Lucas Bertoglio - Análise dos Fatores de Crescimento de Cingapura
Lucas Bertoglio - Análise dos Fatores de Crescimento de Cingapura
1 - É um TCC da UFRGS. Os resultados encontrados mostram que a produtividade de Cingapura cresceu modestamente ao longo do período analisado e o fator que maior contribuiu para o crescimento econômico foi o capital humano. (Ele deve estar usando "produtividade" como sinônimo de "PTF" - e olhe lá! -, pois, por outros dados que sei, inclusive do Conference Board, parece-me impossível que a produtividade de Cingapura tenha crescido pouco). (Ao fim, descobri este trecho que indica que minha impressão inicial sobre a "palavra" muito possivelmente está correta: "Diversos estudos analisaram o comportamento da PTF em Cingapura em distintos períodos, incluindo Young (1995), Akkemik (2007), Vu (2011) e etc. Todos os citados encontraram valores marginais ou próximos de zero no quesito crescimento de produtividade. ")
2 - Para ir além do livro-texto de Solow, conforme citado, é preciso inserir uma variável não inclusa no modelo convencional: capital humano. (...) Além disso, Schultz afirma que os ganhos de produtividade ocorridos na economia americana no começo do século XX devem-se principalmente ao aumento dos investimentos em capital humano. Países com altos níveis de investimento em capital humano e que sofreram destruições em massa devida à guerras ou outros tipos de desastre, costumam recuprar-se rapidamente. (Algo que de fato sempre pensei). É o fator a que Schultz dá mais importância.
3 - Apresenta o método de cálculo de PTF de Veloso e Pêssoa. Depois passa a explicar como ele calcula "capital humano". (Em tempo, a explicação está muito resumida lá. Não peguei. Na verdade, não sei se é muito resumido ou muito mal explicado. Suponho que o problema seja comigo, mas o trabalho, além de erros de revisão, parece meio retalhado. Às vezes desconexo. Há frases mesmo que aparecem duas vezes e sequer dizem alguma coisa importante. Pode não ser, mas dá a impressão de ser puro amontoado de coisas. Escrevo isso depois de ler tudo já).
4 - Dados de 1965 a 2002: Os dados coletados por Akkemik (2007) foram divididos em 18 indústrias que, logo após a emancipação do País (1965), eram responsáveis por quase toda atividade econômica. As informações coletadas foram principalmente utilizadas para estimar o crescimento de produtividade dos fatores capital e trabalho. Como resultado dos seus estudos empíricos, foram encontrados valores agregados de crescimento produtividade negativos e próximos de zero nos anos anteriores a 1985. Nos períodos mais recentes, os valores chegam a 1,4% de média anual de variação.
5 - Estudos de Madsen (será?!): De acordo com seus estudos, devido às importações de tecnologias, patentes internacionais e transmissão de conhecimento através de canais não relacionados a comércio, o conhecimento adquirido entre países influencia diretamente na evolução de produtividade dos fatores e, principalmente, identifica uma tendência de convergência de PTF entre os países.
6 - A população é 100% urbana. A economia é altamente direcionada para exportação.
7 - Além disso, a intervenção governamental na economia pode ser identificada em diversos segmentos e, para os autores, foi determinante para o crescimento econômico do país. (a tal frase que aparece duas vezes)
8 - Em 2000, o PIB per capita já era bem maior que o dos EUA até. (...) o PIB per Capita de Cingapura se manteve em bons patamares desde a sua independência.
9 - Ao tornar-se uma República em 1965, a Cidade-Estado dificultou a entrada de pessoas e regulou os fluxos de trabalho para evitar a erosão da renda per capita através do aumento da imigração da região circundante.
10 - Huff ressalta que a posição geográfica de Cingapura ajudou a tornar a República em um local atraente de empresas manufatureiras por manter baixos custos de de exportação devido a curta distância para países do oeste.
11 - A proporção das exportações diretas de manufaturados no PIB aumentaram de 12,7% em 1965 para quase 50% em 1980 e mais para 60% em 1992. A importância da exportação pode ser vista a partir disso que as exportações das manufaturas cresceram mais rápido do que as fabricadas no país entre esses períodos (SIDDIQUI, 2010, p.9).
12 - Serviços relevantes também foram ganhando força ("No final da década de 1970, os serviços financeiros e empresariais ultrapassaram o setor manufatureiro que até então era o principal responsável pelo crescimento econômico do País"): Dentre os mais relevantes inclui-se tráfego aéreo, telecomunicações, transporte e movimentação de cargas, mas acima de tudo, serviços financeiros e serviços empresariais.
13 - Balanço de pagamentos: As contas externas são claramente bastante superavitárias. Há décadas.
14 - Os efeitos macroeconômicos alcançados no período 1980 a 1990 foram moldados pelas políticas governamentais lançadas no final de 1970 e início de 1980. Para qualificação da produção e aumento da renda, o governo então adota medidas de estimulo para a fabricação e exportação de produtos de alta tecnologia e serviços de alto valor agregado.
15 - Traz muitos fatos sem explicar minimamente os porquês: Vu define Cingapura como sendo uma nação resiliente, mantendo o seu crescimento de PIB relativamente constante ao longo de todos choques econômicos posteriores a década de 1990, dentre eles a crise financeira asiática de 1997-1998, a recessão global de 2000, o ataque terrorista de 2001 e a crise financeira mundial de 2008-2009.
16 - Coloca que os sindicatos eram (ou são) ferrenhamente controlados pelos de cima. A estrat´gia do governo era montar uma estrutura (social?) pública ampla para poder manter salários baixos: Huff cita que os custos por hora em Cingapura atingiram um patamar de menos de um décimo do nível dos Estados Unidos, e se manteve em níveis inferiores aos da Coreia do Sul, Taiwan e Hong Kong na indústria elétrica/eletrônica. (...) O dito "Mercado de Trabalho Regulado de Cingapura" produziu salários competitivos internacionalmente, livre de paralisações e greves como em poucos lugares acontecem. Afirma que os salários eram atrelados à produtividade (não explica o cálculo/proporção).
17 - ... Para completar, implementou diversas medidas de incentivo para qualificação do capital humano, como alta qualificação de escolas e universidades, e importação de mão-de-obra qualificada para tentar manter a produtividade por trabalhador elevada. Uma medida curiosa que Huff aponta, é a implementação de políticas de expansão da força de trabalho feminino no País. Tal medida ajudou a reduzir a pressão de aumento de salários e diminuiu o nível de desemprego.
18 - Esse sistema aparentemente simples de aumento de salários de acordo com a produtividade foi essencial para manter elevadas taxas de lucro nos diversos segmentos produtivos do País, gerando duas implicações que hoje são determinantes para a continuação do desenvolvimento: forte dependência do empreendedorismo privado estrangeiro e elevado investimento estrangeiro. O capital oriundo de outras nações não veio em forma de um grande portfólio diversificado, mas sim, em forma de investimento direto que impulsionou a formação de uma cadeia de multinacionais estrangeiras que dominaram o mercado de exportação de manufaturados quase que por completo. e foi um principais responsáveis pela formação de capital doméstico. (HUFF, 1995).
19 - A formação da poupança nacional foi um tanto quanto compulsória: Impostos indiretos aos consumidores alavancaram a poupança obrigatória.
20 - O Estado sempre organizou a previdência, mas sob regime de capitalização.
21 - Ainda Huff: enquanto que a poupança era fortemente incentivada e controlado pelo governo, os investimentos eram feitos majoritariamente pelo setor privado. (...) o governo decidiu por aplicar boa parte da poupança pública em ações estrangeiras, títulos do mercado imobiliário, ativos de curto prazo e etc. Deixando que iniciativa privada fosse responsável por boa parte dos investimentos diretos, de forma que se adaptasse de acordo com as exigências de mercado, sendo impulsionado pelos incentivos fiscais promovidos pelo governo.
22 - Apesar de ter começado tarde (1971) e dado uma série de obstáculos, não menos importante, o alto grau de abertura da economia de Cingapura para comércio e fluxos de capital, a Autoridade Monetária de Cingapura tem construiu um alto grau de credibilidade em um espaço relativamente curto de tempo e entregou inflação baixa e estável. (...) A dívida soberana de Cingapura recebe nota máxima das três principais agências de análise de risco do mundo: S&P, Fitch e Moody’s. (...) Em particular, como o governo geralmente convive com um excedente orçamental; portanto, não há necessidade de o MAS (Monetary authority of Singapore) financiar dívidas do governo, dando liberdade para que o órgão, de forma autônoma, possa se concentrar em seus próprios objetivos monetários.
23 - Cingapura aparece como quarto maior mercado financeiro da atualidade, atrás de Hong Kong, Estados Unidos e Reino Unido. Elogia-se o "ambiente de negócios".
24 - Intervenções: O trabalho do governo nas áreas de tecnologia da informação e de comunicação foram essenciais para a expansão do setor. Foram elaborados seis planos de ação para desenvolver o setor em questão no país. O primeiro plano foi executado em 1980 focando na informatização industrial. Já o segundo teve como meta a melhoria na comunicação entre as agências governamentais. O terceiro abriu e aprimorou a conectividade através da internet em diversos setores. O quarto enfatizou a convergência da comunicação para o setor privado e da sociedade como um todo. O quinto visou expandir a capacidade instalada e, por último, o sexto que teve como objetivo a utilização da TI para negócios internacionais e globalização.
25 - Destaca também o papel da produção de manufaturas na área de TI. Com um crescimento de cerca de 8% (4% durante o período de instabilidade econômica 1996-2002), a participação dos investimentos em Tecnologia da informação no PIB variou de 20% a 35%.
26 - Para os dados referentes à educação (capital humano), serão utilizados as informações contidas em Barro e Lee (2010). Nessa base de dados podem ser obtidos os anos médios de escolaridade média da população economicamente ativa num intervalo de cinco anos para uma grande amostra de países entre 1950 e 2010. Para os anos do período 1960-2010 em que não existem observações disponíveis foi feito uma interpolação dos dados.
27 - O PTFd (descontado) seria mais real e menos cíclico. A melhor explicação para o que ela seria está ao fim (O trabalho utilizou uma metodologia pouco convencional a qual divide a produtividade em duas parcelas: sendo a primeira a fronteira tecnológica, que é representada pela evolução da produtividade por trabalhador da economia líder e comum a todos países, e uma resíduo descontado da diferença da produtividade com a fronteira tecnológica específica para cada país, chamada de produtividade total dos fatores descontada). Resultados gerais de Singapura: "Enquanto por um lado tem-se um crescimento do produto praticamente constante em torno de 4% ao ano, os fatores que contribuem para esse crescimento variam de forma mais expressiva. Vale ressaltar a evolução do capital humano com um acréscimo acumulado de 112%, enquanto a produtividade total dos fatores descontando a fronteira tecnológica chegou aos 15%". Seguem os dois tipos de cálculo que o TCC usou:
28 -Antes de qualquer coisa, espero que esse "Y" da tabela seja o PIB per capita. Senão tá tudo errado.
29 - A média mais alta foi obtida pelo capital humano e mais baixa pelo capital físico.
30 - Um bom sinal: O trabalho de Alwyn Young: The Tyranny of Numbers: Confronting the Statistical Realities of the East Asian Growth Experience de 1995, é o mais citado dentre as bibliográfias selecionadas para este estudo, e tem como proposta a comparação dos fatores que explicam o crescimento de Cingapura e outros tigres asiáticos no período de 1966-1990. Apesar dos dados não terem sido coletados da mesma fonte, os resultados para Cingapura se assemelham aos deste trabalho.
31 - Young mostra que a produtividade do trabalho, que crescia muito antes, foi desacelerando: "Curiosamente, embora o crescimento da entrada de capital tenha desacelerou ao longo do tempo (uma vez que a taxa de investimento estabilizou em torno 40% do PIB), o crescimento do capital humano se acelerou. (...) A mudança do papel do capital físico e humano acumulação na sustentação do crescimento se reflete no declínio do crescimento da produção por trabalhador efetivo, que passou de 9,7 por cento no final da década de 1960, para 3,0 por cento na década de 1970, para 0,3 por cento na 1980s. (YOUNG, 1995, p. 657).
32 - Enfim, um trabalho que "fala muito", mas, em muitos trechos explica muito pouco, deixando inclusive de quantificar várias afirmações. No entanto, gostei de muita coisa também.
.
Comentários
Postar um comentário