Livro: Karl Marx - O Capital, Livro II - Capítulo 21 e Apêndices

                                            

Livro: Karl Marx - O Capital, Livro II - Capítulo 21 e Apêndices



Pgs. 573-612:



CAPÍTULO 21: "Acumulação e reprodução ampliada"


199 - Apesar de já estar implícito em trechos anteriores, creio que isto aqui é importante como ilustração da visão de Marx sobre crise e equilíbrio no capitalismo: "Porém, quando ocorrem apenas intercâmbios unilaterais, uma série de meras compras de um lado, uma série de meras vendas do outro – e vimos que o intercâmbio normal do produto anual, sobre uma base capitalista, condiciona essas metamorfoses unilaterais –, o equilíbrio só existe no caso de o importe de valor das compras unilaterais coincidir com o importe de valor das vendas unilaterais. O fato de a produção de mercadorias ser a forma geral da produção capitalista implica já o papel que o dinheiro desempenha nesta última, não só como meio de circulação, mas como capital monetário, e gera certas condições do intercâmbio normal – ou seja, do transcurso normal da reprodução – que são peculiares a esse modo de produção, seja em escala simples ou ampliada, condições estas que se convertem em outras tantas condições do transcurso anormal, em possibilidades de crises, já que o próprio equilíbrio, dada a configuração natural-espontânea dessa produção, é algo acidental."


200 - Os problemas que ele coloca durante esse capítulo, pressupondo o "crédito quieto", a meu ver, se resolvem facil e justamente mediante introdução do crédito na história. Não à toa os BCs da vida tanto manipulam a taxa de juros e os bancos mexem nas suas reservas, ora abrindo a torneira, ora fechando. São os "maestros" da coisa. Enfim, não entendo muito porque todas essas elucubrações do livro II mereceriam mais do que umas duas páginas. Crédito, no meu entender, serve inclusive, em alguns casos específicos, para abrir possibilidade de ampliar a acumulação sem redução, mesmo temporária, do consumo. 


201 - Trecho curioso: ...é estranho ver a grande maioria de meus críticos burgueses clamar indignada que no Livro I de O capital, por exemplo, ao partir do pressuposto de que o capitalista paga o valor real da força de trabalho – o que, em grande parte, ele não faz – eu teria cometido uma injustiça para com esse mesmo capitalista! (Aqui, para exercitar um pouco da magnanimidade a mim atribuída, posso citar a Schäffle.)


202 - A parte dos cálculos não consigo ter saco nem pra querer saber o que ele está dizendo, nem qual o problema, nem o que quer demonstrar. Acompanho por curiosidade. Se é simplesmente que o capitalista pode aumentar a escala ou algum outro tipo de investimento sob "sacrifício" de parte do mais-valor... É muito cálculo pra uma coisa tão intuitiva.


203 - Mais um trecho curioso: "En passant. O senhor capitalista, tal como sua imprensa, mostra-se frequentemente insatisfeito com a maneira como a força de trabalho gasta seu dinheiro e com as mercadorias II nas quais ela mesma realiza esse dinheiro. Quando isso ocorre, ele filosofa, pedanteia e filantropiza [philantropisiert], como o faz, por exemplo, o senhor Drummond, secretário da embaixada inglesa em Washington: The Nation {um jornal} publicou no último outubro de 1879[af] um interessante artigo, no qual afirma, entre outras coisas:

“No terreno da cultura, os trabalhadores não têm se mantido à altura do progresso que se registra nas invenções; eles ganharam acesso a uma massa de objetos dos quais não sabem a utilidade e para os quais não constituem, portanto, mercado algum.” {É claro que todo capitalista deseja que o trabalhador compre sua mercadoria.} “Não há razão alguma para que o trabalhador não deseje para si as mesmas comodidades do clérigo, do advogado e do médico, que ganham o mesmo que ele.” {De fato, advogados, clérigos e médicos desse tipo precisam se contentar com o mero desejo de muitas comodidades!} “Mas ele não as deseja. O problema continua a ser o de como elevá-lo como consumidor mediante um método racional e salutar; não é um problema fácil de resolver, já que toda sua ambição não vai além de uma redução de suas horas de trabalho, e o demagogo o incita a isso, muito mais do que a elevar sua condição mediante o aperfeiçoamento de suas aptidões intelectuais e morais.” (“Reports of H. M.'s Secretaries of Embassy and Legation on the Manufactures, Commerce etc. of the Countries in which They Reside”, Londres, 1879, p. 404)"


204 - Marx, reprodução simples e capitalismo, uma decorrência lógica: O pressuposto da reprodução simples, de que I(v + m) é = IIc, não só é incompatível com a produção capitalista – o que, de resto, não exclui que, no ciclo industrial de dez a onze anos, um desses anos registre frequentemente uma produção total menor que a do precedente, ou seja, que não se realize nem sequer uma reprodução simples em relação ao ano anterior – como, além disso, em razão do crescimento anual natural da população, a reprodução simples só poderia ter lugar se dos 1.500 que representam o mais-valor total se alimentasse um número proporcionalmente maior de servidores improdutivos.


205 - O resto é mais conta que não sei em que acrescenta.


206 - Na parte dos apêndices, vi, de passagem, um trecho interessante de um manuscrito alterado: [Quando se trata do produto de valor anual (não do valor-produto), deve-se computar, em todos os produtos cujos períodos de trabalho duram mais de um ano, apenas o valor a eles adicionado durante o ano. Por exemplo, não o valor do vinho antes da colheita realizada no início deste ano, mas apenas o valor adicionado ao vinho durante neste ano. O mesmo vale para o gado etc. Embora em todos esses casos o trabalho deste ano não produza o valor-produto durante o ano corrente, mas apenas uma fração maior ou menor desse valor, ele obtém, por meio da continuidade do produto, também seu valor do ano anterior etc., já existente. Se o vinho não é trabalhado do modo correto, ele perde, com seu valor de uso, também seu valor. O mesmo ocorre com o gado etc. Se construções etc. iniciadas não são continuadas, todo o trabalho anterior é jogado fora etc.


207 - (É isso. Saudades, livro I. Vi não muita importância concreta neste II, mas estudarei interpretações didáticas sempre que der, afinal, muita coisa pode/deve ter passado despercebida).



"FIM"!


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