Livro: Karl Marx - O Capital, Livro III - Capítulos 7, 8 e 9

                                                

Livro: Karl Marx - O Capital, Livro III - Capítulos 7, 8 e 9



Pgs. 191-196:



CAPÍTULO 7: "Adendo"


83 - Algumas obviedades. Após detalhar as diferenças que podem resultar em taxas de lucro diferentes em indústrias iguais, arremata: Em resumo, que, dado o mais­-valor correspondente a um capital variável determinado, dependerá muito da perícia comercial individual, seja do próprio capitalista, seja de seus capatazes e subordinados, que esse mesmo mais­-valor se expresse numa taxa de lucro maior ou menor e, por conseguinte, que forneça uma massa de lucro maior ou menor. É a luta pela repartição do valor. Nesse sentido é que se pode falar de algum tipo de "mérito" do capitalista. Na cabeça dele, só existe essa parte da coisa.


84 - ...Essa diferença quanto à conversão em lucro da mesma massa de mais­-valor, ou seja, a diversidade das taxas de lucro, e, por isso, do próprio lucro, com uma exploração igual do trabalho, pode derivar de outras fontes, mas também pode derivar única e exclusivamente da maior ou menor perícia empresarial com que ambos os negócios são conduzidos.


85 - Enfim... o "capítulo" nada acrescenta na verdade.




Pgs. 197-212:



Seção II


A TRANSFORMAÇÃO DO LUCRO EM LUCRO MÉDIO



CAPÍTULO 8: "Diferente composição dos capitais em diversos ramos da produção e consecutiva diferença entre as taxas de lucro"


86 - Percentualmente falando, isto aqui, salvo mais atenção, é verdadeiro mesmo (e o resumo é: "todo mundo é explorado, mermão): Por exemplo, se o trabalho de um ourives é mais bem remunerado que o de um diarista, o mais­-trabalho do ourives também produz, na mesma proporção, um mais­-valor maior que o do diarista.


87 - Importantes essas ressalvas para que se entenda o que Marx quer e pretende estudar: "Para a presente investigação, é absolutamente irrelevante a diferença entre as taxas de mais­-valor em diferentes países e, por conseguinte, entre os graus nacionais de exploração do trabalho."


88 - A composição orgânica diz respeito a uma determinada composição técnica necessária do capital.


89 - Vai fincar umas premissas aqui neste capítulo para facilitar a análise: a taxa de mais­-valor e a jornada de trabalho são consideradas constantes e o salário para um tempo de trabalho determinado é suposto como uma grandeza dada.


90 - A força do fator "composição orgânica" (que, por sinal, deve ser o que gera a famosa "produtividade do capital" maior dos emergentes): "Diga­-se de passagem, diferentes taxas nacionais de lucro se basearão, na maioria, em diferentes taxas nacionais de mais­-valor".


91 - Há ainda outra fonte de desigualdade das taxas de lucro: a diversidade na duração do ciclo de rotação do capital nas distintas esferas da produção. (Tem coisa que realmente vai levar década ou mais para "dar lucro", mas aí tem que ser embutido isso no cálculo de custo-oportunidade... Ou seja, não vejo uma grande questão aqui).


92 - Coloca que a distinção "capital fixo vs circulante" em nada afeta a taxa de lucro. A composição no caso. Apenas como consequência das outras duas causas (Composição orgânica e rotação).



Pgs. 213-232:



CAPÍTULO 9: "Formação de uma taxa geral de lucro (taxa média de lucro) e transformação dos valores das mercadorias em preços de produção"


93 - A composição orgânica do capital depende, em cada momento, de dois fatores: primeiro, da relação técnica entre a força de trabalho empregada e a massa dos meios de produção empregados; segundo, do preço desses meios de produção.


94 - No capítulo, Marx vai abstrair as diferenças que a rotação do capital causa e também possíveis variações na taxa de mais-valia. Vai deixar "constante em 100%" ao que entendi.


95 - Marx dá uns exemplos de diferenças entre preço e valor. Porém, a meu ver, isso tudo meio que já está implícito em tudo quanto exposto até aqui. Pra mim, parece mera ilustração:



96 - Traz o conceito/categoria de "preços de produção": Os preços que se formam extraindo a média das diferentes taxas de lucro das diversas esferas da produção e agregando­-a aos preços de custo das diversas esferas da produção são os preços de produção. Seu pressuposto é a existência de uma taxa geral de lucro, e esta, por sua vez, implica que as taxas de lucro, tomadas isoladamente em cada esfera da produção, já se encontrem reduzidas a um número igual de taxas médias. (...) O preço de produção da mercadoria equivale, pois, a seu preço de custo, acrescido do lucro a ele percentualmente adicionado – em correspondência com a taxa geral de lucro –, ou equivale a seu preço de custo mais o lucro médio.


97 - (Vejo que o "preço de produção", que inclui lucro médio, não vai coincidir com o "preço de mercado", onde reinará a variação, ainda que limitada, da taxa de lucro média. Muito menos irá coincidir com o "preço de custo", já que este exclui qualquer lucro).


98 - Mete uns trechos confusos pra concluir o que já estava afirmado antes: a soma dos preços de produção das mercadorias produzidas equivale à soma de seus valores. E as duas páginas seguintes me parecem apenas complicar essa afirmação simples. Basta olhar a tabela acima.


99 - Mias uma vez Marx escrevendo coisa que, a meu ver, só podem estar pressupondo uma falta de concorrência e de mobilidade de capitais para demonstrar sei lá o que, pois sequer bate com o que ele vinha afirmando: No entanto, como as taxas de lucro diferem nas variadas esferas da produção, já que nestas, segundo a proporção entre o capital variável e o capital total, são produzidas massas muito distintas de mais­-valor e, como consequência, de lucro, é claro que o lucro médio que se obtém em cada 100 do capital social – e, por isso, a taxa média de lucro ou taxa geral de lucro – será diferente de acordo com as respectivas grandezas dos capitais investidos nas diversas esferas.


100 - (Enfim, só vejo razão para vincular diferentes taxa de lucro a composições orgânicas diferentes num cenário sem ampla mobilidade de capitais. Como Marx reafirma isso sem qualquer ressalva, pode ser até um erro). 


101 - Volta a enfatizar o "preço de produção" na prática: Se supomos que a composição do capital social médio é 80c + 20v e a taxa do mais­-valor anual m’ é = 100%, o lucro anual médio para um capital de 100 será = 20, e a taxa geral anual de lucro será = 20%. Qualquer que seja o preço de custo k das mercadorias anualmente produzidas por um capital de 100, seu preço de produção seria = k + 20. (...) Abstraindo de diferenças ocasionais no tempo de rotação, o preço de produção das mercadorias seria igual a seu valor somente nas esferas em que a composição do capital fosse acidentalmente = 80c + 20v.


102 - Assim, chamamos de capitais de alta composição aqueles que contêm percentualmente mais capital constante, ou seja, menos capital variável que o capital social médio. (...) Por último, denominamos capitais de composição média aqueles cuja composição coincide com a do capital social médio.


103 - Resumindo, a composição orgânica, abstraída a rotação, vai determinar a diferença entre preço médio (o de produção) e valor. Mas atenção: Além disso, ao aplicar esses termos a determinados casos, deve­-se levar em conta, naturalmente, em que medida o que faz com que a proporção entre c e v divirja da média geral não é uma diferença na composição técnica, mas mera variação de valor dos elementos do capital constante.


104 - Voltamos a relação entre preço de custo, valor e preço de produção: Como o preço de produção pode divergir do valor da mercadoria, também o preço de custo de uma mercadoria, no qual está incluído esse preço de produção de outra mercadoria, pode situar­-se acima ou abaixo da parte de seu valor total constituída pelo valor dos meios de produção que entram nela. É necessário ter em mente esse significado modificado do preço de custo e não esquecer, portanto, que, se numa esfera da produção o preço de custo da mercadoria é equiparado ao valor dos meios de produção consumidos para produzi­-la, é sempre possível haver erro. (...) o preço de custo das mercadorias é sempre menor que seu valor. (Trecho confuso. Fala "acima ou abaixo" para logo depois falar em "sempre menor". Como o preço de custo inclui "mais-valor" da esfera anterior... Fico com a segunda opção. Porém, se o preço de custo incluir variações normais de mercado, pode ser a primeira opção. Reestudar o conceito depois.) (...) O preço de custo de uma mercadoria refere­-se apenas à quantidade de trabalho pago nela contido, e o valor se refere à quantidade total do trabalho pago e não pago nela contido.


105 - O preço de produção é = k + kl’. Sendo k = 300 e l’ = 15%, o preço de produção será k + kl’ = 300 + 300.15% = 345. Se o valor permanece constante, mas a taxa de lucro geral da economia muda/varia, o preço de produção vai mudar também.


106 - Escreve Marx sobre variação no preço de produção: "quando o valor das mercadorias permanece constante (de modo que, tal como antes, a mesma quantidade de trabalho vivo e morto entra em sua produção) em consequência de uma variação na taxa geral de lucro, variação que independe da esfera particular". (Meio confuso aqui. Se a taxa geral de lucro caiu, o mais-valor geral - e consequentemente o valor - não deveria, também, cair? Como pode ser fixada a quantidade enquanto outro varia? Está falando das crises de superprodução/sobreoferta? Uma retração do consumo potencial?)


107 - ..."quando a taxa geral de lucro permanece constante por meio de uma variação no valor, seja na própria esfera particular da produção, em consequência de alterações técnicas, seja por uma variação no valor das mercadorias que entram como elementos formadores em seu capital constante". Esse outro dá pra entender tranquilamente.


108 - Consequência razoavelmente esperada de tudo quanto exposto: A diferença efetiva de grandeza entre lucro e mais­-valor – não apenas entre taxa de lucro e taxa de mais­-valor – nas esferas particulares da produção oculta por completo a verdadeira natureza e a origem do lucro, não só ao capitalista, que aqui tem um interesse especial em enganar a si mesmo, mas também ao trabalhador.


109 - "A circunstância de que aqui tenha se desvelado pela primeira vez essa conexão interna, o fato de que, como se verá a seguir e no Livro IV, a economia até o presente ou tenha abstraído forçadamente das diferenças entre mais­-valor e lucro, entre taxa de mais­-valor e taxa de lucro, para poder manter a determinação do valor como fundamento, ou tenha abandonado, com essa determinação do valor, o terreno de um proceder científico para aferrar­-se às diferenças que se mostram no fenômeno – essa confusão dos teóricos é a melhor demonstração de como o capitalista prático, preso à luta concorrencial e sem compreender em absoluto seus fenômenos, tem de ser completamente incapaz de conhecer, através das aparências, a natureza e a figura intrínsecas desse processo."


110 - Voltando ao 106, Marx realmente parece estar se referindo aos descompassos conjunturais da vida, mas talvez ignore que podem ser duradouros, vide crise de 29 ou talvez até Japão 90. "Como a taxa geral de lucro está determinada não só pela taxa média de lucro em cada esfera, mas também pela distribuição do capital total nas diversas esferas particulares, e como essa distribuição varia constantemente, isso constitui, por sua vez, outra causa constante da variação na taxa geral de lucro – mas uma causa que, por sua vez, dado o caráter ininterrupto e universal desse movimento, paralisa também, em grande parte, a si mesma."


111 - Marx coloca, mais uma vez, que a coisa vai realmente no sentido contrário á intuição do capitalista: "Como poderia, então, ser o trabalho vivo a fonte exclusiva do lucro, uma vez que a diminuição da quantidade de trabalho necessária para a produção não só não parece afetar o lucro, como, antes, apresenta­-se, sob certas circunstâncias, como fonte direta de multiplicação do lucro, ao menos para o capitalista individual?"


112 - O valor das mercadorias se determina pelo trabalho nelas contido.


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