Livro: Karl Marx - O Capital, Livro III - Capítulo 15
Livro: Karl Marx - O Capital, Livro III - Capítulo 15
Pgs. 313-342:
CAPÍTULO 15: "Desenvolvimento das contradições internas da lei"
181 - Sobre a lenta queda da taxa: tal queda promove a superprodução, a especulação, as crises e o capital supérfluo, além da população supérflua.
182 - Bomba (rs): Marx: "Ver Ed.[ward] West, que desenvolveu a lei da renda fundiária antes de Ricardo".
183 - Os perigos, ao que entendi, dos salários de miséria (pode até travar o avanço capitalista): O baixo nível do salário corresponderá à falta de energia dos trabalhadores. Nesse caso, o capital se acumula lentamente, apesar da alta taxa de lucro. A população permanece estacionária, e o tempo de trabalho que custa o produto é grande, ainda que o salário pago ao trabalhador seja pequeno.
184 - "Em geral, o trabalho do capitalista se encontra em proporção inversa à grandeza de seu capital, isto é, ao grau em que ele é capitalista". O pequeno precisa trabalhar um tanto. Estão sempre lutando contra um possível "devoramento" impetrado pelos grandes, movidos estes pelo processo de centralização/concentração que é praticamente uma consequência da lenta queda da taxa de lucro. Para crescer a massa e a escala, essa concentração/centralização se torna, no mínimo, conveniente. É o crescimento do capital constante na composição de cada mercadoria: "Isso condiciona ao mesmo tempo a concentração do capital, já que agora as condições de produção exigem o emprego massivo de capital".
185 - Tentando compensar a queda da taxa com o aumento da massa, cresce o número de valores de uso produzidos (não que isso seja o objetivo) e novas oportunidades para o capital continua empregando/explorando gente e obtendo massa de lucro e mais-valia: "Ao crescer assim a massa do trabalho empregado – e, consequentemente, do mais-trabalho –, aumenta também o valor do capital reproduzido e o mais-valor novo que lhe foi adicionado".
186 - Essa ideia de "superpopulação relativa" me parece tão relativa que não concordo com a importância/frequência em que essa questão aparece no livro.
187 - O conceito de superprodução absoluta do capital achei extremamente vago. É algo provisório? Ocorre em alguma condição matemática determinada?
188 - Se Marx estiver se referindo a crises conjunturais, e parece realmente ser o caso, então não é tão diferente da destruição criativa de Schumpeter? (foi o que achei): Como reequilibrar as partes em conflito e restabelecer as condições correspondentes ao movimento “saudável” da produção capitalista? A maneira de chegar a esse equilíbrio já está contida na simples enunciação do conflito que se trata de dirimir. Ela inclui uma inativação, até mesmo uma destruição parcial de capital, no montante de valor de todo o capital adicional ΔC ou de uma parcela dele. Ainda que, como já se depreende da exposição do conflito, a distribuição dessas perdas não se estenda de modo nenhum de maneira uniforme aos diversos capitais particulares, mas seja decidida numa luta concorrencial, distribuindo-se de forma muito desigual e diversa conforme as vantagens particulares ou as posições já conquistadas, de modo que um capital se vê inativado, outro destruído, um terceiro experimenta apenas uma perda relativa ou sofre apenas uma desvalorização transitória etc.
189 - ...Ainda fruto do mesmo processo: A destruição principal, com o caráter mais agudo, teria lugar com relação ao capital e, na medida em que este possui atributo de valor, com relação aos valores de capital. A parte do valor de capital que só se encontra na forma de indicações de futuras participações no mais-valor, no lucro – de fato, como meros títulos de dívida sobre a produção sob diversas formas –, é imediatamente desvalorizada com a diminuição das entradas sobre as quais está calculada. (...) A isso se acrescenta que determinadas relações pressupostas de preços condicionam o processo de reprodução e que, em virtude disso, esse processo, devido à baixa geral dos preços, entra num estado de paralisação e desequilíbrio. Essa perturbação e esse estancamento paralisam a função do dinheiro como meio de pagamento – função dada simultaneamente com o desenvolvimento do capital e baseada naquelas relações pressupostas de preços –, interrompem em inúmeros pontos a cadeia das obrigações de pagamento em determinados prazos e são intensificados pelo conseguinte colapso do sistema de crédito desenvolvido simultaneamente ao capital, o que conduz a violentas e agudas crises, a súbitas desvalorizações forçadas, a um estancamento e uma perturbação reais do processo de reprodução e, com isso, a uma redução efetiva da reprodução.
190 - Trabalhadores ficam desempregados e outra parte passa a aceitar salários menores.
191 - Lá vem ele novamente com a superpopulação relativa: Por outro lado, a queda de preços e a luta concorrencial teriam estimulado todo capitalista a reduzir o valor individual de seu produto total abaixo de seu valor geral mediante o emprego de novas máquinas, de novos métodos aperfeiçoados de trabalho, de novas combinações, isto é, a incrementar a força produtiva de dada quantidade de trabalho, diminuir a relação entre o capital variável e o constante e, com isso, liberar trabalhadores; em suma, a criar uma superpopulação artificial.
192 - Mais um bom trecho sobre como ele apresenta a questão da superprodução: "superprodução de capital não significa outra coisa senão a superprodução de meios de produção – meios de trabalho e de subsistência – que podem atuar como capital, isto é, que podem ser empregados para a exploração do trabalho em dado grau de exploração, uma vez que a queda desse grau de exploração abaixo de certo ponto provoca perturbações e paralisações do processo de produção capitalista, crises e destruição de capital. Não constitui uma contradição o fato de essa superprodução de capital ser acompanhada de uma superpopulação relativa maior ou menor. As mesmas circunstâncias que elevaram a força produtiva do trabalho aumentaram a massa dos produtos-mercadorias, expandiram os mercados, aceleraram a acumulação do capital, em relação tanto a sua massa como a seu valor, e rebaixaram a taxa de lucro; essas mesmas circunstâncias geraram e geram constantemente uma superpopulação relativa, uma superpopulação de trabalhadores que o capital excedente deixa de empregar em virtude do baixo grau de exploração do trabalho, único grau em que ela poderia ser empregada, ao menos em virtude da baixa taxa de lucro que ela proporcionaria como grau dado de exploração."
193 - Além disso, o capital se compõe de mercadorias, razão pela qual a superprodução de capital implica a superprodução de mercadorias. Daí o curioso fenômeno de os mesmos economistas que negam a superprodução de mercadorias admitirem a de capital.
194 - O desenvolvimento da força produtiva do trabalho gera, com a queda da taxa de lucro, uma lei que, em certo ponto, opõe-se do modo mais hostil ao desenvolvimento dessa força produtiva e que, por isso, tem de ser constantemente superada por meio de crises.
195 - Marx critica que se paralise a produção em pontos que a taxa de lucro não é satisfatória (abaixo da taxa média), mas que poderia servir à satisfação das necessidades. "Ela fica paralisada não no ponto em que isso se impõe pela satisfação das necessidades, mas naquele em que isso é exigido pela produção e pela realização de lucros."
196 - Elogia Ricardo, mas, ao mesmo tempo, considera que ele não analisa o capitalismo preocupado com os seres humanos: O que inquieta Ricardo é que a taxa de lucro, estímulo da produção capitalista, condição e força motriz da acumulação, seja posta em perigo pelo próprio desenvolvimento da produção
197 - Para quem achar que Marx subestimava a influência das condições naturais: "...A produtividade do trabalho também está ligada a condições naturais que frequentemente se tornam menos rentáveis na mesma proporção em que aumenta a produtividade – na medida em que esta última depende de condições sociais. Daí que se produz um movimento antagônico nessas diferentes esferas: progresso num caso, retrocesso noutro. Basta pensar, por exemplo, na simples influência das estações, de que depende a quantidade da maior parte das matérias-primas, o esgotamento dos bosques, das jazidas de carvão, das minas de ferro etc."
198 - Embora a parte circulante do capital constante, da matéria-prima etc. aumente sempre, quanto a sua massa, na proporção da força produtiva do trabalho, isso não ocorre com o capital fixo, edifícios, maquinaria, instalações de iluminação, calefação etc. Com o aumento de seu volume, a máquina encarece em termos absolutos, porém barateia em termos relativos.
199 - A máquina mais cara e poderosa vai, de fato, muitas vezes incluir mais valor de reposição (desgaste anual, digamos) na mercadoria produzida e/ou mesmo aumentar o uso de matéria-prima demanda. Porém, a redução do "trabalho vivo" que ela proporciona deverá compensar tudo isso (na busca pelo lucro extraordinário, eterna obsessão do capitalista). "...a redução da quantidade total de trabalho que entra na mercadoria parece ser a marca essencial do aumento da força produtiva do trabalho." Entretanto... "Numa sociedade em que os produtores regulassem sua produção segundo um plano traçado de antemão, nele incluída até mesmo a produção simples de mercadorias, a produtividade do trabalho também seria medida incondicionalmente segundo esse padrão".
200 - O exemplo que Marx e Engels deram de capitalismo impedindo a produtividade, ao que vi rapidamente, não me parece correto, pois o preço que custou a produção da mercadoria (sem mais-valia ou lucro) é o mesmo que o anterior. Não está havendo real aumento da produtividade geral/social. O custo social da fabricação e reposição de uma máquina também deve ser considerado nesses cálculos, afinal, também é o trabalho vivo que é recrutado para gerá-la. Não se está poupando globalmente mais trabalho vivo. Uma sociedade comunista só estaria interessada em baratear a produção para poupar trabalho vivo. Enfim, se não peguei algo... não tenho como concordar que o exemplo faça sentido...
201 - Algumas coisas Marx já estava vendo: O aumento do número absoluto de trabalhadores, apesar da diminuição relativa do capital variável desembolsado em salários, não ocorre em todos os ramos da produção nem de maneira uniforme em todos eles. Na agricultura, a diminuição do elemento do trabalho vivo pode ser absoluta.
202 - As crises periódicas do capitalismo: Essa colisão se manifesta parcialmente em crises periódicas, que decorrem do fato de tornar-se supérflua, ora esta parte da população trabalhadora, ora aquela, em seu antigo modo de ocupação.
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