Livro: Alan Greenspan - Capitalismo na América - Capítulo 2

                                                                                           

Livro: Greenspan, Alan; Wooldridge, Adrian. Capitalismo na América: Uma história 



Pgs. 69-100


"CAPÍTULO 2: "AS DUAS AMÉRICAS"


61 - Quatro culturas principais (menciona que países como a Alemanha, por exemplo, tiveram forte fluxo migratório para os EUA)? Os quacres ficaram com a Pensilvânia e Delaware. Eram mais igualitários do que suas contrapartes do Norte, mas tiveram muito menos sucesso na formação de instituições. Os cavaleiros moldaram a Virgínia e Maryland, e por consequência o Sul. Eram aristocráticos, adeptos da hierarquia, escravagistas, viciados em corridas de cavalos e apostas. Anglicanos e anglófilos, muitos eram os filhos mais jovens de aristocratas britânicos que emigraram a fim de poderem viver como os mais velhos. Os irlandês-escoceses que reivindicaram a fronteira eram extremamente independentes e igualitários, vigorosos e acostumados à vida dura. Bebiam um moonshine muito forte, também conhecido como “relâmpago branco”, mastigavam tabaco e se divertiam caçando, promovendo rinhas e lutas. Tentar domá-los era perda de tempo.


62 - Herdeiros fazendeiros e os modernizadores: ...Essa disputa começou com uma grande discussão intelectual entre Alexander Hamilton, primeiro secretário do Tesouro americano, e Thomas Jefferson, primeiro secretário de Estado e terceiro presidente americano. Acabou por ampliar-se para uma imensa disputa regional entre o Norte industrial e o Sul escravocrata. Em fevereiro de 1861, as “duas Américas” tornaram-se mais do que uma metáfora: os Estados Confederados da América tornaram-se uma nação autoproclamada, com seu próprio presidente (Jefferson Davis) e sua própria capital (Richmond), um status que manteve, pelo menos do seu ponto de vista, por 49 meses, até o início de abril de 1865.


63 - Hamilton via o mundo em termos de mobilidade social: a América precisava garantir que todos pudessem crescer na vida por seu próprio esforço. Jefferson o via em termos de obrigações da nobreza: a classe dos proprietários de terras deveria vasculhar a sociedade em busca de gênios natos que merecessem ajuda e um lugar na elite. (...) Jefferson considerava-se o líder natural da Revolução. Ele era produto de uma das grandes famílias da América! Era o autor da grande declaração! Era doze anos mais velho do que seu rival! Ainda assim, Hamilton seguia acumulando poder. Gozava de prestígio frente a George Washington.


64 - Sobre a "América": Jefferson queria preservá-la como uma sociedade agrária povoada por proprietários de terras, do seu ponto de vista, interessados pelo bem comum e pequenos proprietários rurais de espírito independente. (...) A maior vantagem da América era possuir uma “imensidão de terras cortejando a habilidade do lavrador”.


65 - Elogia Hamilton, que seria a visão da "república comercial": Ele não só previu o desenvolvimento de uma sociedade industrial antes de a América possuir qualquer indústria, como também entendeu o que era necessário para trazer essa sociedade comercial à vida: uma moeda forte administrada por um banco central no modelo do Banco da Inglaterra; uma receita de origem alfandegária; um mercado comum para encorajar a divisão do trabalho; um “executivo enérgico” para aplicar as regras do comércio. Ele era um gênio nato do calibre de Mozart ou Bach.


66 - Jefferson odiava o "populacho das grandes cidades". A sobrevivência da América, ele argumentava, dependia da sua capacidade de preservar a virtude cívica, capacidade esta que dependia de outra, a de promover qualidades viris na população (como a frugalidade, a engenhosidade, a temperança e a simplicidade) e de impedir que alguns as investissem contra outros. A república de Hamilton destruiria as virtudes viris ao promover o luxo e destruiria a independência ao promover o poder dos empregadores e negociadores de ações. A industrialização era o caminho para a ruína. Temia nova centralização do poder e controle central/federal, logo, atacava quase que qualquer mínimo indício disso.


67 - Hamilton conseguiu estabelecer um crédito nacional forte ao, primeiro, assumir as dívidas do Estado e, segundo, financiar a dívida com a receita oriunda das tarifas sobre produtos importados, autorizadas pela Lei de Tarifas de Hamilton de 1789.


68 - Como presidente, Jefferson exibiu graus tão extraordinários de pragmatismo e oportunismo que é difícil imaginar que Hamilton teria agido de modo diferente. Afirma que o grande exemplo foi a compra da Louisiana em 1803, quando Napoleão decidiu que era muito trabalho pra pouco benefício tal sonho de expansão do império...


69 - ...Jefferson fez o possível para tirar o máximo da oportunidade, apesar de uma intensa oposição dos federalistas, que apontavam para a inconstitucionalidade de adquirir qualquer território. Ele se contrapôs aos que queriam limitar a compra à cidade portuária de Nova Orleans e o território costeiro adjacente. Levou a compra adiante mesmo sem uma emenda constitucional. Quando descobriu que a América não tinha dinheiro suficiente para fazer a compra, recorreu à elevada classificação de crédito do país, estabelecida por Hamilton, para cobrir a diferença com um empréstimo. Era um Jefferson muito diferente do homem que, como secretário de Estado de Washington, foi questionado pelo presidente em 1791 em relação ao seu ponto de vista a respeito da constitucionalidade do banco nacional e respondeu que qualquer poder não especificamente mencionado na Constituição estava reservado aos estados, e não ao governo federal. “Dar um único passo além das fronteiras formuladas em torno dos poderes do Congresso é tomar posse de uma área ilimitada de poder, não mais suscetível a qualquer definição.”


70 - A compra acabou sendo de grande sorte: Ela promoveu um imenso crescimento do território americano, anexando terras férteis e ricas em minerais, conforme ficou claro durante a Expedição de Lewis e Clark à Costa Oeste (maio de 1804 a setembro de 1806). Também serviu de estímulo para as forças comerciais que Jefferson outrora temera, mas agora encorajava.


71 - A Guerra de 1812, a segunda da América com a Grã-Bretanha, custou cerca de 158 milhões de dólares numa época em que o país tinha poucos meios para levantar fundos. (...) O governo, a princípio, tomou empréstimos vultosos numa tentativa desesperada de financiar a guerra, e em 1814 deu um calote, deixando soldados e fabricantes de armas sem pagamento. Em 1816, Madison cedeu à realidade e criou um segundo banco nacional com uma carta patente de vinte anos. Mais uma vez, Hamilton triunfara do túmulo.


72 - Andrew Jackson (1829-1837): Suas maiores vantagens se deram nos novos estados, que tinham menos restrições ao direito ao voto do que os estados fundadores. Também teve um apoio entusiástico entre os mecânicos, comerciantes e artesãos, alguns dos quais fizeram a árdua viagem a Washington D.C. para comemorar sua posse. Tinha perdido para um aristocrata na eleição anterior. Colocava-se contra privilégios, mas Greenspan não explica bem o que significava na prática (cita um exemplo isolado). No mais... Ao mesmo tempo, Jackson combinava populismo a um tema que raramente se aborda: o conservadorismo fiscal. Ele reduziu a dívida federal a zero por três anos seguidos pela primeira e última vez na história americana, e era um grande defensor da moeda forte e do padrão ouro. Assim, introduziu um poderoso novo elemento no debate econômico americano — o populismo laissez-faire.


73 - Os dois EUA: A Nova Inglaterra era uma terra de indústrias têxteis movidas a água, enquanto o Sul era uma terra de plantações movidas a escravos. A primeira era muito mais criativa (encarna o projeto "república comercial"): Das invenções importantes patenteadas nos Estados Unidos entre 1790 e 1860, 93% foram produzidas nos estados livres, e quase metade na Nova Inglaterra.


74 - ...Um visitante britânico observou que “todo trabalhador parece estar continuamente inventando algo novo para ajudá-lo em seu trabalho, havendo um forte desejo, tanto entre os mestres quanto entre os trabalhadores, por todos os estados da Nova Inglaterra, de estar ‘atualizado’ a respeito de toda nova melhoria”. Um visitante argentino foi ainda mais preciso: ianques são “oficinas ambulantes”. Havia também a espionagem industrial visando a Inglaterra. Até Lincoln se interessava por invenções e patenteou uma delas.


75 - ...Em 1790, Almy e Brown construíram uma fábrica têxtil em Pawtucket, Rhode Island, usando designs que um imigrante britânico, Samuel Slater (para os britânicos, “Slater, o traidor”) havia memorizado. (Os britânicos haviam proibido os imigrantes de levarem planos de seus novos teares para os Estados Unidos, chegando a revistar sua bagagem, mas não podiam fazer nada em relação a memórias prodigiosas como a de Slater.)


76 - Forças armadas e impulsionamento da produção em massa: Samuel Colt, o inventor do revólver de seis tiros, seguiu os passos de Whitney, e cheio de contratos do governo na mão abriu uma fábrica gigante em Hartford, Connecticut, no inverno de 1855-56, empregando mais de mil pessoas. O governo também inaugurou suas próprias imensas fábricas de armas em Springfield, Massachusetts, e Harpers Ferry, Virgínia.


77 - O Norte criava a infraestrutura da nação comercial moderna. O Suffolk Bank of Boston exercia algumas das funções de um banco central para a Nova Inglaterra, ajudando a blindar a região do caos financeiro que sucedeu a extinção do Second Bank of the United States em 1836.


78 - Enquanto o Norte apostava na indústria, o Sul era governado pelo “Rei Algodão”. Em 1793, ao retornar a Savannah depois de ter se formado em Yale, Eli Whitney inventou a descaroçadeira de algodão, que como vimos acelerou a separação das sementes da fibra por um fator de 25. Isso marcou um divisor de águas na história americana. Produção explodiu e os Estados do Sul viraram grandes defensores do livre-comércio para as suas exportações.


79 - Em 1860, cerca de 4 milhões dos 4,5 afro-americanos da América eram escravos, e quase todos pertenciam aos plantadores sulistas. (...) Antes da ascensão do “Rei Algodão”, houve a chance de a escravidão ter tido morte natural, com abolicionistas denunciando a instituição como bárbara e liberais argumentando que o trabalho livre era mais eficiente do que o trabalho forçado. Em 1807, o Congresso Americano aprovou, e Thomas Jefferson, um proprietário de escravos, assinou a Lei de Proibição da Importação de Escravos. Em 1833-34, o sentimento abolicionista ganhou mais força com a decisão da Grã-Bretanha de abolir o tráfico de escravos em todo o império. Mas a descaroçadeira de algodão deu novo fôlego a esse antigo mal no Sul. Jamais saberemos se a escravidão poderia ter sido abolida pacificamente, como aconteceu no Império Britânico, se não houvesse sido inventada a descaroçadeira de algodão. O investimento em escravizados decolava. Em 1861, quase metade do valor total dos ativos do Sul era composto pelo “valor dos negros”.


80 - ...A distribuição espacial da população negra da América mudava à medida que a indústria do algodão se propagava. Os negros (inclusive os livres, que eram sequestrados e aprisionados) eram transferidos à força do Norte para o Sul e da parte superior para a inferior do Sul. Criados domésticos eram enviados para os campos. Mas tamanha era a eficiência implacável do sistema que a demanda por escravos superava a oferta: o custo de um adulto jovem do sexo masculino no mercado de escravos de Nova Orleans aumentou de 520 em 1800 para até 1.800 dólares às vésperas da Guerra Civil (ver Gráfico 3), e os jornais do Sul falavam em “Febre dos Negros”.


81 - Na base da escravidão... A América era uma superpotência do algodão, produzindo 3/4 do algodão do planeta, depois de ter produzido apenas 9% em 1801. Greenspan cita as mazelas: espancamentos, torturas, estupros etc. Os movimentos de mercado ainda podiam piorar a coisa para produzir mais oferta: “Quando o preço aumenta no mercado inglês, os pobres escravos sentem imediatamente os efeitos, pois são tratados com mais dureza, e o chicote desce com mais constância.”


82 - ...Esse sistema de coerção permitiu que os brancos sulistas tivessem quase a mesma renda per capita que os brancos do Norte, apesar de viverem em uma economia muito atrasada.



83 - Embora a maioria de proprietários de escravos tivesse apenas cerca de dez escravos, um grupo de elite de 339 famílias tinha 250 ou mais. O maior plantador do Delta do Mississippi, Stephen Duncan, tinha 1.036.26 Os donos de grandes plantações eram os maiores consumidores da América pré-Guerra Civil: eles construíam mansões com exércitos de criados domésticos e recebiam convidados em escala prodigiosa, tal como a aristocracia britânica.


84 - Partes do Norte também lucravam com o sistema escravista: Vários dos principais bancos da cidade de Nova York fizeram fortunas com o negócio do algodão. O Brown Brothers prestava serviços tanto financeiros quanto logísticos aos plantadores de algodão, emprestando dinheiro com colheitas futuras como garantia e providenciando o transporte para Liverpool em seus próprios navios.


85 - Coloca escravidão como incentivadora do atraso: Os proprietários de escravos tinham pouco incentivo para entrar no mercado de trabalho nacional, visto que já tinham um suprimento garantido de mão de obra. Tinham também pouco incentivo para desenvolver cidades e outros centros populacionais: sua fortuna encontrava-se em grandes plantações afastadas. E tinham menos incentivo ainda para investir na educação, considerando que não queriam que seus escravos tivessem ideias externas ao seu trabalho.


86 - O Norte detinha 70% da riqueza do país e 80% de seus ativos bancários. Só três estados do Norte — Massachusetts, Nova York e Pensilvânia — concentravam 53% do capital manufatureiro do país e 54% de sua produção, isso de acordo com o censo de produção manufatureira da década de 1850. (...) A proporção da população do Norte dedicada à agricultura caiu de 80% para 40%, enquanto a proporção da mesma população no Sul permaneceu estagnada em 80%.32 O Norte também investia mais em seu capital humano: a Nova Inglaterra provavelmente era a sociedade mais educada do planeta — 95% dos naturais da Nova Inglaterra sabiam ler e escrever, enquanto 75% da população entre 5 e 19 anos estava na escola —, e o resto do Norte não ficava muito atrás. Não surpreende que sete oitavos dos 4 milhões de europeus que imigraram para a América de 1815 a 1860 tenham escolhido ir para o Norte. Até isto aqui desfavorecia o Sul: O Sul só podia recrutar metade do número de soldados em potencial do Norte. O Sul meio que rivalizou "na raça". Muitos bons guerreadores, digamos assim. (...) O Sul poderia ter resistido mais tempo se tivesse aplicado à governança econômica a mesma genialidade que aplicou às forças militares.



87 - Os esforços para levantar fundos com a cobrança de impostos foram, na melhor das hipóteses, sofríveis: apenas 6% dos 2,3 bilhões de dólares em receita vieram de uma combinação entre as taxas incidentes sobre a exportação e a importação e um “imposto de guerra” sobre as commodities. Tanto o Norte quanto o Sul imprimiram moeda fiduciária para pagar os soldados e comprar suprimentos. Mas o Norte foi muito mais comedido do que o Sul. As “greenbacks” do Norte (assim chamadas por causa de sua cor) conservaram cerca de 70% do seu valor de face ao final da guerra. Já os sulistas...



88 - Ao que entendi, 1,5% da população morreu e outros 1,5% ficaram feridos. De acordo com estimativas recentes, entre 650 mil e 850 mil homens morreram.


89 - A carnificina não se limitou aos humanos: a proporção entre cabeças de gado e humanos caiu de 749 para cada mil pessoas para 509 para mil em 1870, principalmente por causa dos abates no Sul. O custo econômico da guerra totalizou 6,6 bilhões (em dólares de 1860), quase 150% do PIB do país no ano anterior ao início da guerra, e muito mais do que teria custado para libertar cada escravo da América. O Sul inevitavelmente pagou o preço mais alto. Quase 13% dos homens em idade militar morreram durante a guerra, duas vezes o número de homens nascidos em estados ou territórios livre. (...) Além dos gastos pós-guerra e da perda de "capital" (escravizados). (...) A região perdeu até mesmo um de seus maiores recursos secretos: o poder político. O Sul não teve um único presidente da Câmara ou líder da maioria do Senado por meio século depois da Guerra Civil.


90 - ...Ainda sobre o Sul: ...em 1870, sua produção total foi de apenas dois terços em relação a 1860, e foi só em 1890 que a renda per capita retornou ao nível do pré-guerra. A produção agrícola caiu em quase tudo. Os valores das fazendas caíram 42%. O número de acres de terras produtivas caiu 13%. O de animais de carga caiu 42%. O número de fazendas com mais de 100 acres cultivados sofreu um declínio de 17%, enquanto o número de fazendas com menos de 50 acres cultivados mais do que dobrou.


91 - Não se tratava apenas da perda da superexploração absoluta da jornada dos escravizados e todo tipo de mão-de-obra "disponível" (mulheres... crianças...). Praticamente toda a economia era baseada na escravidão. Na Louisiana pré-Guerra Civil, por exemplo, 88% dos empréstimos garantidos por hipotecas usavam escravos como (pelo menos parte da) garantia. A Décima Terceira Emenda pôs fim a essa prática ao mesmo tempo que outras formas de capital desapareciam ou entravam em rápido declínio. Os títulos de guerra perderam completamente o valor. Os preços das terras sofreram uma queda vertiginosa.


92 - "Abolição": Contratos anuais em que os homens libertos concordavam em trabalhar por “ração e por roupa à forma costumeira” tornaram-se comuns por todo o Sul. Na Carolina do Sul, William Tunro tentou fazer seus ex-escravos assinarem contratos vitalícios. Os quatro primeiros se recusaram e foram expulsos da fazenda, para depois serem perseguidos e mortos. Os brancos também recorreram à violência para forçar os escravos libertos a voltarem a trabalhar sob o sistema de divisão em grupos conforme a capacidade.


93 - ...O substituto "perfeito": o sistema de arrendamento, no qual ex-escravos tinham permissão de usar as ferramentas do senhor e trabalhar em suas terras em troca de uma parcela da produção. O sistema era reforçado por leis coercitivas, violência ilegal e, o principal, por dívidas onerosas. A maioria dos arrendatários entrava em um ciclo de dívidas que os mantinha presos às terras: a única forma de pagar o que deviam era aumentar a produção, mas quanto mais plantavam, mais reduziam os preços de seus produtos e exauriam o solo que garantia a sua subsistência.


94 - O trabalho forçado de presos também veio em socorro dos fazendeiros sulistas. Houve quem chegasse a "empregar" 426 presos. A taxa de mortalidade entre a população carcerária submetida ao trabalho forçado era chocante: 11% no Mississippi em 1880, 14% na Louisiana em 1870, 16% no Mississippi em 1887. “Antes da guerra, nós tínhamos negros. Se um homem tivesse um bom negro, podia arcar com as despesas da sua manutenção [...]. Mas esses presos, nós não somos seus proprietários. Se um morre, é só pegar outro.”


95 - Os sulistas brancos trabalharam com devotamento à construção de um sistema de segregação legal e intimidação de eleitores, tirando o máximo proveito dos integracionistas. Eles não apenas transformaram a ala local do Partido Democrata em um instrumento de resistência regional, como estabeleceram uma divisão armada dentro do partido na forma da Ku Klux Klan, fundada em 1866 e que fez uso rotineiro da violência contra os negros que não se dobravam e os brancos liberais.


96 - Foram necessários o New Deal da década de 1930 e o boom do Cinturão do Sol da década de 1980 para transformar o Sul em um dos grandes dínamos econômicos da América.


97 - O governo federal tinha adquirido uma quantidade enorme de terras públicas e usou a venda para pagar as dívidas e modernizar a infraestrutura. No mais, terras devolutas foram usadas para reforma agrária. A Lei da Propriedade Rural de 1862 ofereceu lotes de terras devolutas de 160 acres a qualquer um que pudesse ocupá-las e produzir nelas (condicionar o presente à produção era uma prática americana em essência). Homens do Velho Mundo que alimentaram a esperança de adquirir um lote de 10 a 20 acres de terra ao longo de muitas gerações puderam colocar suas mãos em vinte vezes isso atravessando o Atlântico e se inscrevendo. No início da Primeira Guerra Mundial, cerca de 2,5 milhões de inscrições haviam sido deferidas.


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