Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte VII

   

Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte VII


Pgs. 211-237:


117 - O capítulo 9 é "Economia e tomada de decisões". Krugman menciona que em 2010 o custo-oportunidade de fazer uma faculdade diminuiu em razão de um mercado de trabalho ainda muito fraco (não recuperado da crise). Assim sendo, muitos profissionais se voltaram novamente ao investimento em nível de formação. 


118 - É melhor tomar decisões baseadas em "lucro econômico" que em "lucro contábil". O que se deixa de ganhar pode fazer toda a diferença. 


119 - Pequenos negócios muitas vezes superestimam o custo das mudanças por deixarem de enxergar os custos implícitos da manutenção tal como funcionam (tipo alugar espaço usado ou veículos usados, coisas do tipo... subestimar o capital imobilizado utilizado na atividade).


120 - Muitas questões são de "quanto" e não de "ou-ou então". Aí entra o custo marginal. "Quanto é sempre uma decisão na margem". Uma tabela (um exemplo) de custo marginal implícito e explícito  (podem ser crescentes ou decrescentes, depende do exemplo):




121 - ...No caso de Felix aí, se ele quiser manter seu lucro econômico crescente, terá que ter benefício em linha com o aumento crescente do seu custo marginal. Do contrário, só sobrará o contábil (que é uma decisão menos eficiente) ou até nada em alguns casos. 


122 - Custos marginais constantes estão longe de ser uma regra, mas existem em uma atividade ou outra. 


123 - Custos marginais decrescentes geralmente ocorrem geralmente em atividades que demandam longos processos de aprendizagem. Erros se tornam menos comuns e se faz tudo cada vez mais rápido conforme a quantidade adicional de trabalho. É comum, porém, que o custo marginal comece a aumentar de novo (crescente) a partir de algum ponto ótimo (digamos que o espaço físico da atividade fique muito apertado demandando um grande investimento em algum novo custo fixo, por exemplo e/ou que a hora extra para uma unidade adicional comece a ter um custo marginal maior ou mesmo a contratação de funcionário adicional menos produtivo aumente o custo da coisa. O benefício marginal gerado pode não compensar).


124 - Percebe-se que custo total e custo marginal muitas vezes irão aumentar ou diminuir enquanto o outro faz o contrário.


125 - Quando o custo marginal passa a superar algum benefício marginal, a uma determinada quantidade "x", significa que o lucro econômico não está otimizado. Há um ponto ótimo de cada atividade. Em quantidades grades (muita variação/opção de escolhas ótimas), geralmente será o ponto que iguala custo marginal a benefício marginal. Nas pequenas quantidades nem sempre dá pra escolher o ponto exato, aí se escolhe então o "menos pior" usando a mesma lógica de análise - a marginal. Pra resumir: "a quantidade ótima é a maior quantidade em que o benefício marginal é maior que o custo marginal".


126 - Porções de restaurantes nos EUA (multinacionais) são quase sempre maiores que as opções equivalentes na França pois o custo marginal de aumentá-las é bem mais baixo no país americano. Aumenta-se o custo, nos EUA, em poucos centavos a um aumento bem maior do preço cobrado (benefício marginal geralmente maior que o custo).


127 - Cuidado para não se confundir utilizando "custo total" nos cálculos de otimização do lucro econômico. Pode-se aumentar lucro contábil às custas do ponto ótimo do econômico. Aumenta-se um lucro que poderia ser ainda maior com algum outro mix de fatores ou uso deles. 


128 - Krugman lembra que esse princípio serve pra coisas que só indiretamente significam dinheiro, como o tamanho ótimo de alguma loja. Qual o beneficio marginal de cada metro quadrado de ampliação ou diminuição? É maior que o custo marginal? Doses ótimas de remédios: comparar benefícios de aumento da dosagem com o risco ou certeza de efeitos colaterais. Uso ótimo de fertilizantes, etc. 


129 - Limitações de renda também se tornam relativas, pois há algum nível de custo de capital. Juros de empréstimos por exemplo. Então sempre vale a pena comparar. (Problema é o custo do crédito nos emergentes que, por vezes, torna tudo pouco viável).


130 - Custo marginal de salvar vidas também importa na prática, já que, em tese, poderíamos salvar centenas de milhares proibindo boa parte do trânsito. Porém, a qual benefício marginal?


131 - Custo irrecuperável não entra na conta. Seria chorar leite derramado. O conserto sem reembolso de algo que volta a apresentar o mesmo problema é custo irrecuperável. A decisão de comprar algo novo deve ser comparado apenas com o custo do novo conserto (não incluir o antigo, no caso). 


132 - O setor de biotecnologia é o dos custos irrecuperáveis. Brinca-se que é o setor que mais perdeu dinheiro na história, eis que a minoria das empresas dá lucro (17 das 225 listadas em bolsa em 2009, por exemplo). Leva-se de 7 a 8 anos para desenvolver e colocar no mercado alguma nova droga e há elevada taxa de fracasso. A cada cinco testadas em humanos, apenas uma chega lá. Krugman afirma que a companhia "Xoma" não tem lucro desde 1981 e continuam investindo por ser dona de uma tecnologia promissora (não achei muito a respeito no google português).


133 - Racionalidade limitada é não querer arcar com os custos de ser racional. Calcular tudo direitinho pode levar tempo e tempo representa custo de oportunidade. Comparar preços no mercado pode ser bem custoso pra quem ganha muito dinheiro por minuto e pode expandir tal trabalho. Varejistas podem e costumam se aproveitar disso. O consumidor "ganha" (tempo) mesmo não fazendo a melhor escolha possível. Se você ganhou cinco reais comparando ou negociando preços por uma hora a mais do que precisava numa feira e poderia receber sete reais lavando uma hora de prato, significa que você, na real, perdeu dois reais. 


134 - Aversão ao risco pode levar a escolhas só aparentemente irracionais também. Comprar um título público dos EUA ou investir em base neutra pode ser mais benéfico que investir de forma menos passiva, mesmo podendo resultar num ganho econômico menor. 


135 - ...Ademais, ser o mais racional possível envolve vários riscos: a) excesso de confiança nas previsões (estudos mostram que estudantes são de 14 a 102% mais confiantes do que deveriam ter sido sobre o tempo necessário para terminar uma tese); b) errar nos cálculos dos custos implícitos (contar os irrecuperáveis é só um exemplo possível); c) aversão ao prejuízo (aceitar custo irrecuperável e realizar uma venda, por exemplo); d) tendenciosidade para o status quo (evitar perder tempo com cálculos, mesmo havendo grandes consequências econômicas, talvez por não se sentir capaz, sendo a adesão automática ou não aos planos 401k o grande exemplo - já fichei sobre esse experimento). Cita outros, mas que me pareceram bem parecidos com os acima.


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