Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) XIV

 

Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) XIV


Pgs. 380-405:


314 - A parte VI do livro é sobre a economia dos mercados de trabalho. O capítulo 18 é "os mercados de fatores de produção". Em 2010, a renda total dos residentes nos Estados Unidos foi aproximadamente $15 trilhões, e as pessoas a obtiveram de diversas maneiras. Os trabalhadores receberam cerca de três quartos dela sob a forma de salários e benefícios adicionais. O restante foi para os proprietários de terras e para os proprietários do capital - o estoque de equipamentos, prédios e demais construções da economia - sob a forma de aluguéis, lucro e juros.


315 - O trabalho é o fator de produção mais importante porque os trabalhadores recebem a maior parte da renda total obtida na economia dos Estados Unidos.


316 - Os salários também estão correlacionados com a demanda:








317 - Observe que, com o aumento do número de trabalhadores, o produto marginal do trabalho diminui. Ou seja, o processo de produção apresenta o produto marginal decrescente. No exemplo: No início, quando há poucos trabalhadores empregados, eles colhem as ... maçãs dos galhos mais baixos. A medida que o número de trabalhadores aumenta, os trabalhadores adicionais precisam usar escadas para colher dos galhos mais altos. Assim, à medida que mais e mais trabalhadores são empregados, cada trabalhador adicional contribui menos para a produção de maçãs.


318 - O valor do produto marginal de qualquer insumo é o produto marginal do insumo multiplicado pelo preço de mercado do produto. (...) Como o preço de mercado é constante para as empresas competitivas, enquanto o produto marginal diminui com mais trabalhadores, o valor do produto marginal diminui à medida que o número de trabalhadores aumenta. (...) Após o terceiro trabalhador, contudo, empregar mais trabalhadores não é lucrativo. O quarto trabalhador geraria uma receita adicional de apenas $400. Como o salário do trabalhador é de $500, empregá-lo significaria uma redução de $100 no lucro. (...) Uma empresa competitiva e maximizadora de lucro emprega trabalhadores até o ponto em que o valor do produto marginal do trabalho seja igual ao salário. Por isso: ... para as empresas competitivas maximizadoras de lucro, a curva de valor do produto marginal é a curva de demanda por mão de obra.



319 - O preço do produto obviamente desloca o valor do produto e a curva de demanda por mão-de-obra. Foi, implicitamente, a primeira lição. Pode compensar ampliar a produção (nas minhas palavras, a receita marginal aumenta abrindo espaço para o custo marginal subir). O outro motivo óbvio de deslocamento é a evolução tecnológica. Novo modo de colheita, mecanização, etc.


320 - Coloca que de 1960 a 2010, os salários aumentaram 150% sem queda do emprego. Produtividade puxada por novas tecnologias geram outros campos de atuação geralmente. coloca Mankiw.


321 - O custo marginal de uma unidade de produção é CMg = W/PMgT. (CMg é custo marginal, W é salário e PMgT é produto marginal do trabalho). Lembra também que W é igual a P x PMgT (ponto 318). A primeira fórmula fica então CMg = P x PMgT/PMgT. Dá pra cortar os dois "PMgT". Fica então "CMg = P" como fórmula final. Assim, quando uma empresa competitiva contrata trabalhadores até o ponto em que o valor do produto marginal é igual ao salário, ela também produz até o ponto em que o preço é igual ao custo marginal.


322 - Mankiw lembra o tradeoff entre trabalho e lazer: E quando você recebe um aumento e passa a ganhar $ 20 por hora, o custo oportunidade do lazer aumenta. Afirma que talvez por isso um médico trabalhe mais horas que um faxineiro (o que nem sei se confere mesmo). Porém... Vale a pena observar que a curva de oferta de mão de obra não precisa ter inclinação ascendente. Imagine que você receba um aumento de $ 15 para $ 20 por hora. O custo de oportunidade do lazer agora é maior, mas você também tem mais dinheiro que antes. Talvez conclua que com esse dinheiro extra pode agora se dar ao luxo de desfrutar de mais lazer.


323 - A curva de oferta de mão-de-obra é influenciada por vários fatores. Mankiw exemplifica: Em 1950, 34% das mulheres tinham ou estavam procurando emprego remunerado. Em 2009, essa porcentagem subiu para 59%


324 - O próximo "fator de deslocamento da oferta" que cita tem mais a ver com a demanda específica de cada mercado de trabalho, não a demanda global ou nacional: Em qualquer mercado de trabalho, a oferta de mão de obra depende das oportunidades disponíveis em outros mercados de trabalho. Se o salário dos colhedores de peras aumentar subitamente, alguns colhedores de maçãs poderão optar por mudar de ocupação, e assim a oferta de mão de obra no mercado de colhedores de maçãs cairá.


325 - Há, ainda, o "fator imigração", que também pode aumentar a oferta local de trabalho. No novo equilíbrio, tanto o salário quanto o valor do produto marginal do trabalho são menores do que eram antes do influxo de novos trabalhadores


326 - Quadro geral do equilíbrio no mercado de trabalho:



327 - Durante a maior parte da década de 1980, milhares de palestinos se deslocavam regularmente de seu lar na área ocupada por Israel na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, para trabalhar em Israel, principalmente na indústria de construção e na agricultura. Entretanto, em 1988 as perturbações políticas nessa área levaram o governo de Israel a tomar medidas que apresentaram como subproduto a redução dessa oferta de trabalhadores. Foram impostos toques de recolher, as permissões de trabalho eram checadas mais meticulosamente e a proibição de pernoite de palestinos em Israel passou a ser aplicada com mais rigor. O impacto econômico dessas medidas foi exatamente o previsto pela teoria: o número de palestinos com emprego em Israel caiu pela metade, enquanto aqueles que continuaram a trabalhar em Israel desfrutaram de um aumento de salário de cerca de 50%. Com a redução do número de trabalhadores palestinos em Israel, o valor do produto marginal dos trabalhadores restantes elevou-se muito.



328 - Já a demanda por trabalho em cada setor, como já dá pra deduzir, tem muito a ver com o preço.  Quando o preço das maçãs sobe, os produtores dessa fruta obtêm maiores lucros e os colhedores ganham salários maiores. Quando o preço das maçãs cai, os produtores obtêm lucros menores e os colhedores ganham salários menores. Essa lição é bem conhecida pelos trabalhadores de setores em que os preços são altamente voláteis. Os trabalhadores de campos petrolíferos, por exemplo, sabem por experiência própria que seus ganhos estão estreitamente relacionados ao preço mundial do petróleo.


329 - Afirma que os EUA recebe de 1 a 2 milhões de imigrantes anos. Muito e pouco qualificados. Aproximadamente, 40% dos cientistas e engenheiros que são doutores nasceram em outro país.


330 - Imigração ilegal: Os imigrantes ilegais talvez paguem menos impostos, mas têm direito a poucos benefícios. Então, o fato de ser ilegal não significa que o impacto fiscal seja piorNa verdade, o imigrante ilegal com baixa qualificação pode gerar menos ônus fiscal que o legal porque não se habilita para a maioria dos benefícios.


331 - Coloca que a imigração gera celeuma porque os salários reais dos estadunidenses com baixa qualificação tem caído nos últimos 25 anos. E isso realmente tem a ver com o influxo de imigrantes, afirmam estudos. O consenso parece ser de que os salários estão entre 1 % a 3% menores atualmente por causa da imigração. (...) Alguns estudiosos encontram efeitos maiores para os trabalhadores com baixa qualificação. Entretanto, os economistas especializados no mercado de trabalho acreditam ser um pequeno quebra-cabeça o fato de não conseguir identificar sistematicamente efeitos adversos maiores sobre os salários. (...) A razão pode ser a forma como a economia se ajusta constantemente ao influxo de imigrantes. Considerando o aspecto geográfico, por exemplo, o grande influxo de imigrantes para uma área tende a incentivar o influxo de capital para colocá-los no mercado. Então existe um deslocamento na oferta de mão de obra, mas também existe o deslocamento na demanda, e os efeitos dos salários são melhorados.


332 - De 1959 a 2009, a produtividade, medida como o produto por hora de trabalho, aumentou aproximadamente 2,1 % ao ano. O salário real cresceu 1,9%, quase a mesma taxa. Com uma taxa de crescimento de 2% ao ano, a produtividade e o salário real dobram a cada 35 anos, aproximadamente. (...) 1973 a 1995 houve uma queda forte da produtividade e... salários. 



333 - Mankiw abre um pequeno parênteses para mencionar que onde o mercado de trabalho for um "monopsônio" as coisas mudam. Empregador(es) poderiam usar seu poder de mercado. Este livro não apresenta o modelo formal de monopsônio porque, no mundo real, os monopsônios são raros. Na maioria dos mercados de trabalho, os trabalhadores têm muito empregadores possíveis e a empresas competem entre si para atrair trabalhadores. Nesse caso, o modelo de oferta e demanda é a melhor opção para usar. (Mankiw parece no mínimo subestimar os efeitos globais da concentração de capital ou que alguns nascem e crescem com algum tipo de capital e outros não. Não há livre-mercado competitivo entre quem tem capital pra queimar e experimentar e quem não tem. Monopsônio não é uma regra em setores, mas globalmente, a realidade gera uma lógica parecida. Nem 8 nem 80. São alguns milhões com capital protegido por lei e polícia e sete bilhões e algo sem isso. Mas enfim, em defesa dele, posso dizer que não é sua intenção discutir isso) (Engraçado que no parênteses que ele abre para falar de "renda do capital" ele chama os beneficiários meramente de "famílias", fica parecendo algo bem inclusivo).


335 - O quanto do produto que vai para o trabalho? Mankiw coloca que depende do custo da terra/capital. No que se refere tanto à terra quanto ao capital, a empresa aumenta a quantidade empregada até que o valor do produto marginal do fator se iguale a seu preço. Assim, a curva de demanda de cada fator reflete a produtividade marginal desse fator. (...) Trabalho, terra e capital obtêm como renda o valor de sua contribuição marginal ao processo de produção. (...) Por causa do produto marginal decrescente, um fator cuja oferta seja abundante tem baixo produto marginal e, portanto, baixo preço, enquanto um fator com oferta escassa tem produto marginal e preços altos.


336 - O que acontece, por exemplo, se há alguma deterioração abrupta de capital (furacão ou guerra destrói geral)? Ele exemplifica: Como há menos escadas a serem usadas, os trabalhadores que colhem as maçãs têm um produto marginal menor. Assim, a redução da oferta de escadas reduz a demanda pelo trabalho dos colhedores de maçã, e isso provoca uma queda no salário de equilíbrio. (...) um evento que altere a oferta de qualquer fator de produção pode alterar os ganhos gerados por todos os demais fatores.


337 - Peste Negra: Com menos trabalhadores disponíveis para cultivar a terra, cada unidade adicional de terra gerava menos produção adicional. Em outras palavras, o produto marginal da terra caiu. Assim, seria de esperar que a Peste Negra reduzisse o valor dos arrendamentos da terra. (...) Com efeito, as duas previsões condizem com as evidências históricas. Os salários aproximadamente dobraram durante esse período e o valor dos arrendamentos diminuiu 50% ou mais. A Peste Negra levou a prosperidade econômica para as classes camponesas e reduziu a renda da classe dos proprietários de terra.


338 - A teoria aqui desenvolvida é a chamada teoria neoclássica da distribuição. De acordo com a teoria neoclássica, o valor pago a cada fator de produção depende da oferta e da demanda por esse fator. A demanda, por sua vez, depende da produtividade marginal do fator. No equilíbrio, cada fator de produção recebe o valor de sua contribuição marginal para a produção de bens e serviços. (Ok, só ocultou a natureza e origem do fator, mas vou fingir que está tudo bem. E que o capital se resume a trabalho morto. Não veio de Deus ou dos ET's. Enfim, basta pensar num herdeiro milionário de um ladrão que não foi pego, por exemplo, só pra começar a conversa, aplicando de forma neutra no mercado mundial. O capital, que vira um ente autônomo na teoria, tá lá dando a suposta contribuição dele, o herdeiro não).


339 - Por que os programadores de computador ganham mais que os frentistas de posto de gasolina? E porque os programadores podem produzir um bem de maior valor de mercado que os frentistas. (Claro, tem mais trabalho demandado condensado ali). (...) Se as pessoas subitamente se cansassem de usar computadores e decidissem passar mais tempo dirigindo, os preços desses bens mudariam e, com eles, os salários de equilíbrio desses dois grupos de trabalhadores. (No curto prazo e com condições. No médio ou no longo um novo equilíbrio pode ser formado talvez com preço semelhante com o deslocamento de mão-de-obra ou ativamento de "exércitos de reserva". Como a sociedade está preferindo produzir bens/serviços mais simples, mais intensivos em trabalho, a produção de valor total - e a renda - também deve cair. Basta imaginar todo mundo virando freegan-hippie-ou-caçador-coletor. Certamente o "PIB" fica bem mais limitado rs)


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