TCC: Simone - Análise da produtividade na segunda metade da década de 90
TCC: Simone - Análise da produtividade na segunda metade da década de 90
Título: Análise da produtividade na segunda metade da década de noventa: surgimento de uma "nova economia"? - Unicamp. Aluna: Simone A Bossardi Batelochi. Orientador: ProfDr Antônio Carlos Macedo e Silva. Campinas, Novembro de 2003
Pgs. 1-5
"Introdução"
1 - Dará atenção especial à área de TI. EUA são o país-chave. A liderança deste país em inovações tecnológicas e a importância como potência econômica mundial direcionam o primeiro corte da pesquisa desta monografia, que terá como objeto de estudo a economia dos EUA.
2 - Os atraentes preços das ações deram "cartão verde" às facilidades de crédito para as empresas. O financiamento permitiu o aumento do investimento em alta tecnologia. A inovação tecnológica nas empresas foi responsável pelo aumento da produtividade e, consequentemente, aumento dos lucros. Essa dinâmica foi chamada por Alan Greenspan de "ciclo virtuoso" em uma extraordinária performance econômica.
3- Fala em superprodução eis que "este investimento não garantiu taxas de retorno, apesar do aumento da produtividade". (...) O investimento e as taxas de lucro foram limitados pela queda dos preços. (Era o esperado, não? Com a difusão da tecnologia...).
Pgs. 6-32
"CAPÍTULO 1: "Panorama da conjuntura da economia norte-americana nos anos 1995 a 2000"
4 - Fim da "golden age":
5 - Obs.: estou vendo alguns erros básicos nesse TCC. Tipo este: O Acordo de Plaza, instituído em 1985, estabeleceu a valorização do dólar perante as demais moedas. Tem outros esquisitos., mas nem vou ficar pontuando. (Depois eu vi que melhora).
6 - Coloca os EUA pós-Reagan marcados pela estagnação dos gastos. A atuação do governo não se limitou ao corte nos gastos do governo, também atuou na contenção do crescimento dos salários e dos preços. Isto fez as esperanças de uma possível recuperação do crescimento procurar uma nova fonte que não fosse a demanda agregada.
7 - Durante toda a década de noventa o Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano cresceu. Em 1995 o PIB alcança a cifra de 7.400,5 bilhões de dólares, valor 27,5% superior em relação ao ano 1990 (U$ 5.803,2 bilhões). A composição do PIB foi 0,07% referente aos gastos de consumo pessoal, 15,5% relativo ao investimento doméstico privado bruto (dos quais 54% foram em investimento fixo não-residencial em equipamentos e softwares), 18,54% em consumo e investimento do governo e 1,14% de déficit em transações correntes.
8 - ...Em 2000 o PIB foi de 9.824,6 bilhões de dólares, valor que representa o aumento de 32,7% com relação ao PIB de 1995. Os gastos em consumo pessoal em 2000 foram cerca de 34,5% maior em relação a 1995. A comparação entre 1995 e 2000 do investimento doméstico privado bruto também apresenta aumento: 53,4%, sendo que o investimento fixo não-residencial em equipamentos e softwares aumentou de 620,5 bilhões em 1995 para 951,6 bilhões em 2000 (acréscimo de 53,4%). O consumo e investimento do governo cresceram 27,6% no período em análise.
9 - ...O déficit em transações correntes passou de 84,3 bilhões em 1995 para 365 bilhões em 2000. Entre 1995 a 1996 o déficit aumentou 33%. Nos dois anos seguintes, o déficit manteve-se praticamente constante. A partir de 1998 o aumento dos déficits foram mais acentuados: 64,7% entre 1998 e 1999 e, em 2000 cresceu 46,2%.
10 - Ano de 1995: Neste acordo, a moeda norte-americana valorizou-se frente ao iene e ao marco mediante compra de dólares pelos governos norte-americano, japonês e alemão. Esta mudança de política cambial dos Estados Unidos se fez sentir em todo o mundo, e é classificado por Brenner como "anti-acordo do plaza". (...) A desvalorização do iene favoreceu a exportação de produtos japoneses, ao mesmo tempo em que as importações apresentaram queda. A indústria japonesa, por sua vez, aumentou seus lucros e investimentos. A economia japonesa começou a dar sinais de recuperação logo no segundo semestre de 1995, entretanto este crescimento não pode ser classificado como sustentado. Coloca que o dólar ganhou mais de 20% frente ao iene (e frente ao marco alemão também).
11 - Os valores das importações aumentaram: de 12,2% do PIB em 1995 para 15% do PIB em 2000. Existiam os dois tipos de déficit: fiscal e de transações correntes. (Devem estar falando do nominal? Que eu saiba houve até superávit na Era Clinton).
12 - Culpa o câmbio pela compressão dos lucros durante esse período: O setor industrial, em especial os manufaturados, para fazer frente à perda de mercado retêm e diminui os preços de seus produtos. Esta estratégia do setor industrial norte-americano comprimiu os lucros (BRENNER, 2002).
13 - Essa dinâmica da economia, acarretada pela valorização do dólar perante as moedas internacionais, ocasionou melhor desempenho da economia mundial.
14 - Coloca que as economias asiáticas foram bem entre 1985 e 95 pelo atrelamento das moedas locais ao dólar. Quando a moeda dos EUA iniciou o ciclo de valorização isso começou a causar problemas de perda de competitividade para esses países asiáticos. Em função disso, esta a região deixou de ser mercado atraente para os investidores e banqueiros japoneses. (...) A relativa desvalorização do iene fez com que as economias do Leste Asiático perdesse o dinamismo de suas exportações. A queda das exportações e a moeda em alta estimulou bolhas nos setores financeiros, imobiliário e na construção civil. Desse cenário, o resultado foi o estouro dessas bolhas e o mergulho dessa região em um profunda crise em 1997. (...) A crise desses países incorreu em fuga de capitais para os mercados classificados de maior confiabilidade.
15 - ...Os títulos do governo americano tiveram alta em sua procura, em razão do grau de segurança atribuídos a eles pelo mercado. Diante da instabilidade internacional, os compradores de relevância desses títulos foram os governos do Leste Asiático, sob a manobra de manter suas moedas em baixa e em consequência estimular suas exportações. Também foram compradores investidores japoneses, que se beneficiaram das facilidades do governo japonês para este tipo de operação. E, por fim, fundos hedge também investiram em títulos do governo norte-americanos. (...) As volumosas compras de títulos norte-americanos atuou na valorização do dólar e para a manutenção de baixas taxas de juros.
16 - ...Do investimento estrangeiro nos Estados Unidos entre 1995 a 2000, a compra de títulos do tesouro (ver gráfico 3) aumentou em 78,4%, de 5% do PIB em 1995 aumentou para 7% do PIB em 2000. (...) Os títulos referentes às corporações norte-americanas e outros títulos apresentaram aumento superior aos títulos do governo: aumento de 185% durante toda a segunda metade dos anos noventa. O investimento em moeda norte-americana, por sua vez, apresentou aumento de 48,5%. (...) Comportamento semelhante, embora de maior magnitude, foi observado com relação às ações das corporações. Ao comparar o valor em 1995 e em 2000 o aumento foi de 224%. O investimento estrangeiro em ações teve trajetória ascendente: em 1995 foi 7% do PIB para 16% do PIB em 2000.
17 - EUA e lucro das corporações no período analisado:
18 - ...Ou seja: ...O lucro das empresas a partir de 1995 passa a não mais influir no valor real dos preços das ações, fato que propiciou uma bolha no mercado de ações. (a partir de 1997 seria o mais correto, não?)
19 - Anos noventa e o dinheiro fluindo: As empresas, sob a perspectiva do aumento dos preços de suas ações, obtiveram facilidades na obtenção de empréstimos. (...) A postura tomada pelas empresas foi endividar-se: em parte para financiar seus gastos com investimento, especialmente em produtos e equipamentos de alta tecnologia, e em parte para recomprar as sua próprias ações. (...) A recompra das ações via endividamento pressionou os preços dessas ações para cima. O aumento das ações causou a sensação de sustentabilidade de seu valor. Entretanto, o preço em si era formado pelas próprias empresas que se tomaram compradoras líquidas de suas próprias ações, ao invés das taxas de lucros alcançadas. (...) Os altos preços das ações atendiam aos interesses dos empregados que recebiam ações das empresas como parte de salários.
20 - Efeito da valorização acionário levou as famílias a gastarem um tanto mais especialmente com bens duráveis. A percepção de aumento de recursos disponíveis pelas famílias americanas tomou as seguras com relação aos seus recursos financeiros. Dessa forma, as famílias aumentam a sua propensão a gastar em detrimento de poupar.
21 - Em 1995 foi investido em equipamentos e softwares o equivalente a 8,2% do PIB (U$ 607 bilhões). Em 2000 o investimento subiu para 10,7% do PIB (US$ 1056 bilhões), 73,8% superior ao valor observado em 1995.
22 - A demanda norte-americana por produtos de alta tecnologia foi atendida por fabricantes de produtos de alta tecnologia em Taiwan, Coréia e Cingapura. Esta importação de produtos de alta tecnologia impulsionou a economia do Leste Asiático entre 1998 e 2000.
23 - As firmas de TI costumam lidar com alta tecnologia e investir constantemente em P & D a fim de evitar defasagens tecnológicas.
24 - ...O crescimento do investimento da indústria de TI foi marcadamente superior quando comparado aos investimentos das demais indústrias (...). Entre 1994 e 1999 o investimento em P&D cresceu em média 6% ao ano (Digital Economy 2000). (...) O investimento em P&D da indústria de TI possui contrapartida na demanda pelas inovações tecnológicas pelas outras indústrias.
25 - Por que T.I.? Para adquirir vantagens competitivas em termos de tecnologia e também porque os preços foram caindo. A análise dos pontos demonstra, durante a década de noventa, o comportamento dos preços dos computadores e equipamentos em queda ao mesmo tempo em que o investimento neste cresceu.
26 - Emprego em TI: Em função da "vida curta" das inovações tecnológicas, os empregadores têm preferência na contratação de funcionários novos e hábeis com as novas tecnologias, ao invés de promover treinamentos (Digital Economy 2000). (...) A exigência de qualificação das pessoas em empregos de TI, possui contrapartida nos salários. As pessoas mais qualificadas se encaixam nas faixas salariais mais altas. De 1992 a 1998, os salários pagos pela indústria de TI cresceu a um ritmo de 5,8% ao ano, enquanto no mesmo período o crescimento do setor industrial privado foi de 3,6% ao ano. Ademais, o nível salarial é bem mais alto nessa indústria que na média das outras.
Pgs. 33-56
"CAPÍTULO 2: "Análise da produtividade e discussão sobre a existência de uma nova economia na segunda metade da década de noventa nos Estados Unidos"
27 - O Bureau of Labor Statistics (BLS) é responsável pelas medidas oficiais de produtividade nos Estados Unidos. (...) Existem duas medidas de produtividade: produtividade do trabalho e produtividade multi-fatores (MFP). È a PTF. Simone afirma que focará nela.
28 - ...Entre 1948 a 2000 a taxa média de crescimento anual da MFP nos setores de negócios privados foi de 1,3%.
29 - Importante: De acordo com o BLS o indicador de produtividade está sujeito a algumas limitações. Uma destas limitações é não captar a qualidade dos bens e serviços produzidos. Com relação aos cálculos, não é possível eliminar diferenças estatísticas e erros em estimativas nas indústrias em que as horas dos empregados têm dados limitados relativos aos membros familiares sem salários (unpaid family workers), contratados (self-employed) e paid managers. Outra limitação se refere a erros na estimativa de horas de nonproduction workers. Entretanto, esse tipo de erro para o BLS tem mínimo impacto nos cálculos. (...) As mudanças anuais na produção por hora são consideradas irregulares pelo BLS, por isso mudanças de ano em ano ou em períodos curtos não devem ser tomadas como modificações na tendência do indicador de produtividade.
30 - Produtividade e ciclos segundo Larry Meyer: ...há ciclos econômicos na história norte-americana. Estes ciclos ocorreram entre os anos de 1889 a 1995: a duração dos ciclos de produtividade foram de 10 a 28 anos, com média de 21 anos (retirando o período de 1917 a 1927 a média de duração dos ciclos sobe para 24 anos). O autor constatou que durante estes ciclos de produtividades há períodos de aceleração da taxa de produtividade e, depois, foi seguido por desaceleração desta taxa. (...) Essa tendência "high-and-low productivity periods" no ciclo de produtividade é atribuída por Meyer às inovações do período em questão. Rádio... Energia elétrica... Veículo a motor. Cada ciclo teria seu(s) carro(s)-chefe.
31 - Com os dados de crescimento da produtividade desagregados, o Economic Report of the President 2001 direciona sua análise para o considerado notável crescimento da produtividade ter acontecido mediante dois fatores: após 1995 e nos setores que utilizam intensificamente tecnologia da informação. Segundo este relatório, o aumento do valor adicionado por empregado foi 50% maior nos setores de tecnologia de informação do que nos setores com menor intensidade nesta tecnologia.
32 - Estimativas de Oliner e Sichel: Estes autores estimam que a produção cada vez mais eficiente de equipamentos de tecnologia de informação e o crescimento do uso destes equipamentos foram responsáveis por dois terços da aceleração da produtividade do trabalho durante a década de noventa.
33 - Isto aqui me parece o tal ciclo virtuoso (desde que o ganho de produtividade vá mesmo se efetivar): As expectativas positivas com relação à produção e o aumento da produtividade incentivam o investimento e também os preços das ações. O aumento dos preços das ações, por sua vez, criam a "sensação" de aumento de riqueza para as famílias que detêm estas ações. A percepção das famílias de estarem mais ricas estimula o consumo destas.
34 - Europa e Japão, apesar de participarem da nova onda de tecnologia de informação, não demonstraram a mesma performance que os norte-americanos. Alan Greenspan atribui essa diferença à inflexibilidade dos mercados japoneses e europeus: nos Estados Unidos, o baixo custo de demissão influi nas altas taxas de retornos proporcionadas pela introdução de novas tecnologias, em contraposição, na Europa e Japão as taxas de retomo do investimento são menores em função de custos maiores na demissão de funcionários. Greenspan coloca que tal flexibilidade seria responsável também pelo desemprego menor nos EUA que na Europa.
35 - Após, o texto passa para outras classificações de eras de produtividade. Gordon vê a coisa em forma de "big waves". Para Gordon, a produtividade teve "one big wave" na história, composta de um ciclo "slow-fast-slow". Este ciclo "slow-fast-slow" é justificado na pelo comportamento da MFP: no período 1870-1913 foi de 0.77, depois aumentou para 1.60 entre 1913-1972 e diminui para 0.62 no periodo de 1972-1995.
36 - ...Seria o avanço em TI o início de uma nova "golden age"? Pergunta-se Gordon. Concluiu que o investimento em computadores explica esse comportamento da produtividade na segunda metade da década de noventa. Entretanto, não parece ver isso como algo que vá permanecer. Ou seja, houve um boom de investimento em computadores e equipamentos de alta tecnologia, considerado como uma resposta para a queda de preços destes itens.
37 - Pessimismo ou realismo na análise de Gordon? Os economistas falharam em suas previsões sobre o comportamento da produtividade norte-americana no passado: diminuição do ritmo durante as duas décadas após 1972, e o crescimento acelerado entre 1995 a 2000. Por isso, é perfeitamente questionável a previsão de que a produtividade vai continuar a ser excepcional por tempo indefinido e sustente mudanças permanentes capazes de transformar a economia em uma "nova economia". (Creio que o futuro deu razão ao ceticismo dele. Agora a moda deve ser a discussão sobre nova economia baseada em IA / AI).
38 - Meyer defende que o boom de tecnologia da informação envolveu a modernização da produção. Essa modernização exerceu influência na produtividade e, ainda irá contribuir para esta, mesmo daqui a vinte e cinco anos, em função do atraso do momento da inovação até sua aplicação na produção. A tecnologia da informação irá contribuir para a produtividade no futuro, assim como fez a eletricidade quando descoberta.
39 - Os críticos da superestimação do TI colocam que quase todo aumento de PTF de 95-00 é atribuído aos computadores e afins, ignorando outras possíveis fontes especiais do período. Além da crítica de sobrepor valores, Gordon aponta como falha de Oliner e Sichel considerar que os efeitos da produção de computadores são imediatos na produtividade. Dessa forma, se desconsidera o gap entre produção e instalação/utilização dos computadores e equipamentos de TI.
Pgs. 57-60
"Considerações Finais"
40 - A corrente crítica ao surgimento de uma nova economia também se posiciona a favor da produtividade ter ciclos. Entretanto, o comportamento da produtividade obedeceu a um longo ciclo de 125 anos, classificado de "one big wave". Este longo ciclo teve performance "slow-fast-slow", tendo seu pico ''fast" decorrência de invenções de períodos anteriores. A tecnologia da informação como invenção não é posta no mesmo patamar das invenções características da fase ''fast" do ciclo de produtividade, como a eletricidade e rádio.
41 - Produtividade à prova de balas? Talvez não. Outro ponto em questão foi o comportamento da produtividade: crescimento deste indicador nos anos de 1995 a 2000 é inquestionável. Entretanto, é preciso ter em mente que a boa performance da produtividade acompanhou a dos outros indicadores da economia.
FIM!
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