Livro: Armen A. Alchian, William R. Allen - Universal Economics - Capítulos 18 e 19

                                                                                                                             

Livro: Armen A. Alchian, William R. Allen - Universal Economics



Pgs. 311-322


"CAPÍTULO 18: "FATOS DA VIDA"


209 - Destruição criativa envolve saldo líquido positivo: A destruição criativa é aquela que resulta na criação de riqueza que excede qualquer riqueza destruída. Acompanhando a destruição criativa há uma realocação de riqueza, mas os ganhos excedem as perdas.


210 - Saber os custos e receitas marginais exatos?  A terceira objeção era que quase nenhum gerente conhece os dados de custo ou o preço de mercado futuro com precisão suficiente para passar para a taxa de maximização de lucro. Isso é verdade, mas não falsifica a análise econômica nem a torna desinteressante. (...) Eles podem não saber a quantidade da melhor mudança, mas geralmente sabem a direção. Observam os sinais. E eles experimentam por tentativa e erro. Se os ajustes não forem feitos após cálculo racional, eles são confrontados por força e incentivo inescapáveis — sobrevivência do mais apto


211 - ... Se os sucessos são aqueles que deliberadamente e conscientemente sabiam o ajuste correto, ou estavam mais próximos por acaso, é irrelevante. Os gerentes que, por quaisquer razões, estavam mais próximos da situação de custo marginal igual a receita marginal serão os sobreviventes da competição. (...) Algumas pessoas são relativamente bem-sucedidas por causa de melhores informações, melhor habilidade ou melhor sorte — ou uma combinação dos três.


212 - Produtos que servem pra mais de uma coisa. São objeção à teoria?  Para saber quanta ração dar ao gado, tudo o que é necessário é saber se o valor marginal de um dólar extra gasto em ração traz mais de um dólar de receita, não importa se de couro ou carne. (...) Em contraste, tentativas de distribuir os custos comuns com precisão entre as saídas conjuntas devem ser arbitrárias. Para fins de gerenciamento eficiente de um negócio, não há sentido em tentar — desesperadamente — encontrar a alocação correta desses custos que são comuns a muitos produtos. (Transporte de passageiros e de cargas ao mesmo tempo, por exemplo).


213 - Volumes grandes/escala: alguns processos caros (máquinas caras etc.) para produzir poucas peças se tornam bem baratos quando se tratam de volumes bem maiores. A divisibilidade em pequenas tarefas eficientes vai ganhando força. Mais técnicas se tornam disponíveis. Ademais, O volume maior envolve mais repetição e aprendizado sobre métodos mais eficientes de produção. Designs etc. 


214 - Acho que o "rápido e devagar" pinçava isto como algum viés?: ...Conforme discutido em capítulos anteriores, os economistas às vezes distinguem entre o valor em uso de um bem e seu valor em troca. O preço pelo qual uma pessoa pode estar disposta a vender algo já possuído e em uso provavelmente será diferente do preço que a mesma pessoa estaria disposta a pagar por algo desejado e ainda não possuído.


215 - Os relativamente ricos são os primeiros demandantes de um novo produto. Observamos frequentemente que os preços iniciais de mercado de novos produtos são vistos como bastante altos para o consumidor médio. Relógios de quartzo, celulares e televisores de alta definição são exemplos recentes. Então, à medida que a taxa de compra diminui quando as demandas de compradores de alto valor são satisfeitas, os preços diminuirão para atender demandantes com valores marginais mais baixos. Os preços também serão reduzidos por causa de uma maior produção a custos de produção mais baixos, resultantes da aprendizagem e da produção de novas empresas — concorrência de novos participantes.



Pgs. 323-349


"CAPÍTULO 19: "PESQUISADORES DE PREÇOS"


216 - Chamam os "formadores de preço" de "pesquisadores de preço". O que importa é: eles não produzem sem preocupação com o preço.


217 - Poder de mercado não é algo tão raro assim: ...Alguns rivais oferecem serviços melhores ou são mais confiáveis do que outros, pelo menos na opinião de alguns compradores. Alguns estão localizados mais perto dos consumidores; alguns são mais agradáveis. Nem o vendedor nem os bens oferecidos são idênticos entre vendedores concorrentes. Um preço ligeiramente mais alto não empurrará todos os clientes para um vendedor rival.


218 - ...Embora os chamemos de pesquisadores de preços, esses vendedores pesquisam todos os aspectos dos bens, serviços e conveniências fornecidos aos seus compradores. Os pesquisadores de preços se esforçam para vender mais, não apenas por reduções de preço, mas também por táticas de marketing, como cupons de desconto para mantimentos, descontos para idosos, vendas especiais, estacionamento gratuito, entrega gratuita, privilégios de devolução, descontos por quantidade e bolsas de estudo para mensalidades de faculdade. Pesquisadores de preços anunciam e têm nomes de marcas, o que permite que os compradores identifiquem mais prontamente os vendedores preferidos, mas tomadores de preços não. (...) Nenhum preço para os bens de um vendedor é anunciado em um mercado central, então um pesquisador de preços tem que definir seu próprio preço, no qual os clientes em potencial escolhem quanto, se houver, comprar.


219 - Curva de demanda negativamente inclinada e variável pra cada pessoa: Um efeito é que o preço cobrado por um pesquisador de preços não será o mesmo para todos os clientes, porque os clientes de um pesquisador de preços diferem na quantidade demandada e diferem em suas elasticidades de demanda pelos bens daquele vendedor. (...) Mesmo que os vendedores oferecessem bens e serviços idênticos, nem todos os clientes em potencial saberiam que os itens eram idênticos, porque obter informações é custoso. (...) Embora os atributos de um produto possam não ser personalizados para cada cliente, o preço pode ser personalizado, então nem todos os compradores do mesmo produto pagam o mesmo preço. Negociações, barganhas, pechinchas e blefes fazem parte do negócio para muitos pesquisadores de preços.


220 - A receita marginal aqui é um conflito entre: (a) um preço mais alto em cada unidade vendida contra (b) o número reduzido vendido a esse preço mais alto.




221 - ...Aqui há rivalidade entre os concorrentes e... Como não há um preço de mercado dado para o pesquisador de preços, as evidências relativas às condições de demanda incluem mudanças na quantidade demandada no preço de oferta atual daquele vendedor. Mas mudanças na quantidade demandada podem variar de um dia para o outro aleatoriamente, complicando a avaliação do mercado e das atividades dos outros vendedores.


222 - ...Para a maioria dos produtores, os custos marginais de unidades adicionais produzidas aumentam enquanto a receita marginal para unidades adicionais vendidas está caindo. Na tabela 19.2, assuma um custo fixo de $ 0,20 em qualquer nível de produção. A melhor produção lucrativa e o preço associado são revelados pela comparação da receita marginal e do custo marginal: expanda a produção contanto que isso adicione mais à receita do que ao custo. Abaixo vai produzir três e não na quantidade que maximiza a riqueza (quatro daria no mesmo, então não tem porquê). Raramente se sabe o preço/quantidade exato para a maximização do lucro. Chutar é a arte.




223 - Preços diferentes mudam tudo. Uma receita marginal maior e uma possibilidade maior de lucro existem se o vendedor puder diminuir o preço somente das unidades adicionais vendidas. Fragmentar a curva de demanda. Menciona quase uma dezena de formas de fazer isso (já vi exemplos em outros livros também). Para filmes, os preços dos ingressos não são constantes ao longo do tempo, começando alto quando o novo filme é lançado, e depois mais baixo alguns meses depois.


224 - Exemplos clássicos de mercados fechados foram as concessões da Coroa Inglesa de direitos exclusivos a pessoas favorecidas para importar e vender vinho na Inglaterra, ou fabricar cartas de baralho, ou imprimir livros, ou para qualquer coisa que a Coroa decidisse conceder um privilégio exclusivo, com preços mais altos resultantes para os consumidores. Economistas chamam esses ganhos para os vendedores protegidos de rendas de monopólio. (...) Mesmo onde mais de um vendedor é permitido, barreiras artificiais como tarifas, cotas e outras restrições de importações resultam em algumas rendas de monopólio para as partes beneficiadas.


225 - Gradações:



226 -  O Congresso não conseguiu especificar o que quis dizer ao legislar que “é ilegal monopolizar ou tentar monopolizar ou ser um monopólio”. (...) A confusão resultante entre advogados, legisladores, juízes e o público em geral é quase certa de ser encontrada em qualquer processo alegando comportamento monopolista.


227 - Nos Estados Unidos, cartéis são comuns. Produtores de leite, tabaco, passas, trigo, algodão e amendoim são alguns que têm permissão e são encorajados pelo governo a determinar a produção agregada em conjunto, como se fossem uma única empresa como parte do programa de apoio agrícola.


228 - Em um litígio antitruste notório contra a Microsoft, quando perguntaram a Bill Gates: "A Microsoft é um monopólio?", uma resposta útil teria sido: "Sim, no sentido de que a Microsoft enfrenta uma curva de demanda negativamente inclinada para seus produtos. E o mesmo acontece com quase todos os outros comerciantes na economia. Se você quer dizer que a Microsoft está protegida de alguns concorrentes, é porque ela detém patentes e direitos autorais, ambos legais. Se você quer dizer outra coisa com monopólio, diga-me o que quer dizer."


229 - Por que ser contra mercados fechados? Primeiro que técnicas mais produtivas podem acabar não entrando no mercado pra concorrer. Segundo que os beneficiários tendem a deslocar recursos produtivos - tempo, trabalho e dinheiro - para lobby político (improdutivo), mantendo as regalias. É a busca de renda política que, por vezes, descamba até para a corrupção.

 

230 - Formadores de preço e as perdas pro consumidor: ...Como a receita marginal é menor que o preço, a taxa de produção que maximiza o lucro é uma taxa na qual o custo marginal é menor que o valor marginal do produto para os consumidores. Ou seja, a taxa de produção que maximiza o lucro para o vendedor é menor que a taxa na qual o custo marginal seria igual ao preço, que mede o valor marginal do consumidor. É um "desperdício de monopólio". Maximização do lucro sempre em primeiro lugar, claro. Uma unidade adicional valeria US$ 16 para os consumidores; os recursos necessários para produzi-la estão em outro lugar produzindo produtos cujo valor para os consumidores é de apenas US$ 12, o custo marginal em seis unidades. Só a diferenciação de preços para o mesmo produto poderia evitar isso. Como as receitas extras para o produtor não seriam iguais ao preço, mas sim à receita marginal mais baixa (porque ele deve cortar o preço de todas as unidades vendidas para vender mais), ele se recusa a produzir mais.


231 - ...Caso a melhor tática de maximização de lucro não seja adotada, a concorrência, mesmo em potencial apenas, pode fazer com que alguma outra empresa tome o lugar da que preferiu, "irracionalmente", maximizar o valor para o consumidor em vez do lucro.


232 - Defendem o "preço com poder de mercado", digamos assim. Desperdício ou ineficiência é apenas o que pode ser evitado a um custo menor que o desperdício. Se o custo de evitar algum desperdício aparente for maior que o desperdício, não é realmente um desperdício. Creem que o mundo sem as formadoras de preço seria necessariamente de produtos padronizados.


233 - Aqui há uma defesa do proprietário-gestor (figura em baixa apesar dos nomes famosos?): ...Até mesmo o custo dos serviços de um proprietário em seu negócio deve ser avaliado em um valor mais alto; quanto mais ele puder ganhar em seu próprio negócio, mais os outros estarão dispostos a oferecer por suas habilidades gerenciais superiores. Essas opções sacrificadas em outros empregos com salários mais altos são custos de continuar em seu próprio negócio


234 - Um relativo poder da demanda é bem claro: ...Se a demanda cair, os eventos são revertidos. Os valores imputados aos recursos usados atualmente caem. Esses recursos serão transferidos para outras atividades onde os valores de seus serviços não são tão baixos. Os proprietários de empresas e todos os outros recursos cujos valores são afetados serão mais pobres porque as demandas dos consumidores por seus serviços anteriores são menores. Para mantê-los em seus antigos empregos com a renda anterior, seria necessário obrigar os consumidores a continuar comprando coisas que eles não valorizam mais tão altamente. E isso não pode ser feito em um sistema de livre iniciativa e mercado aberto.


235 - Preço único muito barato pra um show com limite de assentos é um perigo. Se o preço estivesse abaixo do nível de equilíbrio de mercado, algum aumento no preço simplesmente reduziria a “escassez” de assentos, e todos os assentos do teatro ainda poderiam ser vendidos. Se o preço fosse aumentado o suficiente, alguns assentos permaneceriam vazios, mas se a demanda fosse inelástica, a receita total das vendas de ingressos aumentaria


236 - Sobre marketing, admitem que há verdade aqui: “A publicidade e os nomes de marcas criam impressões de diferenças entre marcas concorrentes onde nenhuma diferença significativa realmente existe. Como resultado, devido à ignorância do consumidor, os vendedores enfrentam uma demanda menos elástica e podem aumentar o preço sem perder todas as vendas para os concorrentes. A criação de impressões de diferenciação significativa de produtos por meio de publicidade é um desperdício social.” Porém, coloca que a publicidade também ajuda um cliente a identificar, a custo muito pequeno, possíveis diferenças relevantes entre os produtos que poderiam passar despercebidas. Assim resumem:  A propaganda pode consistir amplamente em ficção e exagero. Mas onde não há praticamente nenhuma propaganda aberta, os consumidores são privados de muitas informações úteis.


237 - Elasticidade e formadores de preço: Se aumentar o preço reduz consideravelmente o número de clientes, temos uma questão envolvendo elasticidade da demanda. Se a demanda for inelástica, aumentar o preço aumentará a receita.


238 -  A profissão médica restringe a entrada por meio de licenciamento, o que implica em preços mais altos do que se não houvesse barreiras à entrada.


239 -  “Todo lucro representa o ganho de mover recursos para usos de maior valor.” Você concorda? Resposta: Não. Felizmente, esse é o caso comum, mas a declaração ignora casos de aluguel monopolista e restrições de entrada impostas pelo governo.


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