Livro: Varian, Hal - Microeconomia (2015) - Parte I

         

Livro: Varian, Hal - Microeconomia (2015) - Parte I


Pgs. 39 (do pdf) a 66 (do pdf):


1 - Interessante começar este "fichamento" com uma advertência. Não é meu foco de estudo em economia, mas acho importante ter uma noção geral do microeconomia trata, mais do que já vi nos livros de "Introdução à Economia". Vou tentar não repetir o que já anotei lá e vou desconsiderar boa parte dos desenvolvimentos da matéria que não tiverem, a meu ver, óbvia relação relevante com macro. Talvez eu pule muita coisa. Até porque o livro "pdf" deu mil e poucas páginas.


2 - Capítulo 1 se chama "O mercado" e parece bem simples e "já visto". Um modelo quer explicar a variável endógena. Preço de apartamentos próximos a uma universidade, por exemplo. O preço dos demais apartamentos pode ser no máximo uma variável exógena do presente modelo. Não é o foco. Não se quer saber a razão e/ou composição dos preços destes outros ap. "A primeira simplificação que faremos nesse modelo é que todos os apartamentos são idênticos em todos os aspectos, exceto pela localização."


3 - Uma curva de demanda tem funcionamento meio que intuitivo: dois apartamentos seriam alugados até que alcançássemos o preço máximo que a pessoa com o terceiro maior preço estivesse disposta a pagar, e assim por diante


4 - Os economistas costumam chamar de preço de reserva a quantia máxima que uma pessoa está disposta a pagar por alguma coisa. ...o preço de reserva de uma pessoa é o preço em relação ao qual essa pessoa é indiferente entre comprar ou não comprar o bem. No exemplo, morar perto da universidade pagando esse preço de reserva ou simplesmente morar longe. Tanto faz.


5 - Menciona as forças que formam o equilíbrio da curva de oferta num mercado competitivo: Como todas as partes procuram defender seus próprios interesses e conhecem os preços alternativos cobrados, uma situação de cobrança de preços diferentes pelo mesmo bem não pode persistir em equilíbrio.


6 - Elasticidade da curva de oferta de imóveis para serem alugados depende do tempo de análise: Se considerarmos um período de vários anos, de modo que novas construções possam ser realizadas, o número de apartamentos certamente dependerá do preço cobrado. Num espaço curto, a curva de oferta é fixa. Oferece o que seria uma representação do equilíbrio no mercado em questão (no curto prazo):



7 - Chama o preço de equilíbrio de p*. A esse preço, todo consumidor disposto a pagar ao menos p* pode encontrar um apartamento para alugar, e todos os proprietários serão capazes de alugar seu imóvel ao preço corrente de mercado. (...) Apenas a esses preços a demanda ficará igual à oferta.


8 - ...Assim, quem tiver "preço de reserva" coincidentemente igual ao "preço de equilíbrio" será indiferente a morar perto da universidade por p* ou morar longe mesmo.


9 - Começa a fazer o que chama de "estática comparativa" - não dá muitos detalhes do conceito. Se alguns donos de imóveis (perto da universidade) resolvem vendê-los, o que acontece com o p*? Cai a oferta de aluguéis restantes e o preço de equilíbrio aumenta? Possivelmente não. Possivelmente caiu também a demanda na mesma proporção. Os compradores certamente eram pessoas que antes queriam alugar imóveis perto da universidade. Assim, o mais provável é que isso não afete muito o p*. No gráfico, ficaria assim:



10 - Outro exemplo surpreendente de estática comparativa. O que acontece com p* se a prefeitura resolve aumentar o imposto predial em $50? Nada. Curva de oferta no curto prazo permanece igual... E a curva de demanda também não se altera, pois o número de apartamentos a ser alugado a cada preço diferente também será o mesmo. (...) Eis um modo de pensar nos efeitos desse imposto. Antes de sua aplicação, cada proprietário cobra o maior preço que pode conseguir para manter seu apartamento alugado. O preço de equilíbrio, p*, é o mais alto que pode ser cobrado para ser compatível com o aluguel praticado com todos os apartamentos. Será que os proprietários poderão elevar esse preço para compensar o pagamento do imposto? A resposta é negativa: se eles pudessem elevar o preço e manter os apartamentos alugados, já o teriam feito. (Já que estamos pressupondo um mercado competitivo). Proprietários é que irão arcar com o imposto na prática, já que estamos pressupondo a oferta inelástica. No curto prazo é isso. No médio e longo, podem preferir ir redirecionando o capital aplicado já que a margem levou porrada.


11 - Alocações de apartamentos também podem se dar em outros tipos de mercados: por outro lado, poderíamos imaginar a reunião de certo número de proprietários para coordenar suas ações para agir como um só. Uma situação em que o mercado é dominado por um único vendedor de um produto é chamada de monopólio. Se um monopolista discriminador conhecesse o preço de reserva de toda a curva de demanda, poderia ir alugando sequencialmente de modo a não deixar qualquer "excedente de consumidor". Tipo ir fazendo múltiplos leilões. Interessante, porém, é que as pessoas que obterão os apartamentos serão exatamente as mesmas do caso da solução competitiva.


12 - Na prática, o monopolista dificilmente controla assim a curva de demanda, não podendo discriminar preços - há alguns truques para tanto, mas nunca ocorre algo perfeito. Assim, terá que se sujeitar ao "quadrilátero da receita" para otimizar a escolha "preço/quantidade":



13 - ...Se nada muda nos custos, quanto maior a receita, melhor para o monopolista. Na prática, isso significa que muitas vezes não será a oferta máxima de apartamentos a utilizada. Basta ver acima no gráfico. Ficaria melhor ter alguns apartamentos vazios quando não houver como o monopólio discriminar preços. ....menos apartamentos serão alugados e, por cada apartamento alugado, será cobrado um preço maior que no mercado competitivo.


14 - E com controle de preço do aluguel em mercado competitivo? ...será alugado, ao preço de aluguel determinado pelo controle, o mesmo número de apartamentos que seriam alugados a um preço competitivo, só que para pessoas diferentes. O teto não vai evitar que se ponha para alugar. Como deve ser mais baixo que o p*, quem conseguir serão os mais bem relacionados, quem teve mais tempo para procurar ou quem chegar primeiro. Demanda estará sempre maior que a oferta. 


15 - ....se a alocação não permitir nenhuma melhoria de Pareto, então ela é eficiente no sentido de Pareto. Uma ineficiência de Pareto significa que há alguma situação que poderia ser melhorada, para alguém, sem prejuízo de outrém. Coloca que as trocas livres podem trazer todas essas vantagens. Imagine-se que todos os habitantes foram alocados por sorteio na cidade, mas alguns pagariam bem para estar mais perto da universidade e outros, sorteados para lá, são quase que indiferentes a estarem lá ou mais longe. Cria-se chance de clara troca vantajosa mediante leve compensação até. Várias trocas do tipo poderiam surgir. Suponhamos que as trocas voluntárias realizem-se a ponto de esgotar todos os ganhos. A alocação resultante deve ser eficiente no sentido de Pareto.


16 - Interessante é que o "monopolista discriminador" - ou seja, não apenas o mercado competitivo - consegue gerar "eficiente de Pareto", só que sem excedente do consumidor. Afinal, ele vai poder alugar até ao último da curva de demanda, nem que seja a "custo mais um centavo". Nas palavras de Varian: Embora o mercado competitivo e o monopolista discriminador, gerem resultados eficientes no sentido de Pareto, no sentido de que não se desejarão fazer novas trocas, esses sistemas podem resultar em distribuições de renda bastante diferentes. (Concluo que ótimo de Pareto e justiça são coisas  diferentes, mas isso é uma longa outra história...). Ainda sobre a eficiência de Pareto: ...Ela só se preocupa com a eficiência da troca, ou seja, em saber se todas as trocas possíveis foram realizadas.


17 - No monopolista que não tem como discriminar preço, a oferta fica "subótima", ou seja, o ótimo de Pareto acaba não valendo. Proprietário e alguns locatários poderiam firmar negócio mutuamente benéfico, mas o preço teria que poder variar. 


18 - Quanto ao controle de aluguéis, coloca que só seria ótimo de pareto se permitidas fossem, de imediato, as sublocações. Ou seja, trocas posteriores ocorreriam até ficar "ótimo". Porém, aí alguns preços - que duas partes desejam - poderiam cair no "proibitivo", impedindo, assim, tal ótimo.


EXERCÍCIOS


19 - Importante sobre o entendimento de tudo aqui: se há, em toda a curva de demanda, 25 pessoas querendo alugar a preço de reserva de 500 e 1 pessoa querendo alugar a 200, o que ocorrerá nas seguintes ofertas? 24 aps, 25 aps e 26 aps. Com 24 ap, o p* será 500. Com 26 aps, o p* será 200 (se só puder mesmo ser um preço), pois ninguém quer ficar de fora na dança das cadeiras e vai baixar o preço até o último da curva só pra poder alugar (afinal, tudo é lucro). Com 25 aps, não dá pra saber. O preço seria algo entre 200 e 500.


20 - A matemática do monopolista de preço único envolverá buscar o topo de uma função que tem a ver com maximizar a receita usando a curva de demanda. Suponhamos que a curva de demanda seja D(p) = 100 – 2p. Que preço o monopolista fixaria se ele tivesse 60 apartamentos? Quantos ele alugaria? Que preço ele fixaria se tivesse 40 apartamentos? Quantos ele alugaria? (...) R = Ele fixaria um preço de 25 e alugaria 50 apartamentos. (Isso porque a receita total seria 1250. Se ele alugasse os 60 a 20, o que também encaixa na função/curva de demanda, obteria apenas 1200). No segundo caso, ele alugaria todos os 40 apartamentos ao maior preço que o mercado pudesse suportar. Isso se daria pela solução para D(p) = 100 – 2p = 40, que é p* = 30. Preços maiores não maximizariam receita aqui.


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