Livro: Blanchard, Olivier - Macroeconomia (2011) - Parte V

     

Livro: Blanchard, Olivier - Macroeconomia (2011) - Parte V


Pgs. 99-120:


101 - A parte III é sobre médio Prazo. Modelo OA-DA, Curva de Phillips e afins. Capítulo 6 se chama Mercado de trabalho.


102 - A PIA dos EUA? 228 milhões em 2006. PEA? A força de trabalho — a soma dos que estão ou trabalhando ou procurando trabalho —, também conhecida como população economicamente ativa, era de apenas 151,4 milhões. ... A taxa de atividade, definida como a razão entre a população economicamente ativa e a população em idade ativa, era, portanto, igual a 151,4/228, ou 66%A taxa de atividade aumentou consistentemente ao longo do tempo, refletindo, em especial, o crescimento da taxa de atividade das mulheres. Em 1950, uma mulher em cada três participava da força de trabalho; o número agora está próximo de duas em cada três. Desemprego de 4,6%. Ou seja, sete milhões dos 151,4 milhões da PEA. ... O trabalho doméstico, como cozinhar ou criar os filhos, não está classificado como trabalho nas estatísticas oficiais. Isso se deve à dificuldade de se medirem essas atividades e não a um julgamento de valor quanto ao que é ou não trabalho.


103 - Coloca que taxa de desemprego razoavelmente relevante pode ser algo problemático ou não: Pode refletir um mercado de trabalho ativo, com muitos desligamentos e muitas admissões — e, portanto, com muitos trabalhadores entrando e saindo do desemprego —, ou pode refletir um mercado de trabalho esclerosado, com poucos desligamentos, poucas admissões e um contingente estagnado de desempregados. Enfim, ao que entendi, quer introduzir a noção de friccional.


104 - Terminologias: . No livro, quando utilizamos o termo ‘empregado’ queremos dizer ‘ocupado’. Por simetria, o IBGE traduz unemployed como desocupado, enquanto aqui utilizamos ‘desempregado’. Os termos employment e employment rate são traduzidos pelo IBGE como ‘ocupação’ e ‘taxa de ocupação’, respectivamente, enquanto no texto utilizamos ‘emprego’ e aderimos ao uso de ‘taxa de ocupação’. 


105 - Fluxograma de emprego nos EUA entre 96 e 2003 (Cerca de 75% de todos os desligamentos são demissões voluntárias — funcionários que deixam seus trabalhos em busca de uma alternativa melhor. O restante, 25%, são demissões involuntárias):



106 - Coloca que a duração média do desemprego é pequena nos EUA e que, portanto, é muito mais friccional que qualquer outra coisa. Para além da questão do desemprego, coloca, também, que os fluxos de entrada e saída da "população não economicamente ativa" são apenas bem minoritariamente compostos por aposentados e estudantes recém-formados, como se poderia pensar. A maioria é oscilação de trabalhador mesmo. ...  muitos dos classificados como população não economicamente ativa (‘fora da força de trabalho’) estão de fato dispostos a trabalhar e se revezam entre atividade e não atividade. Na verdade, entre os classificados como população não economicamente ativa, quase 5 milhões relatam que, embora não estejam procurando, ‘desejam um emprego’. O que exatamente querem dizer com essa afirmação não está claro, mas a evidência é que muitos aceitam um emprego quando lhes é oferecido. Essa parcela do "desalento" (usa o termo) mostra que parte dos que estão dispostos a trabalhar acaba não entrando nas estatísticas de desemprego.



107 - ...Coloca, baseado no gráfico, que de 2001 a 2003 houve um fenômeno de "recuperação sem trabalho" que será estudado mais pra frente. O principal driver do desemprego é, talvez, a recessão.


108 - Há forte correlação entre taxa de desemprego e percentual de trabalhadores que consegue encontrar emprego a cada mês, claro. Friccional tende a ser mais ou menos constante, mas o desemprego "além disso" dificulta tudo. Demissões involuntárias sobem na proporção. Também por óbvio, no cenário de alto desemprego, os empregados possuem maior chance de perder o emprego, coloca.


109 - Sindicatos e negociação coletiva nos EUA: Atualmente, menos de 15% dos trabalhadores dos Estados Unidos têm seus salários fixados por acordos coletivos de trabalho. Há também grandes diferenças entre os países. A negociação coletiva desempenha um papel importante no Japão e na maioria dos países europeus.


110 - Esboçando, apesar das diferenças mencionadas, uma teoria geral dos salários: Os trabalhadores normalmente recebem um salário que excede seu salário reserva, o salário que poderia torná-los indiferentes entre trabalhar ou permanecer desempregados. ... Os salários normalmente dependem das condições do mercado de trabalho. Quanto menor a taxa de desemprego, maiores são os salários. O poder de negociação caso-a-caso depende de dois fatores: O primeiro é quanto custaria para a empresa substituí-lo se ele deixasse a empresa. O segundo é a dificuldade que ele teria para encontrar outro emprego se deixasse a empresa. Coloca que, pelo primeiro fator, o trabalhador da Mc tem pouco poder. E só tende a deixar o emprego em cenário de oportunidades fartas. O nível da atividade, ou seja, a magnitude da taxa de desemprego joga todo um papel aí. 


111 - Exemplo interessante sobre o salário-eficiência - não serve apenas para reduzir a rotatividade de empresas nas quais o (re) treinamento é caro -: Antes dos acontecimentos de 11 de setembro de 2001, o enfoque da segurança dos aeroportos era a contratação de funcionários por baixos salários e a aceitação da alta rotatividade resultante disso. Agora que a segurança dos aeroportos se tornou uma prioridade, o enfoque é tornar o trabalho mais atraente e mais bem remunerado, de modo a conseguir funcionários mais motivados e mais competentes e, com isso, reduzir a rotatividade. Incentivar o "sentir-se bem" e elevar a produtividade, por tabela, também é um dos objetivos. Mesmo nos casos em que se trabalha/mira com/no mesmo pessoal de sempre. Serve muito para "empresas como as de alta tecnologia, que consideram essenciais o ânimo e o compromisso dos empregados à qualidade de seu trabalho, pagarão mais do que as empresas de setores nos quais as atividades dos funcionários são mais rotineiras". No mais, se o desemprego é baixo e oportunidades são fartas, os salários-eficiência podem se tornar mais comuns. 


112 - Ford mais que dobrou os salários. E nem tinha dificuldade para substituir e treinar seus trabalhadores. Porém, havia alta rotatividade - Uma taxa anual de rotatividade de 370% significa que, em média, 31% dos trabalhadores da companhia saíam a cada mês, de modo que, ao longo de um anoIndependentemente das razões por trás da decisão de Ford, os resultados do aumento de salários foram extraordinários, conforme apresentados na Tabela 1. (...) A produtividade na fábrica da Ford cresceu o suficiente para compensar o custo adicional dos salários? A resposta a essa pergunta é menos clara. A produtividade foi muito maior em 1914 do que em 1913. As estimativas dos aumentos de produtividade variam entre 30% e 50%. Apesar dos salários mais altos, os lucros também foram maiores em 1914 do que em 1913. É mais difícil, contudo, estabelecer quanto desse aumento dos lucros deveu-se a mudanças de comportamento dos funcionários e quanto foi devido ao crescente sucesso do Modelo T. Assim, embora os efeitos reforcem as teorias do salário-eficiência, pode ser, também, que o aumento dos salários para US$ 5 por dia tenha sido excessivo, pelo menos do ponto de vista de maximização de lucro. Henry Ford, no entanto, provavelmente tinha ainda outros objetivos, como manter de fora os sindicatos — o que conseguiu — e gerar publicidade para si mesmo e para a empresa — o que também conseguiu.



113 - Surge com uma equação de determinação dos salários:



114 - P"e" é porque os trabalhadores e empresas se preocupam com os salários reais. Poder de compra. Com W/P. O "e" é porque importa o nível esperado de preços para o(s) ano(s) do contrato. A expectativa de inflação, digamos. Quanto à questão da influência do desemprego, já foi dissecada nos itens acima. E quanto a "z"? É tudo. Exemplos de "z": seguros-desempregos mais generosos aumentam os salários a uma dada taxa de desemprego (Então o desemprego natural da Dinamarca seria 1 ou 2% na ausência dele? Espero que Blanchard aprofunde). Afirma que outros exemplos de "z" são o nível do salário mínimo, quando existe, e a estabilidade no emprego - dificuldade de demitir e etc.


115 - Coloca, ainda não sei bem com que objetivo, que, na concorrência perfeita e retorno constante do trabalho na produção, o preço do bem seria simplesmente o salário, o custo marginal. Como existe poder de mercado muitas vezes, é salário mais o mark-up.


116 - ...Diz que vai simplificar colocando nível de preço esperado como se fosse o nível de preço atual mesmo:



117 - ...Pela fórmula, salário real tem relação clara com a taxa de desemprego (mais uma vez que, pra mim, perdem tempo com fórmulas para repetir o que já está explicado e é quase intuitivo). 


118 - ...Depois, meio desavisadamente, começa a analisar a fórmula do salário no ambiente de poder de mercado: P = (1 +)W (a letra grega quadrado aí é o mark-up). Vira: W/P = + 1/1+ . Ao fim, a relação a que ele chega é meio abstrata, mas acho que dá para entender sem essas fórmulas atrapalhando/poluindo (ex: "um aumento da margem leva a uma diminuição do salário real"... Claro. Precisava nem de fórmula para isso, dada uma produtividade fixa. É só a mesma coisa explicada de forma mais complicada. Tanto é que depois ele passa a descrever consequências, para mim há muito tempo intuitivas, as quais chama de "não-intuitivas"... Talvez na época em que eu quase não pensava no assunto. Infância rs):




119 - Obs: A relação entre fixação de salários e fixação de preços, por um lado, e entre oferta de trabalho e demanda por trabalho, por outro, é mais estreita do que parece à primeira vista, e é explorada mais a fundo no Apêndice, no final deste capítulo.




120 - Ou... "O salário real escolhido na fixação de salários é uma função decrescente da taxa de desemprego (...) O equilíbrio do mercado de trabalho requer que o salário real escolhido na fixação de salários seja igual ao salário real resultante da fixação de preços. Isso determina a taxa de desemprego de equilíbrio. Essa taxa de desemprego de equilíbrio é conhecida como a taxa natural de desemprego." Pra mim, soa tudo como um monte de redundância. Tal desemprego da fórmula é natural pero no mucho (coloca-se que o termo "estrutural" é melhor): a taxa de desemprego de equilíbrio dependem tanto de z como de . (o mark-up). Desemprego, ainda mais em contexto de seguro-desemprego fraco, se torna um mecanismo de disciplina no que tange aos salários. Uma taxa de desemprego maior é necessária para trazer o salário real de volta para o que as empresas estão dispostas a pagar.


121 - ...Outro aspecto de "z": Cumprimento menos rigoroso da legislação antitruste existente — na medida em que o menor rigor permite que as empresas façam cartéis mais facilmente e aumentem seu poder de mercado, ele leva a um aumento de sua margem — um aumento de . O aumento de  implica uma diminuição do salário real pago pelas empresas e, portanto, desloca a relação de fixação de preços para baixo, de FP para FP’, na Figura 6.8A economia se move sobre FS. O equilíbrio se move de A para A’, e a taxa natural de desemprego aumenta de un para u’n .



122 - Depois apresenta o conceito/fórmula de nível natural de emprego, que achei inútil já que é mero reverso (consequente) do desemprego natural. Finalmente, relacionado com o nível natural de emprego está o nível natural de produto, o nível de produção quando o emprego é igual ao nível natural do emprego. Desse nível natural do produto tira a seguinte fórmula, a qual diz que será importante para o próximo capítulo (Yn é o nível natural do produto; L é a "força de trabalho", creio que total, a PEA):



123 - Por que tal modelo sobre o emprego e produto não choca com os anteriores (IS-LM)? Em primeiro lugar, supusemos equilíbrio do mercado de trabalho. Em segundo lugar, supusemos que o nível de preços fosse igual ao nível esperado de preços. O desemprego pode, no curto prazo, se distanciar da taxa natural, por exemplo. O que faz com que o médio prazo não seja um eterno curto prazo repetido? ... Contudo, é pouco provável que as expectativas estejam sempre sistematicamente erradas (por exemplo, sempre muito altas ou sempre muito baixas). É por isso que, no médio prazo, o desemprego tende a retornar para a taxa natural, e o produto tende a retornar para o nível natural.


124 - No apêndice, relaciona o modelo oferta-demanda de trabalho em micro com os ensinamentos aqui do modelo macro. Explica que "o que chamamos de relação de fixação de preços parece uma relação de demanda por trabalho plana. O motivo pelo qual ela é plana em vez de negativamente inclinada tem a ver com nossa hipótese simplificadora de retornos constantes do trabalho na produção". No cenário da inclinação negativa (que creio ser o esperado): ... À medida que o emprego aumenta, o custo marginal de produção também aumentaria, forçando as empresas a aumentar seus preços, dados os salários que elas pagam. Em outras palavras, o salário real resultante da fixação de preços diminuiria à medida que o emprego aumentasse.



125 - ...Ele chega a dar três motivos pelos quais preferiu usar o modelo apresentado aqui no capítulo, mas nem entendi bem a contraposição. Achei que "ficou por cima". 


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