Livro: Karl Marx - O Capital, Livro II - Capítulo 1
Livro: Karl Marx - O Capital, Livro II - Capítulo I
Pgs. 105-142:
SEÇÃO I - AS METAMORFOSES DO CAPITAL E SEU CICLO
CAPÍTULO 1: "O ciclo do capital monetário"
26 - Capitalista comprando a mercadoria trabalho (P) para, mediante mais-valor, conseguir mais-dinheiro (dlinha): D-M…P…M’-D'.
27 - Formaliza umas coisas sei lá o motivo: D-M se decompõe em D-T e D-Mp; a quantia de dinheiro D se divide em duas partes, das quais uma compra força de trabalho e a outra, meios de produção. Essas duas séries de compras pertencem a mercados absolutamente distintos: uma ao mercado de mercadorias propriamente dito, e a outra, ao mercado de trabalho.
28 - Tão logo realizada a relação D-M<T("rabalho")Mp("meios de produção"), o comprador não dispõe apenas dos meios de produção e da força de trabalho necessários à produção de um artigo útil. Dispõe também de uma torrente de força de trabalho ou de uma quantidade maior de trabalho do que a necessária para repor o valor da força de trabalho e, ao mesmo tempo, dos meios de produção requeridos para a realização ou objetivação dessa quantidade de trabalho: dispõe, portanto, dos fatores necessários à produção de artigos de um valor maior que o de seus elementos de produção, ou seja, de uma massa de mercadorias que contém mais-valor.
29 - ...Chamaremos de P o capital que se apresenta sob essa forma (refere-se ao capital produtivo). Coloca que o valor desse P é igual D (capital monetário). Deixando o conceito mais claro: Na fase do ciclo que ora analisamos, o dinheiro aparece, portanto, como o primeiro suporte do valor de capital e, por conseguinte, o capital monetário como a forma em que o capital é adiantado. Que fase? D-M. Esse "primeiro" (não vejo como definir uma ordem correta) estágio é, assim, "a transformação do valor de capital de sua forma-dinheiro em sua forma produtiva, ou, resumidamente, a transformação do capital monetário em capital produtivo".
30 - Como em toda compra, o que para o comprador é D-M (= D-T), para o vendedor (o trabalhador) é T-D (= M-D), venda de sua força de trabalho. Esse é o primeiro estágio da circulação, ou a primeira metamorfose da mercadoria (Livro I, capítulo 3, 2a[e]).
31 - A irracionalidade consiste em que o trabalho, como elemento formador de valor, não pode possuir em si mesmo valor algum, ou seja, que uma quantidade determinada de trabalho não pode ter um valor que se expresse em seu preço, em sua equivalência a uma determinada quantia de dinheiro.
32 - Se o dinheiro pode ser gasto nessa forma é somente porque a força de trabalho encontra-se separada de seus meios de produção. (...) A relação de capital durante o processo de produção só surge porque ela já existe, em si mesma, no ato de circulação, nas diferentes condições econômicas fundamentais em que o comprador e o vendedor se defrontam um com o outro, em sua relação de classe. Não é o dinheiro que, pela própria natureza, engendra essa relação, mas, antes, é a existência dessa relação que pode transformar uma simples função do dinheiro numa função do capital. Enfim, dinheiro não necessariamente é capital (vice-versa inclusive). (...) É preciso que exista a escravidão para que o dinheiro possa ser investido na compra de escravos. Inversamente, a existência do dinheiro na mão do comprador não basta de modo algum para tornar possível a escravidão. (Capaz de algum desonesto ou retardado já ter pegado essa frase para dizer que é uma defesa marxista da escravidão...)
33 - ...Portanto, para que a operação D-T possa tornar-se um ato social geral, é preciso que os meios de produção, a parte objetiva do capital produtivo, já existam enquanto tais – isto é, como capital – diante do trabalhador.
34 - Proprietários fundiários russos e suas queixas: falta de capital monetário para adiantar os salários e... "Mais característica, porém, é a segunda queixa: eles dizem que, embora possuam dinheiro, não conseguem encontrar em quantidade suficiente e no momento desejado as forças de trabalho que têm de ser compradas, uma vez que o trabalhador rural russo, em consequência da propriedade comunal da terra, ainda não está totalmente separado de seus meios de produção e, por isso, ainda não é um “assalariado livre” no sentido pleno da palavra". Enfim, para o capital monetário ser transformado em capital produtivo, o trabalho assalariado tem que ser largamente generalizado. É evidente, pois, que a fórmula que expressa o ciclo do capital monetário (D-M…P…M’-D’) só vale como forma do ciclo do capital quando se baseia na produção capitalista já desenvolvida, pois pressupõe a existência da classe assalariada em escala social.
35 - Especificidade do capitalismo: Toda empresa de produção de mercadorias torna-se, ao mesmo tempo, empresa de exploração da força de trabalho, mas apenas a produção capitalista de mercadorias é um divisor de águas, um modo de exploração que, em seu desenvolvimento histórico e por meio da organização do processo de trabalho e do enorme progresso da técnica, revoluciona a estrutura econômica inteira da sociedade, deixando para trás todas as épocas anteriores.
36 - Marx exemplificando: ...Durante o processo de fiação, os trabalhadores criaram um fio no valor de £128. Dessa soma, digamos que £50 representem para o capitalista apenas um equivalente de seu gasto em força de trabalho, e que £78 – com um grau de exploração da força de trabalho de 156% – constituam o mais-valor. (Antes havia matéria prima e meios de produção, que custaram £372, valor que acabou meramente "transferido")... As 10.000 libras de fio são capital-mercadoria – M’ – apenas como forma modificada do capital produtivo P. (Por sinal, o modo como ele explica isso aí é tão prolixo que às vezes mais confunde do que esclarece).
37 - Longas e aparentemente supérfluas páginas para concluir coisas deste tipo: D’ é apenas o resultado da realização de M’. Ambos, M’ e D’, são apenas formas distintas, forma-mercadoria e forma-dinheiro, do valor de capital valorizado; têm em comum o fato de serem valor de capital valorizado. (E segue repetindo essa mesma conclusões inúmeras frases à frente).
38 - Marx e serviços: a indústria dos transportes: ...O efeito útil só pode ser consumido durante o processo de produção; ele não existe como uma coisa útil diferente desse processo, como algo que só funciona como artigo comercial, só circula como mercadoria depois de ter sido produzido. Mas o valor de troca desse efeito útil é determinado, como o de toda e qualquer mercadoria, pelo valor dos elementos de produção nele consumidos (força de trabalho e meios de produção) acrescido do mais-valor criado pelo mais-trabalho dos trabalhadores ocupados na indústria dos transportes. (...) Também em relação a seu consumo, esse efeito útil se comporta do mesmo modo que as outras mercadorias. Se consumido individualmente, seu valor desaparece com o consumo; se consumido produtivamente, de modo que ele mesmo constitua um estágio da produção da mercadoria transportada, seu valor é transferido à própria mercadoria como valor adicional. A fórmula para a indústria dos transportes seria, portanto, D-M<TMp … P-D’
39 - O capital industrial é o único modo de existência do capital em que este último tem como função não apenas a apropriação de mais-valor ou de mais-produto, mas também sua criação. (Não vejo o porquê).
40 - Sobre o ciclo do capital monetário, arremata Marx: O processo de produção aparece apenas como inevitável elo intermediário, um mal necessário ao ato de fazer dinheiro. {Por isso, todas as nações em que impera o modo de produção capitalista são periodicamente tomadas pela ilusão de querer fazer dinheiro sem a mediação do processo de produção.}
41 - Lembra sempre que o dinheiro apaga o rastro do valor-de-uso das mercadorias.
42 - O processo cíclico do capital é, portanto, a unidade de circulação e produção – ambas estão nele incluídas.
43 - Lembra que o ciclo é contínuo e a valorização do capital monetário pode até ficar "perdida" nele:
44 - Premissa de todo ciclo desse, portanto: O processo capitalista de produção é, assim, pressuposto como um prius[s], seja dentro do primeiro ciclo do capital monetário de um capital industrial investido pela primeira vez, seja fora dele. Separação dos meios de produção e trabalho assalariado generalizado.
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