Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) X

              

Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) X


Pgs. 277-310:


200 - A parte V do livro é sobre comportamento da empresa e organização da indústria.


201 - Não esquecer que custos são custos de oportunidade. Quando Caroline paga $1.000 pela farinha, esse valor representa um custo de oportunidade porque ela não pode mais usá-lo para comprar outra coisa.


202 - Custos explícitos são fáceis de visualizar. Não precisa ser economista pra isso, basta ser contador amador. Já os implícitos... nem sempre... Imagine que Caroline tenha bastante habilidade com computadores e possa ganhar $100 por hora trabalhando como programadora. Para cada hora que passa em sua fábrica de biscoitos, ela deixa de ganhar$ 100 de renda e essa renda da qual ela abre mão também é parte de seu custoO custo total do negócio de Caroline é a soma dos custos explícitos e implícitos.


203 - A mesma lógica serve para o custo do capital como "custo de oportunidade". Que eu também já conheço bem por pensar nisso há muito tempo.


204 - Há lucros e lucros. Um economista mede o lucro econômico da empresa como a receita total menos todos os custos de oportunidade (explícitos e implícitos) da produção dos bens e serviços vendidos. Um contador mede o lucro contábil da empresa somente como receita total menos os custos explícitos. Se você "imobiliza" um capital de cem mil, tem que ser calculado o custo implícito, ou seja, de quanto de juros anual ou mensal se está abrindo mão ao fazer isso. Aí sim compara. O lucro econômico é sempre menor que o contábil.


205 - Carolina e a "fábrica" de biscoitos. O que é o "produto marginal" numa função de produção? É o aumento da produção que resulta de uma unidade adicional de insumo. (as pessoas racionais pensam na margem). ... Observe que, à medida que o número de trabalhadores aumenta, o produto marginal diminui. O segundo trabalhador tem um produto marginal de 40 biscoitos, o terceiro, de 30, e o quarto, de 20. Produto marginal decrescente. 




206 - ... Com o aumento do número de trabalhadores, eles passam a ter que compartilhar equipamentos e trabalhar com uma lotação cada vez maior. Por fim, a cozinha está tão lotada que os funcionários ficam amontoados.


207 - Custos fixos: aluguel e contratação fixa de um contador, por exemplo. A quantidade produzida vai crescendo e esses custos se mantém iguais. Os variáveis? Trabalhadores... Matéria-prima... Crescem com a quantidade produzida. 


208 - Custo marginal é diferente de custo médio. Embora o custo total médio nos diga o custo da unidade típica, não nos diz em quanto o custo total mudará se a empresa alterar seu nível de produção.  A última coluna abaixo reflete a progressão da segunda (custo total), portanto:




209 - A curva marginal média ascendente decorre da lei dos rendimentos decrescentes:



210 - A curva de custo total médio de Conrado tem forma de U, como mostra a Figura 4. Para entender o porquê disso, lembre-se de que o custo total médio é a soma do custo fixo médio e do custo variável médio. Há tendências se contrapondo: O custo fixo médio sempre diminui à medida que a produção aumenta porque o custo fixo se distribui por um maior número de unidades. O custo variável médio costuma aumentar quando a produção aumenta por causa do produto marginal decrescente. (...) A parte mais baixa da curva em U ocorre na quantidade que minimiza o custo total médio. Essa quantidade é, às vezes, chamada de escala eficiente da empresa. (...) Na escala de eficiência, essas duas forças se equilibram para apresentar o custo total médio mais baixo possível. (...) Sempre que o custo marginal for menor que o custo total médio, o custo total médio estará em queda. Sempre que o custo marginal for maior que o custo total médio, o custo total médio estará aumentando. Uma conclusão vai levando à outra.


211 - "Escala eficiente" implica custo total médio mínimo! É quando a curva de custo marginal já subiu de modo a atingir e romper esse ponto.


212 - Numa empresa, porém, é mais comum que mesmo o custo marginal vá caindo bastante por um bom tempo (especialização e cooperação vão sendo positivos inicialmente) e só depois se torne ascendente. E, depois disso, ainda demora um pouco até tocar a curva de custo total médio e começar a destruir a "escala eficiente".



213 - Resumindo em outras palavras: Em níveis baixos de produção, a empresa apresenta um produto marginal crescente, e a curva de custo marginal decresce. Por fim, a empresa começa a apresentar produto marginal decrescente, e a curva de custo marginal começa a se elevar. Essa combinação de produto marginal crescente e depois decrescente faz com que a curva de custo variável médio também tenha forma de U.


214 - Expansões, custos fixos e tal. Como muitas decisões são fixas no curto prazo, mas variáveis no longo prazo, as curvas de custos de longo prazo das empresas diferem de suas curvas de custos de curto prazo. Alguns custos fixos são, no longo prazo, variáveis. Quando o custo total médio de longo prazo não varia com o nível de produção, dizemos que há retornos constantes de escala.



215 - Deseconomias de escala: a propriedade segundo a qual o custo total médio de longo prazo sobe com o aumento da quantidade produzida.


216 - O capítulo 14 se destina a estudar empresas em mercados competitivos (relembrando o que é isso...: a - Há muitos compradores e vendedores no mercado... b - Os bens oferecidos pelos diversos vendedores são, em grande escala, os mesmos)


217 - ... Além dessas duas condições para a competição, há uma terceira condição, às vezes, tida como característica dos mercados perfeitamente competitivos: • As empresas podem entrar e sair livremente no mercado.


218 - Tamanho de uma economia influencia o preço? Se não... Como a fazenda dos Smith é pequena se comparada ao mercado mundial de leite, toma o preço como dado pelas condições de mercado.


219 - Para as empresas competitivas, a receita marginal é igual ao preço do bem.


220 - Começa a analisar um exemplo: O primeiro galão de leite que a fazenda produz tem receita marginal de $ 6 e custo marginal de $ 2; assim, produzir esse galão aumenta os lucros em $ 4 (de -$3 para $1). O segundo galão de leite que a fazenda produz tem receita marginal de $ 6 e custo marginal de $ 3, de modo que aumenta o lucro em $ 3 (de $1 para $4). Enquanto a receita marginal for maior do que o custo marginal, o aumento da quantidade produzida elevará o lucro. Uma vez que a fazenda atinja 5 galões de leite, contudo, a situação muda muito. O sexto galão teria receita marginal de $6 e custo marginal de $ 7, de modo que sua produção reduziria o lucro em$ 1 (de$ 7 para$ 6). Como resultado, os Smith não produziriam mais que 5 galões.




221 - ... Um argumento semelhante se aplica quando a produção está em Q2• Nesse caso, o custo marginal é maior do que a receita marginal. Se a empresa reduzisse a produção em 1 unidade, os custos poupados (CMg2) superariam a receita perdida (RMg2). Assim, se a receita marginal for menor que o custo marginal, como em Q2 , a empresa poderá aumentar seu lucro reduzindo a produção.


222 - Maximização do lucro em gráfico:



223 - Em essência, como a curva de custo marginal das empresas determina a quantidade de produto que estas estão dispostas a ofertar a qualquer preço, ela também é a curva de oferta das empresas competitivas.


224 - Paralisar ou deixar o mercado, eis a questão. Ao tomar a decisão de curto prazo de paralisar as atividades por uma estação, dizemos que o custo fixo da terra é um custo irrecuperável. (...) Ao tomar a decisão de longo prazo de sair ou não do mercado, o custo da terra não é irrecuperável.


225 - Um modelo simples mede quando compensa paralisar ou não (RT = receita total e CV = custos variáveis: Paralisação se RT < CV -> ... Paralisação se RT/Q < CV/Q... Paralisação se P < CVM (pois RT/Q, é a receita total P x Q dividida pela quantidade, Q, que é a receita média expressa simplesmente como o preço P do bem). Mankiw lembra que isso é intuitivo. Ora, se o preço não cobrir o custo variável médio, a empresa ficará em melhor situação se suspender a produção. Perde os fixos (irrecuperáveis), mas produzindo perderia ainda mais.



226 - A curva de oferta de curto prazo da empresa é a parte da curva de custo marginal que está acima do custo variável médio, e a magnitude do custo fixo não é importante para essa decisão de oferta.


227 - Eu não consigo concordar com o seguinte trecho abaixo (pra mim só faz sentido em orçamentos folgados esse raciocínio, até pelo lado "marginalista da coisa"):



228 - O capítulo ajuda a entender a lógica dos "restaurantes quase vazios" (no curto prazo): O proprietário da casa só fechará para o almoço se a receita proporcionada pelos poucos clientes não for suficiente para cobrir os custos variáveis do restaurante.


229 - Sair do mercado, como já se pode intuir desde o início, é outra história: a empresa sai do mercado se a receita que obteria com a produção for menor que seus custos totais. (...) Podemos simplificar mais isso observando que RT/Q é a receita média, que é igual ao preço P, e que CT/Q é o custo total médio CTM. Assim, o critério de saída da empresa é "Saída se P < CTM". Para entrada é só inverter o sinal. 


230 - E o lucro? Lucro = (P - CTM) x Q




231 - Mercado fixo, com mil empresas: ... enquanto o preço estiver acima do custo variável médio, a curva de custo marginal de cada empresa será sua curva de oferta.


232 - Já o mercado aberto tende a zerar o custo de oportunidade, digamos:  Ao fim desse processo de entrada e saída, as empresas que ficarem no mercado deverão ter lucro econômico igual a zero. Resta o contábil. Creio que isso é fruto da harmonização das diversas taxas de lucro na economia. (...) empresa em atividade terá lucro zero se, e somente se, o preço do bem for igual ao custo total médio da produção do bem em questão. Se o preço for superior ao custo total médio, o lucro será positivo, encorajando a entrada de novas empresas. Se o preço for inferior ao custo total médio, o lucro será negativo, o que encorajará a saída de algumas empresas. O processo de entrada e saída só termina quando o preço e o custo total médio se igualam


233 - ... E acabamos de ver que a livre entrada e saída dos mercados força o preço a se igualar ao custo total médio. Mas, se o preço é igual ao custo marginal e ao custo total médio, então essas duas medidas de custo devem ser iguais entre si. O custo marginal e o custo total médio somente são iguais, contudo, quando a empresa opera ao custo total médio mínimo. Como vimos no capítulo anterior, o nível de produção com menor custo total médio é chamado escala eficiente. Assim, o equilíbrio de longo prazo de um mercado competitivo com livre entrada e saída deve ter suas empresas operando na escala eficiente. (...) Em um mercado com livre entrada e saída, só há um preço consistente com o lucro zero - o custo total médio mínimo. 



234 - ...Qualquer preço acima desse nível geraria lucro, levando a uma entrada de empresas no mercado e a um aumento da quantidade total ofertada. Qualquer preço abaixo desse nível geraria prejuízos, levando a uma saída de empresas do mercado e a uma redução da quantidade total ofertada.


235 - Se o lucro econômico zero significar, porém, um lucro contábil, sei lá, de R$ 20 mil mensal e o custo de oportunidade (rendimentos que teria de juros sobre capital e/ou trabalho em algum setor) da pessoa se manter no negócio é de R$ 19,9 mil mensais, o que ocorrerá é que a pessoa tende a continuar no negócio se for esperta.


236 - E quando há esse "equilíbrio de longo prazo" e a curva de demanda se desloca? Digamos que foi descoberto que o bem produzido é super saudável... No novo equilíbrio de curto prazo, o preço do leite é maior do que o custo total médio, de modo que as empresas têm lucro positivo. Esses "lucros de curto prazo" tendem, porém, a atrair empresas e levar a novo equilíbrio. (pra quem leu "O Capital" há mais de década nada disso é surpreendente. Aqui está apenas em outra linguagem).


237 - Não é em todo setor, porém, que a curva de oferta pode ser horizontal: Qualquer pessoa pode decidir comprar terras e dar início a uma fazenda, mas a quantidade de terra é ' limitada. A medida que mais pessoas se tornam agricultores, o preço das terras cultiváveis aumenta, o que eleva os custos para todos os agricultores no mercado. Assim, um aumento da demanda por produtos agrícolas não pode induzir um aumento na quantidade ofertada sem induzir também um aumento nos custos dos fazendeiros, o que, por sua vez, significa um aumento de preços. O resultado é uma curva de oferta de longo prazo de mercado com inclinação ascendente, mesmo que haja livre entrada no setor.


238 - E, na prática, creio que o que mais ocorre é isto aqui (a justificativa principal das curvas de oferta ascendentes, levemente ou não): A segunda razão para a curva de oferta ter inclinação ascendente é que as empresas podem ter custos diferentes. Alguns têm custos muito mais altos para produzir a mesma quantidade. Tem a questão da escala e etc. (...) Observe que, se as empresas estão sujeitas a custos diferentes, algumas delas têm lucros mesmo no longo prazoNesse caso, o preço do mercado reflete o custo total médio da empresa marginal - a que sairia do mercado se o preço caísse. Essa empresa tem lucro zero, mas aquelas cujos custos são menores obtêm lucro positivoA entrada de novas empresas no mercado não elimina esse lucro porque as entrantes em potencial têm custos mais elevados que as empresas que já estão no mercado. (...) Como as empresas podem entrar e sair com mais facilidade no longo prazo que no curto prazo, a curva de oferta no longo prazo é tipicamente mais elástica que a curva de oferta no curto prazo.


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