Livro: João Bernardo - Marx Crítico de Marx III - Capítulos 25, 26, 27, 28 e 29

 

Livro: João Bernardo - Marx Crítico de Marx - Livro Terceiro (Volume III)



IV Seção: Tecnologia


Pgs. 144-163:


"CAPÍTULO 25: "O ponto vazio do sistema ideológico como expressão da prática fundamental"


53 - Coloca que aprender uma língua é descobrir seu sistema de oposição. Só entendemos um "a casa é alta" porque sabemos previamente a que essas palavras se referem. Nem que seja mais ou menos. As oposições práticas que se criaram nessa questão, digamos. Ao que entendi, isso serve para as linguagens e para as ideologias.


54 - Coloca que o valor da força de trabalho vem da luta social. Não aprofunda. No geral, achei esse capítulo páginas e mais páginas de um monte de coisa que praticamente nada me disse de concreto.



Pgs. 164-175:


"CAPÍTULO 26: "A visão da determinação da tecnologia pelas relações sociais de produção"


55 - Nada me chamou a atenção aqui.



Pgs. 176-266:


"CAPÍTULO 27: "Dois modelos de transformação de um modo de produção noutro. A não-visão da determinação da tecnologia pelas relações sociais de produção"


56 - Muita filosofia que pouco me disse. 


57 - Afirma que, em Hegel, a ultrapassagem da tese é a sua conservação em uma nova forma. 


58 - Sobre a polêmica "forças produtivas/relações de produção", creio que coloca em palavras desnecessariamente complexas/tediosas, debates já colocados por outros autores que li. Bem mais na frente, vai colocar que essa contradição acaba sendo entre os interesses dos capitalistas particulares versus os dos gestores demandando a supremacia das condições gerais de produção (tentando resolver a contradição, portanto, das relações de produção/tecnologia de gestão capitalista e o desenvolvimento das forças produtivas, ao que entendi).


59 - A discussão sobre maquinário e gestão capitalista e forças produtivas, que dura mais de dez páginas de abstrações talvez inúteis, não tem nenhuma implicância prática que eu pudesse perceber. Óbvio que nem tudo - máquinas etc. - seria exatamente igual em um outro modo de produção e óbvio também que algumas máquinas ou técnicas permaneceriam.


60 - Acusa Marx de naturalização da tecnologia, mas não faço ideia do que JB quer fazer com ela.


61 - Traz trecho de Marx colocando que os capitalistas vão se tornando supérfluos, já que vão saindo até da gestão. JB coloca que isso é a porta de entrada para os gestores, disfarçados de trabalhadores. A teoria de Marx, no mínimo, traz os germes do capitalismo de Estado, ao que entendi. 


62 - Critica que Marx veja no pagamento a um diretor de cooperativa algo natural e não uma exploração (de quem recebe essa "parte de mais-valia"), não importa se do capitalista ou dos cooperados).


63 - Se o gestor não é um trabalhador que executa rotações de funções, JB vê exploração, tendo em vista que há cisão entre trabalho e conhecimento.


64 - Cita trecho onde realmente Marx parece estar associando um gerente aos trabalhadores como "produtores efetivos". JB diz que é moralismo. Transformar toda essa questão numa divisão entre "ativos e ociosos". 


65 - ...E, realmente, alguns trechos do "O Capital" dão a entender que Marx fala em autodestruição do capitalismo, sem sequer mencionar luta proletária.


66 - A análise de Marx sobre o "sistema de ações" aparece como grande revelador de uma possível concepção de "extinção do capitalismo" pela mera "socialização do capital". Gestão coletiva privada que dispensaria os capitalistas particularizados. JB se "choca" que Marx pareça louvar exatamente isso. Ou ao menos um dos Marx.


67 - O problema, em Marx, seria o sistema de ações continuar "prisioneiro dos limites capitalistas", que o desenvolvem na direção errada, digamos assim. Seria a "resolução negativa" da contradição enquanto que as cooperativas seriam, segundo o autor alemão, a "resolução positiva". 


68 - JB, apoiado em Marx, coloca que a limitação legal da jornada era tão necessária ao capitalismo quanto os cuidados para não acabar (poluir) com todas as fontes naturais. Foi como uma melhoria tecnológica. A luta, apesar de ser contra a vontade particular dos capitalistas, acabou perfeitamente integrada ao capitalismo. Os animais precisam se desenvolver e reproduzir para serem abatidos.


69 - A prática de luta proletária pressupõe igualdade entre seus membros, diferentemente das relações sociais que se travam na disciplina de fábrica. É aí que JB vê conteúdo revolucionário e não no objetivo direto - "socialização" da gestão capitalista - das manifestações ou batalhas. 


70 - JB observa que a lei do valor, segundo Marx e de forma explícita, segue valendo no socialismo. Mais do que nunca. Trata-se de regular/controlar a duração do trabalho social e proceder a distribuição mediante isso. Seria mais um aspecto da naturalização, por parte de Marx, da lei do valor, o que não seria revolucionário. 


71 - JB propõe como "instrumento contabilístico principal" o valor-de-uso objetivo - "utilidade social objetiva". Não individual/subjetiva. (Na prática, não sei bem o que seria, nem como dispense regulação do tempo de trabalho, o que vê como "capitalismo"). 


72 - Coloca que os discípulos de Marx admitem, ainda que de forma atenuado, que realmente continua a existir lei do valor no socialismo. Porém, coloca que isso se deu com a ascensão do stalinismo. Antes as diversas correntes não-stalinistas limitavam a lei do valor ao capitalismo concorrencial. Mesmo o capitalismo monopolista já abrigava "outra lei". 


73 - Coloca o debate entre Bukharin e Preobrajenski, no contexto da compatibilização entre agricultura camponesa/capitalista e indústria nacional, como discussão sobre o melhor tipo de capitalismo de Estado.


74 - As polêmicas sobre "lei do valor no socialismo" é resumida muito superficialmente. Não dá pra saber exatamente o que discutiram. 


75 - Dunayevskaya tinha posição diferente da de todo mundo. A lei do valor vigia na URSS porque esta, na verdade, nem era socialista, mas capitalista. Pra época, era uma posição que só herege defendia.


76 - JB parece colocar que o "tempo de trabalho" não poderia ser uma medida relevante num novo modo de produção, eis que isso significaria algum tipo de trabalho como opressão e não como realização. (Não sei se as coisas seriam tão belas assim, mas também não é algo impossível). 


77 - Mandel disse que Marx nunca pretendeu que a lei do valor se aplicasse ao socialismo, o que é, afirma JB, "evidentemente falso". 


78 - Lembra que, com o Estado organizando mais as informações que balizam a produção, o "desfasamento" causado pelas "não-realizações" ficou bem menos brusco. A produção se dá com base em cálculos melhores e tudo fica mais estável - ou menos instável. 



Pgs. 267-269:


"ANEXO AO CAPÍTULO 27"


79 - Parece ser um fichamento meio solto. Passei o olho, pouco dá pra entender.



Pgs. 270-276:


"CAPÍTULO 28: "A visão da determinação da tecnologia pelas relações sociais de produção (continuação da análise do primeiro modelo de transformação do modo de produção)"


80 - Vê longo trecho de Marx que abriria portas para uma proposta realmente "libertadora". Seria o reino da liberdade como "sociedade auto-institucionalizada". Entram produtores associados e não "gestores". Não aprofunda muito, porém.


81 - Defende a "concepção implícita do valor de uso social" como presente em alguns desses poucos trechos de Marx, nos quais fala em "necessidades sociais" e não o lucro governando a produção em todos os aspectos.



Pgs. 277-287:


"CAPÍTULO 29: "Conclusão: Marx quem é?"


82 - O fim do livro parece flertar com uma noção, em 1977, de capitalismo que não pode mais atender às reivindicações... Estaria esclerosado. (Ledo engano?) 


83 - Claramente ele ia fazer mais dois livros que, ao que entendi, não foram feitos (ou receberam títulos diversos).



"FIM"!



Comentários