Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) XXI

    

Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) XXI


Pgs. 565-610 (fim de sábado):


471 - O primeiro elemento de uma crise financeira é um grande declínio dos preços de alguns ativos. Como o mercado imobiliário despencou cerca de 30%, pessoas deixaram de pagar seus empréstimos e o sistema financeiro correu o risco real de se tornar insolvente. O segundo elemento. O terceiro elemento de uma crise financeira é o declínio na confiança em instituições financeiras. Apenas alguns depósitos bancários são garantidos pelo governo. O quarto passo é a escassez de crédito que tudo isso gera. O quinto, portanto, é a crise na economia real. Retração dos investimentos e do consumo. Desemprego aumenta. O sexto e último elemento de uma crise financeira é um círculo vicioso. A crise econômica reduziu a rentabilidade de muitas empresas e o valor de muitos ativos.


472 - Y - C - G = I leva a S = I. Identidade entre poupança e investimento. Poupança nacional (poupança): é o que resta da renda total da economia após o pagamento dos gastos de consumo e das compras do governo. Tudo isso também leva a S = Y - C - G. Caso seja incluído o tributo estatal: S = (Y - T - C) + (T - G). Poupança privada e poupança pública.


473 - A linguagem prática pode dificultar essas identidades. Na linguagem macroeconômica, investimento refere-se à compra de novo capital, como equipamentos ou prédios.


474 - Taxa de juros reais e o equilíbrio da coisa (Mankiw: "Esse modelo de oferta e demanda de fundos para empréstimos mostra que os mercados financeiros funcionam como os demais mercados da economia"):



475 - Muitos economistas usaram esse princípio para sugerir que a baixa taxa de poupança dos Estados Unidos pode, pelo menos em parte, ser atribuída a leis tributárias que desencorajam a poupança. Coloca que se as leis tributárias incentivassem a poupança, a oferta seria deslocada pra frente (aumentaria) e a taxa de juros cairia (de equilíbrio) cairia de forma concomitante ao aumento de empréstimos. Demanda por fundos para empréstimos se manteria inalterada porque a mudança tributária não afetaria diretamente o montante que os tomadores de empréstimo desejariam emprestar, a qualquer taxa de juros. (...) Portanto, se uma mudança tributária incentivasse uma maior poupança, o resultado seria uma menor taxa de juros e um maior investimento.


476 - Uma política de investimentos muito usada pelo governo é o "crédito tributário", coloca: Um crédito tributário para investimento concede uma vantagem tributária a qualquer empresa que construa uma nova fábrica ou compre um novo equipamento. Vamos considerar os efeitos de tal mudança tributária sobre o mercado de fundos de empréstimos, como ilustra a Figura 3.



477 - ... como o crédito tributário não afetaria o montante que as famílias poupam para qualquer taxa de juros dada, ele não alteraria a oferta de fundos para empréstimos. (...) Na Figura 3, a maior demanda por fundos para empréstimos eleva a taxa de juros de 5% para 6%, e a maior taxa de juros, por sua vez, eleva a quantidade ofertada de fundos para empréstimos de $1.200 bilhão para $1.400 bilhão, à medida que as famílias respondem aumentando o montante que poupam. Essa mudança no comportamento das famílias é representada, aqui, como um movimento ao longo da curva de oferta. (De onde surge essa grana a mais? Parece-me que da renúncia fiscal do governo em favor desses investidores) (Quanto à demanda, não aumenta "a qualquer taxa" e sim de "5 para 6", por isso é que parece um ensinamento contraditório, mas não é)


478 - E déficit do governo? Como o déficit orçamentário não influencia o montante que as famílias e empresas desejam tomar emprestado para financiar o investimento a qualquer taxa de juros dada, ele não altera a demanda por fundos para empréstimos. O que se desloca, para trás, é a curva de oferta, já que se reduz a poupança privada nacional. Como o investimento é importante para o crescimento econômico de longo prazo, os déficits orçamentários do governo reduzem a taxa de crescimento da economia. (Ideologia. Não necessariamente. Se o governo utilizar o déficit para emprestar, tipo um BNDES da vida, aí teremos a recomposição da oferta. Ou, se investir bem, pode subir o nível geral de renda e recompor a poupança).



479 - Mankiw coloca que tudo isso também leva à conclusão contrária: Assim, um superávit orçamentário aumenta a oferta de fundos para empréstimos, reduz a taxa de juros e estimula o investimento


480 - Dívidas e guerras: Há duas razões para acreditar que o financiamento da guerra pelo endividamento seja uma política adequada. Primeiro, ele permite que o governo mantenha as alíquotas dos impostos mais estáveis ao longo do tempo. Sem financiamento pela dívida, as alíquotas teriam de aumentar muito durante as guerras e isso causaria um substancial declínio na eficiência econômica. Segundo, o financiamento das guerras por meio da dívida desloca parte dos custos das guerras para gerações futuras, que terão de pagar a dívida pública. E possível defender que isso representa uma divisão justa do ônus porque as gerações futuras auferem parte dos benefícios quando uma geração anterior trava uma guerra para defender a nação de agressores estrangeiros.


481 - Reagan e republicanos: Como resultado, a dívida pública aumentou de 26% do PIB, em 1980, para 50% do PIB, em 1993.


482 - Crise de 08: Em 2009 e 2010, o déficit orçamentário do governo federal foi de aproximadamente 10% do PIB, o maior desde a Segunda Guerra Mundial. O empréstimo para financiar esse déficit levou ao aumento substancial na razão dívida-PIB.


483 - O capítulo 27 se chama "as ferramentas básicas das finanças". Calculando o valor futuro do dinheiro: Vamos usar r para representar a taxa de juros na forma decimal (ou seja, uma taxa de juros de 5% significa quer= 0,05). Lógica da fórmula abaixo:



484 - ... Por exemplo, se estivermos investindo a uma taxa de juros de 5% por dez anos, o valor futuro dos $ 100 será de (1,05)¹º x $ 100, ou $ 163.


485 - A "regra dos 70" é fácil/prática para se calcular em quanto tempo se dobra um investimento ou PIB ou algo do tipo: Segundo a regra de 70, se uma variável crescer a uma taxa de x% ao ano, então a variável dobrará a cada 70/x anos, aproximadamente. 2% leva a 35 anos para dobrar, por exemplo.


486 - Aversão ao risco: "Se der cara, ele pagará $1.000 a você. Mas, se der coroa, você terá de pagar $1.000 a ele. Você aceitaria a proposta? Não, se fosse avesso ao risco. Para alguém avesso ao risco, a dor de perder $1.000 supera o prazer de ganhar $1.000".


487 - Mercado de seguros tem muito a ver com isso: Como as pessoas são avessas ao risco, é mais fácil para 10 mil pessoas arcarem com 1/10 mil do risco que para uma pessoa arcar com todo o risco por si só. Seleção adversa e risco moral fazem com que os preços sejam altos para as pessoas mais cautelosas. Muitos negócios nesse sentido deixam de ser feitos. É quase impossível a seguradora saber quem é cuidadoso e quem se finge de cuidadoso, para poder baixar os preços. 


488 - Medindo volatilidade para melhorar o "risco/retorno":



489 - Nos dois últimos séculos, as ações proporcionaram retorno real médio de aproximadamente 8% ao ano, enquanto os títulos governamentais de curto prazo pagaram retorno real de apenas 3% ao ano.


490 - Interessante essa comparação entre ações e títulos: A primeira classe de ativos é um grupo diversificado de ações de risco, com retomo médio de 8% e desvio padrão de 20%. (Como você já viu em aulas de matemática ou de estatística, uma variável aleatória normal situa-se entre dois desvios padrão de sua média, aproximadamente 95 % das vezes. Portanto, enquanto os retornos reais situam-se no entorno de 8%, eles tipicamente variam de um ganho de 48% a uma perda de 32%.). (...) A segunda classe de ativos é uma alternativa segura, com retorno de 3% e desvio padrão de zero. Essa alternativa segura pode ser uma conta de poupança ou títulos do governo.


491 - Macaco zé: Há outra maneira de selecionar as 20 ações para sua carteira: escolher a esmo, por exemplo, pregando a página de cotações do jornal na parede e lançando dardos contra ela. Pode parecer loucura, mas há uma razão para acreditar que isso não o levará muito longe do caminho. Essa razão é denominada hipótese dos mercados eficientes. (...) "os preços dos ativos refletem todas as informações públicas disponíveis sobre o valor de um ativo". HME veio de Fama em 1960 parece. (...) A hipótese não afirma que o preço do mercado está sempre certo. Pelo contrário, ela implica que os preços no mercado estão em sua maioria errados, mas não é nada fácil dizer se eles são muito altos ou muito baixos.


492 - Explicando mais: A segunda parte da hipótese dos mercados eficientes é que o equihbrio de oferta e demanda estabelece o preço de mercado. Isso significa que, ao preço de mercado, o número de ações oferecidas para venda é exatamente igual ao número de ações que as pessoas desejam comprar. Em outras palavras, ao preço de mercado, o número de pessoas que acham que a ação está supervalorizada equilibra o de pessoas que acham que ela está subvalorizada. No julgamento da pessoa típica presente no mercado, todas as ações estão corretamente valorizadas o tempo todo.


493 - O problema: estudo dificilmente fará sentido dada a aleatoriedade das ações: Se os preços refletem todas as informações disponíveis, ação alguma será uma compra melhor do que qualquer outra.


494 - Na prática, os administradores atuantes normalmente falham ao tentarem superar os fundos de índice. Por exemplo, no período de 15 anos encerrado em junho de 2010, 75% dos fundos mútuos de ações tiveram um desempenho pior que um fundo de índice de base ampla mantendo todas as ações negociadas nas bolsas norte-americanas. Durante esse período, o retorno médio anual dos fundos de ações ficou aquém do retorno do fundo de índice em 1,25 ponto percentual. (...) E o que dizer a respeito dos 25 % dos administradores que efetivamente conseguiram bater o mercado? Talvez eles sejam mais inteligentes que a média, ou apenas mais sortudos. Se houvesse cinco mil pessoas lançando moedas para o alto dez vezes cada, cerca de cinco dessas pessoas, em média, tirariam" cara" dez vezes; essas cinco poderiam alegar ter uma excepcional habilidade em jogar cara ou coroa, mas teriam dificuldade para repetir o feito. De forma similar, há estudos mostrando que administradores de fundos que têm um histórico de desempenho superior normalmente não conseguem mantê-lo em períodos subsequentes.


495 - O The Wall Street ]ournal publicou um exemplo desse fenômeno em 3 de janeiro de 2008. O artigo dizia que, entre os milhares de fundos mútuos vendidos ao público, apenas 31 bateram o índice Standard & Poor's 500, em cada um dos oito anos, de 1999 a 2006. Um cético em relação à hipótese de mercado eficiente poderia pensar que, posteriormente, esses fundos de alto desempenho seriam uma forma de investimento melhor que a média. Em 2007, entretanto, apenas 14 desses 31 superaram o índice - praticamente o que se poderia esperar de puro acaso. O desempenho anterior excepcional parece não ser motivo suficiente para esperar sucesso futuro.


496 - Sobre a crise de 08: De acordo com dados coletados pelo professor Robert Shiller, da Yale University, de 1945 a 2006 o declínio máximo acumulado no preço médio das casas foi de 2,84% em 1991. Se essa baixa volatilidade dos preços residenciais persistisse no futuro, a garantia hipotecária composta de uma carteira nacional diversificada de empréstimos compreendendo os 800% iniciais do valor de uma casa nunca teria chegado perto da inadimplência. A qualidade de crédito dos compradores de casas era secundária, pois pensava-se que, subjacente à garantia, a casa poderia sempre cobrir o principal, no caso do proprietário ficar inadimplente. Esses modelos levaram as agências de crédito a avaliar as hipotecas subprime como "grau de investimento". (...) Essa avaliação, entretanto, estava errada. De 2000 a 2006, os preços das casas aumentaram 88,7%, muito acima do aumento de 17,5% no índice de preços ao consumidor ou o aumento insignificante de 1% na renda familiar média. Nunca antes o preço dos imóveis subiu tão acima dos preços e rendimentos. (...) Um pequeno buraco na estrada, talvez insignificante em velocidades mais baixas, vai capotar facilmente o carro de melhor engenharia. Nossas instituições financeiras dirigiram rápido demais, nosso banco central falhou na tentativa de impedi-las, e a deflação habitacional causou a colisão entre os bancos e a economia. (Texto de Jeremy Siegel).


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