Livro: Fábio Giambiagi - Brasil, Raizes Do Atraso - Apresentação e Capítulos 1 a 3
Livro: Fábio Giambiagi - Brasil, Raizes Do Atraso - Paternalismo Versus Produtividade (2007)
Pgs. 1-32
"APRESENTAÇÃO E CAPÍTULO 1: "Introdução"
1 - Ficha: Brasil, raízes do atraso: paternalismo x produtividade / Fabio Giambiagi. — Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. — 4a reimpressão. il. (...) Colaboração: Marcelo Nonnenberg.
2 - Na apresentação, culpa o "dirigismo" da Constituição de 88 como fator crucial do baixo crescimento da produtividade brasileira. Só se discute, no Brasil, ampliação de direitos sociais, reclama.
3 - Já no capítulo 1 (Introdução), coloca-se contra os aumentos reais do salário mínimo do governo Lula: ...considerando o fato de que a grande maioria de beneficiários do aumento do salário mínimo é constituída de aposentados, pensionistas e detentores de benefícios assistenciais, um aumento da remuneração está desvinculado de qualquer esforço prévio. Não pode haver dissociação da questão da produtividade. No mais, elogia Thatcher por captar a necessidade de mobilizar a sociedade contra a praga do estatismo.
4 - O empresário beneficiado por algum tipo de isenção tributária, assim como o aposentado que ganha salário mínimo e vem tendo sucessivos aumentos reais, gostaria de ver o país crescer mais, mas prefere que isso ocorra com o ajuste incidindo sobre os “outros”. A multiplicação desses comportamentos leva, na prática, à preservação dos problemas.
5 - Coloca que a classe média está asfixiada por carga tributária recorde a fim de financiar a expansão do assistencialismo...
Pgs. 33-44
"CAPÍTULO 2: "A estagnação em números"
6 - O modelo chinês, em síntese, segundo Gambiagi: ...Li Cao, 56 anos, só aos 47 anos conheceu a luz elétrica, imigrante, camponesa. ‘Há quatro anos Li cuida dos jardins à frente de um dos mais de 15 hotéis cinco estrelas de Guangzhou. Ganha 550 yuans (US$ 70) por mês, mora num dormitório coletivo do próprio hotel e economiza 150 yuans por mês. ‘Por que economizar, Sra. Li?’. ‘Para quando não puder mais trabalhar’, diz.”
7 - Lula I: ...Nos últimos quatro anos, o crescimento médio do país só foi superior ao de um dos países — Haiti, que passou por uma guerra civil — dos 20 que a Cepal acompanha nas suas estatísticas sobre a América Latina (Tabela 2.2). Em outras palavras, nosso atraso relativo não foi um problema restrito a um único ano específico, mas abrangeu o período como um todo. Foi um período de forte crescimento da economia mundial. Média de 4,9%, superior aos dez anos dos anos sessenta. Curiosamente, Argentina, Cuba e Venezuela foi o pódio do período. (...) O problema, a rigor, porém, vem de longa data. Na Tabela 2.3, deixando de lado o conjunto de países agrupados na linha de “demais países” da Ásia, o Brasil já tinha registrado um desempenho melhor que apenas 7 dos outros 21 países emergentes considerados nos 8 anos que sucederam ao Plano Real (1995/2002). (...) Na média de 12 anos, só estamos na frente dos países do Mercosul — afetados pelos 4 anos em que o PIB da Argentina encolheu quase 20% durante 1999/ 2002, prejudicando as economias vizinhas.
Pgs. 45-56
"CAPÍTULO 3: "A morte dos vilões"
8 - Dívida externa não é mais "relevante". O que cresceram foram, de fato, as remessas em razão de uma coisa boa (o aumento do IED): Nos últimos dez anos, em função da importância assumida pelo ingresso de investimentos diretos, tem crescido o tamanho das remessas de lucros e dividendos, que eram pouco relevantes até meados dos anos 90 e são da ordem de US$ 15 bilhões/ano hoje em dia. (2006). (...) o estoque de capital estrangeiro investido fisicamente em empresas do país implica uma remessa de lucros e dividendos. No entanto, observa que o crescimento das exportações tem sido maior que o das rendas ao exterior.
9 - O Banco Central vendeu dólares aos devedores privados para evitar uma subida estrondosa da cotação da divisa norte-americana e, com isso, entre 1997 e 2002, a dívida externa privada diminuiu e a dívida externa pública líquida aumentou — pela elevação em termos absolutos e pela queda do nível das reservas. Depois de 2003 o quadro mudou, mas nas crises foi isso o que aconteceu: o Governo salvou o setor privado da moratória — e o FMI salvou o Brasil.
10 - E a taxa de juros? A despesa de juros é alta, de fato, mas a dívida pública também é; quando a dívida é elevada como proporção do PIB, a despesa de juros tende a sê-lo também. (...) Em relação ao primeiro ponto, na União Europeia, os três países que nos últimos 15 anos tiveram as maiores relações dívida pública/PIB foram a Bélgica, a Itália e a Grécia. Pois bem, nos dez anos de 1991 a 2000, antes de as economias se beneficiarem da convergência dos juros associada ao lançamento do euro, a despesa média desses três países com juros da dívida pública ao longo daquela década foi de 9% do PIB na Bélgica, 10% do PIB na Itália e 11% do PIB na Grécia. Em comparação, na média dos 12 anos após a estabilização (1995-2006), no Brasil a despesa com juros nominais foi de 7% do PIB: alta, mas não absurda de acordo com parâmetros internacionais.
11 - Ademais, quanto à frase de que “o peso dos juros tira cada vez mais espaço das demais despesas do Governo”, o fato é que não foi a despesa de juros o item a pressionar o gasto público nos últimos 15 anos em relação ao que se gastava na segunda metade da década de 1990. Mesmo antes (creio que a contagem inclua os dois tipos de juros, da dívida interna e externa, afinal, houve certa substituição entre elas):
12 - ...Na mesma comparação, entre 1995-1999 e 2007, a soma da despesa de Loas e INSS/RMV terá passado de 5,6% para 8,7% do PIB.
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