Livro: Leda Paulani e Marcio Braga - A Nova Contabilidade Social - Capítulo 8
Livro: Leda Paulani e Marcio Braga - A Nova Contabilidade Social
Pgs. 251-271
"CAPÍTULO 8: "SISTEMA MONETARIO E INFLAÇÃO"
167 - MV = PY. Os economistas ortodoxos filiam-se, regra geral, à corrente chamada monetarista. Com vias nuanças, essa corrente afirma que a emissão injustificada de moeda é sempre ruim, porque acaba sempre tendo como resultado um aumento da inflação e a instabilidade do sistema, sem nenhum efeito sobre o nível de produto e emprego em que opera a economia. O principal argumento que esses economistas utilizam na defesa de sua posição é a chamada equação quantitativa da moeda.
168 - Implicações da TQM: ...se, por uma razão qualquer, houver alteração em V, por exemplo, se ela cair — porque as pessoas passam a ficar, em media, mais tempo com o dinheiro no bolso também tem de crescer M para que, dado o nível de preços (P), o mesmo volume de produto real possa ser transacionado.
169 - ...Valendo-se da constatação de que V e relativamente estável e tomando Y também como estável — no curto prazo, pelo menos os monetaristas concluem que, quanto maior M, maior P.
170 - ...Se alguma relação de causa e efeito há entre M e P, ela teria a elevação de P como causa e a elevação de M como efeito, e não o contrario como defendem os monetaristas.
171 - Ortodoxos e os supostos mecanismos automáticos de resolução de crise (taxa de juros aumentada eleva a poupança, que eleva o investimento, que compensa a queda no consumo): Na visão ortodoxa, que embasa o raciocínio monetarista, a taxa de juros é o preço que equilibra a oferta de poupança com a demanda de fundos para investimento... De fato, se, a qualquer queda no nível de consumo, se seguisse automaticamente uma elevação no nível do investimento, então dificilmente a economia operaria abaixo do pleno emprego. Keynes discordou. Afinal, moeda não servia só pra fazer troca. Havia preferência por liquidez (e consequente demanda especulativa por moeda, colocam). Moeda como reserva de valor para tempos de crise. Nem tudo que se poupar vai virar necessariamente um investimento compensatório. De outro lado, um ambiente como esse provoca também um grande estrago nas expectativas de rendimento futuro dos investimentos, fazendo reduzir aquilo que Keynes chamou eficiência marginal do capital.
172 - O velho monetarismo, cujo expoente e o economista americano Milton Friedman, concede que, ao menos no curto prazo, algum impacto pode haver sobre o nível de atividade, decorrente de um aumento na oferta de moeda, ainda que tal efeito acabe por se diluir no longo prazo. Contudo, o novo monetarismo, assentado na chamada teoria das expectativas racionais, nem isso admite.
173 - O conceito de "déficit público" envolve as três esferas e inclui investimentos e gastos não-recorrentes. O déficit público assim definido determina aquilo que se conhece como necessidade de financiamento do setor público (NFSP).
174 - Dívida bruta pode vir de aumento de emissão e não de déficit público propriamente dito. O aumento da emissão (ou do estoque da divida) pode ocorrer simplesmente por conta de um aumento no nível das reservas, que não tem rigorosamente nada que ver com geração de déficits nas operações do governo. Da mesma maneira, uma expansão dos empréstimos ao setor privado gera aumento de emissão, mas não decorre de déficits do governo
175 - ...Se os agentes econômicos percebem que a situação financeira do governo é frágil, isto é, se ele apresenta déficits elevados e sem perspectiva de apresentar superávits no futuro, tais agentes passam a exigir maiores remunerações e prazos cada vez menores de resgate para carregar esses papéis.
176 - Voltando à NFSP: Na realidade, a diferença entre o déficit operacional e o déficit nominal está em que o déficit nominal não considera o imposto inflacionário como receita real do governo. Assim, o déficit nominal é sempre maior do que o déficit operacional, diferença essa que tanto maior quanto maior for a taxa de inflação no período em questão.
177 - Graças ao monopólio de produção da moeda corrente, o governo, por meio do Banco Central, tem poder de senhoriagem, que lhe permite tanto aumentar a base monetária em termos reais, quanto se apropriar dos ganhos advindos da desvalorização dessa base provocada pelo aumento dos preços (imposto inflacionário).
178 - O excesso do investimento domestico (investimento privado mais investimento público) sobre a poupança bruta da economia (poupança privada mais poupança do governo) determina o déficit em transações correntes do balanço de pagamentos, ou, em outras palavras, a necessidade de poupança externa.
179 - Por fim, há o ANEXO 8.1 - A HISTORIA DO BANCO CENTRAL E A DISCUSSÃO SOBRE SUA INDEPENDENCIA. Hoje datado.
180 - A história do Banco da Inglaterra mostra que ele nasce como banco do governo, ou seja, como o detentor do monopólio da emissão, mas que, enquanto tal, ele não é ainda Banco Central, mas banco comercial e, mais interessante, ele é um banco privado. Ele só se transforma efetivamente em Banco Central quando assume, depois de muita relutância, precisamente porque isso conflitava com sua natureza de banco comercial, a função de emprestador de última instancia, ou seja, de banco dos bancos. O próprio Banking Act de 1844 seria uma demonstração dessa relutância, devido aos limites de emissão então impostos — e que viraram letra morta nas crises de 1847, 1857 e 1866. Alguma coisa parecida acontece na história do Banco da Franca, do Reichsbank e do Federal Reserve americano. Leda coloca que a necessidade de um emprestador de última instância tem a ver com o dilema do prisioneiro. Em tese, todo banco é incentivado a baixar mais e mais as reservas para crescer e vencer o concorrente. Porém, se todos fazem isso, o sistema como um todo corre perigo.
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