Livro: Karl Marx - O Capital, Livro II - Capítulos 18 e 19
Livro: Karl Marx - O Capital, Livro II - Capítulos 18 e 19
Seção III - A REPRODUÇÃO E A CIRCULAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL TOTAL"
Pgs. 435-444:
CAPÍTULO 18: "Introdução"
164 - Quase não vi nada de novidade. Parece-me todo uma mera repetição-resumo dos capítulos anteriores.
165 - Volta a abordar a necessidade de, numa produção socializada, entender que longos períodos de rotação exigirão destacamento de significativas forças produtivas que retirarão do fundo de consumo sem nada acrescentar por um bom tempo. Interessante que é umas das poucas partes do livro que rascunha a questão do socialismo: Na produção socializada, o capital monetário deixa de existir. A sociedade distribui a força de trabalho e os meios de produção entre os diversos ramos de negócios. Os produtores podem, por exemplo, receber vales de papel, com os quais podem retirar dos estoques sociais de consumo a quantidade de produtos correspondente ao seu tempo de trabalho. Esses vales não são dinheiro. Não circulam.
Pgs. 445-478:
CAPÍTULO 19: "Exposições anteriores do mesmo objeto"
166 - Sobre Quesnay: Na verdade, porém, o sistema fisiocrata é a primeira formulação sistemática da produção capitalista. O representante do capital industrial – da classe dos arrendatários – dirige o movimento econômico inteiro. A agricultura é praticada de modo capitalista, isto é, como empreendimento em grande escala do arrendatário capitalista; o cultivador direto do solo é assalariado. (...) Entre as três classes que figuram como portadoras do processo social de reprodução mediado pela circulação, o explorador imediato do trabalho “produtivo” – o produtor do mais-valor, o arrendatário capitalista – distingue-se daqueles que são meros apropriadores do mais-valor.
167 - Marx volta a criticar uma passagem de Smith e a confusão do capital circulante com o variável: “Nenhum capital põe em movimento uma quantidade maior de trabalho produtivo que o capital do arrendatário. Não apenas seus serviçais, mas seu gado são trabalhadores produtivos.” (Quanta gentileza para com os serviçais!)"
168 - A crítica às supostas confusões de Adam Smith - sequência da coisa - parece ser como sempre mais conceitual do que ele imagina. (Não que eu não veja erros em Smith, mesmo isso não me parecendo atualmente importante ou sequer digno de lembrança). Lá vamos nós, talvez, para mais um capítulo chato, parte pela obviedade da discussão, e/ou datado.
169 - Em um trecho aparece a velha separação entre trabalho produtivo (a qual, acho, como já deixei claro, contestável) e o supostamente improdutivo: Todos os membros da sociedade não diretamente envolvidos na reprodução, seja por meio do trabalho, seja de outra maneira, só podem obter em primeira instância sua parte do produto-mercadoria anual – ou seja, seus meios de consumo – das mãos das classes às quais o produto recai originariamente: os trabalhadores produtivos, os capitalistas industriais e os proprietários fundiários. Nesse sentido, suas rendas derivam materialiter [materialmente] do salário (dos trabalhadores produtivos), do lucro e da renda fundiária, aparecendo, assim, como rendas derivadas em oposição àquelas rendas originárias. Por outro lado, no entanto, os destinatários dessas rendas, derivadas nesse sentido, recebem-nas por intermédio de sua função social como rei, padre, professor, prostituta, recruta etc. e, assim, podem considerar essas suas funções como as fontes originárias de suas rendas.
170 - Assim, a massa total do produto de valor anual da sociedade só pode se decompor em v + m, isto é, num equivalente que permite aos trabalhadores repor o capital gasto na compra de sua própria força de trabalho e no valor adicional que, além disso, eles têm de fornecer a seus empregadores.
171 - Boa parte do capítulo é repetindo pela milésima vez que o trabalhador tudo cria. Seja produzindo, seja consumindo os meios de subsistência que exigem a produção e fazem ressurgir o capital. (Eu concordo, mas nem toda a compra de bens vem dos trabalhadores, "só" todo o valor. O consumo do trabalhador não é o ponto principal).
172 - Força de trabalho em Marx: Como no caso de qualquer outra mercadoria, a força de trabalho tem seu valor determinado pela quantidade de trabalho necessária a sua reprodução.
173 - Li páginas e mais páginas sobre a polêmica que Marx faz dos escritos de Smith sobre os "componentes do valor", porém, não consegui tirar dela qualquer consequência prática importante. Logo, nada anotei. O problema de Smith e Ricardo, em suma, seria: ...A grandeza de valor é, portanto, o prius [o primeiro]. A soma dos componentes é pressuposta como grandeza dada; é dela que se deve partir, em vez de determinar post festum a grandeza de valor da mercadoria por meio da adição dos componentes, como o faz frequentemente A. Smith, em contradição com sua própria visão mais profunda.
174 - Ao que me pareceu, Marx parece incomodados com a consideração do preço como mera questão de "salário e mais-valor", afinal, há um capital fixo a ser reposto. ..."Mas Storch se esqueceu de dizer como a existência dessa parte constante de capital se coaduna com a análise smithiana dos preços, que o próprio Storch aceita e de acordo com a qual o valor-mercadoria contém apenas salário e mais-valor, mas nenhuma parte de capital constante. Apenas por intermédio de Say fica claro para ele que essa análise dos preços conduz a resultados absurdos, e sua última palavra sobre o assunto é “que é impossível decompor o preço necessário em seus elementos mais simples” (Cours d’écon. pol., Petersburgo, [Pluchart,] 1815, II, p. 141)." (...) "Ramsay observa, contra Ricardo: “Ele parece sempre considerar a produção inteira como dividida entre salário e lucros, esquecendo-se da parte necessária à reposição do capital fixo” (An Essay on the Distribution of Wealth, cit., p. 174)."
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