concorrência, o consumidor reage mais a preços e, portanto, passa a ser mais lucrativo para as empresas cobrar preços menores. (...) As leis que impedem a empresa de vender “gato” por “lebre” através de manipulação de informação, além de importantes em si, também estimulam a concorrência.
"4. A lei que aumenta o salário"
9 - As forças que definem a "função salário" digamos assim: E são três os fatores jogando papel importante nesta interação, a saber: (1) as escolhas das empresas que demandam trabalhadores; (2) as escolhas dos trabalhadores, que vendem seu trabalho; e (3) o processo de barganha entre empresas e trabalhadores.
10 - Um dos fatores que aumenta o poder de barganha dos trabalhadores é sua capacidade de migrar entre empresas ou abrir seu próprio negócio.
11 - Apresentam uma possível explicação para o descolamento do "trabalhador de alta produtividade" a partir dos anos 70: Devido a menor pressão competitiva e também ao menor fluxo de tecnologia e de comércio, cada empresa tocava suas operações de maneira bastante própria, não havendo como hoje tanta convergência dos processos produtivos em direção ao mais eficiente. Os trabalhadores, portanto, eram muito familiarizados com o processo produtivo dos seus locais de trabalho, mas sabiam menos dos processos das outras empresas. Por serem suas habilidades mais específicas à empresa a que pertencia, era mais difícil mudar de emprego. (...) Sair e abrir um novo negócio também não era geralmente uma alternativa viável. Os mercados de capitais eram menos desenvolvidos, sendo mais difícil levantar recursos suficientes para se abrir uma nova empresa. (...) Todos estes fatores contribuíram para aumentar o poder de barganha dos trabalhadores qualificados.
12 - Imposto sobre o trabalho: Assim, do lado das firmas o imposto gera uma menor procura por trabalho, mas do lado dos trabalhadores ele não gera menor oferta. Esta combinação leva inicialmente a um aumento do desemprego e, posteriormente, a diminuição dos salários. O primeiro impacto é no desemprego porque existem impedimentos a ajustes automáticos dos salários (por exemplo, é necessário aguardar a próxima renegociação salarial, dado que os contratos fixam o valor nominal dos pagamentos por um certo prazo). Estando as empresas impedidas, por algum tempo, de ajustar os salários para baixo, a taxação impactará mais pesadamente a quantidade de empregados contratados, e o lucro, ambos agora menores. No longo prazo, após os ajustes à nova situação, o impacto negativo sobre os salários passa a ser a consequência mais importante do novo imposto sobre o trabalho.
13 - A faxineira na Inglaterra ganha muito mais do que a brasileira não por limpar melhor a casa ou por ser mais produtiva, mas sim porque há menos pessoas na Inglaterra que escolhem esse tipo de trabalho. Menos gente oferta o serviço de faxineira e, portanto, seu rendimento, é maior. Custo de oportunidade para a faxineira é mais alto lá.
14 - Repetem a tese antiga de que salário mínimo maior implica necessariamente desemprego. A "PEC das domésticas", por exemplo, geraria, afirmam.
"5. De caçadores-coletores a guias de turismo lunar"
15 - Tudo muito óbvio. No mais, algumas afirmações ideológicas e-ou exageradas.
"6. E eu vos declaro marido e mulheres"
16 - Idem anterior
"7. O preço do futuro"
17 - Muitas obviedades também e algumas imprecisões. Sobre dívidas: Por exemplo, os aumentos nas taxas de juros internacionais no início dos anos 80 levaram boa parte dos países latino-americanos a buscar acordos com o FMI e credores internacionais. Depois de muitos anos de negociação, Brasil, Uruguai, Argentina e México obtiveram uma redução da dívida de cerca de 30%
"8. Vegetarianos, preços e bois"
18 - Basicamente? Sistema de preços é importante no capitalismo.
19 - Controle de preços em itens populares: No longo prazo, a oferta de arroz e feijão cairia após uma fixação de preços, e o problema social não seria atenuado.
20 - Simula uma situação de subsídio estatal ao preço do produtor de carne que está perdendo lucro devido a uma mudança na população com mais adesão ao veganismo: Dados os custos de se produzir carne e soja e as vontades de consumo das pessoas, o país estaria produzindo soja de menos e carne demais. Aqueles que não se convertessem à dieta vegetariana estariam comendo mais carne do que comeriam se considerassem na sua decisão os reais custos de produção.
21 - Um país que de chofre se descobre possuidor de grande fonte de riquezas naturais vivencia uma valorização de sua moeda. O motivo é simples: caso se descubram reservas e mais reservas de petróleo em solo nacional, crescerão as exportações de petróleo e entrarão, como contrapartida, muitos dólares no país. A entrada de muitos dólares, que os exportadores de petróleo trocam por reais para poderem consumir outros bens aqui dentro, desvaloriza o dólar, o que é o mesmo que dizer que fortalece nossa moeda.
(...)
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