Livro: Alan Greenspan - Capitalismo na América - Capítulos 8 e 9

                                                                                                       

Livro: Alan Greenspan - Capitalismo na América



Pgs. 288-314


"CAPÍTULO 8: "A ERA DOURADA DO CRESCIMENTO: 1945-1970"


279 - Os estados unidos saíram da Segunda Guerra Mundial um gigante entre anões. Um país com 7% da população do mundo produzindo 42% dos produtos industrializados, 43% da energia elétrica, 57% do aço, 62% do petróleo e 80% dos carros. Engenhocas, carros e televisões começavam a chegar em massa às casas das famílias médias estadunidenses.


280 - O crescimento médio foi de quase 4% durante a "Era Dourada": Durante a Grande Depressão, Roosevelt colocara dinheiro nos transportes (Ponte Golden Gate) e na energia (Tennessee Valley Authority e Represa Hoover). O país plantou e colheu. A GI Bill ofereceu aos veteranos que voltaram da guerra uma série de serviços do governo, como hipotecas de baixo custo (que ajudaram a desencadear o boom da construção) e subsídios para a educação (que transformaram a América em uma líder mundial na proporção de jovens que frequentam a universidade). Os ganhos de produtividade não estavam num setor ou outro - como meio que tem sido hoje em dia -, mas sim em todos. Greenspan chega a falar em 4% ao ano (deve ser exagero) entre 45 e 60, contra 1% de antes.


281 - Europa e seus 36 milhões de mortos ao fim da guerra: A produção agrícola caiu pela metade. A produção industrial regrediu décadas: em 1946, a produção da Alemanha foi equivalente à de 1890.2 Grandes cidades como Berlim e Varsóvia estavam em ruínas. (...) Cerca de 25 milhões de russos e 20 milhões de alemães estavam em situação de rua.


282 - EUA, ao contrário da Europa, não foram adeptos de continuar o planejamento forte e avançar em estatizações no pós-guerra. O governo ajudou as pessoas a comprarem casas e se educarem, mas desmantelou o regime de planejamento central instituído durante a guerra.


283 - O movimento conservador também teve seu papel. Todos os países europeus foram arrastados para a esquerda por vibrantes movimentos socialistas: os comunistas obtiveram 26% dos votos na França, 23,5% na Finlândia, 19,5% na Islândia e 19% na Itália. Só a América foi arrastada para a direita por um movimento conservador que era avesso ao governo. Hayek e Rand lançavam livros de sucesso. O anticomunismo era intenso: uma pesquisa conduzida em 1946 revelou que 67% dos americanos se opunham a permitir que comunistas tivessem cargos no governo, enquanto outra, conduzida em 1947, mostrou que 61% dos que responderam eram a favor de que o Partido Comunista fosse declarado ilegal.


284 - Queda de tarifas, organismos internacionais de coordenação e Plano Marshall foram os presentes dos Estados Unidos à paz. A ideia era liderar para que todos os desenvolvidos crescessem, evitando a tentação "do outro lado".


285 - ...Os arquitetos do novo mundo eram homens teimosos, e não idealistas sonhadores. Eles percebiam que havia uma nova luta no horizonte entre o capitalismo e o comunismo: entendiam que as companhias americanas precisavam de mercados globais para vender seus produtos. “O Plano pressupõe que desejamos restaurar uma Europa que possa e vá competir conosco nos mercados mundiais”, escreveu Allen Dulles, diretor da CIA, referindo-se ao Plano Marshall, “e exatamente por essa razão seja capaz de comprar quantidades substanciais de nossos produtos”.


286 - Foi em 1962, durante o impasse acerca do emprego de armas nucleares pela Rússia em Cuba, que o mundo chegou mais perto do apocalipse em toda a sua história, com John Kennedy pessoalmente calculando as chances de uma guerra nuclear em cerca de 25%.


287 - A Era da classe operária por excelência e das coisas materiais: A proporção de trabalhadores empregados no setor manufatureiro alcançou o auge na história americana em 1943, com 30% da força de trabalho (em 1870, eles haviam sido apenas 18%). 



288 - ...Já em 1956, os trabalhadores de escritórios já superavam os operários propriamente ditos. Peter Drucker cunhou a frase “trabalhador do conhecimento” para descrever a classe em ascensão. Daniel Bell identificou uma “sociedade pós-industrial” surgindo no útero da sociedade industrial.


289 - A proporção de jovens entre 18 e 24 anos matriculados em instituições de ensino superior subiu de 9,1% em 1939 para 15,2% em 1949, depois para 23,8% em 1959 e, finalmente, para 35% em 1969.  (Brasil está em 18% hoje, por sinal).


290 - Greenspan chama atenção também para o crescimento dos gastos com saúde, ciência e tecnologia. Os EUA começaram a perceber a importância dessas áreas. Pesquisa pura... Física etc. Seja por razões de Guerra Fria ou pela "economia do conhecimento". Também houve pouca restrição para a imigração das grandes mentes, refugiados de regimes ditatoriais ou coisa do tipo.,


291 - Boa parte dos gastos federais eram com o Pentágono nessa época e havia o temor de que o setor militar hipertrofiasse em relação ao resto da economia. As vantagens? O complexo militar-industrial oferecia uma fonte de renda confiável para algumas das companhias mais conhecidas do país, que eram pagas com base no custo acrescido. Também produziu inovações importantes para a economia civil: a nova indústria da computação no Vale do Silício devia tanto aos gastos militares quanto à Universidade Stanford.


292 - O custo de voar em relação a outros produtos caiu 8% de 1940 a 1950, 4,5% de 1950 a 1960, 2,8% de 1960 a 1980, para se estabilizar enquanto se deteriorava em qualidade de 1980 a 2014. O número de milhas voadas por passageiro subiu 24,4% ao ano de 1940 a 1950, 14,3% ao ano de 1950 a 1960 e 9,9% ao ano de 1960 a 1980.


293 - Aviação civil: O custo de voar em relação a outros produtos caiu 8% de 1940 a 1950, 4,5% de 1950 a 1960, 2,8% de 1960 a 1980, para se estabilizar enquanto se deteriorava em qualidade de 1980 a 2014. O número de milhas voadas por passageiro subiu 24,4% ao ano de 1940 a 1950, 14,3% ao ano de 1950 a 1960 e 9,9% ao ano de 1960 a 1980.


294 - A população dos estados do Pacífico aumentou 110% de 1940 a 1960. A Califórnia assumiu o lugar de Nova York como estado mais populoso do país em 1963. Mais de 80% do crescimento populacional das décadas de 1950 e 1960 se concentrou nos subúrbios. 


295 - A GM empregava um milhão de pessoas em 1960. As grandes corporações dominavam o cenário. A Kodak tinha um centro de recreação de 27.870 m2 que incluía um campo de golfe de dezoito buracos. A companhia patrocinava filmes, piqueniques, bridge, bailes, beisebol e, o mais popular entre todos, boliche.


296 - ...Capitalismo gerencial (denomina): Os administradores americanos gozavam de relativa liberdade se comparados aos seus pares na Europa e no Japão. Eles não precisavam responder a bancos universais como os administradores alemães ou ao Ministério das Finanças como os administradores japoneses. Não precisavam responder aos proprietários, pois as ações estavam nas mãos de pequenos investidores (que eram, pela própria natureza, espalhados e passivos), e não de famílias poderosas ou grandes instituições. Isso permitia que os administradores fizessem apostas de longo prazo: tanto a IBM quanto a AT&T financiaram laboratórios de pesquisa que pacientemente estabeleceram as fundações para a revolução eletrônica. Surgiam universidades corporativas também, para formar gestores. No mais, apenas os sindicatos, com poderes adquiridos da Era Roosevelt, eram "problema" para eles. Trabalhadores conseguiam nacos da festa, como ampliação de benefícios de saúde/seguridade.


297 - ...Até Eisenhower abriu espaço em seu Gabinete para o líder do sindicato dos encanadores, Martin Durkin, como secretário do Trabalho, levando a New Republic a brincar que o Gabinete consistia em “oito milionários e um encanador”. Em 1955, os sindicatos ganharam ainda mais força quando a AFL e o CIO concordaram em se fundir na AFL-CIO, reduzindo despesas administrativas, eliminando duplicações e dando à AFL-CIO um contingente coletivo de 15,4 milhões de membrosNa metade da década de 1950, quase metade dos grandes e médios empregadores estavam dando pensões aos seus funcionários, e mais de dois terços ofereciam algum tipo de seguro.


298 - Outra inovação "padronizadora" estadunidense da época: o container. Um estudo concluiu que, a partir do início dos anos 1970, a adoção de contêineres gerou um aumento de cerca de 17% no comércio entre países desenvolvidos, e com um intervalo de dez a quinze anos, um aumento de 14% no comércio entre todos os países, desenvolvidos e em desenvolvimento.29Hoje, mais de 90% da carga comercial são transportados em navios contêiner.


299 - Sam Walton iniciou seu domínio por um mercado esquecido pelos supermercados: as cidades pequenas (especialmente as proximidades, ao que entendi, para "pegar várias"). Depois de estabelecer controle sobre as pequenas cidades americanas, Walton avançou para território mais populoso, usando suas pilhas de dinheiro para construir novas lojas gigantescas, e sua rede inteligente de abastecimento e seus preços baixos para esmagar a concorrência.


300 - Surgiam as franquias também. A típica empresa padronizada. Ele corta custos oferecendo serviços centralizados como administração, treinamento e propaganda.


301 - Pós-guerra: As companhias americanas conquistaram mercados globais em um conjunto impressionante de regiões (embora os produtos de luxo tenham continuado algo fundamentalmente europeu). (...) as empresas americanas correspondiam a mais da metade dos mercados britânicos de automóveis, de aspiradores de pó, barbeadores elétricos, lâminas de barbear, cereais matinais, batatas chips, máquinas de costura, pó para pudins e máquinas de escrever. A Kodak produzia 90% dos filmes vendidos na Grã-Bretanha; a Heinz era responsável por 87% das papinhas para bebês e 62% dos feijões cozidos enlatados; a Kraft e a Swift ficavam com 75% dos queijos fundidos.


302 - Era uma época de desigualdade pequena para os padrões históricos. Os homens brancos viviam um tempo de oportunidades (negros e mulheres nem tanto).


303 - A padronização era a grande tônica da sociedade americana: As estradas e vias secundárias eram ladeadas por redes de motéis que se orgulhavam de oferecer os mesmos serviços, estivesse você nas florestas da Nova Inglaterra ou nos desertos do Arizona. O Holiday Inn anunciava seus serviços com o slogan “a melhor surpresa é não ter surpresas”.


304 - O Serviço de Imigração e Naturalização promovia ativamente uma sociedade mais homogênea, deportando ilegais, particularmente chineses, e pressionando estrangeiros a se tornarem americanos. E pouca gente queria emigrar.



305 - Em 1960, a família americana média era 30% mais rica do que em 1950. Mais de 60% das pessoas tinham casas próprias. Greenspan coloca, porém, que havia fragilidades no paraíso. Por que as empresas dos EUA tinham tantos custos com mão-de-obra cheia de direitos se podiam ir para outros países ou mesmo contratar estrangeiros ou mecanizar a produção?



Pgs. 315-343


"CAPÍTULO 9: "ESTAGFLAÇÃO"


306 - Os anos 70 foram complicados. Três presidências consecutivas terminaram em desgraça ou decepção. Richard Nixon foi ameaçado de impeachment. Gerald Ford e Jimmy Carter haviam ambos sido descartados depois de um único mandato.


307 - Eram tempos de pessimismo econômico também. O ritmo da produtividade caía e indicadores pioravam. Em 1971, os Estados Unidos tiveram uma balança comercial negativa pela primeira vez desde 1893. Em 1974, a inflação alcançou os 11%. O mercado de ações terminou a década no mesmo patamar que começara.





308 - Salário anual real subindo 2% ao ano durante todo o século XX até então? Chega disso: Em 1973, essa tendência chegou ao fim, e a média dos salários reais daqueles que o Bureau of Labor Statistics (Agência de Estatísticas do Trabalho) chama de trabalhadores da produção e não supervisores começou a cair. Na metade da década de 1990, o salário real por hora de um trabalhador da produção era, em média, inferior a 85% do que fora em 1973.


309 - Coloca Lyndon Johnson como progressista (pra Greenspan é uma crítica) e Kennedy como relativamente conservador, quase uma continuação de Eisenhower. Kennedy estava muito mais interessado em vencer a Guerra Fria do que em uma reforma social, e era muito prudente em relação aos direitos civis. “As relações exteriores são realmente a única questão importante para ser conduzida por um presidente, não é?”, ele disse a Richard Nixon. “Quero dizer, quem se importa que o salário mínimo seja de 1,15 ou 1,25 dólar em comparação a algo assim?”. Pessoal do governo estava incomodado, porém, com os superávits fiscais e defendia mais gastos. Kennedy ... preparou o caminho para um boom de gastos ao encher seu Conselho de Consultores Econômicos com acadêmicos keynesianos.


310 - E aqui o que mais deixou Greenspan "puto" com Johnson: A Grande Sociedade envolvia uma expansão maciça do Estado assistencialista: dois novos programas governamentais de saúde, Medicare e Medicaid; a extensão do auxílio-doença oferecido pelo Seguro Social para cobrir trabalhadores temporariamente incapacitados; dois grandes aumentos da aposentadoria e dos benefícios por incapacidade; e a maior expansão do programa Aid to Families with Dependent Children (AFDC; Auxílio a Famílias com Crianças Dependentes) em sua história de trinta anos. O governo federal também financiou ativistas combatentes da pobreza que encorajavam as pessoas a exigirem seus “direitos”. Acusa-o, ainda, de ter intimidade o FED em 1964 com o fim de deixar os juros no menor piso possível.


311 - O bom crescimento econômico do período mascarava o problema do desequilíbrio fiscal progressivo na leitura de Greenspan. O liberalismo exagerado de Johnson também acabou se dando no pior momento possível. Ele aumentou os gastos com “manteiga” exatamente ao mesmo tempo que foi forçado, graças à guerra no Vietnã, a aumentar os gastos com “armas”. Em 1968, o déficit federal alcançou os 25,1 bilhões de dólares, mais do que o total de todos os déficits entre 1963 e 1967.


312 - Greenspan dispara contra Nixon também: Lyndon B. Johnson foi substituído por um homem que havia feito carreira instilando o ódio pelo establishment liberal. Acontece que, quando chegou a hora de governar o país, depois de ganhar os votos, o arquiconservador mostrou-se um liberal enrustido: keynesiano na economia, como declarou a um jornalista em janeiro de 1971 (atônito, o jornalista comparou a declaração a um “cruzado cristão dizendo que ‘De uma forma geral, acho que Maomé estava certo’”), e progressista na política social. Coloca que Nixon foi além de Johnson na ampliação do assistencialismo.


313 - ...Os "absurdos"?: O Congresso criou uma série de novos benefícios — merenda nas escolas, aumento do seguro-desemprego e maiores benefícios para os incapazes. Aumentou os benefícios do Seguro Social em 10% e criou um mecanismo automático para estabelecer uma relação entre os benefícios e a taxa da inflação.


314 - Em 1971, Nixon "atacou" com controle de preços, salários e aluguéis. Houve um congelamento prévio de noventa dias. Depois uma comissão controlava a coisa. Também se livrou de vez do padrão-dólar-ouro. No curto prazo, deu certo.


315 - A inflação crescente dos EUA levou os países a suspeitarem da paridade dólar-ouro, digamos assim. A partir de 1958, com a aceleração da inflação americana e o preço sombra do ouro finalmente subindo acima dos 35 dólares por onça, bancos centrais estrangeiros começaram a usar seu excedente de dólares americanos para comprar ouro ao preço fixado de 35 dólares por onça, e as reservas americanas passaram a cair quase anualmente. No final da década de 1960, as reservas estrangeiras de dólares (quase 50 bilhões) haviam superado consideravelmente as reservas americanas de ouro (de cerca de 10 bilhões de dólares).




316 - A Crise do Petróleo pegou em cheio os EUA. Mais de 80% dos estadunidenses dirigiam até seus trabalhos. Em 1973, 36% do petróleo consumido pelos americanos era importado, enquanto em 1970 esse percentual era de 22%. Havia filas e confusões em postos de gasolina. O governo tentou tudo que pôde para resolver seu problema energético. Washington pediu aos americanos que reduzissem seus termostatos, diminuiu o limite de velocidade para 55 mph (88,5 km/h), investiu em novas formas de energia e estabeleceu um Departamento de Energia. Henry Kissinger fez várias visitas diplomáticas pelo Oriente Médio tentando promover a paz. Não houve grandes mudanças. O preço do petróleo bruto americano ficou nove vezes mais caro entre 1972 e 1981 (...).


317 - EUA  e estagflação: No período de catorze anos entre 1969 e 1982, a taxa anual de inflação só caiu abaixo dos 5% duas vezes, e por quatro desses anos teve dois dígitos, alcançando 14,8% em março de 1980. Ao mesmo tempo, o desemprego permaneceu insistentemente elevado.


318 - A América dos anos 1970 lembrava muito a Grã-Bretanha do início dos anos 1900: uma grande potência de repente diante da possibilidade da ruína. O exército britânico lutara para derrotar um exército desorganizado de bôeres na África do Sul assim como os americanos haviam lutado para derrotar os comunistas no Vietnã. (...) ...a América finalmente precisou encarar o fato de que estava perdendo a liderança em uma gama cada vez mais ampla de indústrias. Embora as melhores companhias americanas, como a General Electric e a Pfizer, continuassem firmes, um número impressionante tentava não afundar. A acomodação era bem visível, por exemplo, no setor automobilístico. As campeãs da América estavam em um atoleiro. Elas não dedicavam quase nenhuma atenção à inovação: a última grande inovação havia sido o câmbio automático em 1948. (...) Em 1980, os trabalhadores da indústria automobilística japonesa eram 17% mais produtivos do que os americanos.



319 - ...Os japoneses inovavam com o just-in-time e o controle de qualidade total. Em 1979, com os japoneses controlando 20% do mercado automobilístico americano, a Chrysler perdeu 1,1 bilhão de dólares, a maior perda registrada por uma companhia na história americana, e foi necessária uma garantia do governo para que ela não fechasse as portas. Em 1980, a Ford perdeu quase 600 milhões de dólares, a GM perdeu 763 milhões, e a pressão pelo protecionismo tornou-se irresistível. Os japoneses só preservaram seu acesso ao mercado americano construindo fábricas “transplantadas” nos Estados Unidos, as quais se saíram melhor do que suas rivais nativas.


320 - Produção de aço: ...a participação da América na produção mundial despencou de 43% em 1953 para 11% em 1982. Coloca que a greve de 1959, que durou 116 dias, foi essencial para as companhias perceberem que o aço importado não era de qualidade menor que o dos EUA, conforme se pensava.



321 - Em 1956, os metalúrgicos japoneses haviam sido 19% menos produtivos do que os americanos. Em 1976, eles foram 13% mais produtivos.


322 - Mercado de eletrônicos: Japão avançava sobre os EUA. Ao mesmo tempo, as gigantes eletrônicas japonesas, como Sony, Matsushita (Panasonic), Hitachi e Mitsubishi, voltavam-se para as máquinas com potencial para exportação mundial. Não há dúvida de que trapacearam um pouco: protegeram seus mercados internos das importações americanas enquanto investiam os lucros em centros de produção; cobraram preços elevadíssimos dos consumidores internos e preços baixíssimos dos consumidores estrangeiros. (...) Apesar de tudo isso, seu sucesso foi construído sobre o simples fato de que ofereciam produtos melhores por preços menores. EUA também sofriam perdas nas outrora vitoriosas indústrias de semicondutores.


323 - Greenspan atribui o fracasso geral ao declínio na qualidade das administrações. Na década de 1950, a América fora uma exportadora líquida de “administração”: firmas japonesas contratavam gurus americanos de administração e países europeus fundavam faculdades de negócios baseadas no modelo americano. Na década de 1970, tudo havia mudado. Menciona novamente a acomodação. Os capitães da indústria automobilística descartavam despreocupadamente os carros alemães e japoneses enquanto concediam a si mesmos remunerações dez vezes maiores do que as recebidas pelos administradores alemães e japoneses. Coloca que os gestores nos EUA antes vinham dos departamentos de produção e engenharia. Depois, foram sendo recrutados no jurídico, marketing ou financeiro. Perdeu-se o objetivo de qualidade dos produtos.


324 - A administração com base em números desencoraja a inovação, pois leva os administradores a se concentrarem na certeza de curto prazo, sacrificando as possibilidades de longo prazo.


325 - Critica a mania da proliferação dos conglomerados. A Quaker Oats comprou uma companhia de brinquedos, a Johnson Wax entrou no negócio dos cuidados pessoais, a Chesebrough-Pond adquiriu uma linha de roupas infantis. (...) Na verdade, os conglomerados tinham uma grande desvantagem que se tornava maior ainda com o tempo: eles desviavam a atenção da produção de produtos de qualidade para a questão secundária da mecânica da administração. A RCA foi um desses casos: mesmo enquanto perdia a competitividade necessária para dominar o mercado de televisores coloridos, a empresa se dedicou a uma grande diversificação.


326 - Qualidade ou quantidade? Os produtores japoneses em particular argumentavam que haviam projetado um novo sistema capaz de produzir variedade a preços baixos.


327 - Cinturão da ferrugem: Seis das dezesseis maiores cidades em 1950 haviam perdido metade da sua população em 1980: Buffalo, Cleveland, Detroit, Nova Orleans, Pittsburgh e St. Louis. Embora as cidades mais afetadas tenham sido aquelas construídas com base em um único setor industrial, até cidades poliglotas como Nova York e Chicago sofreram bastante.


328 - ...O pesadelo urbano da América, refletido em filmes como Taxi Driver (1976), tinha raízes profundas. Cidadãos de classe média retiraram-se para os subúrbios, levando seu poder aquisitivo e seus impostos. Os cidadãos que ficaram eram mais propensos ao crime e às disfunções, o que provocou o aumento da demanda por serviços públicos.


329 - Detroit: As virtudes que a criaram logo se transformaram em defeitos. Graças à produção em massa, os trabalhadores tinham pouco incentivo para aperfeiçoar suas habilidades. Fábricas gigantes transferiram poder para trabalhadores sindicalizados dispostos a interromper todo o processo de produção. O sucesso econômico significava que administradores insípidos se convenciam de que eram os mestres do universo. E, por fim, o próprio carro voltou-se contra a cidade que o havia produzido: tanto os administradores quanto os trabalhadores usaram a mobilidade proporcionada pelo carro para trocar a cidade pelos subúrbios. (...) Em 1982, a taxa de desemprego de Detroit alcançou os 25%, a mesma taxa que em 1933. Um terço dos habitantes da cidade viviam de benefícios da previdência social. Cerca de 6.800 firmas locais haviam falido só nos últimos dois anos.


330 - As cidades "do aço" e "dos carros" minguavam. Como dito, mesmo Nova Iorque sofria com a perda/transferência (por vezes pro exterior) dos empregos industriais. (...) Se as cidades estavam em declínio, os subúrbios estavam em franca ascensão. Companhias manufatureiras foram para áreas suburbanas. Em 1981, cerca de dois terços das manufaturas americanas estavam nos subúrbios.22 A América tornou-se uma terra dominada por cidades do entorno das grandes metrópoles à medida que funções administrativas eram transferidas para prédios com salas comerciais e o varejo se mudava para os shopping centers.


331 - No final dos anos 1970, havia sinais de um futuro melhor. O boom high-tech estava no horizonte: o jovem Bill Gates fundou a Microsoft em Albuquerque, Novo México, em 1975, e Steve Jobs e Steve Wozniak fundaram a Apple em 1976. E a América não havia perdido seu talento para a destruição criativa nem na década doente. A indústria farmacêutica do país escapou do declínio geral na qualidade da administração: a Pfizer continuou investindo pesado em P&D e desenvolveu uma sucessão de remédios de grande sucesso. Elogia o cartão VISA também.


332 - A legislação sob Jimmy Carter, um dos presidentes mais ideologicamente polimorfos da América, prenunciou muitas políticas mais comumente associadas a Ronald Reagan. “O governo não pode resolver nossos problemas”, Carter declarou em seu segundo Discurso Sobre o Estado da União. “Não pode eliminar a pobreza ou oferecer uma economia farta, nem reduzir ou salvar nossas cidades, nem curar o analfabetismo ou fornecer energia.” Ele reduziu o tamanho do governo. Aprovou três orçamentos de “austeridade nacional” que reduziram programas sociais e desregulamentaram uma série de setores industriais importantes. Menciona ainda a nomeação de Volcker em 1979. Carter chegou a ser acusado de "não ser um democrata" (partido). 


.


Comentários