Livro: Blanchard, Olivier - Macroeconomia (2011) - Parte XII
Livro: Blanchard, Olivier - Macroeconomia (2011) - Parte XII
Pgs. 222-239:
221 - O capítulo 13 se chama "Progresso tecnológico e crescimento". Ele... pode levar a maiores quantidades de produto para dadas quantidades de capital e trabalho. Pense em um novo tipo de lubrificante que permite a uma máquina operar em maior velocidade e, portanto, produzir mais. Produtos melhores, novos produtos e maior variedade dos mesmos. Tudo isso vem do progresso tecnológico. O número médio de itens disponíveis em um supermercado aumentou de 2.200 em 1950 para 45.500 em 2005. Para se ter uma ideia do que isso significa assista ao filme Moscou em Nova York e observe a cena em que Robin Willians (que faz o papel de um imigrante soviético) está no supermercado.
222 - Traz mais uma formalização, a função de produção ampliada: Vamos representar o estado da tecnologia por A e reescrever a função de produção como: Y = F(K, N, A) (+, +, +). Sugere, depois, o seguinte: Y = F(K, AN). Isso porque o progresso tecnológico reduz o número de trabalhadores para obter um dado montante. Outra forma de ver a mesma fórmula: O progresso tecnológico aumenta o produto que pode ser obtido com um dado número de trabalhadores. ... Em outras palavras, podemos pensar no produto como algo obtido por meio de dois fatores: capital, K, e trabalho efetivo, AN.
223 - Coloca que as relações serão as mesmas dos estudos anteriores. No caso, 2Y = F(2K, 2AN) e xY = F(xK, xAN).
224 - Também há rendimentos decrescentes para o capital por "trabalhador efetivo". Ou seja, para K/AN. Joga umas fórmulas e gráficos pra falar isso também. Não vi qualquer necessidade.
225 - Mais fórmulas e gráficos de necessidade duvidosa para dizer a diferença para o modelo sem progresso tecnológico: ..."a manutenção da mesma razão entre capital e trabalhadores efetivos, K/AN, requer um aumento do estoque de capital, K, proporcional ao aumento do número de trabalhadores efetivos, AN".
226 - Sejam (delta, sei lá) a taxa de depreciação do capital, gA a taxa de progresso tecnológico e gN a taxa de crescimento populacional. Se supusermos que a razão entre emprego e população total permanece constante, o número de trabalhadores, N, também crescerá à taxa anual gN. Juntas, essas hipóteses implicam uma taxa de crescimento do trabalho efetivo, AN, igual a gA+ gN. Por exemplo: se o número de trabalhadores estiver crescendo a 1% ao ano e a taxa de progresso tecnológico for de 2% ao ano, então a taxa de crescimento do trabalho efetivo será igual a 3% ao ano. (A taxa de crescimento do produto de duas variáveis é a soma das taxas de crescimento das duas variáveis). (...) Essas hipóteses implicam que o nível de investimento necessário para manter um dado nível de capital por trabalhador efetivo seja, portanto, dado por: I = K + (gA + gN)K. Compensa-se, assim, a depreciação. Ou, igualmente, I = ( + gA + gN)K.
227 - .Se parece complicado pensar no concreto, ele felizmente traz o mundo real às vezes - embora seja nítida a discutível preferência por partir do abstrato/complexo. É necessário um montante K apenas para manter o estoque de capital constante. Se a taxa de depreciação for de 10%, então o investimento deverá ser igual a 10% do estoque de capital apenas para manter o mesmo nível de capital. E um montante adicional (gA+ gN)K será necessário para assegurar que o estoque de capital aumente à mesma taxa do trabalho efetivo. Se, por exemplo, o trabalho efetivo aumenta a 3% ao ano, então o capital deve aumentar 3% ao ano para manter o mesmo nível de capital por trabalhador efetivo. Juntando K e (gA+ gN)K neste exemplo: se a taxa de depreciação é de 10% e a taxa de crescimento do trabalho efetivo é de 3%, então o investimento deve ser igual a 13% do estoque de capital para manter um nível constante de capital por trabalhador efetivo. É meio que consequencia de tudo que já foi falado até mesmo antes das fórmulas.
228 - ...O ponto (K/AN)* é onde o investimento é exatamente o necessário para manter o nível existente de capital por trabalhador efetivo. É o K/AN* estacionário, ao que entendi. O mesmo para (Y/AN)*, o produto por trabalhador efetivo. (...) Isso implica que, no estado estacionário, o produto, Y, cresce à mesma taxa que o trabalho efetivo, AN (de modo que a razão entre as duas variáveis seja constante). Como o trabalho efetivo cresce à taxa (gA+ gN), o crescimento do produto no estado estacionário também deve ser igual a (gA+ gN). O mesmo raciocínio se aplica ao capital. Como o capital por trabalhador efetivo é constante no estado estacionário, o capital também cresce à taxa (gA+ gN). No estado estacionário, a taxa de crescimento independe da taxa de poupança. Ela não tem mais como contribuir para crescer, digamos assim. Isso na verdade é muito simples e intuitivo. Mais complicado a um leigo foi chegar na álgebra e gráfico da coisa. E, no fundo, tudo tem a ver com os rendimentos decrescentes do capital.
229 - O que é o "crescimento balanceado"? No estado estacionário, o produto e os dois insumos — capital e trabalho efetivo — crescem balanceadamente, à mesma taxa.
230 - Quanto à relação "poupança/estado estacionário", uma taxa alta aumenta o nível do produto por trabalhador efetivo. o Capital por trabalhador efetivo "ótimo" poderá gerar "taxa extra de crescimento" por mais tempo, digamos assim. Enfim, achei tudo muito parecido com o capítulo anterior. Também óbvio e igual: ...o produto termina em um nível mais alto do que estaria sem o aumento da taxa de poupança. Mas sua taxa de crescimento volta para gA+ gN.
231 - Números do P & D nos países desenvolvidos: Os gastos industriais com P&D respondem por cerca de 2% a 3% do PIB de cada um dos quatro países mais ricos que examinamos no Capítulo 10 (Estados Unidos, França, Japão e Reino Unido). Aproximadamente 75% dos cerca de um milhão de cientistas e pesquisadores dos Estados Unidos que trabalham com P&D são empregados por empresas. Os gastos com P&D das empresas dos Estados Unidos correspondem a mais de 20% de seus gastos com investimento bruto e a mais de 60% de seus gastos com investimento líquido — investimento bruto menos depreciação. É algo que depende também da capacidade de se apropriar da descoberta. Aqui entram direitos de propriedade intelectual e etc. Não é como aportar em capital físico. Comprar máquinas em vez de ideias.
232 - Segundo papel do capital humano: pesquisadores e cientistas melhores e, consequentemente, uma taxa mais elevada de progresso tecnológico.
233 - Pesquisa básica ou aplicada? Alguns países parecem ser mais bem-sucedidos na pesquisa básica; outros países são mais bem-sucedidos em pesquisa e desenvolvimento aplicados. ... Por exemplo, argumenta-se frequentemente que o sistema de ensino superior francês, com sua forte ênfase no pensamento abstrato, gera pesquisadores que são melhores em pesquisa básica do que em pesquisa e desenvolvimento aplicados.
234 - TI: Apesar de avançar em um ritmo menos acelerado, o progresso tecnológico no restante do setor de TI também tem sido muito alto. E a participação do setor de TI no PIB vem aumentando continuamente, de 3% do PIB em 1980 para 7% do PIB hoje. (2006). E fora do setor de TI? As medidas de progresso tecnológico mostram apenas um pequeno crescimento da taxa de progresso tecnológico nos demais setores em relação à média pós-1970. Blanchard se mostrou, porém, otimista quanto aos próximos anos em razão do aumento do estoque de capital de TI. Acreditava em produtividade uns 0,5% maior que a média pós-70. (Creio que os números desses últimos 15 anos não confirmaram isso).
235 - Futuro e tecnologia: Uma preocupação de longa data é que as pesquisas se tornarão cada vez menos férteis, que a maior parte das descobertas principais já foi feita e que o progresso tecnológico passará por uma desaceleração. Esse receio pode ter origem no fato ocorrido com a indústria de mineração, em que as jazidas de melhor qualidade foram exploradas primeiro e depois houve a necessidade de exploração de jazidas de qualidade cada vez menor. Mas isso é apenas uma analogia, e até agora não há evidências de que ela seja correta.
236 - Apropriabilidade dos resultados de pesquisa: tem que haver ganhos relevantes em ser "o primeiro" a descobrir algo. É por isso que os países têm leis de patentes. Uma patente dá a uma empresa que descobriu um produto novo — em geral uma nova técnica ou dispositivo — o direito de excluir qualquer um da produção ou da utilização do novo produto por algum tempo. O dilema é que descobertas muito "fechadas" podem prejudicar a velocidade de aprimoramento e até novas pesquisas nesse sentido. Logo, "código aberto" tem suas vantagens óbvias também. Proteção insuficiente levará a pouca P&D. Proteção em excesso torna difícil que a nova P&D seja construída sobre os resultados da P&D passada, e pode também levar a pouca P&D. Lembra que, para alguns países, como a China, pode ser desvantajoso ter muito proteção às patentes. A maior parte de suas melhorias de produtividade não provém de invenções nacionais, mas da adaptação de tecnologias estrangeiras. Economiza-se com royalties.
237 - Composição do crescimento de alguns países ricos. Tudo me parece razoavelmente balanceado até. Inclusive afirma que "embora a tabela analise somente quatro países, pode-se chegar a uma conclusão semelhante quando avaliados os outros países da OCDE":
238 - E a China? Os dados chineses para produto, emprego e estoque de capital (necessário para a construção de gA) não são tão confiáveis quanto os dados similares para os países da OCDE. Portanto, os números na tabela devem ser considerados menos confiáveis do que aqueles na Tabela 12.2. De 1983 a 2003 é isto aqui. Interessante seriam os dados da fase "mais difícil":
239 - Cálculo de Blanchard: A estimativa de (delta, sei lá), a taxa de depreciação do capital na China, é 5% ao ano. Como vimos, o valor médio de gA, para o período é 8,2%. O valor médio de gN, a taxa de crescimento do emprego, foi 1,7%. O valor médio da razão entre o capital e o produto foi 2,6. Isto implica uma razão entre o investimento e o produto de (5% + 9,2% + 1,7%) x 2,6 = 41%.* (...) Como a China conseguiu alcançar tamanho progresso tecnológico? Um olhar mais atento aos dados nos sugere dois canais. Primeiro, a China transferiu o trabalho do campo, onde a produtividade é muito baixa, para a indústria e os serviços na cidade, onde a produtividade é muito mais alta. Segundo, a China importou tecnologia de países tecnologicamente mais avançados e encorajou, por exemplo, o desenvolvimento de joint ventures. Diz que, para tais países, às vezes o custo-benefício de imitar é melhor que o de inovar.
240 - Por fim, explica que o modelo de Solow é muito sobre tudo isso. Exemplo: Se, por exemplo, o emprego cresce 2% e a fração do trabalho é 0,7, então o crescimento do produto devido ao crescimento do emprego é igual a 1,4% (0,7 × 2%). ... Se, por exemplo, o capital cresce em 5% e a fração do capital é 0,3, então o crescimento do produto devido ao crescimento do estoque do capital é igual a 1,5% (0,3 × 5%). O resto é "resíduo de Solow": Resíduo ≡ gY - [gN+ (1 - )gK], o que sobra do crescimento do trabalho e do capital. (...) O resíduo de Solow é, às vezes, chamado de taxa de crescimento da produtividade total de fatores (ou de taxa de crescimento da PTF, na forma abreviada). PTF é igual a progresso tecnológico? Quase. Falta dividir pela "fração do trabalho", que geralmente é igual a 0,7 nas economias. No exemplo numérico que vimos anteriormente, o resíduo de Solow é igual a 1,1%, e a fração do trabalho é igual a 0,7. Portanto, a taxa de progresso tecnológico é igual a 1,6% (1,1%/0,7). De toda forma, será proporcional à PTF (sempre em alguma medida menor).
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