Livro: Karl Marx - O Capital, Livro II - Capítulos 7, 8 e 9
Livro: Karl Marx - O Capital, Livro II - Capítulo 7
Pgs. 231-234:
SEÇÃO II: "A rotação do capital"
CAPÍTULO 7: "Tempo de rotação e número de rotações"
76 - Nada digno de nota. Lança uma premissa: Ao ano, como unidade medida do tempo de rotação, chamaremos de R; ao tempo de rotação de um determinado capital, r; e ao número de suas rotações, n; de modo que n = R/r. Se, por exemplo, o tempo de rotação, r, for de 3 meses, teremos n = 12/3 = 4, o que significa que o capital realiza 4 rotações no ano. Se r = 18 meses, então n = 12/18 = ⅔, ou seja, o capital realiza em 1 ano apenas ⅔ de seu tempo de rotação. (...) Para o capitalista, o tempo de rotação de seu capital é o tempo durante o qual ele tem de desembolsar seu capital a fim de valorizá-lo e recuperá-lo em sua forma original.
Pgs. 235-260:
CAPÍTULO 8: "Capital fixo e capital circulante"
77 - Diferencia capital fixo e constante. Carvão para uma indústria seria constante, mas não fixo. Mais à frente surgem complexidades e diferenciações/exceções (pra mim sem valor prático nítido, como alguns desses conceitos de Marx que se querem como categorias): ...Tal é o caso dos já citados melhoramentos do solo, que adicionam a este substâncias químicas cujo efeito se estende por vários períodos ou anos de produção. Aqui, uma parcela do valor continua a existir ao lado do produto em sua forma independente, ou na forma de capital fixo, enquanto outra parcela do valor é transferida ao produto e, assim, circula com ele.
78 - Sabe-se que o mesmo valor de uso que sai de um processo de trabalho como produto entra em outro processo de trabalho como meio de produção. É apenas a função de um produto como meio de trabalho no processo de produção que converte esse produto em capital fixo.
79 - O gado, como gado de trabalho, é capital fixo; como gado de corte, é matéria-prima, que entra na circulação como produto, ou seja, como capital circulante, não fixo. Uma semente pode levar um ano pra virar fruto, mas não é capital fixo, afirma.
80 - (Ainda não visualizo a importância material/prática do debate. Talvez o sistema conceitual ou de categorias de Marx seja melhor que os anteriores? Talvez sim, mas em que isso é uma crítica frontal à economia política burguesa?)
81 - Parte potencialmente interessante pra reflexão, digamos assim: “A construção inteira deve repousar sobre o mesmo princípio que rege uma colmeia: a capacidade de expansão ilimitada. Toda estrutura excessivamente sólida e simétrica de antemão é prejudicial, pois, em caso de extensão, terá de ser destruída.” (p. 123) (...)Isso depende, em grande parte, do espaço disponível. Em alguns edifícios é possível erguer andares adicionais; em outros, faz-se necessária a expansão da superfície, isto é, a ampliação do terreno. Na produção capitalista ocorrem, por um lado, muito desperdício de recursos e, por outro, uma grande quantidade de expansões contraproducentes desse tipo (prejudicando, em parte, a força de trabalho) na ampliação gradual das indústrias, porque nada se realiza de acordo com um planejamento social, mas conforme as circunstâncias, meios etc. infinitamente distintos com os quais opera o capitalista individual. Isso provoca um grande desperdício de forças produtivas. (...) Esse reinvestimento fragmentado do fundo monetário de reserva (isto é, da parte do capital fixo reconvertida em dinheiro) é mais fácil na agricultura.
82 - Nem ficou claro pra mim se serviços de reparo e manutenção são capital circulante ou fixo no esquema dele, só que, pra variar, não vi importância na questão. Ora pareceu uma coisa, ora outra. Aliás, em alguns trechos parece até que ele concorda comigo, o que seria estranho: ..."Naturalmente, o tipo de contabilidade não altera em nada o contexto efetivo das coisas que constam nos livros. Porém, é importante observar que, em muitos ramos de negócio, é costume calcular os gastos de reparo juntamente com o desgaste efetivo do capital fixo...".
83 - Faz uma ótima analogia para explicar as diferentes naturezas de reparos: No âmbito dos contratos de aluguéis de casas e outros objetos que constituem capital fixo para seu proprietário, a legislação sempre reconheceu a distinção entre a depreciação normal ocasionada pelo tempo, pela influência dos elementos e pelo uso normal desses objetos, e os reparos eventuais que precisam ser realizados de vez em quando para mantê-los em condições de uso durante seu tempo normal de vida. Em regra, os primeiros ficam a cargo do proprietário, e os segundos a cargo do inquilino. Os reparos se distinguem, além disso, em ordinários e substanciais. Estes últimos são, em parte, a renovação do capital fixo em sua forma natural e ficam igualmente a cargo do proprietário, quando o contrato não diz expressamente o contrário.
84 - Seguros contra imprevistos: Esse gasto tem de ser coberto pelo mais-valor e é dele descontado. Ou, considerado do ponto de vista da sociedade inteira: é preciso que ocorra uma constante superprodução, isto é, uma produção em escala maior do que a necessária para a simples reposição e reprodução da riqueza existente – independentemente do aumento da população –, a fim de que se disponha dos meios de produção necessários para compensar a destruição extraordinária provocada pelos acidentes e pelas forças naturais. (Não vejo superprodução. "Sobrepreço", em certo sentido, certamente sim. Só usaria "super"produção se não existissem tais imprevistos).
85 - A fronteira entre o reparo propriamente dito e a reposição, entre custos de manutenção e custos de renovação, é uma fronteira mais ou menos movediça. Daí a eterna disputa, nas ferrovias, por exemplo, sobre se certos gastos constituem reparo ou reposição, se devem ser computados entre as despesas correntes ou custeados pelo capital de base. Lançar os gastos de reparo na conta do capital, em vez de na conta dos ganhos, é o conhecido meio pelo qual as direções das ferrovias elevam artificialmente seus dividendos.
86 - Numa parte fala até do desgaste secular de construções muito sólidas. Na prática, não se leva em conta, pela insignificância anual dos reparos, na maioria das vezes meramente externos. Porém, em algum momento (ou geração) o custo maior chega.
87 - Sobre as reservas capitalistas, arremata: Com o desenvolvimento do sistema de crédito, que segue necessariamente um curso paralelo ao desenvolvimento da grande indústria e da produção capitalista, esse dinheiro atua não como tesouro, mas como capital, porém não nas mãos de seu proprietário, e sim de outros capitalistas, a cuja disposição ele é colocado.
Pgs. 261-266:
CAPÍTULO 9: "A rotação total do capital desembolsado. Ciclos de rotação"
88 - Por essas e outras que não sei bem a importância de se debruçar tanto sobre a questão da rotação do capital. A maioria das coisas me parece intuitiva: Suponhamos que um capital de £4.000 realize, por exemplo, cinco rotações por ano. Esse capital será, portanto de 5 × £4.000 = £20.000. Mas o que retorna ao fim de cada rotação (para ser novamente desembolsado) é o capital de £4.000 originalmente desembolsado. Sua grandeza não é modificada pelo número de períodos de rotação durante os quais ele volta a funcionar como capital. (Abstraímos, aqui, do mais-valor).
89 - Numa das partes é curioso que a edição (acho que brasileira) quis "corrigir" uma conta extremamente simples que já estava certa. Por sinal, todo esse capítulo está muito mais claro e simples nessa conta alheia do que nos blablablás:
90 - Nas demais considerações, não vi importância.
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