Livro: Armen A. Alchian, William R. Allen - Universal Economics - Capítulos 22 e 23
Livro: Armen A. Alchian, William R. Allen - Universal Economics
Pgs. 386-406
"CAPÍTULO 22: "TRABALHO EM EQUIPE E EMPRESAS"
275 - As premissas do capítulo estão nessas frases: Desde os tempos mais primitivos e antigos, caçadores — pessoas ou lobos — trabalham em equipes para capturar mais presas do que caçando sozinhos. (...) Em um time de futebol, alguns membros nunca fazem touchdowns, mas cada um contribui para a pontuação. Um escritório de advocacia tem uma equipe de advogados trabalhando em um caso, mas muitos nunca vão a um tribunal. (...) O trabalho em equipe bem-sucedido requer coordenação.
276 - Elogiam a especialização em tarefas e baixa rotatividade: Associação de longo prazo e interdependências entre os membros são marcas registradas de empresas bem-sucedidas.
277 - Bonitinha a maquiagem que dão ao nascedouro do capitalismo: Uma empresa consistia em várias pessoas, funcionários, trabalhando em um esforço conjunto com os proprietários do equipamento caro.
278 - Posição dos autores quanto a ser pago pela sua produtividade marginal é que meio que não tem como decompor/calcular isso. (Devem pensar que a soma das partes é maior que o todo, o que dificulta o cálculo). ...Não é possível determinar quanto você adicionou e quanto eles adicionaram. Além disso, nada indica quanto cada um deve ser compensado. Em vez disso, com a concorrência de outros grupos dos quais você possa ter participado, você deve estar pagou pelo menos a melhor alternativa detectada para atraí-lo a se juntar a esta equipe. Fulano e Fulana produzem mais juntos do que separados. (...) Os membros da equipe não podem alegar que eles sozinhos causaram o aumento de valor resultante do trabalho em equipe.
279 - Aqui parece que um chefe nem é fruto de posição financeira privilegiada prévia (ou seja, pessoas não são "chefes" porque meio que escolhem não ser): ...Como as dificuldades são superadas? Normalmente, alguém concorda em ser um tomador de risco — que garante quantias a serem pagas aos outros membros. Essa pessoa também vai querer, e ser autorizada, a assumir o comando como chefe , atribuindo tarefas e monitorando os membros.
280 - Pescador com barco numa ilha de pescadores sem barco e a tripulação ótima para o maior produto social (já que se recrutarem demais, a soma dos trabalhos "isolados" vai diminuindo o produto):
281 - O controle coletivo da propriedade do barco não necessariamente resultará no produto social ótimo. Basta imaginar, na tabela acima, que o grupo de três pessoas no barco ache que a quantidade já está de bom tamanho. Afinal, uma quarta pessoa fatia o produto médio per capita do barco cair (embora aumentasse o social). ...Aqueles que já estavam a bordo se recusaram a admitir mais pessoas do que o número que maximiza o produto médio por membro existente. Esse incentivo para maximizar a média por pessoa no grupo está presente em organizações nas quais todos podem a) compartilhar igualmente o valor total do produto e também b) votar no tamanho da associação. Fraternidades, irmandades e sindicatos de estivadores, eletricistas e músicos determinam o tamanho da associação por esse processo.
282 - ...Um requerente rejeitado poderia solicitar acesso oferecendo, pelo direito de membro da tripulação, 1 peixe por dia a cada um dos três membros existentes, que então teriam 15,5 (= 14,5 + 1). O requerente, se admitido e pagando 1 bacalhau a cada um dos 3 membros da tripulação existente, ficaria com 11,5 bacalhaus (= 14,5 - 3), o que é 3,5 a mais do que os 8 que teriam sido capturados na costa. Isso previne a diluição de benefícios para os membros existentes, ao mesmo tempo em que permite a admissão de novos membros para obter um benefício. Esse pagamento paralelo é muito comum, chamado de pagamento inicial ou taxa de associação em clubes de campo.
283 - ...Outra situação (aqui acabou o "coletivismo"): ...O descobridor do barco decide assumir o comando total. Ao contratar pessoas, ele sabe que os funcionários devem receber pelo menos 8 bacalhaus por dia, porque eles poderiam pescar essa quantia na praia. O que empurra o salário para baixo para 8 bacalhaus é a competição entre aqueles que procuram trabalho no barco. (Estamos presumindo que trabalhar no barco não é pior do que trabalhar na praia. Se fosse pior, um salário mais alto — uma diferença salarial compensatória — teria que ser pago.).
284 - ...A captura total com 5 pessoas a bordo é de 66 bacalhaus. O dono, após pagar a cada empregado 8 bacalhaus, para salários totais de 32, fica com o excesso de 34 dos 66 (34 = 66 - 32). (...) Como o proprietário poderia ter pescado 8 bacalhaus na praia, a renda líquida diária do proprietário é de 26 bacalhaus (34 - 8 custo de oportunidade do empregador). A busca pelo lucro leva à maximização do produto social (geralmente desigual). E mais: se a produção/renda do trabalho "isolado" diminuir, o proprietário do barco ganha condições de pagar salários ainda mais baixos. A renda do proprietário do barco aumenta quando a renda da costa diminui. (...) O aumento da desigualdade pode significar maiores ganhos para algumas pessoas, sem perdas para outras.
285 - Insumo produtivo: ...o recurso será empregado enquanto seu preço de uso não exceder seu valor de produto marginal para o comprador dos serviços.
286 - A conveniência de contratos integrando direitos de propriedade diversos tem a ver com evitar oportunismos. Exemplos de Riscos de Comportamento Oportunista: Um proprietário de siderúrgica de Pittsburgh confiou em uma promessa do único fornecedor local de gás de fornecer gás a um preço que garantisse a construção de um forno de aço a gás para converter ferro em aço. Assim que o forno a gás foi criado e entrou em operação, a empresa de gás aumentou o preço do gás. O proprietário da siderúrgica deveria ter previsto essa possibilidade e obtido um compromisso executável para o preço e a entrega do gás. Ou, como sugerido acima, o proprietário da empresa de gás poderia ter feito o investimento no forno de aço. Ou eles poderiam ter se integrado em uma empresa, para que os recursos interdependentes fossem de propriedade comum. Na falta dessas precauções e se há clientes alternativos par ao fornecedor de gás, ameaçar não pagar/comprar nem vai adiantar inclusive.
287 - Um funcionário pode desenvolver habilidades ou conhecimento específico para o empregador atual. Essa habilidade se torna inútil se o funcionário for demitido. Portanto, o empregador pode cortar salários ameaçando demitir o funcionário? Direitos de antiguidade e estabilidade ajudam a proteger funcionários especificamente dependentes contra uma ação expropriativa do empregador.
288 - Um método para garantir a confiabilidade das dependências em investimentos propostos é aumentar o custo irrecuperável inicial necessário envolvido na criação das interdependências, e que seria perdido se a interdependência falhasse.
289 - Chefia para otimizar a produção: ...a liderança eficaz do trabalho em equipe requer gerenciamento, direção e uma estrutura apropriada de recompensas e penalidades como incentivos. O risco moral está presente quando as pessoas dependem de outras.
290 - O risco da gestão comunitária espontânea, digamos assim: ...Desde que todos a bordo compartilhem igualmente o total, e o retorno médio compartilhado exceda 8 bacalhaus, até oito pessoas embarcarão no barco. No entanto, com oito pessoas a bordo, a captura total cai de 72 bacalhaus com propriedade privada para 64 bacalhaus — 8 por pessoa — não mais do que teriam capturado na costa. Um barco comunitário com acesso aberto e compartilhamento igualitário ficará tão congestionado que a recompensa de todos será reduzida, de modo que uma pessoa pode muito bem não estar no barco. Não há ganho social.
291 - Esse fenômeno de uso excessivo de recursos não possuídos — pescar em excesso em um lago não possuído ou colher maçãs antes que estejam maduras da árvore não possuída no parque público — é a Tragédia dos Comuns.
292 - A gestão coletiva não é impossível desde que envolva regras: As áreas de captura de lagosta na costa do Maine não são propriedade de ninguém sob lei formal, mas cada área é marcada com linhas e bóias, e reforçada pelo grupo contra caçadores furtivos. As áreas são herdadas ou transferidas voluntariamente entre os atuais possuidores reconhecidos pelo grupo. (...) Os recém-chegados que caçam ilegalmente não são levados ao tribunal; não há uma lei formal sobre as áreas de lagosta. No entanto, os caçadores ilegais recém-chegados descobrem que suas vidas de repente se tornam intoleravelmente desconfortáveis. Esses exemplos ilustram o valor dos costumes e como as pessoas se esforçam para criar e impor costumes e privilégios sobre recursos valiosos, especialmente aqueles que são fontes de renda.
293 - Céticos quanto ao controle estatal (o que vai de encontro ao que ocorre em estatais relativamente eficientes): Parece improvável que o agente maximizaria a lucratividade, mesmo se lhe dissessem para fazer isso, pois ele não poderia ficar com o lucro. Podem querer maximizar o interesse deles em trabalhar pouco ou mesmo obter boa imagem popular superlotando barcos ainda que isso prejudique o produto social.
294 - Colocam que a ausência de barreiras à entrada é o que tende a permitir diminuição da desigualdade: Em Codlândia, a riqueza do primeiro adquirente de barcos aumentou sem redução para nenhuma outra pessoa. Mas quando outras pessoas investiram em barcos e aumentaram o fornecimento de bacalhau, o preço do bacalhau caiu para o benefício de todos — exceto o primeiro adquirente de barcos. A entrada de mais proprietários de barcos também aumentaria os salários dos funcionários dos barcos. (...) Estas são as duas maneiras fundamentais pelas quais as sociedades se desenvolvem: 1) Os poupadores/investidores iniciais obtêm os primeiros ganhos de investimento. 2) Os concorrentes subsequentes a) produzem mais e reduzem o custo de vida e b) aumentam os salários.
295 - Ainda bem que sabem: Os recursos naturais são desejáveis, mas não produzem renda sem trabalho e investimento.
296 - Por fim, a seção de perguntas e meditações aqui está recheada de ideologia.
297 - O que é congestionamento “ótimo”? Resposta: Aquele em que o valor marginal do produto é igual ao custo marginal.
Pgs. 407-420
"CAPÍTULO 23: "ESTRUTURA DE CONTROLE E RECOMPENSA DA EMPRESA"
298 - Sem um chefe (gerente/supervisor), todos teriam que negociar continuamente com outros membros sobre o que fazer e quem poderia se tornar um membro e como as recompensas são compartilhadas. Com um chefe, os membros da equipe podem ser selecionados, organizados, direcionados e recompensados de forma mais eficaz. Maneira bonitinha de "naturalizar" o chefe capitalista: ...Portanto, o dono desses recursos (que variam mais em valor com o desempenho da equipe) obteria direitos para dirigir a equipe.
299 - ...Há a obrigação de pagar os valores prometidos aos fornecedores dos serviços vendidos à empresa. (...) Essa obrigação motiva o chefe/proprietário a contratar um bom gerente como agente do proprietário.
300 - Para encorajar os gerentes-funcionários a serem mais eficazes na manutenção ou aumento do valor da empresa, os proprietários geralmente lhes dão direitos de compartilhar os ganhos "residuais" — os lucros após pagamentos estipulados a outros membros. Então os gerentes também se tornam portadores de risco, bem como adaptadores para circunstâncias futuras imprevisíveis.
301 - Problemas de "principal-agente" ou "dos custos de ficar monitorando o trabalhador": ...a gorjeta não é inteiramente um prêmio pago por um serviço extra-bom. O cliente é melhor em monitorar os serviços prestados ao cliente do que o dono do restaurante. É mais econômico deixar o cliente fazer isso em lugares onde os funcionários prestam serviços diretamente ao cliente e a qualidade do serviço pode variar muito. As gorjetas são métodos de monitoramento para evitar a ociosidade excessiva.
302 - Salários de eficiência. Outra maneira de coibir a evasão excessiva é pagar um salário que exceda um salário competitivo e informar ao funcionário que, se for pego trapaceando, ele será demitido, com o futuro grande fluxo de prêmios antecipados perdidos. (...) Funcionários temporários não ficarão por perto tempo suficiente para serem influenciados pela ameaça de perda de fluxos de prêmios futuros.
303 - Treinamento local em habilidades gerais (tipo como usar um computador): Para proteger o empregador que faz o investimento, os funcionários (a) aceitam inicialmente um salário reduzido para compensar esse treinamento de “valor geral” ou (b) concordam em permanecer com esse empregador por um período de tempo especificado com salários inferiores aos que poderiam ser ganhos em outro lugar.
304 - Proteção a funcionários que investem na aquisição de habilidades muito específicas, propícias à empresa: As proteções incluem contratos de longo prazo para funcionários e o costume de não alterar salários ou preços com frequência a cada variação nos negócios.
305 - Em algumas empresas, o trabalho é o principal (esquecendo que capital vem da exploração do trabalho). Mais precisamente, tais firmas são de propriedade dos trabalhadores. Em um escritório de advocacia, novos membros jovens entram como funcionários, com um salário declarado. Seu capital humano não é "específico do escritório", ou seja, eles poderiam se sair tão bem em outros escritórios de advocacia. Mas ao longo de muitos anos eles desenvolverão um conhecimento específico dos clientes do escritório que lhes permitirá atendê-los melhor do que outros advogados. Eventualmente, alguns receberão parcerias (uma parte da propriedade do escritório) para impedi-los de sair e levar clientes com eles.
306 - Céticos quanto ao modelo coletivista de propriedade: Nessas reorganizações de direitos, nenhum funcionário possui ações vendáveis das ações ordinárias da empresa. Em vez disso, o sindicato dos funcionários detém as ações em seu nome. Se um funcionário pedir demissão, nenhuma das ações de propriedade será retida por esse indivíduo. Elas residem com o sindicato. Os agentes do sindicato determinam quanto da receita da empresa é alocada para salários e quanto para reinvestimento em novos equipamentos. (...) Inevitavelmente, os funcionários querem que a empresa pague mais da receita como salários mais altos agora, em vez de investir em equipamentos para renda futura — quando o funcionário tem menos probabilidade de continuar sendo um funcionário. Essa pressão para se concentrar mais no pagamento presente e menos no investimento não ajudará a empresa a sobreviver por muito tempo na competição com empresas de propriedade de investidores que estão fazendo investimentos de vida mais longa.
307 - Quando muitas partes dependem de um único ativo, a solução geralmente é a propriedade conjunta de todos, em vez da propriedade integrada de um. Se duas ou mais empresas desejam compartilhar o uso de um recurso do qual se tornarão dependentes, há um incentivo para que as empresas se fundam. Se unem para a construção de algo que beneficia ambas, por exemplo. Nos Alpes Suíços, os produtores de leite levavam leite para uma planta de processamento, a única acessível a eles. Em vez de se tornarem dependentes de um processador de propriedade independente, todos os produtores daquela região construíram e possuíram a planta de processamento como sua propriedade comum — um empreendimento mútuo. Evita-se monopsônios e afins. Uma cooperativa de crédito é uma forma de empreendimento mútuo para fornecer serviços financeiros aos membros — que não são proprietários.
308 - Quando os ricos flertam com o "comunismo" para prevenir a extração de excedente entre eles: A dependência dos outros membros explica por que clubes sociais como o Kiwanis, Rotary ou clube de campo local são considerados propriedade de todos os membros. Se a filiação a um grupo social fosse determinada por um proprietário independente, o valor dos benefícios da correspondência social dos membros poderia ser extraído por altas taxas de filiação pagas a esse proprietário, em vez de ser retido pelos membros.
309 - (...) Um desenvolvimento recente está na prestação de serviços educacionais por meio de “escolas charter” que competem por alunos com as “escolas públicas” (geralmente de propriedade e operadas por governos locais) e “escolas privadas” (de propriedade e operadas por investidores). Essas escolas charter são normalmente organizadas como corporações sem fins lucrativos, sem acionistas ou outros investidores. Os pais dos alunos que frequentam escolas charter têm mais influência na operação dessas escolas, mas ainda não são proprietários. Se a escola deixar de operar, não há valor residual que possa ser retido por ninguém, nem os direitos de operar a escola podem ser vendidos a outros indivíduos. (...) A maioria dessas escolas charter é financiada por verbas das legislaturas estaduais —dinheiro dos contribuintes—e não são “escolas privadas”. Como esses novos tipos de escolas não são “propriedade” de investidores e não têm fins lucrativos. Criticam as escolas públicas por não haver competição entre elas.
310 - Importância do técnico ou do maestro: ...A atividade da equipe requer o monitoramento do desempenho de cada membro individual da equipe. Nenhum jogador no campo/pista/quadra de jogo está em uma boa posição para monitorar o desempenho de outros jogadores, enquanto também executa suas responsabilidades atribuídas da melhor maneira possível.
311 - Trazem mais um caso onde tentar descobrir a produtividade individual de cada contribuição é inútil: ...O B-17 foi um bombardeiro da Segunda Guerra Mundial que tinha uma equipe altamente coordenada de especialistas, incluindo um piloto, um copiloto, um bombardeiro, um navegador, um engenheiro/artilheiro, um operador de rádio, dois artilheiros de cintura, um artilheiro de torre de esfera e um artilheiro de cauda. Qual desses dez era o mais importante?
312 - ...Na antiga Jugoslávia, dizia-se que a maioria das empresas eram “empregados “propriedade”. Os principais gerentes dessas empresas tendiam a ser os funcionários mais antigos — aqueles que trabalhavam lá há mais tempo e trabalhavam para chegar ao topo. O governo descobriu que essas empresas gastavam muito pouco em manutenção, sofriam quebras frequentes de equipamentos e eram relutantes em adquirir e instalar novos equipamentos. A consequência foi que o governo determinou gastos mínimos em manutenção e investimento em novos equipamentos. Colocam que não havia incentivos suficientes de longo prazo já que os filhos dos funcionários nem herdavam nada, por exemplo.
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