Livro: Blanchard, Olivier - Macroeconomia (2011) - Parte XV
Livro: Blanchard, Olivier - Macroeconomia (2011) - Parte XV
Pgs. 282-301:
279 - O capítulo 15 é sobre "Mercados financeiros e expectativas". Não sei se vai me acrescentar nada de muito útil após dez anos de pesquisa. Inicia com "curvas de juros", assunto já conhecido, por exemplo.
280 - O preço do título de um ano varia inversamente com a taxa nominal de juros de um ano atual. 1t é pagamento em um ano. 2t, em dois.
281 - (A página 305 é um bom exemplo do que critico em todos esses livros. Sei do que ele está falando e já até ganhei dinheiro com isso e já ensinei a alguém sobre. Porém, a maneira com que ele explica "arbitragem" com preço dos títulos é chata e abstrata, usando fórmulas. Bastava dar um exemplo concreto. Como já sei, não me incomodou. Se fosse um assunto em que tenho muito a aprender, ficaria um bom tempo "decodificando"... Enfim, na minha humilde opinião, o método de explicação, abstrato, é desnecessariamente confuso). Blanchard: Uso ‘arbitragem’ para representar a proposição de que os retornos esperados de dois ativos devem ser iguais. Alguns economistas reservam ‘arbitragem’ para uma proposição mais estreita de que as oportunidades de lucro sem risco não ficam inexploradas.
282 - Nem sei se isto aqui é útil para mim, mas anotei: Qual é a relação entre a taxa de juros de dois anos, a taxa de juros de um ano atual e a taxa de juros de um ano esperada? ... A equação (15.7) simplesmente diz que a taxa de juros de dois anos é (aproximadamente) a média entre a taxa de juros de um ano atual e a taxa de juros de um ano esperada para o próximo ano.
283 - ....O princípio geral é claro: as taxas de juros de longo prazo refletem as taxas de juros de curto prazo atual e futuras esperadas.
284 - A taxa de juros de um ano esperada para o próximo ano é igual a duas vezes o rendimento de um título de dois anos menos a taxa de juros de um ano atual.
285 - Afirma que, na transição de Clinton para Bush, esperava-se uma "aterrissagem suave" da economia dos EUA, a qual estaria superaquecida, ou seja, acima do produto natural. Só que o "pouso" foi bem mais turbulento do que se previa.
286 - ...Se a política monetária tivesse permanecido inalterada, a economia teria se movido sobre a curva LM, e o equilíbrio passaria de A para B, levando a uma diminuição do produto (...).
287 - ...Após, Blanchard passa a explicar porque a curva de juros estava, chegado junho de 2001, positivamente declinada (até acentuadamente) nos próximos anos.
288 - Basicão do setor privado: "Como as empresas privadas se financiam"? As empresas captam recursos de dois modos: financiamento por dívida, por meio de títulos e empréstimos, e financiamento por participação acionária, por meio da emissão de ações ou papéis, como as ações também são chamadas.
289 - Falando do SP500 da época: "Na época da redação deste livro (meados de 2007), os preços das ações se recuperaram em parte, mas ainda estavam longe do pico de 2000".
290 - Quanto ao preço das ações, nenhuma novidade também: A equação (15.9) dá o preço da ação como valor presente dos dividendos nominais, descontados pelas taxas de juros nominais. No Capítulo 14 vimos que podemos reescrever essa equação para expressar o preço real da ação como valor presente dos dividendos reais, descontados por taxas reais de juros.
291 - Os investidores que desafiam uma forte HME: "Se forem apenas uns poucos, eles podem não comprar o suficiente dessa ação para fazer com que seu preço suba todo o necessário hoje. Podem, assim, obter grandes retornos esperados".
292 - Reações do mercado financeiro a decisões do FED: A resposta depende das expectativas dos participantes da bolsa de valores com respeito à política monetária antes da ação do Fed. Se os participantes da bolsa de valores tivessem previsto perfeitamente a política expansionista, a bolsa de valores não reagiria. Porém, se há, por exemplo, um expansionismo monetário imprevisto, ainda que parcialmente, ações tendem a subir, ao menos no curto prazo. Tanto pela perspectiva de redução da taxa de juros, o que torna os dividendos mais atraentes frente à taxa livre de risco e desafoga as obrigações de dívidas das empresas, quanto pelo próprio crescimento/impulsionamento do produto ao menos num primeiro momento.
293 - Algo como "aumento inesperado do consumo" pode ter efeito positivo ou negativo sobre a bolsa. Ele explica e "grafica". Dependerá do colateral - sobre LM - dominante que esse evento inesperado gerou: Uma curva LM quase plana leva a um movimento de A para A’, com aumentos pequenos das taxas de juros, aumentos grandes do produto e, portanto, a um aumento dos preços das ações. Uma curva LM muito inclinada leva a um movimento de A para A”, com aumentos grandes das taxas de juros, aumentos pequenos do produto e, portanto, a uma queda dos preços das ações. Ademais, tudo isso depende não só da declividade de LM, mas também de como o FED/BC vai reagir a esse deslocamento inesperado de IS. Que fará com a oferta de moeda - e consequentemente os juros? Vai acomodar? Será que o Fed, em vez disso, manterá sua política monetária, deixando inalterada a curva LM? Nesse caso, a economia se moverá sobre a curva LM.
294 - ...Enfim, depende do quanto o FED teme que o produto ultrapasse o "natural" e acelere a inflação. Se aumenta a taxa de juros, o mercado pode ficar bem receoso quanto às aplicações em renda variável.
295 - Diz que variações no mercado sempre serão mais "temperadas" que o que seria racionalmente esperado, isso em razão do que chama de "bolhas especulativas racionais": investidores que não acreditam no valor de um papel, mas acreditam que há uma exuberância irracional da qual pode se aproveitar vendendo por mais um pouco mais tarde. Enfim, uma aposta meio piramidal, digamos assim. Inclusive alguns sabem que a bolha vai explodir, que é insustentável, mas apostam que conseguem sair antes (Sem falar dos inúmeros vieses comportamentais da vida, curiosamente deixados meio de lado por Blanchard).
296 - A bolha das tulipas durou três anos. 1634 a 1637. A queda foi de 90% em relação ao pico da bolha. Na página 296 traz um exemplo louco: Em 1994, o ‘financista’ russo Sergei Mavrody criou uma companhia chamada MMM e começou a vender ações prometendo aos acionistas uma taxa de retorno de pelo menos 3.000% ao ano! (...) A empresa foi um sucesso instantâneo. O preço das ações da MMM aumentou de 1.600 rublos em fevereiro para 105.000 rublos em julho. (...) O número de acionistas já somava dez milhões de pessoas então, segundo a própria companhia. O problema é que a MMM não se encontrava envolvida em nenhum tipo de produção e não possuía ativos, à exceção de seus 140 escritórios espalhados pela Rússia. As ações não tinham qualquer valor intrínseco. Era mera pirâmide. O país estava em recessão e as pessoas ficavam desesperadamente atraídas pela promessa de dinheiro fácil. Mesmo Iéltsin advertiu do perigo. Como a Rússia estava surtada, o Mavrody disse, quando deu a inevitável merda, que o governo tinha que assumir os prejuízos das pessoas e pagar tudo, o que obviamente não aconteceu. Posteriormente, nesse mesmo ano, Mavrody concorreu às eleições parlamentares, nomeando-se defensor dos acionistas que haviam perdido suas poupanças. E foi eleito! Sem mais comentários.
297 - Interessante para leigos no assunto é o exemplo de boa notícia sobre a economia dos EUA que derrubou o mercado: "Dezembro de 1999: (...) “As boas novas na economia foram más notícias para as ações e piores ainda para os títulos [...] O anúncio dos números das vendas no varejo em novembro maiores do que o esperado não foi bem recebido. A economia aquecida gera temores de inflação e aumenta o risco de que o Federal Reserve eleve as taxas de juros novamente".".
298 - Crise financeira do ano 2000, com a queda abrupta da NASDAQ: A maioria das evidências aponta principalmente para o estouro de uma bolha. Conforme vimos no Capítulo 14, as notícias sobre o crescimento da produtividade continuavam boas. Por essa interpretação, parte do aumento na década de 1990 foi, na verdade, injustificado, e foi isso que levou a uma correção abrupta no início da década de 2000.
299 - Poucos duvidam, por exemplo, de que o declínio na bolsa de valores foi um dos fatores por trás da recessão de 2001. A maioria dos economistas acredita também que o colapso da bolsa de valores em 1929 foi uma das fontes da Grande Depressão e que o grande declínio do índice Nikkei é uma das causas da prolongada crise japonesa na década de 1990.
300 - O apêndice matemático da página 300 não vou ler, pois se até a matemática do corpo do capítulo já era supérflua...
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