Livro: Blanchard, Olivier - Macroeconomia (2011) - Parte I
Livro: Blanchard, Olivier - Macroeconomia (2011) - Parte I
Pgs. 1-23:
1 - Tentarei não ser redundante quanto às anotações anteriores, dos livros de introdução. O capítulo 1 é "um giro pelo mundo". O que o compromete é que são dados de 2008. Um texto baseado neles. A maioria já conheço até.
2 - A taxa de desemprego: a proporção de trabalhadores em uma economia que não estão empregados e procuram uma vaga. (Redundante né... Mas enfim, bom lembrar).
3 - Infelizmente parece que o livro (todo?) é antes da crise de 2008. Este trecho tateou, de forma que se mostrou retrospectivamente "otimista", o que viria pela frente: "Alguns acreditam que o risco de recessão é alto. Em fevereiro de 2007, Alan Greenspan, antigo presidente do Fed (o banco central norte-americano, conhecido formalmente como Federal Reserve Board) e um economista bastante influente, classificou a possibilidade de recessão em 2007 em um terço. Os que acreditam na possibilidade de recessão apontam para o que está acontecendo no setor imobiliário: a construção de imóveis, que era bastante forte até 2006, enfraqueceu acentuadamente. O preço da moradia está caindo, fato que pode levar, segundo eles, a uma queda na demanda de consumo: à medida que os preços caírem, os consumidores se sentirão mais pobres e reduzirão seus gastos. Se isso acontecer, a queda na demanda, por conta da queda na construção de imóveis e da baixa demanda de consumo, pode levar a uma recessão. (...) Outros são otimistas. Até agora, a queda no preço dos imóveis foi limitada, e os consumidores ainda não diminuíram seus gastos. Entretanto, ainda que o preço da moradia levasse à diminuição na construção de imóveis e no consumo, o Fed poderia baixar as taxas de juros de modo a incentivar a demanda e evitar a recessão. Essa é, na verdade, uma das maiores responsabilidades da instituição e é algo que já foi feito no passado. A política monetária não faz mágica: no início de 2001, sentindo que a economia estava desacelerando, o Fed diminuiu agressivamente as taxas de juros para estimular a demanda. Tal medida, entretanto, não foi suficiente para evitar uma (pequena) recessão; mas a situação teria sido muito pior e teria durado muito mais tempo. Se o Fed não tivesse agido dessa maneira."
4 - Produtividade por hora nos EUA: o crescimento anual médio para o período entre 1996 e 2006 (...) foi de 2,8%, 1% maior do que a média de 1,8% para o período entre 1970 e 1995. Blanchard trata aqui das teses otimistas de que esse novo padrão de crescimento veio para ficar. Seria efeito do TI, computadores e redes. Salvo engano, o período 2006-2021 deu uma boa desmentida nessa galera.
5 - Déficit comercial nos EUA: O déficit, que era igual a US$ 78 bilhões, ou cerca de 1% do produto dos Estados Unidos, em 1990, chegou a US$ 760 bilhões, ou cerca de 6% do produto norte-americano, em 2006.
6 - Esses empréstimos externos, visando financiar tal déficit, são tomados a taxas muito baixas. Logo, não sei se o financiamento dessa dívida é insustentável. Essa situação não parece precisar ser corrigida imediatamente. Caso seja preciso subir os juros, aí o patamar de dívida pode começar a pesar. Por enquanto... EUA conseguem demanda por títulos mesmo com juros reais negativos. De onde vêm os dólares? Asiáticos, europeus, etc: Eles querem, por exemplo, comprar títulos do governo ou ações na bolsa de valores norte-americana.
7 - ...Blanchard acredita que essa dependência tem grandes perigos: No final da década de 1990, os estrangeiros que vinham se disponibilizando a realizar empréstimos para os países asiáticos mudaram de ideia de repente e forçaram os países a eliminar seu déficit comercial de uma hora para outra, causando uma forte crise econômica em países da Tailândia até a Coreia do Sul. Os Estados Unidos não são a Tailândia, e existem poucas chances de uma mudança tão repentina de opiniões por parte dos estrangeiros, mas alguns economistas se preocupam com a possibilidade de se tornar cada vez mais difícil para os Estados Unidos conseguir empréstimos tão altos no resto do mundo no futuro.
8 - ...Coloca que, caso se decida diminuir o déficit comercial, a poupança privada dos EUA precisa aumentar.
9 - União Europeia. Dados macroeconômicos básicos de 1970 a 2006 (Os dados dos EUA se mostraram melhores. 3,1% de média de PIB entre 1970-2006, por exemplo. Pode ter sido melhor bônus demográfico porém, não sei):
10 - Estava errado aqui. Sempre as tais das reformas...: Na verdade, a Europa experimenta um sentimento de que o futuro pode ser melhor do que o passado recente, que o número de reformas implementadas nos últimos anos pode viabilizar um crescimento maior do produto no futuro.
11 - A tabela abaixo comparou desemprego nos quatro grandes da Europa e nos EUA:
12 - Coloca que os políticos culparam taxas de juros excessivas do BCE pelo desemprego maior que nos EUA durante esse período anos 90 e parte grande de 00. Muitos economistas acreditam, entretanto, que a fonte do problema não é a política macroeconômica, mas as instituições do mercado de trabalho. Uma política monetária muito apertada, concordam eles, pode de fato levar ao alto desemprego por algum tempo, mas certamente não o faz por 20 anos. (...) Para evitar que os trabalhadores percam seu emprego, esses estados sobem os custos envolvidos na demissão de um trabalhador. Um dos resultados disso, entretanto, é que as empresas não se sentem motivadas a contratar novos empregados; o que aumenta o desemprego. Para proteger os trabalhadores que ficam desempregados, os estados oferecem generosos seguros desemprego. Há críticos dessa ideia, coloca, pois países como Holanda e Dinamarca possuem desemprego no patamar de 4% mesmo com generosos seguros sociais. Pode ser tudo uma questão de melhor desenho da coisa, não do tamanho da proteção. Coloca que isso vem sendo pesquisado.
13 - Vantagens da UE e Euro: as empresas europeias não precisam mais se preocupar com as mudanças do preço relativo das moedas; as pessoas, ao viajar pelos países do euro, também não precisam trocar de moeda. Junto com a eliminação de outros obstáculos ao comércio entre países europeus que vem ocorrendo desde 1957, o euro contribuirá, argumentam, para a criação de uma grande — se não a maior — potência econômica no mundo. A principal desvantagem seria a perda de poder sobre a política monetária para enfrentamento de graves crises locais.
14 - Parece acreditar nos dados da China. PIB não seria superestimado.
15 - Coloca que a produtividade na China realmente cresce. Empresas estrangeiras mais produtivas vão entrando e as nacionais inclusive vão aprendendo com elas.
16 - ...Tateando os possíveis fatores cruciais para o sucesso chinês na transição de país pobre para país de renda média (algo que vários pobres estão tentando e nada). Além da elevada taxa de poupança e entrada de empresas estrangeiras, tem-se o seguinte: Alguns acreditam que a situação é resultado de uma transição lenta (entre planejamento central e economia de mercado): as primeiras reformas chinesas aconteceram em 1980, na agricultura, e, ainda hoje, muitas empresas ainda pertencem ao estado. Outros argumentam que o fato de o partido comunista ter permanecido no poder acabou ajudando a transição econômica: o apertado controle político foi positivo na proteção dos direitos de propriedade, pelo menos para as empresas, dando a elas incentivos para investir.
17 - Interessante um parênteses que faz para dizer de onde coleta os principais dados macro. Cita o IFS, relatório do FMI. E alguns da OCDE. E alguns outros. Página 13 e 16 do livro.
18 - Capítulo 2 é "Um giro pelo livro". Começa com o conceito de PIB. Evitar a dupla contagem é um dos objetivos da primeira definição do mês: O PIB é o valor dos bens e serviços finais produzidos em uma economia em um dado período. Se uma economia possui apenas uma siderúrgica com receita de 100 dólares e uma montadora de carro com receita de 200 dólares, o PIB é 200 dólares. Aço é mero bem intermediário, que vira custo da segunda empresa.
19 - Segunda definição: O PIB é a soma dos valores adicionados na economia em um dado período. Na prática, dá mais ou menos no mesmo. Calcula-se a receita da siderúrgica e a "adicionada" da montadora (em vez de entrar 200 dólares, entrará 100 dólares aqui, que é só o valor adicionado). A soma dará o mesmo que a da definição anterior obviamente.
20 - Já a terceira definição tem a ver com as distribuições entre lucros e salários. Agrega-se o PIB de cada unidade a partir da ótica da renda. O PIB é a soma das rendas na economia em um dado período.
21 - Para explicar PIB nominal e real, basta este trecho:
22 - ...Se forem usados dados de preço de 1999 ou de 2001, os valores do PIB real serão diferentes para cada hipótese. Porém, a variação percentual deverá ser a mesma.
23 - Cita o problema dos pesos relativos na média ponderada do PIB. Nem sempre um carro popular vale duas motos, sei lá. Depende da época. Variações de custos da produção. Coloca que os cálculos costumam levar em conta essas mudanças nos preços relativos.
24 - Nomenclaturas: O PIB nominal também é chamado de PIB em dólares ou PIB em dólares correntes (ou, ainda, PIB em moeda corrente). O PIB real também é chamado de PIB em termos de bens, PIB em dólares constantes (ou PIB em moeda constante), PIB ajustado pela inflação ou PIB em dólares de 2000 (ou PIB em moeda de 2000), por exemplo.
25 - Um parênteses fala de "precificação hedônica" explicando como o cálculo do PIB referente a produtos que vão crescendo a qualidade de modo a dificilmente serem comparáveis aos similares de passado recente. Assim, se o computador de 4 GHz tem hoje o mesmo preço que o que de 1 GHz tinha há um ano e agora a velocidade média é isso aí (4 GHz) então estarão, na verdade, mais baratos. Como é o deflator disso aí? Se há um ano pagavam 10% a mais por esses mesmos 4 GHz, então é como se tivessem ficado uns 10% mais baratos. São bens complexos, de mudança rápida. (...) Com base nesse enfoque, o Departamento de Comércio estima que, para um dado preço, a qualidade dos computadores novos aumentou em média 18% ao ano desde 1981. Posto de outra maneira, um computador pessoal típico em 2007 oferece 1,1826 = 74 vezes os serviços computacionais que um computador pessoal típico oferecia em 1981. (...) Os computadores não só oferecem mais serviços como também ficaram mais baratos, pois o preço em dólares caiu cerca de 10% ao ano desde 1981. As informações deste parágrafo e do anterior implicam que o preço ajustado pela qualidade vem caindo a uma taxa média de 18% + 10% = 28% ao ano. Em outras palavras, cada dólar gasto em um computador hoje compra 1,2826 = 613 vezes mais serviços computacionais do que um dólar gasto em um computador em 1981.
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