"Livro": Nintil (Artir) - Análise Econômica Neoclássica Completa da URSS - Capítulo 3 e 4
"Livro": Nintil (Artir) - Análise Econômica Neoclássica Completa da URSS
Pgs. 46-62
"CAPÍTULO 3: "Eficiência Produtiva"
43 - Começa mencionando que pesquisadores compararam eficiência alocativa (a exemplo de alocação de insumos a fim de maximizar a utilidade marginal) de empresas capitalistas e das soviéticas e não viram tanta diferença quanto se pensava antes. Algumas soviéticas foram até superiores. Nem o próprio investimento vacila: mesmo em 1989, a participação do investimento soviético no PIB era impressionante. em 35%. Em suma, o planeamento central soviético não falhou devido à sua incapacidade de desenvolver ou implementar tecnologia que economiza trabalho.
44 - O autor contra-argumenta que há varias definições de eficiência. Por sinal, PTF é tecnologia? Às vezes, o crescimento da PTF é confundido com algum tipo de taxa de melhoria tecnológica, mas não é. A TFP é calculada considerado como um resíduo, e irá capturar tudo o que afeta o quão bem uma economia converte insumos em produtos (bem como comporta erros de medição em capital e trabalho).
45 - Cita-se como a URSS teve uma evolução tímida na sua capacidade de produção de lingotamento de aço a partir dos anos setenta em comparação com os países avançados. Em tese, por ser retardatária, deveria era expandir mais rapidamente.
46 - Ainda sobre definição de eficiência: A imprensa é, em certo sentido, mais eficiente do que o escriba (com ele você pode produzir mais livros por hora), mas individualmente é menos eficiente estaticamente do que o escriba (o escriba transforma 100% das entradas em saídas, enquanto a imprensa desperdiça alguns insumos, pois há erros). (...) Balassa (1964) explica que é isso que acontece no capitalismo e no socialismo. Sob capitalismo, a inovação tecnológica é mais rápida e, portanto, é mais difícil aprender a otimizar utilizar uma tecnologia antes que ela seja substituída por outra. Sob o socialismo, a mudança mais lenta dá gestores e trabalhadores têm tempo para se adaptar. (...) Portanto, há uma correlação inversa entre estática e eficiência dinâmica, e esperaríamos encontrar maior eficiência estática em países socialistas.
47 - Indústrias de algodão soviéticas eram um grande exemplo de eficiência estática: as fábricas estavam fazendo o seu melhor, dados os seus meios tecnológicos, que por sua vez também eram baixos. (...) Os resultados apenas mostram que os recursos estão a ser devidamente distribuídos entre as fábricas de algodão. (...) As estimativas não demonstram eficiência técnica neste sentido absoluto. (...) As estimativas mostram que os diferenciais de produtividade entre as empresas são pequenos.
48 - Resumo: existe uma correlação positiva entre a taxa de crescimento económico e a mudança tecnológica e o tamanho da ineficiência alocativa estática em todos os sistemas econômicos, incluindo na economia de tipo soviético. (...) A eficiência alocativa na economia soviética é um resultado direto da sua relativa estagnação tecnológica.
49 - URSS a la Brejnev: A interpretação mais consistente com estudos não econométricos é que algumas inovações tecnológicas está ocorrendo, mas é pequena, e essa ineficiência técnica está aumentando. A informação também é apoiada por descobertas empíricas de crescente ineficiência geral em Kemme (...). Os jornais soviéticos dos últimos três anos deram a forte impressão de que os próprios economistas e planejadores acreditam que a ineficiência técnica tem aumentado desde início da década de 1970. Se a era Brejnev foi realmente a “era da estagnação”, então é provável que a ineficiência técnica tenha aumentado. As evidências incluem: pressão reduzida sobre as empresas para cumprirem as metas de produção; uma quantidade crescente de revisões dos planos, a fim de permitir que as empresas cumpram os planos ex post; expansão das atividades do mercado negro e cinza; aumento do absentismo; aumento do cinismo de trabalhadores em direção ao sistema; aumento de estoques, etc.
50 - Números que imagino fazerem parte das análises de eficiência estática (o autor diz que se trata da "relativa" e não de eficiência absoluta, então creio que se aplique mais à estática?):
51 - Os já citados no livro Easterly & Fischer negam que desincentivos e fardo da guerra (papel menor do que se diz) fossem os principais problemas da estagnação soviética. Isso a menos que sejamos exigentes e argumentemos que talvez tenha sido a composição sectorial da P&D dentro do setor civil que não estava sendo alocado adequadamente.
52 - Segundo comparações com os desenvolvimentos mais famosos da Ásia (por sinal, há alguns dados conflitantes de acordo com cada fonte que se usa), o problema soviético nem era exatamente a queda ou desaceleração da "produtividade do capital", o que meio que é quase impossível não acontecer em qualquer lugar enquanto se avança, mas da produtividade como um todo mesmo (dos mesmos dados abaixo, parece que foi extraída a conclusão quase que inversa, porém. Não sei como...):
53 - Por fim, para alguns, foi uma combinação de fatores que levou ao fracasso. Queda da produtividade do capital e PTF fraca (Easterly estimou um crescimento inclusive constante da PTF e em torno de 1% durante a maior parte da trajetória da URSS) são os principais apontados. Quanto ao primeiro fator, cita-se a existência de pesquisas sobre "taxa de substituição": They then survey other ex-socialist countries, and also find low rates of substitution there, and much higher rates in East Asian economies, which explain the puzzle of why their massive capital investment did not enter into decreasing returns as fast as the Soviet’s. Ao que entendi, seriam economias muito pouco dinâmicas. De novo, a questão da eficiência dinâmica então?
54 - Assim, no final, penso que podemos concluir que a economia soviética era tecnicamente eficiente no sentido trivial de que as empresas soviéticas estavam a fazer o melhor que podiam com o seu nível de tecnologia e conhecimento. Mas foi apenas o lento e lento progresso tecnológico que permitiu que trabalhadores e gestores se adaptassem tão estreitamente ao status quo. Eficiência alocativa foi baixo, devido ao próprio processo de planeamento, e o crescimento da PTF foi inferior ao do Ocidente e diminuindo. Finalmente, o modelo de crescimento seguido pelos soviéticos, acumulando capital para gerar mais capital, provou ser uma receita para uma rápida descolagem, mas também para a estagnação e declínio.
Pgs. 63-73
"CAPÍTULO 4: "Alcançar o Pleno Emprego"
55 - Meio que não havia desemprego, mas sim escassez de mão-de-obra. Vai explicar. Este capítulo baseia-se principalmente em The Socialist System (1992), de János Kornai, e em JL Porket. Trabalho, Emprego e Desemprego na União Soviética (1989).
56 - Durante o tempo de Estaline, até 1956, os trabalhadores não podiam legalmente abandonar os seus empregos sem autorização da administração da empresa. Desistir era crime. O Estado poderia transferir compulsoriamente trabalhadores de uma empresa para outra. A disciplina de trabalho foi aplicada durante toda a era soviética, mas a severidade das punições diminuiu depois de Stalin. (Porket, 1989). (...) Mesmo depois de Estaline, as greves dos trabalhadores permaneceram ilegais e, em alguns casos, foram brutalmente reprimidas (por exemplo, o massacre de Novocherkassk).
57 - No Socialismo Real, quase todos os adultos saudáveis eram mobilizados para o trabalho:
58 - Boa parte da diferença está no emprego feminino: One key difference between the socialist systems and the West was a massive socialist lead in the percentage of employed women.
59 - Feminismo na URSS? Não parece uma interpretação correta. Era mais uma questão de necessidade mesmo. Para a URSS, eram verdade: a proibição do aborto (revertida após Stalin em 1955); as barreiras legais ao divórcio introduzidas em 1936 (para encorajar o crescimento populacional); o facto de quase não haver mulheres nos escalões superiores do Partido, e que as mulheres ainda eram as principais cuidadoras das crianças e as principais executoras das tarefas domésticas. (...) Alcançar o pleno emprego foi um subproduto do sistema socialista na sua busca pelo crescimento. Uma fonte, ao que entendi de 1974, dizia: O aborto legal é visto como um mal apenas ligeiramente menor do que o aborto ilegal.
60 - Por que subproduto da busca pelo crescimento? Para cumprir as metas, os gestores das fábricas demandavam periodicamente mais mão-de-obra, nem sempre no ritmo que gostariam. Do ponto de vista do gestor da fábrica, esta situação induz-o a “acumular” trabalhadores: talvez sejam necessários mais trabalhadores no futuro, mas talvez eles não estejam disponíveis para contratam, então eles os contratam agora (ou os mantêm se já os tiverem). Com o tempo, então, é provável que uma fábrica tenha mais trabalhadores do que realmente precisa. Isto, combinado com baixo esforço no trabalho por parte de uma fração de trabalhadores desmotivados leva ao conceito de que Kornai chama de “desemprego no trabalho”.
61 - Esses seriam os três problemas do "superemprego" ou desemprego velado (que teria consequências como produtividade menor e baixa disciplina laboral): ...a) Salaries are lower for those who are employed; b) No extra labour is easily available for new projects; c) Some people work and earn less than they would like to
62 - ...Alternativamente, isto poderia ser visto como um imposto sobre os empregados para redistribuir aos desempregados, mas em vez de fazê-lo através de sistemas de impostos e benefícios como no Ocidente, é realizado diretamente através do sistema de emprego.
63 - Vantagens políticas do pleno emprego (não-stalinista?): Os trabalhadores, tendo agora uma vantagem sobre os empregadores, exibiam menos ética de trabalho e absentismo, e podiam ameaçar os empregadores com a saída se fossem disciplinados (após o período de Estaline).
64 - Entre 1957 e 1961, as chamadas “leis antiparasitárias” foram adoptadas na maior parte da URSS. Estas medidas deveriam forçar todos a fazer “trabalho socialmente útil”; os não cumpridores eram punido com 2 a 10 anos de trabalho forçado na Sibéria.
65 - Sabe-se que, em 1959, 10% dos homens em idade activa e 27,4% das mulheres em idade activa não participaram em produção social nem estudou em tempo integral. (...) Fontes soviéticas admitiram ainda que as pessoas empregadas eram frequentemente subutilizadas, quer devido ao emprego involuntário abaixo do nível de qualificação ou devido ao excesso de pessoal.
66 - ...A fim de remover esta causa específica de excesso de pessoal, E. Manevich propôs em 1965 e novamente em 1969 uma solução que na verdade equivalia a abrir registros de desempregados. Em vez de empresas, organizações especiais deveriam ser responsáveis para a colocação dos trabalhadores despedidos em conexão com progresso. Simultaneamente, enquanto entre empregos, os trabalhadores em questão devem receber materialmente pelo estado. Não surpreendentemente, a proposta não foi implementada. Abrir o desemprego registado e os subsídios de desemprego eram inaceitáveis para o regime, porque sua ideologia afirmava que o socialismo liquidou inteiramente o desemprego.
67 - Coloca que, apesar do "desemprego zero", pessoas por vezes se mudavam ou largavam o emprego, então também havia certo "friccional" não registrado, digamos.
68 - O desenho do desemprego zero: a) não havia benefícios de desemprego de longa duração, as pessoas tinham muitos incentivos para rapidamente procurar por outro emprego. b) Havia muitas vagas. c)‘Serviço ininterrupto’ um conceito jurídico que foi importante para receber benefícios da seguridade social. d) Se um trabalhador ficasse sem emprego por mais de três semanas, perderia o status de “serviço ininterrupto” e, portanto, também perderão benefícios. Leis antiparasitárias que puniam não ter um emprego “socialmente útil” por mais de quatro meses. Mais á frente, coloca que "havia penalidades extensas por falta de trabalho".
69 - Outra parte deste desemprego não registado foi constituída por mulheres que abandonaram os seus empregos para terem e criar filhos.
70 - Parênteses curioso: Sob Estaline, o ensino superior significava, em grande medida, engenharia. Metade dos estudantes universitários se formou em engenharia, o restante eram ciências puras, ciências agrícolas e medicina. Os departamentos de humanidades e ciências sociais foram em sua maioria desprovidos de financiamento. (Spuffford, 2011).
71 - Resumo ao final do capítulo: Devido aos incentivos que os gestores tiveram para acumular trabalho, e aos incentivos limitados que tiveram para reduzir custos trabalhistas, havia muitas vagas.
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