Livro: Varian, Hal - Microeconomia (2015) - Parte VI
Livro: Varian, Hal - Microeconomia (2015) - Parte VI
Pgs. 200-256:
CAPÍTULO 7: "Preferência revelada"
142 - Pressuposto: utilizaremos a hipótese de que as preferências do consumidor permanecerão estáveis no período em que observarmos seu comportamento de escolha. No longo prazo, costumam mudar.
143 - Vai trabalhar com preferências estritamente convexas para facilitar a explanação.
144 - Para cestas abaixo da reta orçamentária: p1y1 + p2y2 ≤ m. Já para cestas que estão nela e são, por isso, preferidas: p1x1 + p2x2 = m. Logo, p1x1 + p2x2 ≥ p1y1 + p2y2. (...) dizemos que (x1 , x2) é diretamente revelada como preferida a (y1 , y2).
145 - Preferência revelada e transitividade. Imagine que uma cesta z1,z2 é preterida em razão daquela mesma cesta y1,y2. Então...
146 - É natural dizer que, nesse caso, (x1 , x2 ) é indiretamente revelada como preferida a (z1 , z2 ).
147 - Coloca que, do ponto de vista do poder público, tudo isso pode ser importante ao se pensar políticas de subsídios ou de restrição de algum consumo. Por exemplo: criar imposto sobre sapato e subsidiar as roupas...para avaliar a desejabilidade de uma política como essa, é importante ter uma noção das preferências do consumidor com respeito a sapatos e roupas. Faz o exame das escolhas através de técnicas.
148 - Traz um gráfico que relaciona cestas melhores e piores e a curva de indiferença de uma cesta X:
149 - Violação do "axioma fraco da preferência revelada, pois, em tese, alguma das duas cestas tem que estar acima (ou nela) da curva de indiferença dele e outra abaixo... ou nela também (o que justificaria escolher as duas cestas?):
150 - ...Ou ele não está escolhendo a melhor cesta que pode adquirir ou não percebemos a ocorrência de mudança em algum outro aspecto do problema da escolha. Talvez os gostos do consumidor ou qualquer outra característica de seu ambiente econômico tenham mudado. De qualquer forma, uma violação desse tipo não é coerente com o modelo da escolha do consumidor num ambiente inalterado.
151 - ...Resumo do axioma fraco: ...se a cesta y puder ser adquirida quando a cesta x for realmente comprada, então, quando a cesta y for comprada, a cesta x não estará ao alcance do orçamento do consumidor. Como seria um caso "tudo bem"? Simples:
152 - Monta uma tabela, num exemplo simples, para "calcular" se o consumidor violou o axioma. Claro que explicou da forma mais abstrata e desinteressante possível algo que sequer me despertava interesse inicial.
153 - Ao tratar do "axioma forte das preferências reveladas", explica que se o fraco se referia a preterições diretas, o forte inclui as indiretas. Direta ou indiretamente preferida ou rejeitada. (Claro que ele só ficou no abstrato e não deu qualquer exemplo prático que viola o forte e respeita o fraco. Pelo contrário, o exemplo que ele deu me parece violar ambos. Enfim, bem frustrante a explicação).
154 - ...Uma das decorrências que colocou: se as escolhas observadas satisfizerem o AFoPR, então será sempre possível encontrar preferências para as quais o comportamento observado seja otimizador.
155 - (Obs: eu não estava entendendo bem as tabelas porque está trocado no pdf o que deveria ser cesta e o que deveria ser preço. Cesta é a linha e preço é a coluna. O asterisco representa as escolhas diretas do consumidor):
156 - ...Vê-se claramente que o cara odeia a cesta/linha 3. Comprou nem quando estava de 12 ou 10. Preferiu comprar a cesta 2 por 15 reais (asterisco acima) que a 3 por 10. Varian coloca que o consumidor prefere a cesta/linha 1 em relação à cesta/linha 2, inclusive concluindo, ao que entendi, que ele só não compra a 1 nos "preços 3" porque está de 22 reais. O asterisco entre parênteses significa que ela é "indiretamente preferida". (Confesso que não entendi, então, por qual motivo não concluir que ele preferiu a cesta/linha 1 à cesta/linha 2, aos "preços 2", simplesmente por não poder comprar a 2, que estava de 20 reais. Qual a lógica?)
157 - ...Coloca que, se adicionarmos asteriscos em todas as preferências reveladas de uma tabela, um computador pode calcular a ordem de preferências e se há violação da AFoPR. Por outro lado, se não encontrarmos essas violações, saberemos que nossas observações são consistentes com a teoria econômica do consumidor. Essas observações poderiam ter sido feitas por um consumidor otimizador com preferências bem-comportadas.
158 - ...Possível utilidade prática da coisa: As universidades maximizam uma função de utilidade ao efetuar suas escolhas econômicas? Se tivermos uma lista das escolhas econômicas que uma universidade faz ao defrontar-se com diferentes preços, poderemos, em princípio, responder a esse tipo de pergunta.
159 - Passa a falar dos números-índice e diferença entre os métodos Laspeyres e Paasche para medir variações. Já anotei esse assunto no caderno e parecia muito melhor explicado lá - e olha que achei os livros de estatísticas e econometria ruins em várias partes. Se usarmos como pesos os preços do período-base, teremos o chamado índice de Laspeyres; se empregarmos os preços do período t, teremos o chamado índice de Paasche. Varian obviamente optou por explicar tudo por meio de equações/abstrações, ao contrário dos outros livros em que vi isso. Complica desnecessariamente, com incógnitas e afins, para fazer conclusões e relações óbvias e simples sobre preços e renda.
EXERCÍCIOS
160 - Achei as perguntas confusamente formuladas aqui. Não deixou claro que o preço "p" (e depois o "q") servia para ambas as cestas, por exemplo. Ou que há premissa de que a renda é a mesma em cada situação. Ou (mas aí já é forçar um pouco a barra) que não daria pra comprar ambas. Se ele não quer saber de exemplos concretos, tem que encher as abstrações de premissas.
161 - ...Corrigindo isso, o resto é simples e facilmente entendível. A complicação foi desnecessária.
162 - Sobre indexação e previdência social, P = ...que tipo de preferência deixaria o consumidor exatamente como no ano-base, para todas as variações de preços? R = Complementares perfeitos. (Substitutos perfeitos também não? Simplesmente não compraria o mais barato?)
CAPÍTULO 8: "A Equação de Slutsky"
163 - Quando um preço relativo de um bem varia há o efeito renda/riqueza e o efeito substituição ao mesmo tempo. Qual será o dominante? Depende.
164 - Quando o preço do bem 1 varia e a renda permanece fixa, a reta orçamentária gira em torno do eixo vertical. Se o preço caiu, gira pra cima. O giro proporciona o efeito substituição e o deslocamento (que também há, logo "após" - na verdade, concomitante - o giro, se a renda está constante) , o efeito renda.
165 - ...Meio óbvio (e, portanto, desnecessário, como boa parte das coisas do livro), mas vamos lá: Seja m’ a quantidade de renda monetária exatamente suficiente para comprar a cesta de consumo original, ...m’ – m = x1 [p’1 – p1]. Essa equação diz que a variação na renda monetária necessária para que a cesta original possa ser comprada aos novos preços é exatamente igual à quantidade original de consumo do bem 1 multiplicada pela variação no preço desse bem. Outra decorrência óbvia: Δm = x1 Δp1. Em outras palavras: "O efeito substituição mostra como a demanda varia quando os preços mudam e o poder aquisitivo é mantido constante, no sentido de que a cesta original permanece acessível ao consumidor. Para manter constante o poder aquisitivo, a renda monetária tem de variar. A variação necessária na renda monetária é dada por Δm = x1Δp1."
166 - Mais precisamente, o efeito substituição Δx s 1 é a variação na demanda do bem 1 quando o preço do bem muda para p’1 e, ao mesmo tempo, a renda monetária muda para m’: Δxszinho1zinho = x1 (p’1, m’) – x1 (p1, m). Pronto. Inserindo-se os números, dá para calcular. Bastará conhecer/identificar a função de demanda da coisa, o que fornecerá os dados - A variação na demanda do bem 1 pode ser pequena ou grande, dependendo da forma das curvas de indiferença do consumidor. Claro que isso está pressupondo p2 constante, senão complica.
167 - Terminologias da vida: O efeito substituição é às vezes chamado de variação na demanda compensada.
168 - Traz um exemplo de cálculo com as fórmulas ensinadas. Vou meramente repetir:
169 - A fórmula do efeito renda (lembra que a demanda pelo bem pode cair ou aumentar, a depender do bem ser inferior ou normal): Δxnzinho1zinho = x1 (p’1, m) – x1 (p’1, m’).
170 - Obs.: se o efeito renda, numa queda de preço p1, pode gerar aumento ou queda na demanda, o mesmo não acontece com o efeito substituição. Ele sempre rema no sentido do aumento da demanda com a queda de preço p1. Seria ilógico deixar de comprar pelo efeito substituição, pois o consumidor já estava "maximizando sua utilidade" na situação anterior. Só o efeito renda é que poderia gerar esse desapreço "agora que é rico/a". "Dizemos que o efeito substituição é negativo porque a variação na demanda devida ao efeito substituição é oposta à variação no preço".
171 - A variação total na demanda, Δx1, é a variação na demanda devida à variação no preço, mantida fixa a renda:
172 - ...A fórmula acima é resultado dos dois efeitos mencionados.
173 - ...Essa equação é chamada identidade de Slutsky.
174 - Situação rara (Giffen) com bens inferiores: "Se o segundo termo do lado direito – o efeito renda – for suficientemente grande, a variação total da demanda pode ser positiva. Isso significaria que o aumento do preço resultaria no aumento da demanda":
175 - Pra mim tava óbvio antes de falar, mas... vale anotar: A identidade de Slutsky mostra, porém, que esse tipo de efeito perverso só pode ocorrer com bens inferiores: com o bem normal, os efeitos renda e substituição reforçam-se mutuamente, de modo que a variação total da demanda ocorre sempre na direção “correta”. Um bem inferior não é necessariamente Giffen também. Seria tipo um bem inferior turbinado na inferioridade, digamos.
176 - (Depois disso ele começa a "mexer com a fórmula" Deus sabe visando demonstrar que coisa. Não vi qualquer acréscimo interessante).
177 - Coloca que a conclusão mais importante de tudo isso é a "lei da demanda" (achei perfeita, mas só diz respeito aos bens normais, que ao menos são a maioria, creio): "Se a demanda de um bem aumenta quando a renda aumenta, a demanda desse bem tem de diminuir quando seu preço subir." (...) Isso decorre diretamente da equação de Slutsky: se a demanda aumentar quando a renda subir, teremos um bem normal. E, se temos um bem normal, o efeito substituição e o efeito renda reforçam-se mutuamente, de modo que um aumento do preço certamente reduzirá a demanda.
178 - Nos complementares perfeitos, só há efeito renda, isso porque "quando giramos a reta orçamentária em volta do ponto escolhido, a escolha ótima na nova reta orçamentária é idêntica à escolha na reta anterior". Não há qualquer substituição:
179 - No caso dos substitutos perfeitos é quase o contrário. Via de regra, só há substituição. Efeito renda só ocorre se já havia escolha de um bem "x", que fica mais barato ainda. Aí ele compra mais, mas sem substituição.
180 - Quase-lineares: Já vimos que o deslocamento da renda não causa variação na demanda do bem 1 quando as preferências são quase lineares. Isso significa que toda a variação da demanda do bem 1 deve-se ao efeito substituição e que o efeito renda é zero, conforme ilustra a Figura 8.6.
181 - Discute um caso concreto durante o primeiro choque do petróleo nos EUA. Quiseram criar imposto para desincentivar o consumo de gasolina e reduzir a dependência do país desse tipo de produto importado. Como muitos seriam contra mais imposto, foi proposto que o dinheiro extra arrecadado fosse todo redistribuído pela população ou compensado com redução de outros tributos. Varian: "Observe que a receita do imposto dependerá da quantidade real de gasolina que o consumidor acabe por consumir, x’, e não da quantidade anteriormente consumida, x.". A partir daí, abusa da álgebra pra uma história que na verdade é intuitiva desde o início: O imposto torna o bem 1 mais caro, e a restituição aumenta a renda monetária. A cesta original não pode mais ser comprada, e a situação do consumidor certamente piora. Com o plano de restituição de imposto, a escolha do consumidor resulta em consumir menos gasolina e mais de “todos os outros bens”. No gráfico:
182 - Interessante programa na Geórgia para reduzir consumo de energia especialmente em horários de pico: Uma forma de fazer isso é por meio do sistema de Determinação de Preços em Tempo Real (RTP – Real Time Pricing). Num programa de Determinação de Preços em Tempo Real, grandes usuários industriais são equipados com medidores especiais que permitem que o preço da eletricidade varie de minuto para minuto, conforme os sinais transmitidos pela empresa geradora. Quando a demanda por eletricidade se aproxima do limite da capacidade instalada, a empresa geradora aumenta o preço, de modo a incentivar a redução do consumo. O esquema de preços é elaborado em função da demanda total de eletricidade. (...) A Georgia Power Company proclama que conduz o maior programa de determinação de preços em tempo real do mundo. Em 1999, conseguiu reduzir a demanda em 750 megawatts, em dias de preço alto, ao induzir alguns grandes usuários a reduzir a demanda em até 60%.
183 - ...Coloca que também há espécies de "bandeiras" por lá. Isso com relação a certa "quantidade-base". Há descontos quando se fica abaixo dela. "Se o consumo se mantém igual à quantidade-base, a conta de eletricidade do usuário não muda". Isso, no caso, é a intersecção das duas retas abaixo:
184 - "Não é difícil perceber que esse plano de determinação de preços é um giro de Slutsky em torno do consumo básico. Assim, podemos estar confiantes de que o consumo cairá e de que os usuários estarão pelo menos na mesma situação, com preço em tempo real, em que estavam em relação ao preço básico. De fato, esse programa se tornou bastante popular, com mais de 1.600 participantes voluntários".
185 - Passa a tratar do "Efeito substituição de Hicks". O conceito é o de manutenção do mesmo "total de utilidade", digamos assim, mesmo com queda do poder aquisitivo, ao que entendi dos trechos seguintes de suposição: "...apresentamos ao consumidor uma nova reta orçamentária, que tem os mesmos preços relativos que a reta orçamentária final, mas que corresponde a um nível de renda diferente. O poder aquisitivo que ele tem sob essa reta orçamentária não lhe permitirá mais comprar a cesta de bens original – mas será suficiente para comprar uma cesta que, para o consumidor, é exatamente indiferente à cesta original. (...) Assim, o efeito substituição de Hicks mantém constante a utilidade, em vez de manter constante o poder aquisitivo".
186 - ...Ou seja, "o efeito substituição de Slutsky fornece ao consumidor o dinheiro exatamente necessário para voltar a seu nível original de consumo; o efeito substituição de Hicks fornece ao consumidor a quantidade de dinheiro exatamente necessária para que retorne à sua antiga curva de indiferença".
187 - ...Na prática, seria tipo minha renda real cair, mas eu trocar comida por outras que me dão o mesmo prazer/utilidade. "Tem nada não, tenho outras cestas aqui às quais eu sou indiferente e a minha reta orçamentária ainda alcança", digamos assim.
188 - Traz equações, mais uma vez supérfluas ao entendimento da questão, para mostrar que "a variação total na demanda ainda é igual ao efeito substituição mais o efeito renda – mas agora se trata do efeito substituição de Hicks."
189 - "Vimos como a quantidade demandada varia quando os preços variam em três contextos diferentes: com a renda fixa (caso padrão), com o poder aquisitivo fixo (o efeito substituição de Slutsky) e com a utilidade fixa (o efeito substituição de Hicks)." Afirma que isso origina três tipos de curvas de demanda. A de Hicks é chamada de "compensada" porque o consumidor, ao contrário do caso padrão, não vai ficando em pior situação com o aumento do preço relativo de x, ele vai sendo "compensado" por isso. A utilidade permanece constante. A curva de demanda compensada é muito útil em cursos avançados, sobretudo na análise do custo-benefício. (...) Entretanto, o cálculo real das curvas de demanda compensadas exige um ferramental matemático mais extenso do que o desenvolvido neste texto.
EXERCÍCIOS E APÊNDICE
190 - É possível ter apenas "efeito renda" nos substitutos perfeitos. Basta que o bem mais barato, que já era o escolhido na situação ex ante, fique ainda mais barato. A quantidade demandada vai aumentar e isso não terá ocorrido por nenhuma substituição, mas mero efeito renda.
191 - Questões 3 e 4 não entendi 100% (mas suspeito do porquê das respostas) por qual motivo a pessoa não usaria o dinheiro/restituição baseado no consumo original de gasolina simplesmente para manter o padrão/cesta de consumo original. Usando justamente para comprar gasolina. Nesse caso, as respostas dadas pelo livro não estariam com a realidade. Creio que é pela mudança de preço relativo, o qual faz com que novas cestas passem a ser preferidas com esse novo montante total recebido pela pessoa. A melhor curva de indiferença não é mais a que inclui o consumo original de gasolina, mesmo com o poder aquisitivo se mantendo pela compensação do imposto criado. Consumir gasolina
192 - ....É isso mesmo. Percebi na resposta que ele dá na questão cinco. O consumidor fica em situação provavelmente melhor - no mínimo igual - que a anterior com esse acréscimo de renda. Uma vez que podem manter o consumo anterior, os consumidores teriam que, pelo menos, ficar em melhor situação. Isso ocorre porque o governo está lhes devolvendo mais dinheiro do que o que eles perdem em decorrência do preço mais alto da gasolina.
193 - Apêndice novamente me pareceu de pouco interesse.
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