Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte XXIII
Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte XXIII
Pgs. 685-704:
479 - O capítulo 28 é "Política fiscal". Inicia problematizando o pacote Obama. Nem as piores nem as melhores previsões dos críticos e defensores se realizaram. Desemprego continuava alto em 2011/12, quando so efeitos do pacote já deveriam ter agido e a inflação, e consequentemente os juros que tornariam a dívida sufocante, baixa. Defensores continuaram dizendo que tudo seria pior sem o pacote e os críticos disseram que ele em nada ajudou.
480 - Fiscal de alguns países em 2003 (as coisas não mudaram muito, creio):
481 - Fontes de arrecadação de impostos nos EUA em 2007: 37% vem do IRPF de lá; 25% de impostos da previdência social; 27% vem de outros impostos e 11% de impostos sobre lucros das empresas.
482 - As três formas de expansionismo fiscal, geralmente para eliminar hiatos da produção: a) corte de impostos; b) compras governamentais de bens e serviços; c) transferências do governo. Aumento, claro. Mesma logica servirá para a contração fiscal (aumentar imposto, por exemplo. Lyndon Johnson usou isso) visando eliminar possível hiatos inflacionários.
483 - Krugman menciona que nem toda expansão fiscal retira recurso produtivo empregado pelo setor privado. Há os "recursos desempregados".
484 - Quando a economia está deprimida (hiato), expansionismo fiscal pode até mesmo aumentar poupança (já que renda real aumenta com a mera reativação dos recursos ociosos), o que permite ao governo se endividar sem pressionar pra cima a taxa de juros. Diz que a Lei de Recuperação nos EUA em 2009 foi um exemplo disso. A maioria do dinheiro (seja transferência ou corte de imposto) acabou indo quase que diretamente para as pessoas na esperança de que gastassem. Compras governamentais foram exceção.
485 - Krugman combate a ideia de que as expectativas dos consumidores seja potente ao ponto de anular políticas fiscais. Por essa ideia, as pessoas passariam a poupar boa parte do impulso fiscal para se proteger de um futuro aumento de imposto que virá da necessidade de pagar a dívida ou juros maiores. Como ninguém é "tão racional assim" (ou pode achar que algo assim vai demorar), acaba havendo sim um bom efeito multiplicador, acredita. (Talvez alguns impulsos fiscais, ainda que leves, da era Dilma tenham sofrido com esse possível problema). Se der errado a política (ou seja, não havia hiato), coloca que, aí sim, virá "crowding out", retraindo o gasto e investimento privado - e inflação.
486 - Alerta para o perigo que a política fiscal possui devido a seu natural engessamento. Passa por discussões no legislativo e elaboração de planos e estudos. A depender de qual seja usada, pode chegar num momento em que não é mais necessária trazendo, na verdade, instabilidade e inflação. Às vezes o governo é lento até mesmo para identificar uma recessão. Também deve-se ter cuidado com a magnitude, para não tornar a economia instável, e a duração (doses? de vez? se doses, por quanto tempo?)
487 - Quem tem maior multiplicador? Compras governamentais ou transferências (diretas ou via redução de impostos)? O primeiro tem mais chances, já que, desde a primeira rodada, já possui multiplicador "1". A não ser que compre de pessoas/empresas - segunda rodada - que vão frear bastante a "segunda rodada", ou seja, com alta MPC. Esse risco também existe nas "transferências" (Dilma que o diga), só que já haverá, possivelmente, algum nível de "poupança" (devido à MPC) na "primeira rodada" mesmo. Principalmente se cair na mão de rico. De toda forma, há transferências e "transferências". Krugman exemplifica essas diferenças com uma interessante tabela delas:
488 - ...Nota-se o porquê de o seguro-desemprego ser um ótimo exemplo de "estabilizador automático" em crises. Até pela baixa MPC dos desempregados.
489 - Multiplicador nunca é perfeito, até porque, mesmo com MPC igual a 1, impostos sempre recolheriam parte dos ganhos reais. Os economistas colocam, porém, que esse tipo de efeito que uma carga tributária relevante tem, de podar excessos dos multiplicadores e diminuir a arrecadação nas crises (em que pese risco fiscal nesse último caso), pode ser desejável. Os impostos são, também, "estabilizadores automáticos", portanto, dando uma folga nas crises e um aperto nos "boom's".
490 - (Inclusive é de se pensar se foram os BCs ou o aumento dos estabilizadores automáticos que causaram o período de "Grande Moderação").
491 - Krugman julga baixo o "estímulo Obama", digamos. 2,7% do PIB. A profundida da recessão e desemprego exigiriam mais. (Parece escrever em 2011 isso).
492 - Obviamente toda a discussão sobre expansão da demanda agregada também serve, com lógica inversa, para contração. Assim, se o governo pretende retrair, reduzir compras governamentais tende a ser mais efetivo (na redução) que aumentar impostos ou reduzir transferências, pois o setor privado não deve responder - a queda nos gastos esperada - na mesma proporção.
493 - Krugman lembra ao "fiscalismo" que o balanço orçamentário muitas vezes mais acompanha ciclos econômicos que propriamente os causa. E aqui novamente está claro o papel dos estabilizadores automáticos. Déficits sempre cresceram em recessões (ou logo após) e caíram em recuperações. No segundo mandato de Bill Clinton houve até superávit (o único desde a década 1970).
494 - O que é o "Balanço orçamentário ciclicamente ajustado"? É tentar anular os efeitos dos hiatos, já que, no longo prazo, a economia tende ao PIB potencial (uma política macro desastrada pode evitar isso por um bom tempo... Não?).
(Nos gráficos dos EUA que ele apresenta no livro não vi muuuita diferença. Aqui Samuel Pessoa costuma achar bem mais ou então usa critérios mais rigorosos para os "hiatos")
495 - Coloca que querer um orçamento equilibrado, sem levar em conta os ciclos, é abrir mão também dos estabilizadores automáticos (e discricionários) e se sujeitar a variações mais bruscas, portanto. No mínimo isso. Assim, critica as primeiras regras fiscais do "Euro". Queriam déficit máximo de 3% não importasse a situação. "Hoje" trabalham com o "orçamento ciclicamente ajustado" e, por isso, pedem déficit zero ou no máximo 0,5%, o que também é arriscado.
496 - Coloca que a dívida total dos EUA depende de que contabilidade se adote. Caso não se leve em conta a dívida do governo federal para os "programas governamentais, especialmente a Previdência Social", diminui uns 30%. Em 2011, eram 14,8 trilhões de dólares com a inclusão acima e 10,1 trilhões sem ela. É a questão dos "passivos implícitos". (Achei meio confuso, mas trata dos déficits esperados pela redução da proporção ativo-inativo. Ao mesmo tempo, Krugman diz que há um superávit em um fundo acumulado para bancá-lo. Logo, haveria uma terceira medida de dívida? A líquida da previdência? Enfim, como é uma questão muito própria à contabilidade lá dos EUA, passei por cima lendo rápido).
497 - Crescimento e/ou inflação podem reduzir a relação dívida/PIB mesmo com persistência de déficit. Depende também do peso do nível do montante total. Foi o que aconteceu no pós-guerra. Krugman lembra, porém, que a cartada da inflação é arriscada.
Termina o capítulo lembrando que dívida pública pode congestionar o mercado de crédito, deslocando gasto de investimento privado (crowding out), o que tende a reduzir crescimento econômico de longo prazo. E que todo efeito multiplicador de uma política fiscal tende a ser comido em um terço por um governo com carga de 33%. A carga tributária pesa em toda rodada do efeito multiplicador afinal.
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