Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) XVII


Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) XVII


Pgs. 445-470:


384 - A parte VII do livro Mankiw vai chamar de "Tópicos de estudos avançados", a qual começa pelo capítulo 21: "A teoria da escolha do consumidor".


385 - Restrição orçamentária: o limite das combinações de consumo de bens que o consumidor pode adquirir. (...) A inclinação da restrição orçamentária mede a taxa a que o consumidor pode trocar um bem pelo outro.



386 - Se ambas - os dois bens - atenderem igualmente a suas preferências, dizemos que o consumidor é indiferente entre as duas combinações. A curva de indiferença usa a mesma base de cima, mas fazendo a curva refletir a proporção ("Não é de surpreender que, se o consumo de pizza do consumidor se reduzir, digamos, do ponto A para o ponto B, o consumo de Pepsi precisará aumentar para mantê-lo igualmente satisfeito"):



387 - TMgS - taxa marginal de substituição: a taxa à qual um consumidor está disposto a trocar um bem por outro. (...) Observe que, como as curvas de indiferença não são linhas retas, a taxa marginal de substituição não é a mesma em todos os pontos de uma dada curva de indiferença. A taxa à qual o consumidor está disposto a trocar um bem por outro depende da quantidade de bens que já está consumindo. Ou seja, a taxa à qual o consumidor está disposto a trocar pizza por Pepsi depende de ele estar mais faminto ou mais sedento, o que, por sua vez, depende de quanta pizza e quanta Pepsi ele está consumindo. (...) Em outras palavras: No ponto A, como o consumidor tem muita Pepsi e somente um pouco de pizza, está com muita fome, mas não tem muita sede. Para induzir o consumidor a abrir mão de 1 pizza, é preciso dar-lhe 6 latas de Pepsi: a taxa marginal de substituição é de 6 latas por pizza. Já no ponto B, o consumidor tem pouca Pepsi e muita pizza, de modo que está sedento, mas não tem muita fome. Nesse ponto, ele estaria disposto a abrir mão de 1 pizza para obter 1 lata de Pepsi: a taxa marginal de substituição é de 1 lata por pizza. Portanto, a convexidade da curva de indiferença reflete a maior disposição do consumidor para abrir mão do bem que ele já tem em grande quantidade. (...) Como ele prefere mais consumo a menos consumo, as curvas de indiferença mais elevadas são preferíveis às mais baixas. Na Figura 2, qualquer ponto na curva de indiferença I2 é preferível a qualquer ponto na curva I1. 


388 - Curvas de indiferença não se cruzam:



389 - Curva pouco ou zero convexa? É porque se tratam de bens substitutos perfeitos. Neles, a TMgS é fixa. Já sapatos de pé direito e esqueda são "complementos perfeitos". 



390 - O "ótimo do consumidor" (o consumidor escolhe o consumo dos dois bens de tal modo que a taxa marginal de substituição seja igual ao preço relativo... No Capítulo 7, vimos como os preços de mercado refletem o valor marginal que os consumidores atribuem aos bens):



391 - E a utilidade? Podemos pensar em uma curva de indiferença como se fosse uma curva de "utilidade igual''. (...) De maneira mais geral, a taxa marginal de substituição (e, portanto, a inclinação da curva de indiferença) é igual à utilidade marginal de um bem dividida pela utilidade marginal do outro bem.


392 - ... A diferença dos preços no mercado equilibram a igualdade em "utilidade marginal" dos bens. E vice-versa: essa igualdade em UMg gera as diferenças de preços entre os bens. (Os neoclássicos costumam ver essa obviedade como uma grande explicação de alguma coisa).


393 - Aumento de renda: ... o consumidor opta por consumir mais Pepsi e mais pizza. Embora a lógica do modelo não exija aumento do consumo dos dois bens em resposta a um aumento na renda, este é o resultado mais comum. Como vimos no Capítulo 4, se um consumidor deseja mais de um bem quando sua renda aumenta, os economistas chamam esse bem de bem normal. (...) Se um consumidor compra menos de um bem quando sua renda aumenta, os economistas chamam esse bem de bem inferior.



394 - Já uma variação no preço provoca a rotação da restrição orçamentária, não seu deslocamento uniforme pra fora/frente (como na situação anterior, do aumento de renda).



395 - Diferença entre "efeito renda" e "efeito substituição": 

"Grande notícia! Agora que a Pepsi está mais barata, minha renda tem maior poder de compra. Estou, de fato, mais rico que antes. Como estou mais rico, posso comprar mais Pepsi e mais pizza". (Este é o efeito renda.) 

• "Agora que o preço da Pepsi caiu, posso comprar mais latas de Pepsi para cada pizza de que eu abrir mão. Como a pizza agora está relativamente mais cara, eu deveria comprar menos pizza e mais Pepsi". (Este é o efeito substituição.) 


396 - Efeito substituição: a variação de consumo que ocorre quando uma mudança de preço move o consumidor ao longo de uma dada curva de indiferença até um ponto com uma nova taxa marginal de substituição.





397 - ... A sequencia aí acima é alfabética. A para B e depois B para C. Ou seja, Pepsi pode ficar tão mais barata que pizza que pode haver até uma redução do consumo de pizza mesmo havendo efeito renda. A sociedade está mais rica e consome menos bem "x", acontece. (...) Observe que a passagem do ponto A para o B representa uma pura variação da taxa marginal de substituição, sem nenhuma mudança no bem- -estar do consumidor. De forma similar, a mudança do ponto B para o C representa uma pura mudança no bem-estar do consumidor, sem nenhuma variação da taxa marginal de substituição. Portanto, o movimento de A para B mostra o efeito substituição, e o movimento de B para C mostra o efeito renda.


398 - Os "bens de Giffen", porém, têm sua demanda aumentada quando aumentam de preço. Alguns historiadores narram que a batata foi um bem de Giffen na Irlanda do Século XIX (Mankiw cita também um experimento recente na China). Isso pode ocorrer? Sim. Os bens de Giffen são bens inferiores para os quais o efeito renda domina o efeito substituição. Portanto, suas curvas de demanda têm inclinação ascendente. Basta um efeito renda negativo muito forte e a pessoa não poder comprar mais nenhum bem lá muito substituto mais barato. O sujeito passa a ser obrigado a comprar só o bem de Giffen, inclusive mais que antes, já que ficou (ele e a sociedade) mais pobre. O efeito renda é tão forte que supera o efeito substituição.



399 - Outra curva de indiferença a respeito de um "trade-off" bem famoso:



400 - ... Como ela sempre prefere mais lazer e mais consumo, sua preferência é por pontos em curvas de indiferença mais elevadas. Efeito renda e efeito substituição quanto aos salários: A primeira vista, a curva de oferta de trabalho com inclinação para trás é enigmática. Por que alguém responderia a um salário maior trabalhando menos? A resposta é dada pelos efeitos renda e substituição decorrentes de um salário maior. ... Quando o salário de Sally aumenta, o lazer se torna mais caro em relação ao consumo, e isso a encoraja a substituir lazer por consumo (...). Porém... Quando o salário de Sally aumenta, ela se move para uma curva de indiferença mais elevada. Ela agora está em uma situação melhor que antes. Desde que lazer e consumo sejam bens normais, ela tenderá a usar esse aumento de bem-estar para desfrutar de mais consumo e mais lazer. Em outras palavras, o efeito renda a induz a trabalhar menos, o que tende a fazer que a curva de oferta de trabalho se incline para trás. (...) Se o efeito substituição é maior que o efeito renda, ela trabalha mais. Se, para Sally, o efeito renda é maior que o efeito substituição, ela trabalha menos.



401 - Mankiw lembra que, nos longos prazos, o efeito renda tem prevalecido. As pessoas trabalham cada vez menos. 


402 - ... Outra evidência de que o efeito renda sobre a oferta de trabalho é forte vem de dados bem diferentes: os ganhadores de loterias. (...) Os resultados dos estudos com ganhadores de loterias são dignos de nota. Entre os ganhadores que receberam mais de $50 mil, quase 25% pararam de trabalhar em um ano e outros 9% reduziram o número de horas trabalhadas. Entre os ganhadores que receberam mais de $ 1 milhão, cerca de 40% pararam de trabalhar. O efeito renda sobre a oferta de trabalho dos ganhadores de prêmios tão grandes é substancial.  (...) Resultados semelhantes foram encontrados em um estudo de 1993, publicado no Quarterly ]ournal of Economics, sobre como o recebimento de uma herança afeta a oferta de trabalho de uma pessoa. (...) como os salários dos ganhadores não mudam, a inclinação das suas restrições orçamentárias permanece a mesma. Não há, portanto, efeito substituição.


403 - O mesmo dilema (trade-off ou sei lá o que) ocorre com taxas de juros. Há o incentivo a poupar ou a consumir/lazer/etc. mais. Depende se vai prevalecer o efeito renda ou o substituição. (...) o efeito substituição induz Sam a poupar mais. Custo-oportunidade de não poupar ficou maior. (...) o efeito renda o induz a poupar menos. Já vai ganhar mais do que "esperava" mesmo... (ao menos pode supor o coitado). Mankiw faz a seguinte observação sobre isso: Embora esse resultado ambíguo seja interessante do ponto de vista da teoria econômica, é desapontador do ponto de vista da política econômica. Diminuir tributação sobre rendimento de capital não necessariamente incentiva a poupança, tendo em vista o efeito renda. 


404 - Resumindo: maiores salários podem aumentar ou diminuir a quantidade ofertada de trabalho e (...) maiores taxas de juros podem aumentar ou diminuir a poupança.


.

Comentários