Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) XVIII

 

Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) XVIII


Pgs. 470-495:


405 - O capítulo 22 é sobre "fronteiras da microeconomia". Vai começar pela informação assimétrica. 


406 - A relação de emprego é o exemplo clássico. O empregador é o principal e o trabalhador é o agente. O problema do risco moral é a tentação de trabalhadores inadequadamente monitorados de fugir às suas responsabilidades. O trabalhador é o único que sabe o quanto está se esforçando. As possíveis respostas do empregador são: a) salários de eficiência ("Um trabalhador que receba um salário superior ao de equilíbrio tem menos chances de esquivar-se do trabalho porque, se for observado e demitido, pode não ser capaz de encontrar outro emprego que remunere tão bem"); b) melhor monitoramento; c) pagamento adiado (Um exemplo de pagamento adiado é a gratificação de fim de ano. De forma similar, uma empresa pode optar por pagar a seus empregados mais adiante em suas vidas).


407 - Jatinhos e festas acima de tudo? "Usualmente denominado problema de agência, consiste na probabilidade de os administradores colocarem seus interesses pessoais acima dos interesses dos acionistas". Estes últimos são "o principal".


408 - Uma direção para supervisionar a alinhas os interesses entre agentes e o principal nem sempre funciona. Caso Enron foi emblemático. (...) Os gestores, além de serem demitidos, foram presos. Às vezes, os acionistas processam os diretores por não supervisionarem a administração adequadamente.


409 - Seleção adversa: O exemplo clássico de seleção adversa é o mercado de carros usados. Só vai ter carro ruim. (...) O problema dos "abacaxis" pode explicar por que um carro com apenas algumas semanas de uso pode ser milhares de dólares mais barato que um carro novo do mesmo tipo. Mais seleção adversa:  Quando uma empresa reduz os salários que paga, os trabalhadores mais talentosos têm maior tendência de pedir demissão, sabendo que têm maiores chances de conseguir outro emprego. O exemplo dos seguros de saúde: Como as pessoas com maiores problemas de saúde ocultos têm maior probabilidade de contratar um seguro-saúde que as demais pessoas, o preço do seguro reflete os custos de uma pessoa mais doente que a média. Com isso, as pessoas de saúde média podem ser desencorajadas a contratar um seguro-saúde por causa do alto preço.


410 - Quando os mercados estão sujeitos à seleção adversa, a mão invisível pode não necessariamente operar sua mágica. No mercado de carros usados, os proprietários de veículos bons podem optar por ficar com eles, em vez de vendê-los pelo preço baixo que os compradores céticos estão dispostos a pagar. No mercado de trabalho, os salários podem ficar acima do nível que equilibra oferta e demanda, resultando em desemprego. Nos mercados de seguros, os compradores com baixo risco podem optar por permanecer sem seguro, já que as apólices que lhes são oferecidas não refletem suas verdadeiras características.


411 - A questão, já estudada, da "sinalização" entra aqui também. Tentar enviar uma informação de que "é bom" por meio da publicidade. (...) Lembre-se de que a teoria da sinalização na educação contrasta com a teoria do capital humano, que afirma que a instrução aumenta a produtividade de uma pessoa, em vez de simplesmente transmitir informações sobre seu talento natural. Esses dois exemplos de sinalização (publicidade, instrução) podem parecer muito diferentes, mas, na verdade, são muito parecidos: nos dois casos, a parte informada (a empresa, o aluno) está usando o sinal para convencer a parte desinformada (o cliente, o empregador) de que está oferecendo algo de alta qualidade.


412 - O sinal simboliza que a pessoa ou empresa pagou um custo razoável porque acredita que seu produto vale a pena. Que ele não deve ser confundido com um produto qualquer, o qual não compensa a publicidade. Por isso que é "transmitir informação". (Só se for um blefe muito ousado...).


413 - A chamada "seleção" é o desinformado tentando forçar a parte que sabe mais a fornecer o máximo de informação. Não precisa ser só perguntando. Pode ser sutil. Menciona uma empresa de apólice de seguro que oferece o encargo de co-participação nas despesas com o objetivo de atrair pessoas cautelosas (que querem se beneficiar de pagar uma parte fixa menor por serem mais cautelosas).


414 - Embora a informação assimétrica possa exigir ação do governo em alguns casos, há três fatos que complicam a questão. Primeiro, como vimos, o mercado privado pode, algumas vezes, lidar sozinho com as assimetrias de informação usando uma combinação de sinalização e seleção. Segundo, o governo raramente dispõe de mais informações que as partes privadas. Mesmo que a alocação de recursos do mercado não seja a melhor possível, pode ser a segunda melhor.


415 - Outro tema do capítulo - Economia Política. Uma implicação do paradoxo de Condorcet é de que a ordem em que as coisas são votadas pode afetar o resultado. Torneio entre pedra, papel e tesoura. (Creio que a votação por eliminações sucessivas talvez seja melhor... Tem o sistema de pontos também).


416 - O teorema da impossibilidade de Arrowum resultado matemático mostrando que, em certas condições assumidas, não há sistema que permita agregar as preferências individuais em um conjunto válido de preferências sociais


417 - ...Nem o sistema de pontos salva: Como um outro exemplo, a contagem de Borda não satisfaz a condição de independência das alternativas irrelevantes. Lembre-se de que, com base nas preferências da Tabela 1, o resultado B vencerá se for adotada uma contagem de Borda. Mas suponha que C subitamente desapareça como alternativa. Se o método de contagem de Borda for aplicado somente aos resultados A e B, então A vencerá (mais uma vez, faça as contas você mesmo). Portanto, a eliminação da alternativa C altera a classificação entre A e B. O motivo para essa alteração é que o resultado da contagem de Borda depende do número de pontos que A e B recebem, e o número de pontos depende de a alternativa irrelevante C também estar disponível.




418 - De acordo com um resultado famoso chamado teorema do eleitor mediano, a vontade da maioria produzirá o resultado preferido pelo eleitor mediano (o que está exatamente no meio). Suponha-se o seguinte quadro para "quanto deve ser o orçamento?": o eleitor mediano deseja um orçamento de $10 bilhões. Entretanto, o resultado preferido médio (que é calculado somando os resultados e dividindo-os pelo número de eleitores) é de $9 bilhões, e o modal (o resultado preferido do maior número de eleitores) é de $15 bilhões. (...) O eleitor mediano vence porque seu resultado preferido supera qualquer outra proposta em uma disputa entre duas opçõesEm nosso exemplo, mais da metade dos eleitores quer orçamentos de$ 10 bilhões ou mais, e mais da metade quer orçamentos de $ 10 bilhões ou menos. Se alguém propuser, digamos, $ 8 bilhões em vez de $ 10 bilhões, todos os que preferem$ 10 bilhões ou mais votarão com o eleitor mediano. De forma similar, se alguém propuser $12 bilhões, todos os que querem $10 bilhões ou menos votarão com o eleitor mediano. (Isso não pode ser uma regra, a meu ver, mas sim tendência. Há quem ligue o foda-se e prefira extremos a medianos. Se não pode ser Trump, que seja Sanders, por exemplo. Já ouvi isso. Tinha o trânsito entre nazismo e socialismo também, etc. Porém, de fato, essa tendência ao mediano ajuda a explica porque os partidos tendem a procurar o "centro" do caldeirão político).



419 - ...Outra implicação do teorema do eleitor mediano é que as opiniões minoritárias nunca recebem muita atenção. Imagine que 40% da população deseje que se gaste muito dinheiro nos parques nacionais e que 60% desejem que não se gaste nada. Nesse caso, a preferência do eleitor mediano é zero, independentemente da opinião da minoria.


420 - Teste: Uma pesquisa revela que 20% dos eleitores desejam uma proporção de 9/1, 25% desejam 10/1, 15% desejam 11/1 e 40% desejam 12/1. Que resultado você esperaria da votação? Explique. (a resposta é 11/1).


421 - O próximo tópico do capítulo é a economia comportamental: Herbert Simon, um dos primeiros cientistas sociais a trabalhar na fronteira entre economia e psicologia, sugeriu que os humanos podem ser vistos não como maximizadores racionais, mas como satisficers. Em vez de sempre escolherem o melhor curso de ação, tomam decisões que são apenas boas o suficiente. De forma similar, outros economistas sugeriram que os humanos são apenas "quase racionais" ou que apresentam "racionalidade limitada".


422 - a) As pessoas são excessivamente confiantes. Imagine que alguém lhe faça perguntas numéricas, como o número de países africanos membros das Nações Unidas, a altura da montanha mais alta da América do Norte etc. Em vez de lhe pedir uma estimativa exata, você deve indicar um intervalo de confiança de 90% - uma faixa em que você possa ter 90% de certeza de que o número verdadeiro está dentro dela. Quando psicólogos fazem experimentos desse tipo, percebem que a maioria das pessoas propõe faixas muito estreitas: o número verdadeiro fica dentro dos seus intervalos bem menos que 90% das vezes. Ou seja, a maioria das pessoas confia demais na própria capacidade.


423 - b) As pessoas dão importância demais a um pequeno número de observações vívidas. Imagine que você esteja pensando em comprar um carro da marca X. Para saber mais sobre a confiabilidade do veículo, lê a Consumer Reports, que fez uma pesquisa com mil proprietários do carro X. Então você encontra uma amiga que possui um carro da marca e ela diz que é um /1 abacaxi". Como você trata a observação de sua amiga? Se você pensar racionalmente, verá que ela só aumentou o tamanho da amostra de 1.000 para 1.001, o que não representa muita informação nova. Mas, como a história de sua amiga é de fato vívida, você pode sentir-se tentado a dar maior peso a ela em sua tomada de decisão do que deveria.


424 - c) As pessoas relutam em mudar de ideia. As pessoas tendem a interpretar as evidências de maneira a confirmar crenças que já tenham. Em um estudo, pediu-se aos entrevistados que lessem e avaliassem um relatório de pesquisa a respeito da pena capital quanto à sua capacidade de reduzir a criminalidade. Após lerem o relatório, as pessoas inicialmente favoráveis à pena de morte afirmaram estar mais convencidas de sua opinião, e as que eram contrárias à pena de morte também disseram estar mais convencidas de sua opinião. Os dois grupos interpretaram as mesmas evidências de maneiras exatamente opostas. (Aqui creio que pode ser o fator "informação". Como eram bem menos informadas antes do relatório, agora têm mais certeza acerca do que defendem. De toda forma, entendo que isso seja lamentável).


425 - Um exemplo intrigante surge no estudo dos planos 401(k), as contas de poupança com vantagens tributárias para aposentadoria que algumas empresas oferecem a seus trabalhadores. Em algumas empresas, os trabalhadores podem escolher participar do plano, bastando preencher um formulário simples. Em outras, os trabalhadores são inscritos automaticamente e podem optar por sair do plano, bastando preencher um formulário simples. O fato é que mais trabalhadores participam no segundo caso que no primeiro. Se os trabalhadores fossem maximizadores perfeitamente racionais, escolheriam a quantidade ótima de poupança para a aposentadoria, independentemente da condição inicial oferecida pelo empregador. De fato, o comportamento dos trabalhadores parece exibir considerável grau de apatia.


426 - Coloca que os economistas acabam usando o modelo da racionalidade porque é difícil se aproximar ainda mais da realidade sem ele. Fica tudo mais obscuro. Ademais, ele fornece alguns resultados e previsões interessantes, que acabam se confirmando algumas vezes. 


427 - Jogo do ultimato - mostra que há alguma espécie de senso de justiça, talvez inato: Na linguagem da teoria dos jogos (abordada no Capítulo 17), a divisão 99-1 é o equilíbrio de Nash. A propõe 99 dólares pra ele e 1 pra B. Afinal, B vai preferir 1 a nada. Pois bem, as pessoas que estão no papel do jogador B costumam rejeitar as propostas que só proporcionem $ 1 ou outra quantia muito pequena. Cientes disso, as pessoas que estão no papel de jogador A, geralmente, propõem dar ao jogador B bem mais que $ 1. Algumas pessoas oferecem divisão em partes iguais, mas é muito mais comum o jogador A oferecer ao jogador B uma quantia como$ 30 ou$ 40, mantendo a maior parte para si.


428 - Em todo o nosso estudo do comportamento das famílias e empresas, o senso natural de justiça não desempenhou nenhuma função. Mas os resultados do jogo do ultimato sugerem que talvez devesse...


429 - As pessoas são inconsistentes ao longo do tempo. Lavar roupa? Imposto de renda? Você preferiria (A) passar 50 minutos cumprindo a tarefa imediatamente ou (B) passar 60 minutos cumprindo a tarefa amanhã? (...) Você preferiria (A) passar 50 minutos cumprindo a tarefa daqui a 90 dias ou (B) passar 60 minutos cumprindo a tarefa daqui a 91 dias? Desses experimentos, economistas concluem que as pessoas têm sérias dificuldades em sacrificar o presente (poupança). (...) Talvez esta seja a razão pela qual essas contas de aposentadoria são tão populares: elas protegem as pessoas de seus próprios desejos de satisfação imediata.


430 - Um importante estudo adicionou todas as externalidades associadas com o uso de carro e concluiu que o imposto ideal sobre a gasolina seria superior a $ 2 por galão, quase cinco vezes o nível atual (combinando os impostos incidentes federais e estaduais) e em relação à taxa de imposto em muitos pa1ses europeus.


431 - Externalidades e impostos: fumantes causam custos ao Estado? Esse argumento, no entanto, também tem um lado oposto: se os consumidores desses produtos morrerem mais cedo, eles também receberão menos benefícios, incluindo os da Previdência Social. Os economistas analisaram os números relativos aos fumantes e constataram que essas economias podem mais que compensar os custos orçamentários.


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